25 fevereiro, 2025

COSTA, Maria da Glória Martins da -
PARA A HISTÓRIA DAS RENDAS DE BILROS NA PÓVOA DE VARZIM
. Póvoa de Varzim, [s.n.], 1992 In-4.º (23x16 cm) de 35, [1] p. (67-201 p.) ; il. ; B.
1.ª edição independente.
Interessante subsídio histórico e etnográfico sobre as rendas de bilros, património têxtil centenário, sendo este estudo dedicado em particular à produção povoense. Publicado em separata do Boletim Cultural Póvoa de Varzim : Vol. XXIX - N.ºs 1/2 - 1992. Trata-se do 1.º volume de cinco. Ilustrado com 5 fotografias e desenhos, sendo 4 deles em página inteira.
"A renda de bilros é produzida pelo cruzamento sucessivo ou entremeado de fios têxteis, executado sobre o pique e com a ajuda de alfinetes e dos bilros. O pique é um cartão, normalmente pintado da cor açafrão para facilitar a visão por parte da rendilheira, onde se decalcou um desenho, feito por especialistas.
Em Portugal a arte da renda de bilros tem especial expressão nas zonas piscatórias do litoral, com maior relevo para Caminha, Póvoa de Varzim, Vila do Conde, Árvore, Azurara, Setúbal, Lagos, e Olhão, tendo existido ainda em Silves, Sines e Sesimbra, onde esta arte é antiquíssima. Também se encontra o fabrico de rendas de bilros em Nisa, no Alentejo e Farminhão, perto de Viseu."
(Fonte: Wikipédia)
Exemplar valorizado pela dedicatória autógrafa da autora.
"Porquês escrever sobre as rendas de bilros na Póvoa de Varzim
A minha primeira saída do lar, pelos seis anos, foi para aprender a fazer renda de bilros numa mestrinha, a D. Ana Passó, situada na Praça do Almada, onde hoje (n.º 25) habita o Sr. Prof. Rodrigo. Aí tive um primeiro contacto com um trabalho obrigatório e, ao mesmo tempo, com crianças também a ele obrigadas, umas da minha idade  e outras um pouco mais velhas. [...]
Mas não foram estes motivos de ordem sentimental e de amor pela arte e pelo belo que me levaram a escrever este trabalho. É que houve um homem bom, saído da classe piscatória que, no Brasil, para onde emigrou, ganhou muito dinheiro, mas nunca esqueceu nem a sua Família, nem a sua gente do mar; e que, regressando a esta terra, procurou melhorar a vida dura do pescador poveiro, abrindo-lhe caminho para a utilização das "artes novas"; mas os nossos bravos homens do mar entenderam que não deviam deixar as suas "lanchas" e "batéis" e recusaram-se a aceitar a oferta. Foi então que esse homem, embora sentido mas não vencido, resolveu criar, como veremos, uma Escola de Rendilheiras para as filhas daqueles que, mais tarde, acabariam por reconhecer a oportunidade da oferta. Desta Escola saíram artesãs que, durante anos, teceram verdadeiras obras de arte e, ainda as mestras que ensinaram este trabalho, por sua vez, a outras crianças e a jovens. Esse homem foi António Francisco dos Santos Graça, o "Graça Brasileiro".
E que dizer mas mulheres e jovens, sobretudo estas, que durante anos fizeram "cantar os bilros" por todas essas ruas da Póvoa? Executavam as encomendas e, de corrida, iam levá-las a Vila do Conde, onde as trocavam por uns míseros tostões com os quais melhorariam a vida dos seus lares. Aquele e estas não poderiam ficar esquecidos, assim como todas as mestras vindas de Vila do Conde para a Póvoa onde se enraizaram e ensinaram centenas de crianças."
(Excerto da Introdução - 1. Generalidades)
Exemplar em brochura, bem conservado.
Invulgar.
10€
Reservado

Sem comentários:

Enviar um comentário