08 junho, 2025

GARCIA, A. Elias -
AS MOEDAS VISIGODAS DA LUSITÂNIA
. Guimarães, Sociedade Martins Sarmento, 1950. In-8.º (22,5x14,5 cm) de 81, [1] p. (73-153 p.) ; il. ; E.
1.ª edição.
Importante estudo numismático sobre a moeda visigótica. Trata-se do artigo de fôlego sobre o assunto extraído da Revista de Gvimarães, Volume LX - N.ºs 1-2 - Janeiro-Junho 1950, do qual conserva apenas a capa frontal, para além do artigo em causa.
Ilustrado com desenhos esquemáticos no texto.
"O presente trabalho é uma compilação das moedas visigodas dispersas pelas publicações e de outras cuja existência chegou ao meu conhecimento, abrangendo o período de amoedação nacional na Lusitânia, província onde está incorporado quase todo o território português. [...]
Para melhor coordenar o problema numismático convém recordar, duma forma sucinta,  o panorama histórico desta época das migrações.
Os Alanos, Vândalos e Suevos invadiram a Península Ibérica nos primeiros anos do século V (409), na ânsia da luta e da destruição.
Os Suevos fixaram-se na faixa sul da Galiza até ao rio Douro, de onde mais tarde se expandiram. Os Alanos foram ocupar, a sul do Douro, toda a Lusitânia, entendendo-se pelo centro da Península (Cartaginense) até ao Levante. Os Vândalos asdingos permaneceram no noroeste da Península ainda cerca de dez anos e depois dirigiram-se para África, por mar e por terra, fundando ali, na parte norte, um reino que veio a ser destruído em 53.4 por Belisário. Os Vândalos silingos, que se tinham apoderado da Baética, debandaram para as Baleares em 426.
Por consequência o Império Romano ficara reduzido a todo o nordeste da Espanha, por assim dizer, à província Tarraconense.
Entretanto na Gália o domínio romano declinava perante a invasão dos Burgundos (413), Francos (420) e Visigodos (412).
Os Francos, como mais poderosos, vieram mais tarde a absorver o reino dos Burgundos, e, enraizando-se ali, fundaram a nacionalidade francesa, com o começo da dinastia merovingia da qual foi úllimo rei, em 742, Childeberto III.
Os Visigodos tinham-se apossado do sul da Gália e eleito a cidade de Tolosa para capital; mas prevendo naquela região uma permanência instável, trataram de ampliar o seu domínio de Península Ibérica (416), no que foram auxiliados com vantagem pelo imperador Honório.
O Império Romano, apesar da decadência que o conduziu à derrota, tinha a sua moeda (ouro, prata e cobre) acreditada em todo o mundo da época. Duma maneira geral, todos estes povos das migrações, de raça germânica (excepto os Alanos) já utilizavam o numerário romano e continuaram a usá-lo nos primeiros anos da sua invasão.
No que diz respeito aos Visigodos, com o decorrar do tempo, como é de prever, surgiu a necessidade de novas amoedações e, na impossibilidade do fabrico da moeda de prata e cobre pelas grandes dificuldades técnicas com que lutavam, além da enorme despesa que isso acarretava, limitaram-se ao ouro, batendo soldos e  muito principalmente trien tes para mais lhes facilitar o movimento comercial.
A partir desse imperioso momento (como, aliás, o dos outros povos) o numerário visigodo passou a ser constituído por puras imitações bárbaras da moeda romana do ocidente e mais tarde da bizantina, subordinado à mesma metrologia, porque, de resto, a efígie imperial lhe garantia a aceitação em toda a parte."
(Excerto do Estudo)
António Elias Garcia (S. Pedro, Torres Vedras, 1885 - Castelo Branco, 1959). "Tenente-coronel e numismata português, figura de referência no estudo das moedas em Portugal, grande estudioso da numária visigoda e moedas antigas.
Bonita encadernação em tela com ferros gravados a ouro nas pastas e na lombada. Conserva a capa frontal da Revista.
Muito invulgar.
Com interesse histórico.
20€

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