25 abril, 2016

CARDIA, Dr.ª Amélia - ALFORRIA : romance psicológico. Lisboa, [s.n. . imp. Bertrand (Irmãos), L.da, Lisboa], 1935. In-8.º (17cm) de 160 p. ; E.
1.ª edição.
"Principio, escrupulosos leitores, advertindo-vos de que a narrativa que ides ler é rigorosamente verdadeira nos seus traços essenciais, como é, aliás, tudo o que escrevo, fundamentado em factos averiguados pela perspicácia desapaixonada dum observador, atento e conscencioso."
(Advertência)
"Jerónimo de Brito era, aí pelos trinta e cinco anos, aproximadamente no princípio de se desenrolarem os acontecimentos que vou referir, homem esquivo mas benquisto na melhor sociedade da capital, respeitado pela pontualidade com que satisfazia os seus compromissos e pelo seu caracter austero.

Correcto no trato, mas pouco sociável e nada expansivo, antes taciturno, era reservado e inflexível nas suas normas de proceder. Se tinha quebras de energia, ninguém poderia suspeitá-lo, tal era o seu aprumo em tôdas as ocorrências da vida exterior
O seu feitio era um pouco a conseqüência lógica da sua índole, mas um tanto também de adaptação às condições especiais da sua existência até perto dos trinta - período assás longo para amoldar às circunstâncias do meio a pasta menos homogénea que se possa conceber e solidificá-la numa fôrma com rijeza e consistência perduráveis.
Jerónimo ficára orfão aos treze anos.
A sua legítima, que se não era excessivamente avultada, lhe permitiria, contudo, viver nos hábitos da abastança e comodidade em que fôra criado, tinha sido delapidada por um cúpido tutor."
(excerto do Cap. I, Mocidade invulgar)
Capítulos:
I. Mocidade invulgar. II. Arma fatídica. III. Realidades angustiosas. IV. Reminiscências saüdosas. V. Desilusões. VI. Deveres da sociedade elegante. VII. Sofrimento incomportável. VIII. Dificuldades financeiras. IX. Torpezas. X. Atribulações de consciência. XI. Reacções benéficas. XII. Intervenção de Patrício. XIII. Vingança mesquinha. XIV. Passamento.
Amélia Cardia (Lisboa, 1855 - Lisboa, 1938). “Médica e escritora. Dedicou-se ao estudo dos clássicos e da filosofia, após o que se formou em Medicina com brilhantes classificações, tendo sido a primeira mulher licenciada em Medicina em Lisboa e a primeira mulher interna nos Hospitais Civis. Fundou uma casa de saúde na Estrela, que abandonou passados oito anos para se dedicar a estudos de filosofia e espiritismo. Pertenceu à Associação das Ciências Médicas e à Federação Espírita Portuguesa. Colaborou assiduamente em diversos jornais e revistas – Ilustração Portuguesa, O Século, Revista de Espiritismo, Diário de Notícias, etc. –, tendo dirigido O Mensageiro Espírita.”
(in Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, Vol. II, Lisboa, 1990)

Encadernação inteira de percalina com ferros gravados a ouro na lombada. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado de conservação. Primeiras páginas ligeiramente oxidadas.
Raro.
A BNP tem registada apenas a edição de 1936.
Indisponível

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