25 dezembro, 2011

QUEIROZ, Eça de – A CORRESPONDENCIA DE FRADIQUE MENDES (memorias e notas). Porto, Livraria Chardron De Lello & Irmão, editores, 1900. In-8º (19cm) de [4], 244 p. ; E.
Com um retrato de Eça de Queiroz e fac-símile da sua assinatura em extra texto.
1ª edição.
Fradique é um verdadeiro heterónimo de Eça, sendo óbvias as semelhanças ideológicas com o seu criador, é um documento da própria trajectória existencial e psicológica de Eça. Em rigor, Fradique Mendes pode ser considerado 3 personagens: a primeira é um heterónimo colectivo criado entre 1868 e 1869, por Jaime Batalha Reis, Antero de Quental e Eça, no tempo do Cenáculo de Lisboa. A segunda, surge episodicamente em O Mistério da Estrada de Sintra, em 1870, e finalmente a que Eça retoma individualmente com a publicação de A Correspondência de Fradique Mendes, em 1888-1900.
A correspondência de Fradique Mendes compõe-se de duas partes distintas: uma narrativa e outra epistolar (cartas). A primeira parte, à guisa de “Notas e Memórias”, faz a apresentação biográfica de um suposto intelectual português Fradique Mendes. Um narrador, que se presume ser Eça de Queirós, conta como, quando e onde conheceu “esse homem admirável”, com quem partilhou momentos de intimidade e por quem nutria a mais viva admiração. A segunda parte consta do epistolário (cartas) atribuído a Fradique, o qual se correspondia com vários amigos e eminentes intelectuais da época. Entre estes, pessoas leais (como Antero de Quental, Oliveira Martins, etc.) e personagens fictícias. Como ensaiado na primeira parte, realidade e fantasia se alternam e misturam, figurando o jogo entre o real e o irreal, jogo esse contido, pois, também na pretensa Correspondência.
A Correspondência de Fradique Mendes encerra um projecto metaliterário de singular importância para o entendimento do fenómeno da produção de textos e, mais significativo ainda, para a recepção da obra queirosiana, sobretudo a partir de Os Maias. As colocações e alusões contidas na primeira parte (à guisa de "Memórias e Notas”) mais a teorização literária, explícita e implícita nas Cartas de Fradique, produzidas já na maturidade de Eça, representam uma exposição sintética e crítica das teorias vigentes, questionadas ou nascentes, a partir da segunda metade do Século XIX.” (Lara Regina Franco Rodrigues in passeiweb.com)
Encadernação do editor inteira de percalina com dourados gravados a seco e a ouro na capa e lombada.
Exemplar em bom estado de conservação; capas com defeitos; carimbo de livraria no verso da f. guarda; discreta assinatura de posse no anterrosto, à cabeça; reflexão poética manuscrita no verso do retrato de Eça; páginas oxidadas.
Muito invulgar
Indisponível

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