DIAS, Miguel Antonio - SALOMÃO OU UM DIA EM JERUSALEM. Drama allegorico em 5 actos. Pelo auctor da Bib.∙. Maç.∙. e Arch.∙. Mystica, Etc. Lisboa, [sn.], 1851. In-8.º (21x13,5 cm) de 64 p. ; B.
1.ª edição.
Curiosa peça de teatro, com interesse histórico e maçónico, alvo de polémica aquando da sua publicação.
"A maior parte dos episodios para este drama foram tirados de Terrasson e Sethos; e transferidos do Egypto (2,000 annos antes de Christo) para Jerusalem (1,000 annos depois), por quatro rasões:
1.º Porque alguns patriarchas hebreos até Moysés foram iniciados nos mysterios de Isis e Osiris em Memphis, e Salomão o foi tambem nos de Céris em Eleuses.
2.º Porque, tanto Moysés, como Salomão, transportaram comsigo para a sua patria os costumes, as artes, as sciencias, e os mysterios do Egypto.
3.º (Esta é allegorica, para a qual tinhamos direito e plausibilidade).
4.º Porque quizemos pôr em scena um facto biblico é historico, que foi posto em duvida por um membro do nosso Conservatoria Dramatico.
Este Sr., tendo declarado em sessão geral, não entender as allegorias do nosso drama, ousou criminar-lhe o 8.º acto, por ser (disse elle) «uma copia fel do que a imprensa periodica m'estes ultimos tempos tem produzido, relativamente á divisão dos poderes do Estado, e da responsabilidade dos ministros.»
1.º Porque alguns patriarchas hebreos até Moysés foram iniciados nos mysterios de Isis e Osiris em Memphis, e Salomão o foi tambem nos de Céris em Eleuses.
2.º Porque, tanto Moysés, como Salomão, transportaram comsigo para a sua patria os costumes, as artes, as sciencias, e os mysterios do Egypto.
3.º (Esta é allegorica, para a qual tinhamos direito e plausibilidade).
4.º Porque quizemos pôr em scena um facto biblico é historico, que foi posto em duvida por um membro do nosso Conservatoria Dramatico.
Este Sr., tendo declarado em sessão geral, não entender as allegorias do nosso drama, ousou criminar-lhe o 8.º acto, por ser (disse elle) «uma copia fel do que a imprensa periodica m'estes ultimos tempos tem produzido, relativamente á divisão dos poderes do Estado, e da responsabilidade dos ministros.»
Este nosso drama tinha entrado no Conservatorio sem padrinho, e previamos que suas allegorias haviam de chocar algum dos seus membros ; mas achámos a confissão do censor tão ingenua, e o seu reparo critico tão chistoso, que loucura fôra não retirar o drama, e não o publicar.
Foi peor a emenda que o soneto.
E, para sua mais facil intelligencia, acrescentaremos que:
Os mysterios de Isis e Osiris, celebrados em Memphis, primeira capital do Egypto, consistiam em uma reunião de sabios, que tinha por fim secreto a civilisação dos povos primitivos, e por fim ostensivo o culto do sol e da lua.
«Porem esta seita e culto (diz o doutor Vassal), oriundos dos Brachmnes da India, e dos Magos da Persia, passaram do Egypto á Grecia, a Roma, aos Gallos, e a muitas «seitas secretas, e hoje existentes na Europa, como os Templarios, os Maçons, os Carbonarios, etc., etc.,»
Mas para ainda melhor fazer sentir as correlações, que estas seitas teem com os mysterios de Ísis e Osiris, e para chegar por mais curto caminho ao nosso proposito, que é todo allegorico, foi mister pôr-lhe muitos episodios de nossa layra, e substituir-lhe nomes historicos, coevos de Salomão, e conhecidos pela tradição oral e escripta entre os iniciados modernos.
Por tal forma, em vez d'um, teremos dois dramas: um escripto para todos, e outro allegorico para alguns, sendo este ultimo o que mais apreciâmos.
E finalmente por este drama se conhecerá que os antigos iniciados trabalhavam não só em favor dos verdadeiros interesses do Estado, mas principalmente em favor dos reis e dos altares; o que ainda hoje muita gente não entende, ou finge não entender."
«Porem esta seita e culto (diz o doutor Vassal), oriundos dos Brachmnes da India, e dos Magos da Persia, passaram do Egypto á Grecia, a Roma, aos Gallos, e a muitas «seitas secretas, e hoje existentes na Europa, como os Templarios, os Maçons, os Carbonarios, etc., etc.,»
Mas para ainda melhor fazer sentir as correlações, que estas seitas teem com os mysterios de Ísis e Osiris, e para chegar por mais curto caminho ao nosso proposito, que é todo allegorico, foi mister pôr-lhe muitos episodios de nossa layra, e substituir-lhe nomes historicos, coevos de Salomão, e conhecidos pela tradição oral e escripta entre os iniciados modernos.
Por tal forma, em vez d'um, teremos dois dramas: um escripto para todos, e outro allegorico para alguns, sendo este ultimo o que mais apreciâmos.
E finalmente por este drama se conhecerá que os antigos iniciados trabalhavam não só em favor dos verdadeiros interesses do Estado, mas principalmente em favor dos reis e dos altares; o que ainda hoje muita gente não entende, ou finge não entender."
(Prologo)
António Joaquim de Santa Bárbara (1813-1865). [Miguel António Dias]. "Nascido portuguez em 1805, academico da Universidade de Coimbra em 1821, perseguido por amôr as liberdades patrias em 1823, doutor em Medicina pela Universidade de Louvain em 1833, autor da Bibl. Maç. em 1834. Socio correspondente das Sociedades Litterarias, Portuense em 1835. Civilisadora de Castello Branco em 1837: Delegado do Conselho de Saude Publica do Reino em 1838: Membro da Sociedade das Sciencias Medicas de Lisboa em 1839: Author da Historia Franc. Maç.∙., da Arch.∙. Myst.∙. e Socio da Academia Lisbonense das Sciencias e das Lettras em 1843"
(Fonte: Retrato do biografado em: https://purl.pt/13009)
Outro apontamento biográfico do autor saiu no Almanaque Republicano de 4 de Junho de 2020, da autoria de José Manuel Martins [J.M.M.] que, com a devida vénia, reproduzimos:
Miguel António Dias (1805-1878); nascido na Covilhã, teve de exilar-se em 1828 quando cursava em Coimbra, continuando os seus estudos médicos em Paris e Lovaina; liberal, patuleia e importante maçon - Irmão Gama e Grão Mestre da Maçonaria Eclética (1853-1860) - foi secretário-geral do governo civil de Santarém e deixou impresso obra importante e de leitura obrigatória], em que se defende em nome dos emigrados portugueses e da nação portuguesa, a “necessária e indispensável intervençam dos Governos nos negocios de Portugal”, protegendo a legitimidade das pretensões D. Pedro IV e os direitos de D. Maria.
(Fonte: https://arepublicano.blogspot.com/2020/06/vozes-dos-emigrados-portuguezes-miguel.html)
Exemplar brochado, protegido por simples capas, lisas, em bom estado de conservação.
Raro.
Peça de colecção.
45€

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