15 novembro, 2016

LODY, George - ESPIÕES DA PAZ. Romance-Documentário de... Versão Livre de João Amaral Júnior. Lisboa, João Romano Torres, [193-]. In-8.º (21cm) de 319, [1] p. ; il. ; B. Col. Dramas da Espionagem, 6
1.ª edição.
Ilustrada com desenhos e fotogravuras no texto e em página inteira.
Conjunto de crónicas e narrativas sobre episódios da Grande Guerra, da autoria de João Amaral Júnior, o 'tradutor', e verdadeiro autor do livro, que assina com o pseudónimo George Lody.
"No dia 24 de Março de 1918, o Governo Francês fornecia á imprensa a seguinte nota oficiosa:
«O inimigo acaba de fazer fogo sôbre Paris com uma peça de grande calibre e alcançe.
«Depois das oito horas da manhã, de quarto em quarto de hora, um obus de 240 alvejou a capital e arredores.
«Há já uma dezena de mortos e quinze feridos.
«Foram tomadas rápidas medidas para fazer face ao inimigo.»
Prudentemente a imprensa juntava a êste comunicado uma nota destinada a acalmar os ânimos, a evitar o pânico da população que, naturalmente pouco versada em balística, já lhe parecia vêr o inimigo triunfante e esmagador às portas de Paris.
Rezava assim essa nota:
«Convém notar e gravar que o ponto do front mais proximo de Paris está ainda assim a 100 quilometros, o que nos dá a certeza de que a peça se encontra a uma distância aproximada de 112 quilometros da nossa cidade.»
Na verdade - e isto o sabiamos desde o próprio dia - a peça que os parisienses não tardaram em batisar de «Grande Bertha», encontrava-se exactamente a 112 quilometros de Paris, na orla da floresta de Saint-Gobain, proximo de Crépy-en- Laonnois."
(excerto do Cap. V, A grande «Bertha»)
Matérias:
I - O roubo dos desenhos da artelharia inglêsa da fábrica Beardmore. Trnche. - A condenação. - A liberdade em troca de um relatório secreto sôbre as relações Americano-Japonêsas. II - Reunião da familia Dulac. - Leitura na intimidade. - O manuscrito de Ivan Schoubine. - Quinhentas libras por um falso manuscrito. - O punhado de cinzas e a corda para que um tolo se enforque. III - Segunda leitura. - A misteriosa universidade de espiões na Rússia. IV - Prossegue a leitura. - O segredo do matematico. - O roubo do código. - Dino Rovelle em Viena. - A silhueta de Vénus. V - Crónica sôbre os bombardeamentos  de Paris. - A grande «Bertha». - Aonde se fala de ruinas. - Pedem-se cinco voluntários e oferem-se oitenta. VI - George Clemenceau. - O atentado contra a sua vida. - A Assembléa Nacional no Palacio-Bourbon. - A apoteose da Paz. - Milou. VII - A armadilha da fronteira alemã. - Os falsos camponeses. - Percentagens aos delatores. - Derrota. VIII - Os últimos dias de um condenado à morte. - Traído e fuzilado. - O vendedor dos camaradas.

IX - O velho plano alemão de invadir a França pela Suissa. - Notas. - Dúvidas se desvanecem. - A certeza da guerra de amanhã. X - Seis horas entre as rodas de uma carruagem de caminho de ferro. - Um audacioso caso de espionagem. - Nem só fuzilados morrem os espiões. XI - A amante dos snrs. oficiais. - A coragem de Billy. - O «Intelligence Service» não se verga. - James Luton e Jorge Dulac narram. XII - O testamento dum companheiro de prisão. - O saltimbanco. - Richard Ulm. - Em que se fala do Japão e de previsões para o futuro. - A historia duma vida. XIII - Os dragadores de minas. - Sua acção e funcção. - O detentor de mapas. - O falso cocainomano. - A permuta. XIV - Ivan Schoubine. - O ultimo aperto de mão. - Pax.
João dos Santos Amaral Júnior (Lisboa, 1899 - ?). "Tal como Guedes do Amorim e Rocha Martins, não concluiu qualquer curso superior, sendo exemplo de mais um autodidacta de sucesso que colaborou com a Romano Torres. Estreou-se antes dos 20 anos com o romance A ladra (1920), seguindo-se em 1923 novo romance intitulado Direito de viver com prefácio de Manuel Ribeiro. O Dicionário Universal de Literatura atribui ao bom acolhimento que teve destas primeiras obras o impulso que o levou a dedicar-se exclusivamente à literatura. Embora não tivesse sido jornalista, colaborou enquanto crítico literário com o jornal A República e dirigiu o quinzenário Novidades Literárias.
Curiosamente, o Dicionário Universal de Literatura aponta o seu pseudónimo George Lody como sendo autor da «tradução livre» de alguns escritores estrangeiros, indicando como exemplos disso mesmo as obras Legião maldita, Rússia negra, Sentinelas dos mares, Braseiro ardente, Soldado da sombra e Espiões da Paz. Há clara confusão, visto que é o próprio João Amaral Júnior que se apresenta como tradutor de um alegado autor francês de nome George Lody, afinal seu pseudónimo. Este caso foi desconstruído por Maria de Lin Sousa Moniz no seu ensaio «A case of pseudotranslation in the Portuguese literary system». No entanto, o verbete do Dicionário Universal de Literatura, publicado em 1940, serve de exemplo para a confusão que à época havia relativamente à pseudotradução (Amaral Júnior não foi o único na Romano Torres, veja-se os casos de Guedes de Amorim e José Rosado).
A colaboração de Amaral Júnior na Romano Torres foi intensa, quer como autor, quer como tradutor. Para além de ter escrito os seis romances já referidos sob o pseudónimo de George Lody, que constituíram a colecção «Dramas de espionagem: as aventuras dos mais célebres espiões internacionais», escreveu também sob o pseudónimo de Fernando Ralph o livro O golpe alemão (1936), e no seu próprio nome Minha mulher vai casar (s.d.), O nosso amor não é pecado (s.d.), A mulher que jurou não ser minha (1936), etc. Enquanto tradutor, dedicou-se especialmente a Max du Veuzit e Claude Jauniére.
Não se conseguiu apurar a data ou o local da sua morte."
(Fonte: fcsh.unl.pt/chc/romanotorres/?page_id=63#G)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Muito invulgar.
Com interesse histórico.
Indisponível

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