15 outubro, 2017

PIMENTEL, Alberto - TÉLAS ANTIGAS. Lisboa, Parceria Antonio Maria Pereira : Livraria editora e Officinas Typographica e de Encadernação, 1906. In-8.º (20,5cm) de 220, [4] p. ; [2] f. il. ; E.
1.ª edição.
Interessante conjunto de narrativas históricas.
Ilustrado com duas gravuras extratexto.
"Quatorze kilometros a nordeste de Braga, ergue-se sobre um morro escalvado, dominando um valle fertilissimo como todos os do Minho, o castello de Lanhoso, cujas ruinas memoram ainda hoje graves acontecimentos de secilos remotos. [...]
Em certa noite caliginosa do seculo XIII os povos do valle de Lanhoso accordaram ao clamor de uma voz que afflictivamente bradava:
- Santa Maria val! que anda fogo no castello!
O alviçareiro d'esta ruim nova era um azemel que ia partir com de noite para chegar a Braga ante-manhã.
Logo todos os habitantes da pobla, como sacudidos por uma corrente electrica, vestindo á pressa os grosseiros arbins e saios de burel, assomaram á porta de suas miseras sibanas cangadas de côlmo ou giesta e com espanto verificaram que do castello de Lanhoso sahiam grossos rôlos de fumo negro, que as labaredas conseguiam romper a espaços ensanguentando o ar.
A primeira impressão foi de terror, especie de terror sagrado, como se estivesse ardendo um templo, porque para todos os povos circumvisinhos aquelle castello era um monumento venerando, onde tragicos e pavorosos successos se haviam passado lá.
Corria a tradição de que, mais de oitenta annos antes, a rainha D. Tareja ali tinha residido e estivera sitiada por sua irmã D. Urraca de Leão e que depois da batalha de Guimarães ali jazera encerrada entre ferros por ordem de seu proprio filho por D. Affonso Henriques.
O povo, olhando para o alto, e vendo o castello, cuidava olhar ainda para um solio infeliz, onde lagrimas augustas haviam deslisado sobre a purpura real; e o respeito pela realeza era tamanho, que até nas suas desgraças ou excessos os villões a veneravam com supersticioso temor."
(excerto de Uma vingança medieval)
Índice:
- Duas favoritas. [D. Sancho I e a "Ribeirinha" e D. Maria Arias]. - Uma vingança medieval. - Um rei leproso. [D. Afonso II]. - Mordedura de vêspa. [D. Sancha Paes e Martim de Freitas]. - A lenda do pintor. [Vasco Fernandes (Grão Vasco)]. - Morte de el-Rei D. Duarte. - Uma traducção. - Poemas d'outrora: I. Romaria de S. Simão. II. Lenda de S. Frei Gil. III. Rei e pastor. IV. Amores de Braga. - Notas.
Encadernação em meia de percalina com cantos e ferros gravados a ouro na lombada. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado de conservação.
Raro.
Com interesse histórico.
Indisponível

Sem comentários:

Enviar um comentário