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1.ª edição.
Interessante ensaio sociológico sobre a caridade vs. a mendicidade e a criminalidade publicado nos alvores do século XX.
"Por
essas terras dentro de Portugal, os individuos abastados, os grandes
lavradores, ou os possuidores de grandes fortunas, quer ou não herdadas,
costumam ter uma pousada, longe da sua habitação, destinada a recolher
os mendigos volantes que por alli trajectam, ou mesmo que vivem a pedir
esmola nas cercanias da dicta pousada, porém que vão pernoitar n'ella.
Notarei que os ciganos vendilhões tambem teem por costume, ás vezes, utilisarem-se da mmesma pousada, sobretudo quando ha feiras a pouca distancia.
Um
amigo meu, que morava em logar d'onde se avistava uma d'estas paragens
mendicantes, convidou-me para assistir, sem ser percebido, a um dos
espectaculos mais edificantes para a vida sociologica - ver a chegada
dos mendigos e presencear as suas conversações confidenciaes -, Acceitei
o convite quasi por condescendencia, em virtude de nem de longe fazer
idéa dos quadros picarescos, entrelaçados de outros pavorosos, que se tinham de desenrolar aos meus olhos.
Era n'um domingo de verão. Pela tardinha é que começou a observação de que me vou occupar.
Tendo
um esperto garoto por vigia, além de protegidos pela sombra e tronco de
um castanheiro, fômos munidos de binóculos para melhor ver, porque a
ampla alpendrada ficava a algumas dezenas de metros, e d'este
ponto observamos a chegada dos mendigos, cujas occorrencias eram
sufficientes para me indeminisar do trabalho que tive em lá ir."
(Excerto de Da hypocrisia dos mendigos)
Índice:
Da
caridade em geral. | Da caridade sentimentalista. | Do falso proloquio
da caridade. | Da caridade criteriosa, suas consequencias proximas e
remotas. | Da população dos mendicantes profissionaes. | Das esmolas e
fontes de esmoleres. | Das bases para a beneficiencia esmoler
criteriosa. | Da origem de verdadeiros e falsos piedosos e de mendigos
delinquentes. | Da hypocrisia dos mendigos. | Da prophylaxia ou dos
meios para suspender a mendicidades criminosa.
Francisco Ferraz de Macedo
(1845-1907). "Médico e antropólogo português. Formado em Farmácia e
Medicina, Ferraz de Macedo dedicou-se desde muito cedo aos estudos
antropológicos, com destaque para a osteologia, as mensurações
antropométricas e a criminologia. Sem nunca alcançar a docência, ocupou o
cargo de Diretor dos Serviços Antropométricos e Fotográficos do Juízo
de Instrução Criminal de Lisboa já em final de vida.
A descrição detalhada e rigorosa da morfologia craniana do homem comum português levou-o a concluir, contestando a teoria de Cesare Lombroso (1835–1909), que o crânio do homem criminoso e do homem não-criminoso não diferiam e que não era possível identificar tipos de criminosos apenas pela capacidade craniana. O uso pioneiro de novas técnicas de medição e de análise estatística confere a Ferraz de Macedo um lugar central na história da Antropologia e Criminologia em Portugal."
(Fonte: https://www.museus.ulisboa.pt/pt-pt/node/641)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Capas ligeiramente oxidadas.
Raro.
Com interesse histórico e antropológico.
30€
A descrição detalhada e rigorosa da morfologia craniana do homem comum português levou-o a concluir, contestando a teoria de Cesare Lombroso (1835–1909), que o crânio do homem criminoso e do homem não-criminoso não diferiam e que não era possível identificar tipos de criminosos apenas pela capacidade craniana. O uso pioneiro de novas técnicas de medição e de análise estatística confere a Ferraz de Macedo um lugar central na história da Antropologia e Criminologia em Portugal."
(Fonte: https://www.museus.ulisboa.pt/pt-pt/node/641)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Capas ligeiramente oxidadas.
Raro.
Com interesse histórico e antropológico.
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