30 outubro, 2017

SILVA, Theodoro José da - A ULTIMA NAU PORTUGUEZA. Reminiscencias. Por... Lisboa, Livraria Editora de Tavares Cardoso & Irmão, 1891. In-8.º (17cm) de 270, [2] p. ; il. ; E.
1.ª edição.
Memórias de Teodoro da Silva, desde cedo um entusiasta do mar, que tomou parte na jornada da Vasco da Gama - a última nau portuguesa - para o Rio de Janeiro, naquela que viria a ser a sua penúltima viagem (faria ainda uma última a Angola), sendo seu comandante o Capitão de mar e guerra Pedro Alexandrino da Cunha. O autor conta as  peripécias por que passou para tomar parte na expedição, e descreve as suas impressões e o relato do que presenciou ao longo da viagem. Fala sobre a Madeira, e o Rio de Janeiro, onde fez vida boémia.
No final do livro, consta a lista da oficialidade da nau «Vasco da Gama» na sua viagem ao Rio de Janeiro, e a lista dos navios de guerra portugueses em 1849, incluindo o n.º de peças que os equipavam.
Livro ilustrado com bonitas vinhetas tipográficas encimando o início de cada capítulo.
A Vasco da Gama foi uma nau de linha que serviu a Marinha Portuguesa, entre 1841 e 1876.
"A nau "Vasco da Gama", de 80 peças, foi lançada à carreira do Arsenal da Marinha em 24 de Junho de 1824 e ao mar em 2 de Setembro de 1841. Foi construída por Manuel Clemente de Barros e Joaquim Jesuíno da Costa. A figura de proa era um elegante busto do seu patrono Vasco da Gama. No Museu da Marinha ainda se conserva o modelo da carranca do navio.
As suas principais características eram: comprimento (quilha) - 61.48 m, boca - 14.70 m, pontal - 12.43 m, arqueação - 2261.72 metros cúbicos, tonelagem - 1829 toneladas; armamento - 74 peças; lotação em 1842 - 650 homens.
Foi depósito de marinhagem de 22 de Dezembro de 1845 até 5 de Outubro de 1846. Achou-se no bloqueio de Setúbal em Abril de 1847. A nau passou novamente a depósito de marinhagem, servindo ao mesmo tempo no registo da barra de Lisboa em Junho de 1847. Em Março de 1847 [1849?] largou para o Brasil em missão de cortesia e de protecção dos súbditos portugueses ali residentes. Em Outubro de 1858 largou para Luanda conduzindo a expedição militar para combater a revolta do indígena do Congo e o novo padrão para o Zaire. Em 29 de Julho de 1863, foi mandado estabelecer a bordo da nau "Vasco da Gama" uma escola de artilharia, a que se deu o nome de Escola Prática de Artilharia Naval. Em 1868 recebeu, sob prisão, os amotinados da expedição contra o Bonga.
Tendo sido julgada por inútil para o serviço da Armada, foi mandada vender por despacho de 16 de Agosto de 1873."
(fonte: https://arquivohistorico.marinha.pt/details?id=8495)
"Raiou, emfim, o dia 8 de março de 1849, dia em que a nau Vasco da Gama ía, por algum tempo, abandonar o seu ancoradouro no Tejo, e em que eu deixava tambem Lisboa, cuja barra só devia tornar a entrar no dia 31 de maio de 1865, a bordo do paquete inglez, Paraná.
O sol, dardejando seus raios dourados por sobre todas as imminencias que, n'uma e n'outra margem, dominam o crystalino Tejo, deixava-nos admirar as mil variadas paisagens que as tornam tão pittorescas, e dão ao nosso porto, a merecida fama de um dos mais formosos da Europa. [...]
A bordo da nau, tudo se dispunha para a partida.
A lancha foi collocada dentro do navio, a meia-nau; os escaleres foram todos accomodados, como para não servirem tão cedo, e a canôa branca do commandante balouçava-se já nos turcos da pôpa, encimando a varanda da primeira camara.
Desde muito cedo que, de terra, estava chegando um grande numero de botes conduzindo famillias que vinham d'ali despedir-se, ou dos officiaes ou de quasquer outros individuos d'entre as 700 praças que compunham a guarnição da nau."
(excerto do Cap. VII, A sahida da nau)
"No dia seguinte, pela manhã, como se devessem prolongar-se ainda os prazeres da véspera, o gageiro de prôa, quando menos o esperavamos, deu signal de uma vela no horizonte!
Como póde presumir-se em taes casos, toda a guarnição correu á tolda; e mesmo á vista desarmada, lobrigámos um navio que velejando em rumo opposto ao nosso parecia vir ao nosso encontro.
O coração transbordava-nos de alegria á medida que o navio de approximava, e que, no espaço infinito se iam desenhando todas as suas formas.
Era uma galéra!"
(excerto do Cap.XI, O encontro de uma vela...)
Índice:
Prefacio. I - A escola. II - Uma noite de aventuras. III - Quem abrolhos semeia. IV - Em casa do avô. V - Grande castigo de uma maldade ainda maior. VI - D. Maria II visita a nau Vasco da Gama na vespera da sua partida. VII - A sahida da Nau. VIII - A ilha da Madeira. IX - A nau Vasco da Gama passa á vista das ilhas Canarias. X - O anniversario da Rainha. XI - O encontro de uma véla e um funeral a bordo. XII - A passagem da Linha. XIII - Um castigo a bordo e um desastre mortal. XIV - A nau Vasco da Gama chega á vista da barra do Rio de Janeiro. XV - O desarvoramento. XVI - A manhã do dia 5 de maio. XVII - O socorro. XVIII - Entrada da Vasco da Gama no Rio de Janeiro. XIX - No Rio de Janeiro. XX - A febre amarella. XXI - Vida Nova. XXII - Typos. XXIII - Tres cegos. O actor João Caetano dos Santos. XXIV - Conclusão. Estado maior da nau portugueza Vasco da Gama na sua viagem ao Rio de Janeiro em 8 de março de 1849. Navios de guerra portuguezes em 1849.
Encadernação editorial cartonada com desenhos a negro nas pastas.
Exemplar em bom estado de conservação, com excepção da lombada que foi suprimida. Com manchas de oxidação nas páginas ao longo do livro.
Raro.
Com interesse para a literatura marítima e para a história luso-brasileira.
40€

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