16 junho, 2019

MACHADO, Montalvão - O BOM HUMOR NOS TRIBUNAIS PORTUGUESES. Porto, Composto e impresso na Tipografia Gomes [ Edição : Livraria Avis, Porto], 1967. In-8.º (21,5cm) de 152, [2] p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Com um retrato caricaturado do autor em página inteira.
Colecção de episódios cómicos reunidos pelo autor ao longo da sua carreira de magistrado em diversas comarcas do país.
Capa e caricatura do Autor, por seu filho Júlio Augusto.
"Cesse tudo quanto a antiga musa canta!...
Ficam desta vez em descanso as tintas das Pinceladas folclóricas, já a cobrirem quase todo Trás-os-Montes; e do canto de uma gaveta velha, tiro papéis já velhos também, pego na ponta de um lápis de carpinteiro aprendiz, e vou começar a debuxar estes «bonécos», ou sejam recordações anedóticas, com que na velhice distraímos o espírito, passeando-o saudosamente pelas acidentadas comarcas, por onde 40 anos, rompemos os fundilhos de alguns pares de calças.
Nasceu assim este Humorismo nos Tribunais, que não é mais que uma colectânea de ligeiros apontamentos sobre sorrisos discretos, colados com gargalhadas amigas de gracejos inofensivos; recordações alegres da galhofa apimentada de outrora, pitéu indispensável para amenizar a má disposição de descontrolados momentos, que por vezes tendem a transformar-nos o tempo em horas de feia borrasca, ensombrando-nos sem elegância a conturbada vida do dia que passa. [...]
Muitos dos factos os conhecemos directamente, outros são provenientes das achegas de Colegas discretos, e cuja autenticidade garantiram. Esta genuinidade, e certas transcrições de Mestres, emprestarão o único valor que possa encontrar-se na banal mercadoria, ora exposta neste anedotário."
(Excerto do preâmbulo, Ridendo... «In limine litis»)
Sumário:
Ridendo. | 1 - O cano das freiras de Amarante. 2 - O Prior de Trancoso, pai de 275 filhos. 3 - Noivo que quer casar, mas já é falecido! 4 - Por Canelas. 5 - Procura-«Varandas»! 6 - Aposentação compulsiva! 7 - Um seixo histórico! 8 - Prova testemunhal. 9 - Pimponaço de Murça. 10 - Sempre o respeito devido. 11 - Numa juizanga de Paz! 12 - Todos os meios são lícitos. 13 - Ainda havia Boticas. 14 - Ameaça executada. 15 - Leitura singular! 16 - Bonecos de Barcelos. 17 - Propaganda. 18 - Art. ..., in fine! 19 - Crime de estupro. 20 - Apelante, zurrante! 21 - Desrespeito ao Tribunal. 22 - Aqui paga-se. 23 - Tudo macacada! 24 - Hieróglifos. 25 - Cruzes... Diabo! 26 - Diabruras por Mezão Frio... 27 - O vizinho do lado. 28 - Sem malícia. 29 - Bomba explosiva, em Braga! 30 - Poetando. 31 - Caído de longes terras... 32 - Pomadinha para lustro! 33 - Macacão. 34 - Das leis da física! 35 - Justiça. 36 - Em português... forense! 37 - De ricochete... 38 - César e Pato! 39 - Hora rigorosa. 40 - Estrabismo. 41 - Honorários de advogado. 42 - Apenas... da mãe, que o pariu! 43 - «Santo» Taveira. 44 - Requiescat in pace. 45 - Sátiras. 46 - Rabulices. 47 - O Pássaro. 48 - Erro de transcrição. 49 - Licença de caça... para perdigão! 50 - Liberdade... 51 - Duelo amistoso. 52 - Luz da caridade! 53 - O «Beethoven». 54 - Às ááármas!... 55 - Nascerá melhor Sol!
Júlio Augusto de Montalvão Machado (Chaves, 1888-1968). Magistrado e escritor. "Fez a sua escolaridade primária na Escola Conde de Ferreira, em Chaves, e parte da secundária no Colégio de São Joaquim, igualmente em Chaves. Em 1907 foi para Coimbra, onde concluiu o ensino secundário e se matriculou na Faculdade de Direito, saindo formado em 1913. Durante a estadia em Coimbra viveu na República Flaviense, na Rua da Matemática. Fez a sua escolaridade primária na Escola Conde de Ferreira, em Chaves, e parte da secundária no Colégio de São Joaquim, igualmente em Chaves. Em 1907 foi para Coimbra, onde concluiu o ensino secundário e se matriculou na Faculdade de Direito, saindo formado em 1913. Durante a estadia em Coimbra viveu na República Flaviense, na Rua da Matemática. Começou a sua vida profissional como advogado, com banca na sua terra natal, mas em 1918 entrou para a carreira judicial como estagiário do Ministério Público em Peniche. Já como delegado iniciou funções nos Açores, passando depois por Montalegre, Valpaços, Peso da Régua e Vila Real. Mais tarde, já como juiz, exerceu nas comarcas de Mogadouro, Vinhais, Vila Pouca de Aguiar, Valpaços, Fundão, Peso da Régua, Lamego e Porto. Progredindo na carreira, chegou à categoria de juiz desembargador dos tribunais da Relação de Lisboa e Porto. Foi administrador do concelho de Chaves em 1913, ainda antes de concluir a formatura em Direito. Membro do Partido Democrático, desenvolveu considerável actividade política. Fundou o jornal 8 de Julho e, depois da suspensão deste, o 9 de Julho. Pela vida fora, manteve sempre uma postura de republicano de velha cepa, apesar do seu aspecto aristocrático, realçado pela barba e pela badine. A sua fisionomia é assim descrita por A. Barrote: “Figura imponente, de barbas patriarcais, em que faiscavam olhos vivos, penetrantes, e onde bailava como prece um sorriso luminoso de homem bom, encarando a vida com salutar filosofia.”Já depois da sua aposentação em 1958, manteve a actividade política, nomeadamente integrando a comissão nacional da candidatura do General Humberto Delgado, nas eleições do mesmo ano de 1958, e encabeçando em 1959 a lista de testemunhas abonatórias do escritor Aquilino Ribeiro no célebre processo judicial de natureza censória contra o escritor, que lhe foi movido pela publicação do romance Quando os lobos uivam (e acabaria por ser arquivado, face às reacções nacionais e internacionais). A sua actividade de escritor, exercida à margem da magistratura e de forma inteiramente amadora, no melhor sentido da palavra, foi um modo de preencher os ócios e dar vazão a uma apetência genuína pela literatura. Embora a vida profissional, pela sua própria natureza, o tivesse afastado do mundo rural, manteve sempre uma ligação afectiva a esse mundo e a memória dos tempos em que viveu próximo do povo. Montalvão Machado publicou ainda, já próximo da sua morte, O bom humor nos tribunais (1967), uma colectânea de histórias picarescas ou simplesmente bem humoradas à volta do mundo dos tribunais."
(Fonte: http://www.cm-vilareal.pt/gremio/images/ciclos/montalvao_machado.pdf)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Capa apresenta pequenas imperfeições na superfície.
Invulgar.
Indisponível

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