17 março, 2016

NORONHA, Eduardo de - ALMA ANTIGA : «portuguez de lei». Lisboa, Ofic. da Sociedade Nacional de Tipografia, 1922. In-8.º (20cm) de 438, [2] p. ; mto il. ; B
1.ª edição.
Ilustrada com 105 gravuras nas páginas de texto.
Romance histórico cuja acção decorre na década de 50 do século XIX. Manuel Cezimbra, jovem marinheiro português, percorre o mundo tomando parte em vários episódios históricos, privando com figuras de relevo da história mundial.
"Valha-me Deus Nosso Senhor pela sua infinita misericórdia!
- Minha mãe! Minha mãe!
- Cala-te, ou faço-te a ti o mesmo que a ela!
- Meu pae! Meu pae, não faça mal á minha querida mãezinha!
- Ah, sim? Espera!
Ouviu-se o baque de um corpo no chão e dois gritos lancinantes ecoaram pelo arenoso descampado ao Aterro, que, na época em que esta veridica historia decorre, não ia além da atual rampa de Santos. A policia começava então a organizar-se. Não se recomendava pelo numero, nem primava pelo zelo. Os denominados cabos, os unicos guardas da segurança publica, recrutados um pouco ao capricho dos regedores, prestavam já com relutancia os seus serviços durante o dia; de noite, ou se fingiam surdos a quaesquer brados de socorro ou dirigiam-se com afan para o lado contrario d'onde os sentiam.
Na noite luminosa d'esse Ano Bom de 1854 apenas se distinguia o grupo formado por um homem de estatura avantajada, debruçado sôbre uma mulher que se contorcia, e uma creança, uma rapariguita. Esta, ora pretendia deter com as debeis mãos a gesticulação descompassada e frenética do agressor, ora erguia para o ceo os braços franzinos descarnado, n'uma imploração de eloquente mutismo."
(excerto do Cap. I, Na noite do Ano Bom)
Eduardo de Noronha (1859-1948). “Nasceu em Lisboa, a 26 de Outubro de 1859, e morreu a 26 de Setembro de 1948, na mesma cidade. Apesar de ter seguido a carreira militar, participando, por exemplo, nas campanhas de pacificação em África, teve uma fecundíssima actividade literária, quer como escritor quer como jornalista.
Como jornalista colaborou nos jornais A Actualidade, do Porto, A África Oriental, O Quelimane e O Futuro, de Lourenço Marques, O Economista, de Lisboa, no Diário de Notícias, no Tiro e Sport, na Mala da Europa, e noutros títulos. Desta colaboração destaca-se sobretudo a que deu às Novidades, exercendo neste jornal, sob a direcção de Emídio Navarro, o cargo de secretário da redacção. Dirigiu ainda a revista Serões e os onze volumes do Dicionário Popular.
Como escritor destacou-se sobretudo como romancista histórico. Foi autor de uma vasta obra (mais de uma centena de livros), publicando, entre muitas outras, O Herói de Chaimite, No Brasil, A Guerra Russo-Japonesa, A Sociedade do Delírio, O Agonizar de uma Dinastia, À Porta da Havanesa, A Inglaterra e as suas Colónias, Filhos de Portugal, Os Marechais de D. Maria II, As Mulheres de Pernambuco, “obras de intensa vibração que se tornaram popularíssimas”. Traduziu ainda várias peças para o teatro e obras famosas na época, como Quo Vadis? ou Ben-Hur, de Wallace."
(fonte: blx.cm-lisboa.pt)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas sujas, com defeitos. Assinatura possessória na capa frontal.
Muito invulgar.
Indisponível

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