28 março, 2025

COELHO, Judith Furtado -
JOGOS EDUCATIVOS. [Por]... Professora do Liceu de D. Filipa de Lencastre e da Misericórdia de Lisboa. [S.l.], Composto e Impresso na Tipografia do Reformatório Central de Lisboa «Padre António de Oliveira» - Caxias, 1934. In-8.º (16,5x10,5 cm) de XXV, [1], 138 p. ; B.
1.ª edição.
Obra curiosa. Analisa "a influência dos jogos educativos na formação do carácter das crianças", seguindo-se a descrição de dezenas de jogos, por categoria, dirigidos aos mais novos.
"É grande defeito de muitos educadores, dizia Fénelon, disporem o prazer todo dum lado e o aborrecimento do outro:
«Todo o aborrecimento no estudo e todo o prazer no divertimento.»
Tratemos pois de mudar esta ordem de factores.
Tornemos a escola agradável. Para isso demos-lhe a aparência de liberdade e de prazer, se alguma coisa de útil quisermos obter dos nossos alunos.
Que êles sintam prazer e alegria na obediência e que a disciplina não lhes seja imposta mas sim livre e alegremente consentida."
(Excerto da Advertência)
"O jôgo é agradável porque responde à satisfação duma necessidade inatca na criança.
É lei geral, que tudo o que na vida serve para o seu desenvolvimento, e para a constituição da personalidade é acompanhado dum certo prazer. Comer quando temos fome, dormir se temos sono, etc.
O jôgo será um instinto?
Se assim chamarmos a um acto definido, é certo que o jôgo não é um instinto visto que põe em acção as actividades mais diversas... [...]
Nós diremos portanto que o jôgo é um impulso instintivo.
É um facto que o jôgo interessa a criança."
(Excerto de I - Porque agrada tanto o jôgo à criança?)
Índice:
Introdução feita pelo Professor. Dr. Francisco dos Reis Santos | Advertência | I - Porque agrada tanto o jôgo à criança? Qual é a natureza psicológica do jôgo? II - O que é o jôgo e porque joga a criança? | Dos jogos | Jogos sensoriais | Jogos motores | Jogos psíquicos | Jogos de luta | Jogos de caça | Jogos sociais | Jogos familiares | Jogos de imitação | Conclusão.
Exemplar brochado, por abrir, em bom estado de conservação. Capa manchada por acção da luz.
Muito invulgar.
20€

27 março, 2025

CASTELLO BRANCO, Camillo -
D. ANTONIO ALVES MARTINS : Bispo de Vizeu.
Esboço biographico. Por... Segunda edição. Porto, Livraria Internacional de Ernesto Chardron - Casa Editora - Lugan & Genelioux, successores, 1889. In-8.º (19x12,5 cm) de 36 p. ; B.
Apontamento biográfico de D. António Alves Martins (Alijó, 1808 - Viseu, 1882), Bispo de Viseu, mas também professor, jornalista e político, em segunda edição. A primeira, publicada pela Viúva Moré, data de 1870.
"É agradavel e não commum esboçar alguns traços da vida de um varão benemerito, cujos antepassados, praticando obscuramente o bem, nos não intimam o dever de lhes attribuir ou inventar proezas civicas. Em tempos não remotos, quando era costume inculcar ou explicar, pelo decoro da stirpe, virtudes ou heroismos, raro biógrapho se sahia limpa e airosamente de ao pé do berço humilde do seu heroe. [...] Homens d'este vulto, per si mesmo nobilitados, não se procuram no berço: é em meio de nós, é desde o momento que os vimos receber da gratidão publica os titulos da sua nobreza."
(Excerto da Abertura)
"O snr. D. Antonio Alves Martins, doutor na faculdade de theologia, bispo de Vizeu, par do reino e ministro de estado honorario, nasceu na Granja de Alijó, provincia de Traz-os-montes, aos 18 de fevereiro de 1808. Modesta abundancia e laboriosa probidade - excellencias congeneres da profissão agricultora - honravam e felicitavam a familia que procede o snr. bispo de Vizeu.
Dado que a sua iniciação a estudos superiores não levasse o intento posto em determinado destino, motivos, em que talvez seria grande parte a obediencia, moveram o moço de deseseis annos a entrar na Terceira Ordem de S. Francisco, chamada na Penitencia, cuja casa capitular era em Lisboa."
(Excerto do Esboço)
Exemplar não muito bem conservado: capas vincadas, com cortes e pequenas falhas de papel; páginas sujas, sobretudo na primeira parte do livro. Em suma, exemplar de leitura aceitável.
Invulgar.
Com interesse histórico e biográfico.
10€

26 março, 2025

PIMENTEL, Alberto -
AS NETAS DO PADRE ETERNO.
Romance original. Por... Lisboa, Livraria de Antonio Maria Pereira - Editor, 1895. In-8.º (18,5x12 cm) de [4], 175, [1] p. ; E.
1.ª edição.
Romance baseado em acontecimentos verídicos, cuja acção decorre em pleno Sexénio (1868-1874), período da história espanhola que tem início com o levantamento revolucionário conhecido por La Gloriosa (1868), e que passou a Portugal por força das multidões de refugiados que atravessaram a fronteira como puderam para salvar a vida, desenrolando-se a presente história no território nacional, sobretudo na zona de Setúbal.
Invulgar e muito interessante.
"Desde a primavera até ao inverno de 1873, decorre, na historia da moderna Hespanha, um periodo de rubra agitação demagogica, em que tanto a abandonada corôa da velha Monarchia de S. Fernando como o recente barrete phrygio da Republica fluctuam n'um mar de sangue, golphado do proprio coração d'esse bello paiz meridional, e sinistramente illuminado pelos reflexos coruscantes dos incendios de Alcoy, que eram o facho tristemente glorioso da insurreição cantonal.
Nação essencialmente catholica, a Hespanha viu profanados os seus templos, principamente em Barcelona, onde as mulheres, n'uma infrene orgia de bacchantes, envergavam as vestes sacerdotaes, entoando cantaraes obscenos, e derramando por sobre os altares o vinho que transbordava das taças.
Nas ruas, as allucinações da musa popular, terrivelmente revolucionaria, alternavam-se com as detonações dos fuzilamentos, e aos dithyrambos entoados á beira dos altares correspondiam, fóra dos templos, trovas sacrilegas, dissolventes, anarchicas. [...]
É certo que na alma popular da Hespanha não estavam de todo pervertidos os sentimentos cavalheirescos da raça castelhana, mas a revolução ia alastrando dia a dia o seu dominio, - em Sevilha era incendiada a calle de las Sierpes, em Cadiz punha-se em almoeda a custodia do Corpus Christi, em Malaga dois bandos rivaes porfiavam em horrores de barbarie, em Granada os desenfreamentos do vandalismo desmoronavam as instituições e os templos, como acontecia em Barcelona, em cujos campos os bosques incendiados chammejavam como enorme fornalha... [...]
Um illustre escriptor hespanhol, o sr. Vicente Barrantes, emigrando n'essa epocha para Portugal, escreveu sob o titulo de Dias sin sol, um livro interessante, em que estão consignadas as dolorosas impressões que as desgraças da Hespanha punham no coração dos seus angustiados filhos. Uma pagina d'esse livro diz:
«Com mão debil e porventura timida empunhou o tribuno Emilio Castellar as redeas da dictadura, ao tempo que a fronteira portugueza, onde eu me achava, offerecia um lancinante espectaculo. Cerrada a do norte pelos carlistas, era aquella a unica porta para escapar d'este inferno de Hespanha, e cada trem do caminho de ferro iberico parecia barcada de Acheronte, como aquellas que rangendo os dentes e blasphemando até dos paes de seus paes viu passar o grande poeta da Edade-Média pelo lodoso lago que ao inferno conduz... De Madrid, de Alcoy, de Cartagena, de Valencia, de Cadiz, de Sevilha, de Jerez chegavam por centenas familias dispersas, como quem foge de uma peste; e isto um dia e outro dia, e mezes inteiros; e récuas e caravanas de inoffensivos lavradores, de pacificos artistas, de laboriosos industriaes desembocavam simultaneamente por todas as povoações da fronteira, desde Barrancos a Setubal, desde Elvas a Lisboa, desde Zamora e Ciudad-Rodrigo ao Porto; misero formigueiro de emigrantes de todas as classes e condições, com os olhos voltados para Hespanha, mas receiando a cada hora que o horror os convertesse em estatuas, como á mulher da Biblia.»
Setubal, pela amenidade do seu clima, e pela belleza dos seus campos, hospedou uma importante colonia hespanhola, atravez da qual eu passeei algumas vezes os meus ocios de touriste. Principalmente no verão, em julho, que foi a epocha mais calamitosa da revolução, a affluencia de emigrados era numerosissima ali. E o que é verdadeiramente notavel é que os havia de todas as côres politicas, porque o perigo era egual para todos. A revolução não curava de perscutar as opiniões de cada um. Perseguia, roubava, incendiava, fuzilava indistinctamente. Já não era pequena felicidade poder fugir á morte, salvar a vida. Dos emigrados, conheci alguns ricos, poucos, e esses eram os que tinham logrado liquidar a tempo os seus haveres, antes que a santa federal se encarregasse da liquidação. D'este numero era a familia Saavedra, de Sevilha, que tem de figurar n'esta historia. Tres pessoas apenas: pae, mãe e filha."
(Excerto do Cap.I)
Alberto Pimentel (1849-1925). "Nasceu no Porto a 14 de Abril de 1849. Com uma obra extensa e variada, escreveu poesia, romance, teatro, biografia, obras políticas, entre outros géneros. Camilo Castelo Branco – que conheceu pessoalmente, lhe prefaciou dois dos seus livros e é matéria de algumas das suas obras – é o seu ídolo e o seu Mestre. Morreu em Queluz no dia 19 de Julho de 1925."
(Fonte: Wook) 
Encadernação do editor em percalina com ferros gravados a seco e a ouro e negro nas pastas e na lombada.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Pastas apresentam desgaste marginal. Interior correcto.
Muito invulgar.
25€
Reservado

25 março, 2025

CABRAL, António -
CÃES PORTUGUESES (Chiens Portugais) (Portuguese Dogs) : ESTALÕES DAS SUAS RAÇAS (Standards des Races) (Standards of Breeds). Coordenação e notas de... 3.ª edição actualizada. Lisboa, Clube Português de Canicultura, 1978. In-8.º (22 cm) de 193, [3] p. ; [29] f. il. ; il. ; B.
Terceira edição desta obra de referência da canicultura nacional, bastante mais actualizada e aumentada que as antecessoras (1955 e 1965).
Livro ilustrado no texto, e em separado com 29 folhas impressas sobre papel couché reproduzindo fotografias a p.b. e a cores dos animais.
"Com a publicação dos estalões dos cães portugueses, a Secção de Canicultura cumpre uma das suas atribuições de maior projecção no fomento da canicultura nacional, penitencia-se de só agora o fazer, se o tempo lhe perdoar, e homenageia os criadores e proprietários de cães, que, sem uma orientação facilmente disponível ou de todo vazia, conseguiram, com pouca desordenada variação, manter nas raças caninas indígenas características étnicas, permitindo actualizar ou elaborar os seus indispensáveis estalões.
Não abrange esta publicação a totalidade dos cães das raças portuguesas que muitos pensam existir, mas o quase desaparecimento de algumas – Fila da Terceira – e o seu cruzamento dominante com raças semelhantes, que outras extinguiram – galgo anglo-luso, galgo indígena e barbaças – resumem este livro à publicação apenas dos estalões do Cão de água, do Cão da Serra de Aires, do Cão de Castro Laboreiro, do Cão da Serra da Estrela, do Rafeiro do Alentejo, do Podengo Português e do Perdigueiro Português."
(Excerto do Prefácio da 1.ª edição)
"Nova edição dos Cães Portugueses, que testemunha, quanto as edições anteriores contribuíram para a fixação das características morfológicas e funcionais das raças das raças caninas autoctenes."
(Excerto do Prefácio da 3.ª edição)
Encadernação em percalina com ferros gravados a ouro na lombada. Conserva as capas de brochura.
Exemplar em bom estado de conservação.
Muito invulgar.
35€

24 março, 2025

MAÇARICO, Luís Filipe -
ALDRABAS E BATENTES DE PORTA: Uma Reflexão sobre o Património Imperceptível
. [S.l.], Aldraba - Associação do Espaço e Património Popular, 2009. In-8.º (21x15 cm) de 64 p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Interessante subsídio para a história das ferragens - batentes e aldrabas - que estiveram a uso nas portas das casas de há muito até um passado não muito distante.
Ilustrado com 49 fotografias a cores de portas e artefactos objecto do estudo distribuídas por 8 páginas.
"A necessidade de contactar os outros estimulou o ser humano a inventar utensílios, inseridos em sistemas que permitissem comunicar.
Colocados estrategicamente à entrada das portas, batentes e aldrabas, "zelaram" pela tranquilidade e segurança das habitações durante séculos.
A  aldraba abre e fecha a porta, pois está ligada a um trinco que é accionado ao ser rodada, ou chama alguém (tarefa esta similar à do batente, impedindo todavia - pela manifesta impossibilidade em rodar - de facilitar o acesso às casas...). Através do batimento sobre um círculo metálico conhecido por "espera", ambos os objectos contribuem para difundir alegria e desgosto, boato ou segredo.
Para lá da utilização funcional, aflorada nestas linhas, os artefactos mencionados cumpriram - em sintonia - um desempenho simbólico, na medida em que integraram um segundo sistema de protecção, salvaguardando os locatários de espíritos nocivos e maus-olhados, segundo algumas crenças. Ambos participam da ritualização quotidiana de uma convicção ancestral, comum aos povos da bacia mediterrânea.
Efectivamente, estes artefactos, em número significativo, surgem nas portas das ruas de diversas aldeias, cidades e lugares, com um "design" maioritariamente agregado à representação da mão, que se crê incorporada num poder benéfico e protector, na esfera do Sagrado."
(Excerto de 1.1 Aldrabas e batentes. Semelhanças e diferenças) 
Exemplar em brochura, bem conservado.
Muito invulgar.
20€

23 março, 2025

RAMOS, Dr. Luiz Maria da Silva -
SERMÃO SOBRE A DIVINDADE DE NOSSO SENHOR JESUS CHRISTO.
Recitado na Sé Cathedral de Coimbra. Pelo... Lente cathedratico da faculdade de theologia na universidade de Coimbra... Porto : Braga, Livraria Internacional de Ernesto Chardron - Eugenio Chardron, 1877. In-8.º (22,5x14 cm) de 24 p. ; B.
1.ª edição.
Sermão dedicado pelo autor a D. Manoel Corrêa de Bastos Pina, Bispo de Coimbra, Conde de Arganil, etc.
"O dogma da divindade de Jesus Christo, é tão necessario para explicar a historia do homem no tempo e no espaço, como o dogma da existencia de Deus, supremo arbitro de tudo, é necessario para explicar os phenomenos do universo. [...]
A divindade de Jesus Christo é, por isso, um verdadeiro postulado da historia, e conseguintemente um dogma razoavel. No Evangelho de hoje, offerece o Salvador a seus inimigos dous motivos, qual d'elles mais convincente, para abonar o seu caracter divino: a sua sanctidade immaculada: quis ex vobis arguet me de peccato? e a sua veracidade omnimoda: Si veritatem dico vobis, quare non creditis mihi? Logo Jesus Christo é Deus. Eis o que naturalmente se deduz das suas palavras, e eis tambem o assumpto do meu discurso."
(Excerto do Preâmbulo)
Luís Maria da Silva Ramos (1841-1921). "Nasceu em Braga. Em 23 de Dezembro de 1866, com 25 anos, formou-se na Faculdade de Teologia de Coimbra. Foi lente substituto da mesma Faculdade em 1876 e lente catedrático em 1874. Depois de ordenado sacerdote consta que foi professor no Seminário diocesano de Braga, onde Ieccionou Teologia moral, e no Seminário de Coimbra, onde regeu a cadeira de Teologia Litúrgica e Sacramental. Chegou a ser eleito director da Faculdade de Teologia de Coimbra.
Foi director da Estrela d'Alva, de Braga, e redactor da Civilisação Catholica, do Porto. Nesta última revista tomou a defesa da União Nacional com Tomás de Vilhena. Colaborou ainda noutra imprensa católica. A saber: União Catholica, Futuro, Consultor do Clero, todos de Braga; A Nação, de Lisboa; Caridade, Ordem e Instituições christãs, do Porto. A sua actividade sócio-cultural e religiosa não se esgotou na imprensa. Pertenceu, ainda à Academia filosófico-escolástica de S. Tomás de Aquino (Barcelona) e à Sociedade de S. Paulo para a difusão da imprensa católica (Roma)."
(Fonte: Jorge, Ana Maria C. M. - Os Participantes do I Congresso Católico Português (1871-1872), in Lusitania Sacra, 2.ª série, 12, (2000))
Exemplar em bom estado geral de conservação. Envelhecido. Frágil, com defeitos e pequenas falhas de papel na capa. Ausência da contracapa.
Raro.
10€
Reservado

22 março, 2025

VIEIRA, Rui Rosado - CAMPO MAIOR: DE LEÃO E CASTELA A PORTUGAL (SÉCULOS XIII - XIV).
Comunicação do autor às Jornadas de História Medieval realizadas, em Junho de 1985, na Faculdade de Letras de Lisboa. [S.l.], Edição do Autor, 1985. In-8.º (201x15 cm) de 47, [1] p. ; B.
1.ª edição.
Importante subsídio para a história das relações de vizinhança entre Portugal e Castela na zona raiana do Alto Alentejo ao longo da Idade Média, e em particular no concelho de Campo Maior e regiões limítrofes.
Ilustração da capa: Imagem, em mármore, de Santa Bárbara, existente no interior da igreja do Castelo de Campo Maior. O edifício empunhado pela Santa representa a altíssima Torre de Menagem já desaparecida.
"Campo Maior, vila situada a cerca de dezoito quilómetros de Elvas e a semelhante distância de Badajoz, foi, conjuntamente com Ouguela, e só ultrapassada por Olivença, o lugar do Alto Alentejo que durante mais tempo se manteve ao lado dos partidários de Castela, no conflito que opôs os dois reinos ibéricos, a partir de finais de 1383.
Descobrir o fio condutor que explique essa singularidade é o principal objectivo deste texto.
Para tal, e com base em documentação de proveniência diversa, procurou-se acompanhar, através das suas vicissitudes, a evolução político-institucional desta vila raiana, desde o período histórico melhor documentado (isto é, desde 1255) até ao momento em que, no ano de 1388, Campo Maior foi conquistada aos castelhanos pelo exército de D. João I de Portugal. Período ao longo do qual se deram passos decisivos para a formação do concelho, para a definição dos limites do seu território e da fronteira luso-espanhola na região, e para a integração plena da vila no corpo físico e ideal da nação portuguesa."
(Excerto da Introdução)
Índice:
Nota prévia | I - Introdução. II - Campo Maior no período da reconquista cristã. III - A segunda metade do século XIII. IV - Do Tratado de Alcanizes, a finais de 1383. V - Campo Maior, um bom lugar que tinha voz por el Rei de Castela. VI - Conclusão. | | Apêndice documental | Fontes e bibliografia.
Exemplar em brochura, bem conservado.
Muito invulgar.
Com interesse histórico.
20€

21 março, 2025

SERPA, António Ferreira de -
CRÓNICA DE EL-REI D. SEBASTIÃO,
único dêste nóme e dos Reis de Portugal o 16.º, compósta pelo Padre Amadôr Rebêlo, companheiro do Padre Luís Gonçalves da Câmara, Mestre do dito Rei Dom Sebastião. Porto, Livraria e Imprensa Civilização - Editora, 1925. In-8.º (19x12,5 cm) de [4], 283, [5] p. ; B.
1.ª edição.
Crónica de D. Sebastião da autoria do Pe. Amador Rebelo. Trata-se de um documento manuscrito - na época, inédito - depositado na Torre do Tombo.
Exemplar valorizado pela dedicatória manuscrita do autor ao "Ex.mo Sr. Dr. Manuel J. Correia".
"A crónica, que se publica, é um dos numerosíssimos documentos guardados no rico Arquivo Nacional da Tôrre do Tombo, desconhecido e desestimado pelos governantes, e por aqui póde avaliar-se a colossal incultura de que são prodigamente dotados e de quem têem dado próvas exuberantes. [...]
O que se tem escrito a respeito de Dom Sebastião, pró e contra, [é] uma conseqüência dessa falta de estudo, além de que o vencido de Alcácèr Kibir não é uma criatura vulgar, como se demonstra com as discussões travádas. [...]
O Padre Amadôr Rebêlo, jesuíta, calígrafo notável e Reitôr do Colégio de Santo Antão, conheceu o Rei dêsde a idade dos 6 anos e foi seu professôr de escrita.
A sua crónica tem todo o cunho da imparcialidade: censúra ou louva o seu régio discípulo, sempre que há motivo para isso.
Conhecia Marrócos e a sua política, o que não causará estranhêsa, pois Dom Sevbastião lá mandára quem atentamente examinasse a situação do país onde iria combater, e o próprio monarca foi uma vês à África, para, de visu, pessoalmente, confrontar as impressões colhidas com a realidade. As virtudes e os defeitos do néto de Carlos V patenteiam-se a toda a luz nêste escrito do Pe. Amadôr. Sem sombra de dúvida, esplendem o seu amôr por Portugal e a sua corágem inegualável, porque era desmedida.
Foi bem um cavaleiro medieval extraviado no século XVI e num país dessorado pelas drógas do Oriente. Quis reatar a tradição africana da sua dinastía, e resgatar êrros que de longe vinham e, daí, a sua emprêsa.
Ao seu plano não faltou grandêsa: ia restabelecer um sultão destronado, garantir, no grande celeiro marroquino, a provisão de trigo de que o reino sempre carecía, e ocupar Larache que o poderío otomano cubiçava, para dominar no Atlântico, oprimir e pôr em perígo a cristandade, isto é, toda a Európa, ainda não escravisada pelo Grão-Senhôr, como já estava o Mediterrâneo convertido num lago turco."
(Excerto do preâmbulo - Ao leitôr)
Exemplar brochado em razoável estado de conservação. Capas envelhecidas, com furos de traça marginais e pequenas falhas de papel, que se estendem à lombada. Interior correcto. Em suma, bom exemplar de trabalho/leitura.
Invulgar.
Com interesse histórico.
15€

20 março, 2025

CASTILHO, Julio de - 
AMOR DE MÃE.
Scenas da vida moderna de Lisboa. Por... Lisboa, Parceria Antonio Maria Pereira - Livraria editora, 1900. In-8.º (19x12,5 cm) de 291, [3], [4] f. ; il. ; E.
1ª edição.
Curioso romance, ao gosto da época, baseado numa história verídica do conhecimento do autor.
Obra dedicado por Castilho ao Visconde de Sanches de Baena.
Ilustrado com 4 bonitas gravuras intercaladas no texto.
"A senhora D. Maria do Rosario de Miranda e Vasconcellos Reymão Coutinho tinha um nome muito maior do que a pessoa; e ainda talvez eu o não saiba todo; é difficillimo decorar certos nomes peninsulares. Era pequenina e miudinha de corpo, mas grande de alma, como espero evidenciar no correr d'estas paginas.
Não me chamem indiscreto, se me atrevo a contar certos pormenores do seu viver; conheci-a muito bem, respeitei-a sempre affectuosamente, como antiga amiga dos meus; mas estou (em nome da litteratura) auctorisado a commetter certas indiscreções; e ninguem m'as ha-de levar a mal; são quadros de uma Lisboa que desappareceu.
Filha de familia provinciana, hoje de todo extincta, habituára-se desde creança á vida energica da administração rural. Seus paes, morgados sertanejos nos arredores de Miranda do Douro, nunca tinham visto uma cidade, e só sahiam annualmente das suas terras para alguma praia de banhos, nas longas cavalgadas que eram os meios de locomoção no Portugal velho. Viviam, como tinham vivido seus sextos avós, sem tirar nem pôr. Alfaias, ideias, linguagem, tudo era o mesmo.
Esta menina tinha sido por muitos annos a herdeira do vinculo, até que o nascimento de um irmão a viera esbulhar dos direitos da primogenitura."
(Excerto de I - Retrato de uma joven provinciana...)
Júlio de Castilho (1840-1919). "2.º visconde de Castilho, nascido a 30 de Abril de 1840 em Lisboa, na Calçada do Duque, e falecido a 8 de Fevereiro de 1919, no Lumiar, na Travessa do Prior, foi o mais velho dos filhos de António Feliciano de Castilho e de Ana Carlota Xavier Vidal. Do pai herdou o título de visconde, que deteve desde 24 de Abril de 1873. Tirou o curso superior de Letras, sendo vários os cargos que posteriormente desempenhou. Poderão destacar-se o de governador civil da Horta (1877 a 1878); o de cônsul-geral de Portugal em Zanzibar (1888); o de bibliotecário, na Biblioteca Nacional de Lisboa; o de professor de História e Literatura Portuguesa do príncipe D. Luís Filipe (desde 1906).
Foi poeta, tendo publicado o seu primeiro trabalho neste domínio num almanaque de 1854, dramaturgo, tradutor, memorialista e historiador. Produziu igualmente desenhos e pinturas.
Conhecido pelo seu interesse pela olisipografia, de que é considerado o fundador, publicou "Lisboa Antiga", em 8 tomos (1879 e 1884 a 1890); "A Ribeira de Lisboa" (1893). Já num outro domínio, publicou "As memórias de Castilho" (1881); "Manuelinas" (1889); "Elogio histórico do arquitecto Joaquim Possidónio Narciso da Silva" (1897); "Amor de mãe: cenas da vida moderna de Lisboa" - 1900; "Os dois Plínios? "(1906); "José Rodrigues: pintor português" (1909); "Fastos portugueses" (1918)."
(Fonte: https://digitarq.arquivos.pt/details?id=4206709)
Encadernação coeva meia de pele com ferros gravados a ouro na lombada. Conserva a capa de brochura frontal. 
Exemplar em bom estado geral de conservação. Pastas com pequenos defeitos marginais. 
Raro.
35€

19 março, 2025

MONTEIRO, Carlos -
DE SETÚBAL ÀS TERRAS DE ANGOLA.
Patrocínio do Movimento Nacional Feminino. Reportagem de... Publicado no jornal "O Distrito de Setúbal". [S.l.], [s.n. - Composto e impresso na Tipografia Rápida de Setúbal, Lda. - Setúbal], 1973. In-8.º (21x14,5 cm) de 61, [3] p. ; il. ; B.
1.ª edição. 
Capa de: Gertrudes Páscoa Geraldes Monteiro.
Crónicas de viagem por Angola de um setubalense por adopção.
Ilustrado com fotografia a p.b. ao longo do livro, sendo algumas em página inteira.
Exemplar muito valorizado pela dedicatória autógrafa do autor ao Dr. J. Carlos Botelho.
"Sou um Homem das «terras do Demo», designação que Mestre Aquilino Ribeiro dá às terras beiroas que me serviram de berço.
Em Coimbra, na verdura dos meus anos, desfolhei as mais perfumadas pétalas da minha vida.
Durante duas décadas, a seguir identifiquei-me com a «Planície Heróica», o Alentejo, tão decantado por Manuel Ribeiro.
Mais tarde vim para a terra de Bocage, onde me vinculei.
Sonhei sempre. Encarei a Vida. Lutei com verticalidade. Tive sonhos desfeitos. Cânticos de vitória, não faltaram. De entre tudo, tentei o Ultramar. A frustração dessa hora, que se esfuma pela mocidade, marcou-me doridamente.
Aqui, em Setúbal, a par da minha actividade de fundo que é a Escola, o jornalismo seduziu-me. Alistei-me nele. No seu quadro. Para ficar. Para servir.
Um convite atencioso do Movimento Nacional Feminino para visitar o Estado Português de Angola, veio salvar das cinzas um sonho. Vibrei. Pois. Rejuvenesci."
(Excerto de Nota de abertura)
Exemplar em brochura, bem conservado.
Muito invulgar.
20€

18 março, 2025

ALMEIDA, Alberto Augusto de - A ARTILHARIA PORTUGUESA NA GRANDE GUERRA (1914-1918).
[Pelo] Tenente-Coronel de Artilharia... Prefácio do Ex.ᴹᴼ General Carlos Vidal de Campos Andrada, Director da Arma de Artilharia. Separata da Revista de Artilharia (1967-1968)
. In-8.º (22,5 cm) de 286, [2] p. ; [5] mapas desd. ; il. ; B.
1.ª edição independente.
Obra de referência sobre a intervenção da artilharia portuguesa na Grande Guerra. Trata-se talvez da obra mais completa que sobre este assunto se publicou entre nós.
Ilustrada no texto com fotogravuras, quadros, tabelas e diagramas, e em separado, com os seguintes mapas desdobráveis:
- Zona do Norte da França e da Bélgica onde estiveram as tropas do C. E. P.  durante a Grande Guerra (30,5x63cm). Escala: 1/320 000.
- O sector do C. E. P. (22,5x30cm). Escala: 1/100 000.
- Dispositivo da infantaria e da artilharia da 2.ª Divisão no dia 9 de Abril de 1918 : Sectores de Fauquissart - Neuve-Chapelle - Ferme du Bois (40x43cm). Escala: 1/30 000.
- Teatro das operações de Angola (1914-1915) (23x30cm).
- Teatro das operações de Moçambique (1914-1915) (17x22,5cm).
"Na primeira parte do trabalho começa por ser explicado como, em consequência do pedido feito pela França, sem Setembro de 1914, da cedência de algum do nosso material de artilharia de campanha de modelo bastante recente para a época (peça de 7,5 cm em T. R. m/904), o Governo português, de acordo com a opinião do Ministro da Guerra, o General Pereira d'Eça, resolveu não fornecer aquele material sem que fosse guarnecido por artilheiros portugueses; e como o Exército não veria com bons olhos a cooperação de uma só Arma, propôs o envio de uma Divisão. Como esta proposta tivesse sido aceite pelo Governo inglês, começou a ser organizada, em fins de Novembro de 1914, a chamada «Divisão Auxiliar» à França.
Por vários motivos, entre os quais avultam as perturbações internas da natureza política, a organização dessa Divisão parou em Março de 1915, e só depois da declaração de guerra pela Alemanha, em 9 de Março de 1916, é que os respectivos trabalhos voltaram a ter andamento com a criação da chamada «Divisão de Instrução» concentrada em Tancos, da qual nasceu depois o «Corpo Expedicionário Português (C. E. P.)». A seguir indica a organização do C. E. P., em Artilharia, e faz uma descrição do C. E. P. para melhor compreensão dos acontecimentos que ocorreram durante o tempo em que as nossas tropas o ocuparam.
Descreve depois a acção da nossa artilharia ligeira e pesada do C. E. P., desde o início da sua instrução em França e Inglaterra, até ao armistício em 11 de Novembro de 1918.
Por fim é feita a história do Corpo de Artilharia Pesada Independente (C. A. P. I.) destinado a cooperar com o Exército francês, mas que, por vários motivos, acabou por ser fraccionado em 2 Grupos que, depois de receberem instrução do respectivo material inglês, se destinavam a ser incorporados no C. A. P. do C. E. P., o que não chegou a efectivar-se devido ao armistício.
Na segunda parte deste trabalho, descreve-se a acção da nossa artilharia que fez parte das expedições a Angola, Moçambique e Cabo Verde, nas quais se destacou o Regimento de Artilharia de Montanha, que nelas tomou parte muito activa."
(Excerto do Prefácio)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro.
Com interesse histórico e militar.
75€

17 março, 2025

AZEVEDO, P. Candido Mendes de -
O COLLEGIO DE S. FIEL.
Resposta ao Relatorio do advogado Sr. José Ramos Preto. Pelo... da Companhia de Jesus, professor, ultimo ministro e prefeito dos estudos no collegio. Com um prologo do R. P. Antonio Cordeiro, penultimo director do mesmo collegio. Madrid, Imprenta de Gabriel López del Horno, 1911. In-8.º (22 cm) de XXIV, 86, [2] p. ; B.
1.ª edição.
Contestação do Padre Mendes de Azevedo, reitor do Colégio de S. Fiel, Louriçal do Campo (Castelo Branco), ao relatório de Ramos Preto, advogado encarregado por Afonso Costa, na época Ministro da Justiça, de "desancar" a Companhia de Jesus e o ensino jesuíta, e S. Fiel em particular. Livro importante, publicado em Madrid, com indubitável valia histórica, política e religiosa dado o contexto tumultuoso que se vivia em Portugal, cerce de liberdades e garantias, onde o último reitor do Colégio rebate as acusações imputadas aos religiosos jesuítas ponto por ponto.
Obra com interesse para a história da Companhia e da sua expulsão do país pelos vencedores da Revolução de 5 de Outubro.
"O Colégio de São Fiel (1863-1910) foi um estabelecimento de ensino básico e secundário, a cargo da Companhia de Jesus, situado na freguesia de Louriçal do Campo, nas faldas da Serra da Gardunha. O Colégio de São Fiel foi uma das mais prestigiosas instituições de ensino portuguesa nas últimas décadas do século XIX, tendo sido extinto em 1910 em resultado da confiscação dos bens da Igreja Católica após a implantação da República."
(Fonte: Wikipédia)
"Como os leitores talvez não desconheçam, vai para 3 meses, que o Sr. Dr. José Ramos Preto publicou por ordem, ou a convite do Sr. Ministro da Justiça da Republica Portuguesa, Affonso Costa, um Relatorio, que desde a primeira á ultima folha não é mais que um libello accusatorio contra a Companhia de Jesus, em geral, e contra o Collegio de S. Fiel mais directa e particularmente.
A leitores superficiaes e que de animo leve tenham passado os olhos pelas paginas do dicto Relatorio; ou ainda áquelles  que, por desconhecerem os factos, que ahi se narram, tenham tomado a vulto as affirmações do Dr. Dr., sem as examinarem miuda e imparcialmente, poderá parecer, que taes affirmações, não tendo sido até hoje contestadas pelos accusados, devem passar em julgado, e que o illustre causidico se saiu airosamente do encargo, que de sua competencia profissional confiou o sobredicto Ministro da Justiça.
É principalmente para leitores d'estes e em geral para aquelles, que de boa fé podem ter sido illudidos pela leitura do citado Relatorio. [...]
Notemos antes de mais nada, que muito infelizmente andou o Sr. Affonso Costa em confiar a composição de referido Relatorio ao Sr.  Dr. Ramos Preto, e mais ainda este em lh'a acceitar.
Em trabalhos d'esta natureza pede a boa razão e justiça, que seja d'elles encarregada pessoa imparcial, em quem não possa caber suspeição, e muito menos a quasi certeza de odio ou affeição apaixonada para com o suspeito reu, que tôlham a lucidez, sangue frio, inteireza e hombridade necessarias para apreciar devida e desapaixonadamente pessoas e factos incriminados, jámais se tanto umas, como os outros respeitam uma Corporação tão contradictoriamente julgada, como o é e foi sempre a Companhia de Jesus."
(Excerto do Prologo)
Cândido de Azevedo Mendes, S.J. (Torres Novas, 1874 - Ceará, Brasil, 1943). "Ingressou na Companhia de Jesus no dia 17 de setembro de 1888. Estudou Humanidades no Noviciado do Barro em Torres Vedras e no Colégio de São Francisco em Setúbal (1890-1893) e Filosofia e Ciências Naturais no Colégio de São Fiel em Louriçal do Campo (1893–1896). Entre 1896 e 1902, foi professor de Matemática, Física, Química e Ciências Naturais em São Fiel, onde fundou em 1902, com Joaquim da Silva Tavares, S.J. (1866-1931) e Carlos Zimmermann S. J. (1871-1950), a revista científica Brotéria: Sciencias Naturaes. Entre 1902 e 1906, estudou Teologia na Universidade Gregoriana em Roma, tendo sido ordenado sacerdote no ano de 1905. Em 1906, regressou a Portugal para terminar a sua formação na Companhia de Jesus. Esteve um ano no Noviciado do Barro e depois regressou a São Fiel como professor de Matemática, Física, Química e Ciências Naturais.
Azevedo Mendes foi um dos autores mais profícuos da Brotéria, tendo publicado ao longo da sua carreira 48 artigos. A maioria dos seus trabalhos incidiu sobre a identificação e classificação de novas espécies de lepidópteros em Portugal, Espanha, Moçambique, Angola e Roma. Entre 1902 e 1913, o jesuíta publicou na Brotéria os seus primeiros trabalhos de classificação sobre os lepidópteros da região de São Fiel. [...]
Após a expulsão dos jesuítas em 1910, as suas coleções de lepidópteros foram confiscadas pelo Governo Provisório da República Portuguesa e enviadas para a Universidade de Coimbra. Exilado em Salamanca, Azevedo Mendes ainda se empenhou em recuperá-las, mas não teve sucesso. Entre 1911 e 1913, publicou dois importantes opúsculos: A Brotéria no exílio e O Collegio de São Fiel: Resposta ao Relatório do Sr. Advogado José Ramos Preto. Centrados na expulsão republicana, estes textos pretendiam rebater as principais acusações sobre o ensino dos jesuítas em Portugal e ilustrar a indignação da comunidade científica nacional e internacional em relação ao destino das coleções científicas dos jesuítas portugueses."
(Fonte: https://dicionario.ciuhct.org/mendes-candido-de-azevedo/)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capa ligeiramente oxidada com rasgão (sem perda de suporte). Contracapa e duas últimas folhas apresentam falha de papel no canto inferior esquerdo, atingindo apenas, na penúltima folha, a parte do índice correspondente à numeração, e mesmo assim estarão em causa apenas duas linhas.
Raro.
Com interesse histórico.
45€
Reservado

16 março, 2025

CASTELLO BRANCO, Camillo - HORAS DE PAZ : escriptos religiosos. Por... Porto: Livraria e Typographia de F. G. da Fonseca, Editor, 1865. In-8.º (19x12,5 cm) de 333, [3] p. ; E.
1.ª edição.
Interessante conjunto de reflexões pela pena do Mestre de S. Miguel de Seide, pela primeira vez vertidas em livro. Reúne escritos anteriormente publicados nos jornais portuenses O Christianismo e A Cruz.
"Na terra não ha palavra que mais prompto incenda o espirito em pensamentos do céo.
Padre, este titulo augusto, que nunca se mancha das impurezas de quem mal o exerce, nada tem como o homem, indigno d'elle, e parece refugiar-se no seio de Deus, d'onde viera, como vinculo sagrado, entre os attributos divinos e as fraquezas do homem.
A sua historia é anterior á das nações. A sua presença na sociedade é eterna como o principio que representa: é a religião personificada na magestade de sua missão."
(Excerto de I - O Padre - I)
"Enlucta-se o coração, e amesquinha-se o pensamento, ao escrever estas oito letras, que se me afiguram o epitaphio d'esta sociedade, esvaída de coragem para luctar com a miseria e a desesperação! Eu não sei que seja possivel transfigurar o homem moral, mandando-o soffrer com paciencia o infortunio, depois que a resignação desmereceu no conceito do homem irreligioso. Não sei que aproveitamento esperam as minhas palavras, sem uncção talvez para os que m'as lêem, e menos ainda para uma sociedade entretida em grangear-se amarguras, e incredula de mais para acreditar que possa um jornal religioso suavisal-as!"
(Excerto de IV - O Suicidio - I)
"Não chamem ao suicidio o resultado d'uma demencia. O homem, que se mata, é responsavel da sua morte: é arbitro d'aquelle ferro que empunha, d'aquelle braço que ergue, e d'aquelle sangue que derrama. [...]
Os raros suicidios, que a medicina póde capitular demencias, não devem, ainda assim, considerar-se taes. Antes d'esse extremo de infortunio, a logica da desgraça atravessára por todos os raciocinios  que levam o homem a desquitar-se da vida, condição terrivel dos seus padecimentos."
(Excerto de IV - O Suicidio - II)
Encadernação coeva meia de pele com ferros gravados a ouro na lombada. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado geral de conservação. "Partido" na junção da lombada com a pasta anterior. Pequeníssima falha de papel marginal nas três primeira folhas do livro. Rubrica de posse na f. ante-rosto.
Raro.
45€

15 março, 2025

GOMES, Saul António -
A COMUNIDADE JUDAICA DE COIMBRA MEDIEVAL
. Coimbra, Inatel, 2003. In-8.º (21x15 cm) de 127, [1] p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Importante estudo histórico sobre a comunidade judaica coimbrã na Idade Média.
Ilustrado em página inteira com planta da cidade assinalando a Judiaria Velha e a Nova, e no final, com 10 estampas a pb. e a cores reproduzindo pinturas, documentos e livros antigos.
Tiragem: 750 exemplares.
"Os Judeus chegam a território actualmente português muito cedo, talvez já no século I da nossa Era. A sua presença em cidades como Mértola, parece atestar-se, arqueologicamente, logo no século VI. Mas a sua visibilidade, enquanto comunidade, contudo, terá de esperar pelos séculos mais tardios da Reconquista e da Baixa Idade Média para conhecer maior relevância histórico-social e  notoriedade cultural.
Pertence a Coimbra, contudo, a abonação documental manuscrita mais antiga que notícia a vivência de Judeus em território hoje português. De facto, em documento datado de 950, um tal Ximeno e sua esposa, Adosinda, indigni famuli, como se denominam no diploma, posto que se declarem irmãos de S. Rosendo, doaram ao Mosteiro de Celanova, para além de algumas uillae, moinhos e azenhas situados em Ançã, no Campo do Mondego, em Quiaios ou em Abzquines, entre outros lugares dos subúrbios de Coimbra, certa corte com casas e vinhas, no arrabalde da cidade. [...]
Antes de 950, portanto, a presença de Judeus em Coimbra é um facto histórico indiscutível. Facto tão mais relevante quanto se verifica pertenceram ao grupo dos proprietários agrícolas mondeguinos, e, consequentemente, da população local com residência mais permanente, o que poderá pressupor o seu enraizamento no território e a existência de uma comunidade judaica minimamente activa e organizada na Coimbra dos séculos IX e X."
(Excerto de 1 - Origens e e afirmação da comunidade)
Índice:
1 - Origens e e afirmação da comunidade. 2 - A Judiaria Velha e a Judiaria Nova ou do Arrabalde. 3 - O casario judengo: rendeiros e proprietários. 4 - Relacionamento e tensões entre Judeus e Cristãos. 5 - Demografia e vivência comunitária. 6 - Mesteirais, prestamistas e profissionais liberais. 7 - Cultura(s) e sobrevivências. | Apêndice Documental | Fontes e Bibliografia | Gravuras.
Saul António Gomes (n. 1963). "Nasceu em Leiria, em 1963. Doutorado em História, leciona na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. É Membro Correspondente da Academia Portuguesa da História. Foi Prémio Gulbenkian de Ciência, em 1999, pela sua obra, em coautoria com Cristina Pina e Sousa, Intimidade e Encanto. O Mosteiro Cisterciense de Santa Maria de Cós (Alcobaça). Recebeu, em 2005, a Medalha de Honra (grau ouro) atribuída pelo Município da Batalha. Sobre a região alto-estremenha publicou, entre outras obras, O Mosteiro de Santa Maria da Vitória no Século XV, Vésperas Batalhinas. Estudos de História e Arte, Introdução à História do Castelo de Leiria, Porto de Mós. Colectânea Documental e Histórica. Séculos XII a XIV e In Limine Conscriptionis. Documentos, Chancelaria e Cultura no Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra."
(Fonte: Wook)
Exemplar em brochura,  bem conservado.
Muito invulgar.
Com interesse histórico.
20€

14 março, 2025

MARTINS, J. P. Oliveira - CARTAS PENINSULARES. Edição posthuma. Precedida d'um esboço biographico do auctor por seu irmão Guilherme de Oliveira Martins. Lisboa, Livraria de Antonio Maria Pereira - editor, 1895. In-8.º (20x13 cm) de [6], 226, [2] p. ; E.
1.ª edição.
Importante conjunto bio-bibliográfico do ilustre escritor, publicista e historiador Joaquim Pedro de Oliveira Martins publicado postumamente, poucos meses após o seu falecimento.
Obra muitíssimo valorizada pela extenso "esboço biographico" do autor por seu irmão Guilherme.
"Volume de crónicas de viagem de Oliveira Martins, editado postumamente, fruto da última deslocação do autor a Espanha, a fim de recolher documentação para a biografia histórica que deixaria inacabada, O Príncipe Perfeito. Dessa viagem por Portugal e Espanha e da constatação da ruína física e moral das cidades que atravessa, o autor deduz uma lição pessimista que "deve fazer refletir todos aqueles que vaidosamente pregam a teoria de um progresso constante e sem limites".
A obra surge precedida de um longo "Esboço biográfico" de Oliveira Martins assinado pelo seu irmão, Guilherme de Oliveira Martins, que permanece uma das principais fontes de informação para a biografia do autor do Portugal Contemporâneo."
(Fonte: Infopédia)
"Sahi de Lisboa com o proposito de visitar algumas povoações castelhanas da fronteira de leste, n'essa zona chamada terra de Campos, e que tão intimamente está ligada á historia nacional portugueza desde os seus primordios até ás guerras do principio do seculo. Sahi tambem com a idéa que essa excursão, agora, em junho, quando o sol começa a queimar nas planicies de Castilla-la-vieja, me tonificaria as forças deprimidas por uma eternidade passada.
Mais uma vez queria tambem respirar os ares e embriagar-me com a paisagem incomparavel do Valle do Tejo, pedaço sem par no mundo, pelo menos, nos retalhos do mundo que tenho visto passarem-me deate dos olhos.
Era manhã quando larguei de Lisboa. A minha primeira estação era Abrantes. Apesar do tempo teimar em conservar-se traiçoeiro, o dia amanhecera glorioso, e o sol, reinando nos céos livres, fazia cantar e rir a paisagem, como o sorriso das crianças, quando lhes brinca nas faces orvalhadas de lagrimas."
(Excerto do Cap. I)
Joaquim Pedro de Oliveira Martins (1845-1894). "É hoje reconhecido como um dos fundadores da moderna historiografia portuguesa e uma das vozes de maior relevância do pensamento político e social do século XIX. Foi historiador, político e cientista social, cujas obras marcaram sucessivas gerações de leitores e investigadores, influenciando escritores do século XX, como António Sérgio ou Eduardo Lourenço. Abandonou os estudos por dificuldades económicas da família, tendo trabalhado no comércio e mais tarde como diretor de vários projetos empresariais e industriais. Foi deputado em 1883, eleito por Viana do Castelo, e em 1889 pelo círculo do Porto. Em 1892 foi convidado para a pasta da Fazenda, no ministério que se organizou sob a presidência de Dias Ferreira, e em 1893 foi nomeado vice-presidente da Junta do Crédito Público. Elemento animador da Geração de 70, revelou uma notável adaptação às múltiplas correntes de ideias do seu século, tendo colaborado nas principais publicações literárias e científicas de Portugal. A sua vasta obra começou com o romance Febo Moniz, publicado em 1867, e estende-se até 1894, ano em que morreu. Na área das ciências sociais escreveu, por exemplo, Elementos de Antropologia, de 1880, Regime das Riquezas, de 1883, e Tábua de Cronologia, de 1884. Das obras históricas há a destacar História da Civilização Ibérica e História de Portugal, em 1879, O Brasil e as Colónias Portuguesas, de 1880, Os Filhos de D. João I, de 1891, e Portugal Contemporâneo, de 1881. É também necessário destacar a sua História da República Romana. A sua obra suscitou sempre controvérsia e influenciou a vida política portuguesa, mas também historiadores, críticos e literatos do seu tempo e do século XX."
(Fonte: Wook)
Encadernação meia de pele com cantos, nervuras e ferros gravados a ouro na lombada. Conserva as capas originais.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Cansado, com desgaste na lombada
Invulgar.
20€

13 março, 2025

NOBREGA, Padre Silvino Rodrigues da & HOMEM, Francisco de Barros F. Cabral Teixeira - ALVES CARDOSO.
Homenagem da Povoação de Samaiões - (Chaves)
. Chaves, Tipografia Gutenberg, 1930. In-4.º (23,5 cm) de 10 p. ; [8] p. il. ; B.
1.ª edição.
Homenagem de dois insignes flavienses a um filho adoptivo da terra - o pintor Alves Cardoso (1883-1930). Livrinho publicado a expensas dos autores assinalando a morte do artista que havia ocorrido poucas semanas antes.
Obra ilustrada em separado com um fotografia do homenageado em página inteira e 16 reproduções de alguns dos seus quadros mais emblemáticos distribuídos por 7 páginas.
Exemplar n.º 291 de uma tiragem declarada de 400 exemplares numerados e rubricados pelos autores.
"Poucas semanas são passadas sobre a catastrofe nacional, que foi a morte de Alves Cardoso e a sua lembrança pesa ainda sobre aqueles, que o estimaram, como uma abobada de chumbo.
Fazia precisamente dois meses que com a familia deixara esta casa, que para meu deleite espiritual e proveito desta terra costumava quasi todos os anos visitar por alguns meses.
Aqui pintou a maior parte das suas paisagens e quadros de costumes a partir de 1912, ano em que pela primeira vez por aqui veio, ainda solteiro a convite do Snr Manuel M. Alves da Nobrega, que com ele travara conhecimento em Lisboa."
(Excerto de O amigo intimo - Pe. Silvino Nobrega)
"Morreu ha precizamente um mez em plena pujança do seu formosissimo talento, uma das mais fortes organisações de artista que jamais se creou em Portugal.
Artur Alves Cardoso, vitimado por uma septicemia, deixa nas regiões da arte um vácuo que só muito tarde poderá ser preenchido. [...]
Quem escreve estas linhas sem brilho, mas com as lagrimas a mourejarem-lhe os olhos e a pena mal segura na mão trêmula, relembra o seu vulto gentilissimo perpassando em quasi vinte annos de convivencia amiga; é que Alves Cardoso adoptára como sua esta doce minha terra, e no verão anciosamente o esperavamos sendo certa a sua permanencia de meses n'esta freguezia."
(Excerto de Pintor Alves Cardoso - Francisco de Barros)
Artur Alves Cardoso (1883-1930). "Foi discípulo dos pintores Carlos Reis, Cormon e Jean-Paul Laurens. Demonstrando, no início, ainda fortes influências académicas da Pintura de História, foi posteriormente seguidor do Naturalismo ar-livrista e de género, integrando-se no Grupo Silva Porto. Tratou essencialmente temas paisagísticos, animalistas e de costumes populares, caracterizados por um cromatismo vivo e luminoso, de que são exemplo as telas Poeirada de Luz (Museu do Chiado), Outono, O Rebanho e A Merenda (coleção particular dos herdeiros do artista). Tocou, por vezes, o Realismo, tal como atestam Sagrado Viático (coleção particular) e A Morte do Boi (coleção particular). Pintor de cavalete, dedicou-se pontualmente a decorações de interiores como em São Bento e na Maternidade Alfredo da Costa. Foi condecorado com a medalha de honra em Pintura na Sociedade Nacional de Belas-Artes e com a medalha de ouro na Exposição Internacional Panamá-Pacífico."
(Fonte: https://www.parlamento.pt/VisitaParlamento/Paginas/BiogAlvesCardoso.aspx)
Exemplar em brochura, bem conservado. Ilustrações algo oxidadas.
Muito invulgar.
20€