13 dezembro, 2016

BOTELHO, Abel - MULHERES DA BEIRA (contos). Lisboa, Empreza Litteraria Lisbonense : Libanio & Cunha - Editores, 1898. In-8.º (19cm) de 287, [5] p. ; [1] f. il. ; E.
1.ª edição.
Apreciada colectânea que reúne em volume seis contos de Abel Botelho, em parte, anteriormente publicados no Diário da Manhã.
Ilustrada em extratexto com um retrato do autor.
"De toiros, não digo bem. De um toiro. Era um só a victima, n'aquella saturnal sertaneja de rascôas frandunas e arraianos vinolentos. Custára sessenta duros, em Hespanha; e alugado de domingo em domingo pelas differentes aldeias do concelho, para ser corrido, a quinze tostões por tarde, ia á custa dos seus brios e do seu sangue rendendo ao dono uns lucrosinhos bem bonitos.
Aldeia da Ponte, Rendo, Nave de Haver, Quadrazaes, Alfaiates tinham successivamente refocilado a sua torpe selvageria n'este espectaculo d'um nobre e grande animal, espicaçado covardemente a garrochadas. Mesmo n'aquella ultima povoação, o enthusiamo chegára a ponto de toda a geral passear em triumpho sobre fueiros, em torno da praça, um audacioso e bruno mocetão, - satyro de vinte annos, - que conseguira parar o boi, dorido e tremulo, com uma estupida lançada entre as espaduas, d'onde o sangue jorrou impetuoso. Por um millimetro não offendia os pulmões do animal.
- Que valente ponta de garrocha! Tinha a grossura e o tamanho d'um dedo mendinho. Bravo moço!
E toca de monta á apotheose aquelle Frascuelo extremenho, no meio d'um berreiro de mussorongos.
N'este domingo, coubéra a vêz ao Sabugal, a orgulhosa villoria do castello de cinco quinas..."
(excerto de Uma corrida de toiros no Sabugal)
Indice:
- A Frecha de Mizarela. - Uma corrida de toiros no Sabugal. - A ponte do Cunhêdo. - A fritada. - A consoada. - O solar de Longroiva. - O Sêrro.
Abel Acácio de Almeida Botelho (1856-1917). "Natural de Tabuaço. Foi Oficial do Estado-Maior do Exército Português. Depois de frequentar o Colégio Militar (1867-1872), fez o Curso de Estado Maior na Escola do Exército (1876-1878). Aderiu ao movimento republicano, exercendo funções como deputado e senador, depois do 5 de Outubro de 1910. A nível militar atingiu a graduação de general e exerceu o cargo de Chefe da 1.ª Divisão do Exército. Foi chamada para Ministro plenipotenciário de Portugal na República Argentina, onde, aliás, veio a morrer a 24 de Abril de 1917.
Dedicou-se à vida literária, desde que publicou o primeiro poema na Revista Literária do Porto, ainda na década de 70. Iniciou-se na poesia, com a publicação de Lira Insubmissa (1885). Publicou obras integradas na escola realista (segundo António José Saraiva), entre as quais o ciclo da «Patologia Social», das quais fazem parte: O Barão de Lavos (1891), O Livro de Alda (1898), Amanhã (1901), Fatal Dilema (1907), Próspero Fortuna (1910). Escreveu ainda Mulheres da Beira (1898), Sem Remédio (1900), Os Lázaros (1904) e Amor Crioulo (obra póstuma).
Pertenceu desde 1881, ao Grupo do Leão, agremiação espontânea de pintores e artistas exteriores à Academia de Belas Artes da cidade de Lisboa, que partilhavam entre si uma enorme irreverência contra os poderes constituídos, lutavam pela educação artística e defendiam os seus interesses de classe."
(fonte: www.fmnf.pt)
Encadernação editorial em tela com ferros gravados a seco e a ouro e negro nas pastas e na lombada. Conserva a capa de brochura frontal.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Manuseado, com sinais de antiguidade.
Muito invulgar.
Indisponível

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