28 fevereiro, 2025

SILVA, Padre Belmiro Coelho da -
A PADROEIRA DE PORTUGAL : na história e devoção de reis e poetas portugueses.
Com autorização eclesiástica. [S.l.], [s.n. - Invulgar - Artes Gráficas, Lda, Penafiel], 1998. In-4.º (24,5x17 cm) de 53, [3] p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Bonita monografia sobre a influência de Nossa Senhora na vida, trabalho e pensamento de insignes figuras da história nacional, política e literária, justificada com a menção de lendas e histórias da História dos nossos soberanos e poetas associados à devoção mariana.
Obra belíssima, de grande esmero e apuro gráfico, totalmente impressa sobre papel couché (encorpado), por certo com tiragem reduzida. Rara e muito interessante. Não vem mencionada na base de dados da BNP.
Ilustrada com 9 fotografias a cores, em página inteira, das imagens religiosas existentes na Igreja de Abragão, Penafiel, paróquia administrada pelo autor.
"Num ambiente profundamente religioso e mariano, qual foi o dos séculos X, XI e XII, não é de estranhar que o nosso primeiro monarca tenha sido também religioso e mariano. O que porém nos é lícito frisar é que a sua devoção à Mãe de Deus era deveras extraordinária.
Segundo rezam algumas Crónicas, D. Afonso Henriques fôra miraculosamente curado, na sua infância, por Nossa Senhora. Nascera com pernas encolhidas, "tolheito em guisa que todos diziam que nunca guarneceria nem seria para homem". Fôra entregue aos cuidados de seu aio, Egas Moniz, que "confiava em Deus que lhe poderia dar saúde". Aparecendo-lhe a Virgem Maria, ordenou-lhe que fosse a Cárquere e, num certo lugar, fizesse escavações até encontrar umas ruínas. Ali erigiria um altar em sua honra e nele colocaria o menino infante Afonso Henriques, que estava destinado conforme a própria lenda refere, a "destruir os inimigos da fé". Cumprindo o mandato, "prouve à Virgem Maria e ao seu bento Filho que o moço foi guarido e são". Foi em memória de tal acontecimento que se ergueu o Mosteiro de Cárquere."
(Excerto de III - A Devoção do nosso primeiro rei)
Índice:
Preâmbulo | Introdução | I - A particular eleição da Terra Lusa. II - Maria Santíssima nos primórdios da nacionalidade. III - A Devoção do nosso primeiro rei. IV - Durante a Primeira Dinastia portuguesa: A) D. Sancho I; B) D. Afonso II; C) D. Sancho II; D) D. Afonso III; E) D. Diniz; F) D. Afonso IV; G) D. Pedro I; H) D. Fernando. V - Crise da independência portuguesa. VI - Na época dos Descobrimentos. VII - Uma esplendorosa Era Mariana. VIII - O advento da República. IX - Fátima, Altar do Mundo.
Tempo de Poesia dedicado à Virgem Maria : a voz dos nosso poetas: 1.º - Luís de Camões. 2.º - Frei Agostinho da Cruz. 3.º - Gil Vicente. 4.º - Bocage. 5.º - Almeida Garrett. 6.º - Camilo Castelo Branco. 7.º - Antero de Quental. 8.º - João de Deus. 9.º - António Nobre. 10.º - Teófilo Braga. 11.º - Guerra Junqueiro. 12.º - Teixeira de Pascoaes. 13.º - Vitorino Nemésio. 14.º - Monsenhor Moreira as Neves.
Belmiro Coelho da Silva (1927-2024) ."Ordenado em 27 de setembro de 1953, em Carcavelos (Lisboa), como sacerdote da Congregação dos Missionários do Espírito Santo (Espiritanos), desempenhou sucessivamente as seguintes missões: Entre 1954 e 1958, Professor do Seminário Maior de Cristo Rei (Nova Lisboa, Angola), capelão dos Irmãos do Espírito Santo, em Angola; assistente da Mocidade Portuguesa e Professor de Religião e Moral, no Liceu; Assistente da Liga Intensificadora da Ação Missionária no Huambo (Angola). Em 1962 conclui o Curso de Sociologia em Roma. Em 1970, torna-se Superior da Missão Católica de Huambo. Em 1975 regressa a Portugal e desempenha a missão de professor no Colégio das Irmãs Beneditinas em Baltar. A 26 de maio de 1976 é nomeado pároco de Abragão, em Penafiel e em 1985, pároco de Vila Cova de Vez de Avis, também em Penafiel. Exerceu dois mandatos como membro do Conselho Presbiteral da Diocese. Por motivos de idade deixou a paroquialidade de Vila Cova em 2018 e de Abragão em 2019."
(Fonte: https://agencia.ecclesia.pt/portal/porto-faleceu-o-padre-belmiro-coelho-da-silva/)
Exemplar em brochura, bem conservado.
Raro.
Com interesse histórico
Sem registo na Biblioteca Nacional.
75€

27 fevereiro, 2025

DIAS, Maria Portugal -
TERRA SILENCIOSA : colecção de contos e novelas alentejanas.
III A Sombra. Lisboa, Composto e impresso na Tip. da «seara Nova», 1932. In-8.º (18,5x12 cm) de [4], 40 p. (73-112 p.) ; B.
1.ª edição.
Interessante novela, terceira do que aparenta ser um plano de várias novelas de cunho alentejano, cada qual sua história, sendo que a sequência numérica das páginas respeita a ordem de publicação da série, a presente numerada de 73 a 112. A BNP menciona três: o n.º 1, 2 e 4. Nada foi possível apurar acerca da autora, para além da "maternidade" desta colecção de novelas e um livro de viagens - A casa alheia : impressões de viagem (1927).
"O combóio parou no descampado.
Rodeado o apeadeiro da herdade, o viajante orientou os olhos pesquizadores na escuridão. Sondou em volta, tenteou o piso.
As veredas e as carreteiras, esmoreciam no escuro, sumiam-se nas alcorcovas, mais ao largo perdidas nos montados.
Parecia êle saber a direcção querida se bem que a multiplicidade de carreiros trilhados o desnorteasse um pouco.
Sopesando a maleta, desceu um rebaixo; e achou-se a pisar saibro áspero, o cascalho grosso a ribeira. O cantarejar da água fê-lo tomar porém um outro rumo.
Pôs-se a caminhar para o poente.
Ao longo da ribeira, entre o confuso emaranhado dos freixos e amieiros, por entre os retorcidos troncos dos carvalhos, viu entreluzir lá em baixo uma luzinha incerta.
Enterrou o chapéu e estugou o passo.
A luz, aparecia... desaparecia... ondeava e de seguida, rompia dos pegos um cardume de scintilações metálicas. Lobrigou um vulto. Sim, sim, deve ser gente - um barquito chato, um candeio à prôa, certamente um homem a pescar à fisga.
Resoluto é ágil, galgou a distância a passos largos.
- Eh lá! bradou da margem.
O velho voltou-se súbito e colheu o interpelante no olhar parado.
- Pertence à Casa Grande?
A pergunta singular - não era gente do sítio está bem de ver - o velho virou à margem; e serviçal e pronto, a mão no barrete:
- Salve-o Deus... E o olhar parado focou de novo o adventício, tôda a fôrça sagaz proposta a deslinar, se pudesse, o enigma que surgia.
O rapaz saüdou.
Porque era realmente um homem moço, um rapaz apenas chegado à maioridade, desempenado, esbelto,nos olhos e na figura um brado alto para o campónio de não sei quê de já visto, e ao mesmo tempo, um ar estranho de país estranho, uma música e uma luz de outras bocas e de outros olhos, uma sombra recortada de outra parte do mundo, como que enluarada da luz misteriosa de outros ceus."
(Excerto da Novela)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Capas algo oxidadas.
Muito invulgar.
Sem registo na Biblioteca Nacional.
Indisponível

26 fevereiro, 2025

SOUSA, José Miguel Franco de -
IMAGENS DE CAÇA.
Desenhos e Aguarelas. [S.l.], Prodgraf, 2009. In-fólio (30,5x21,5 cm) de [96] p. ; mto il. ; E.
1.ª edição.
Belíssima edição impressa em papel de superior qualidade, de grande esmero e apuro gráfico, totalmente devotada à Caça. Livro profusamente ilustrado em página inteira - a p.b. e a cores - com a reprodução de desenhos e aguarelas alusivas ao tema, notando-se sobretudo a omnipresença canina - perdigueiros, podengos, galgos e outros, dos caçadores, e das presas, estando representados cervos, corças, cabras montesas, lebres, patos, perdizes, faisões, javalis, raposas, e até linces e lobos.
Peça artística, muito bela, não mencionada na BNP. Obra de coleccionador. A apresentação ficou a cargo, respectivamente, do autor - em dedicatória, Marcelo Rebelo de Sousa e Pedro de Lancastre.
Exemplar muito valorizado pela dedicatória autógrafa do autor.
"Dedico este trabalho a quem comigo caçou ao longo de cinco décadas, bem como, a todos os amantes da natureza e da sua fauna. Àqueles que não tiveram a minha sorte de poder viver tão em contacto com o campo e seus animais, quero deixar em imagens essa vivência da forma como eu a vi e vejo. Os caçadores, ao contrário do que muita gente julga, são os maiores defensores da fauna cinegética, pois sem ela não poderiam praticar este desporto. Pena é que muitos dos que se dizem caçadores, não passem de atiradores - caçar não implica matar, tudo o que se passa até à morte da caça, é muito mais bonito que essa morte. [...]
Tentei mostrar a caça do modo que a vejo, poderá ser criticada uma ou outra figura não duvido, mas, são desenhos e aguarelas, não fotografias. No entanto, procurei ser o mais fiel e realista possível."
(Excerto da Dedicatória)
José Miguel Franco de Sousa. "Convivendo com animais durante toda a sua vida, tornaram-se a base do seu trabalho. A sua dedicação à precisão e aos detalhes advém do seu conhecimento da anatomia dos animais, o que torna o seu trabalho muito realista. Tenta sempre transmitir a sensação de movimento e de características o mais próximo possível da realidade.
Por ser caçador, está bem familiarizado com as armas de fogo e com todos os artefactos utilizados neste desporto, bem como com a forma como os cães são utilizados nas diferentes formas de caça. Sendo um cavaleiro apaixonado, sabe também tudo sobre o animal, as diferentes selas e rédeas a utilizar, e os inúmeros movimentos do cavalo, como andar, trotar, galopar ou saltar."
(Fonte: https://artparks.co.uk/artist/jose-miguel-franco-de-sousa/)
Encadernação editorial em tela verde, assinada F. Sousa a seco e bordeaux, revestida de sobrecapa policromada.
Raro.
Sem registo na Biblioteca Nacional.
85€
Reservado

25 fevereiro, 2025

COSTA, Maria da Glória Martins da -
PARA A HISTÓRIA DAS RENDAS DE BILROS NA PÓVOA DE VARZIM
. Póvoa de Varzim, [s.n.], 1992 In-4.º (23x16 cm) de 35, [1] p. (67-201 p.) ; il. ; B.
1.ª edição independente.
Interessante subsídio histórico e etnográfico sobre as rendas de bilros, património têxtil centenário, sendo este estudo dedicado em particular à produção povoense. Publicado em separata do Boletim Cultural Póvoa de Varzim : Vol. XXIX - N.ºs 1/2 - 1992. Trata-se do 1.º volume de cinco. Ilustrado com 5 fotografias e desenhos, sendo 4 deles em página inteira.
"A renda de bilros é produzida pelo cruzamento sucessivo ou entremeado de fios têxteis, executado sobre o pique e com a ajuda de alfinetes e dos bilros. O pique é um cartão, normalmente pintado da cor açafrão para facilitar a visão por parte da rendilheira, onde se decalcou um desenho, feito por especialistas.
Em Portugal a arte da renda de bilros tem especial expressão nas zonas piscatórias do litoral, com maior relevo para Caminha, Póvoa de Varzim, Vila do Conde, Árvore, Azurara, Setúbal, Lagos, e Olhão, tendo existido ainda em Silves, Sines e Sesimbra, onde esta arte é antiquíssima. Também se encontra o fabrico de rendas de bilros em Nisa, no Alentejo e Farminhão, perto de Viseu."
(Fonte: Wikipédia)
Exemplar valorizado pela dedicatória autógrafa da autora.
"Porquês escrever sobre as rendas de bilros na Póvoa de Varzim
A minha primeira saída do lar, pelos seis anos, foi para aprender a fazer renda de bilros numa mestrinha, a D. Ana Passó, situada na Praça do Almada, onde hoje (n.º 25) habita o Sr. Prof. Rodrigo. Aí tive um primeiro contacto com um trabalho obrigatório e, ao mesmo tempo, com crianças também a ele obrigadas, umas da minha idade  e outras um pouco mais velhas. [...]
Mas não foram estes motivos de ordem sentimental e de amor pela arte e pelo belo que me levaram a escrever este trabalho. É que houve um homem bom, saído da classe piscatória que, no Brasil, para onde emigrou, ganhou muito dinheiro, mas nunca esqueceu nem a sua Família, nem a sua gente do mar; e que, regressando a esta terra, procurou melhorar a vida dura do pescador poveiro, abrindo-lhe caminho para a utilização das "artes novas"; mas os nossos bravos homens do mar entenderam que não deviam deixar as suas "lanchas" e "batéis" e recusaram-se a aceitar a oferta. Foi então que esse homem, embora sentido mas não vencido, resolveu criar, como veremos, uma Escola de Rendilheiras para as filhas daqueles que, mais tarde, acabariam por reconhecer a oportunidade da oferta. Desta Escola saíram artesãs que, durante anos, teceram verdadeiras obras de arte e, ainda as mestras que ensinaram este trabalho, por sua vez, a outras crianças e a jovens. Esse homem foi António Francisco dos Santos Graça, o "Graça Brasileiro".
E que dizer mas mulheres e jovens, sobretudo estas, que durante anos fizeram "cantar os bilros" por todas essas ruas da Póvoa? Executavam as encomendas e, de corrida, iam levá-las a Vila do Conde, onde as trocavam por uns míseros tostões com os quais melhorariam a vida dos seus lares. Aquele e estas não poderiam ficar esquecidos, assim como todas as mestras vindas de Vila do Conde para a Póvoa onde se enraizaram e ensinaram centenas de crianças."
(Excerto da Introdução - 1. Generalidades)
Exemplar em brochura, bem conservado.
Invulgar.
Indisponível

24 fevereiro, 2025

MENDES, Adelino - TERRAS MALDITAS (campanha d'um reporter)
. Porto, Magalhães & Moniz, L.da - Editores, 1909. In-8.º (19 cm) de [8], 223, [1] p. ; B.
1.ª edição.
Conjunto de reportagens realizadas pelo autor em Trás-os-Montes, na zona do Douro vinhateiro, expondo ao país as condições de vida - pobreza e miséria - das populações locais.
"Em meiados de janeiro recebi de V. Ex.ª o encargo de ir ao Douro inquerir do viver do malaventurado povo que habita essa provincia. Procurei com todo o empenho dar no Seculo, em cartas successivas, a impressão aproximada de tudo quanto vi e observei. As minhas revelações tiveram o condão de commover o paiz inteiro; e de todos os lador surgiram donativos que foram enxugar muita lagrimas e minorar muita miseria nas Terras malditas por onde peregrinei quasi dois mezes, vivendo a vida amargurada do povo, recolhendo-lhe os queixumes, ouvindo-lhe as angustiadas narrativas da sua desgraça, soffrendo com elle e maldizendo, como elle maldiz, a raça damninha de politicos que o levou ao supremo abandono e quasi ao supremo desespero.
Foi ainda V. Ex.ª que me sugeriu a ideia de publicar as minhas cartas em volume. Acceitei-a, porque o inquerito do Seculo, assim archivado, ficará constituindo uma demonstração flagrante da vida primitiva, humilhante  semi-barbara, que neste desgraçado Portugal levam ainda em pleno seculo vinte muitos milhares de individuos. E ao colligir as minhas chronicas tive o cuidado de as não alterar, procurando conservar-lhe todo o caracter de reportagem feita a correr, quasi de afogadilho, e sem pretensões litterarias que só serviriam para estragar o assumpto.
Este livro não é, portanto, mais do que o diario impressivo d'um «reporter» que procurou levar honestamente a cabo a missão de que foi incumbido."
(Excerto do prólogo - Ao senhor Silva Graça)
Crónicas:
Ao senhor Silva Graça. | I - Regoa, 18 de janeiro. II - Regoa, 20 de janeiro. III - Regoa, 21 de janeiro. IV - Regoa, 22 de janeiro. V - Regoa, 26 de janeiro. VI - Regoa, 27 de janeiro. VII - Alijó, 29 de janeiro. VIII - Alijó, 30 de janeiro. IX - Alijó, 31 de janeiro. X - Alijó, 1 de fevereiro. XI - Alijó, 2 de fevereiro. XII - Alijó, 2 de fevereiro. XIII - Alijó, 4 de fevereiro. XIV - Alijó, 6 de fevereiro. XV - Sabrosa, 7 de fevereiro. XVI - Sabrosa, 8 de fevereiro. XVII - Alijó, 9 de fevereiro. XVIII - Sabrosa, 10 de fevereiro. XIX - Regoa, 13 de fevereiro. XX - Regoa, 14 de fevereiro. XXI - Regoa, 15 de fevereiro. XXII - Lamego, 17 de fevereiro. XXIII - Lamego, 18 de fevereiro. XXIV - Lamego, 21 de fevereiro. XXV - Lamego, 22 de fevereiro. XXVI - S. João da Pesqueira, 22 de fevereiro. XXVII - S. João da Pesqueira, 25 de fevereiro. XXVIII - S. João da Pesqueira, 1 de março. XXIX - Carrazeda de Anciães, 2 de março.
Adelino Lopes da Cunha Mendes (1878-1963). "Jornalista e escritor, nasceu na Freguesia do Reguengo do Fetal (Batalha), a 28-10-1878 e faleceu em Lisboa, a 26-08-1963. Era filho de João José Gomes Mendes e de Maria Vitória Lopes da Cunha. Depois de ter feito os Estudos Secundários em Leiria, iniciou a sua carreira de Jornalista em O Século, do qual veio a tornar-se Redactor principal, a partir de 1925. Publicou numerosos artigos e reportagens em jornais diários (Novidades, República, A Capital, Jornal de Notícias, O Século, etc), tendo participado com convicção e vigor em várias campanhas, destacando-se entre elas a Crise do Douro (1909), o Terramoto de Benavente (1910), a Revolução do 5 de Outubro (1910) e o Advento da República em Espanha. Ocupou os cargos de Redactor do Diário do Senado e de Arquivista Judicial da Boa Hora. Foi correspondente de guerra em França, em 1917. Foi correspondente de guerra em França,em 1917.
Obras principais: Terras Malditas (Campanha Dum Repórter), (1909); O Algarve e Setúbal, (1916); Cartas de Guerra (Janeiro a Abril de 1917), (1917); Ares de Espanha. Política, Figuras e Paisagens, (1930); A Esplêndida Viagem, (crónicas, 1945); «Um panteísta - Afonso Lopes Vieira», (In Memoriam 1878-1946), (1947)."
(Fonte: https://ruascomhistoria.wordpress.com/2018/07/14/quem-foi-quem-na-toponimia-da-batalha/)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro.
35€

23 fevereiro, 2025

MACEDO, Dr. Francisco Ferraz de - OS MENDIGOS CRIMINOSOS. (Notas para uma monographia). Esboço concreto sociologico segundo os preceitos modernos. Pelo... (Todos os direitos reservados). Lisboa, Typ. da Papelaria Palhares, 1903. In-8.º (19 cm) de 47, [1] p. ; B.
1.ª edição.
Interessante ensaio sociológico sobre a caridade vs. a mendicidade e a criminalidade publicado nos alvores do século XX.
"Por essas terras dentro de Portugal, os individuos abastados, os grandes lavradores, ou os possuidores de grandes fortunas, quer ou não herdadas, costumam ter uma pousada, longe da sua habitação, destinada a recolher os mendigos volantes que por alli trajectam, ou mesmo que vivem a pedir esmola nas cercanias da dicta pousada, porém que vão pernoitar n'ella. Notarei que os ciganos vendilhões tambem teem por costume, ás vezes, utilisarem-se da mmesma pousada, sobretudo quando ha feiras a pouca distancia.
Um amigo meu, que morava em logar d'onde se avistava uma d'estas paragens mendicantes, convidou-me para assistir, sem ser percebido, a um dos espectaculos mais edificantes para a vida sociologica - ver a chegada dos mendigos e presencear as suas conversações confidenciaes -, Acceitei o convite quasi por condescendencia, em virtude de nem de longe fazer idéa dos quadros picarescos, entrelaçados de outros pavorosos, que se tinham de desenrolar aos meus olhos.
Era n'um domingo de verão. Pela tardinha é que começou a observação de que me vou occupar.
Tendo um esperto garoto por vigia, além de protegidos pela sombra e tronco de um castanheiro, fômos munidos de binóculos para melhor ver, porque a ampla alpendrada ficava a algumas dezenas de metros, e d'este ponto observamos a chegada dos mendigos, cujas occorrencias eram sufficientes para me indeminisar do trabalho que tive em lá ir."
(Excerto de Da hypocrisia dos mendigos)
Índice:
Da caridade em geral. | Da caridade sentimentalista. | Do falso proloquio da caridade. | Da caridade criteriosa, suas consequencias proximas e remotas. | Da população dos mendicantes profissionaes. | Das esmolas e fontes de esmoleres. | Das bases para a beneficiencia esmoler criteriosa. | Da origem de verdadeiros e falsos piedosos e de mendigos delinquentes. | Da hypocrisia dos mendigos. | Da prophylaxia ou dos meios para suspender a mendicidades criminosa.
Francisco Ferraz de Macedo (1845-1907). "Médico e antropólogo português. Formado em Farmácia e Medicina, Ferraz de Macedo dedicou-se desde muito cedo aos estudos antropológicos, com destaque para a osteologia, as mensurações antropométricas e a criminologia. Sem nunca alcançar a docência, ocupou o cargo de Diretor dos Serviços Antropométricos e Fotográficos do Juízo de Instrução Criminal de Lisboa já em final de vida.
A descrição detalhada e rigorosa da morfologia craniana do homem comum português levou-o a concluir, contestando a teoria de Cesare Lombroso (1835–1909), que o crânio do homem criminoso e do homem não-criminoso não diferiam e que não era possível identificar tipos de criminosos apenas pela capacidade craniana. O uso pioneiro de novas técnicas de medição e de análise estatística confere a Ferraz de Macedo um lugar central na história da Antropologia e Criminologia em Portugal."
(Fonte: https://www.museus.ulisboa.pt/pt-pt/node/641)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Capas ligeiramente oxidadas.
Raro.
Com interesse histórico e antropológico.
30€

22 fevereiro, 2025

AMZALAK, Moses Bensabat -
PALÁDIO E A EXPLORAÇÃO AGRÍCOLA.
Por... História das Doutrinas Económicas da Antiga Roma. Lisboa, [s.n. - Composto e impresso na Tipografia da Editorial Império, Lda. - Lisboa], 1953. In-8.º (19x12 cm) de 21, [7] p. ; B.
1.ª edição.
Interessante ensaio tendo como tema Padádio, escritor e agrónomo romano do século  IV, e a sua doutrina de economia agrícola.
"Públio Rutílio Tauro Emiliano Paládio -, a cujo respeito, os historiadores hesitam em situar a sua carreira entre os séculos II e IV -, é o último dos scriptores de re rustica, isto é, o último do autores latinos que escreveram sobre agricultura.
Tudo nos leva a crer que Paládio viveu no século IV, pois no seu livro De re rustica refere-se a Gargilius Martialis, que morreu em 25 de Março de 260; mas isto não basta, Cassiodoro faz menção de Paládio numa passagem escrita em 540; e o facto de Paládio ter dedicado o 14.º livro do seu trabalho a Pasiphilo que viveu nos fins do século III, leva à conclusão de que Paládio viveu no século IV.
Paládio deixou-nos só o seu livro acerca de agricultura. Este trabalho é constituído por uma introdução sobre os preceitos gerais da agricultura; os livros seguintes , até ao décimo-terceiro, têm cada um por título um mês do ano, e contêm uma resenha detalhada dos trabalhos agrícolas que se devem realizar no respectivo mês; o livro décimo-quarto é constituído por um poema sobre a enxertia.
Apenas no primeiro livro nos ocuparemos, pois só nele encontramos ideias gerais sobre a exploração agrícola.
O fim que Paládio teve em vista com o seu trabalho foi tratar, em estilo simples, claro e preciso, de tudo o que dissesse respeito às «diversas espécies de cultura, aos currais, às construções rurais, à descoberta de nascentes de águas, e em geral a tudo o que se referisse a coisas ou indivíduos que entrem na exploração agrícola, tendo em vista obter satisfação ou lucro. «Procurarei - continua Paládio - a seguir a ordem dos meses e tratar assim sucessivamente de cada planta e da sua educação». Tal foi o sistema seguido por Paládio no seu livro."
(Excerto do preâmbulo - Paládio e a Exploração Agrícola)
Índice:
Paládio e a Exploração Agrícola - a) Orientação e método. b) Condições de uma boa exploração agrícola; escolha do terreno e sua localização. c)A fecundidade da terra; d) As construções agrícolas e a sua mais conveniente disposição. e) A água na agricultura, e sua utilização como força motriz. f) O trabalho e as alfaias agrícolas. g) Conclusão.
Exemplar em brochura, por abrir, bem conservado.
Invulgar.
10€

21 fevereiro, 2025

REGULAMENTO OFICIAL DAS EXPOSIÇÕES CANINAS EM PORTUGAL. (Aprovado pela S. C. do C. C. P. em 16 de Fevereiro de 1939) -
CLUB DOS CAÇADORES PORTUGUESES : Secção de Canicultura, Membro associado e representante em Portugal da Fédération Cynologique Internationale e Representante do Kennel Club. [Lisboa], Club dos Caçadores Portugueses : Secção de Canicultura, 1939. In-8.º (18x11,5 cm) de 54, [2] p. ; B.
1.ª edição.
Livro histórico, por certo com tiragem reduzida. Trata-se da edição original, trilingue (português/inglês/francês), do primeiro regulamento de certames caninos em Portugal, publicado no mesmo ano da assinatura do acordo do C. C. P. com o Kennel Club (organização internacional de criadores de cães que sinaliza a criação, registo, exposição e promoção dos animais) que conferiu à Secção de Canicultura nacional a qualidade de seu "representante".
Junta-se adenda ao regulamento datada de 1940 (6 pp.): "Alterações ao Regulamento de Exposições aprovadas pela S. C. do C. C. P. na Sessão Plena de 5 de Abril de 1940".
"Artigo 1.º As Exposições Caninas têm por fim:
a) Despertar e cultivar, no público, o gôsto pela cinologia, estimulando-a por meio de prémios;
b) orientar e educar os canicultores segundo as boas normas da produção canina;
c) fomentar o melhoramento das raças caninas e, em especial, das raças nacionais;
d) habilitar, por meio de julgamentos e classificações, a Secção de Canicultura do Club dos Caçadores Portugueses (S. C. do C. C. CP.) a proclamar os campiões."
(Capítulo I - Dos fins e da organização - Artigo 1.º)
Índice:
Regulamento: I - Dos Fins e da Organização; II - Da Inscrição; III - Das Classes, dos Grupos e suas Divisões: IV - Da Admissão; V - Dos Juízes e seus auxiliares; VI - Do Julgamento e Classificação; VII - Dos Prémios e Diplomas; VIII - Das Penalidades; IX - Das Disposições Gerais. | Resumo em Inglês - Show rules of interest to foreign judges | Resumo em Francês - Extrait du règlement des expositions intéressant les juges étrangers | Lista A - Primeiro Grupo: Cães estrangeiros de guarda e utilidade. Segundo Grupo: Cães nacionais de guarda e utilidade. Terceiro Grupo: Terriers. Quarto Grupo: Cães de levante e côrso - Primeira Divisão: Raças estrangeiras; - Segunda Divisão: Raças nacionais. Quinto Grupo: Cães de parar - Primeira Divisão: Raças estrangeiras continentais; - Segunda Divisão: Raça nacional. Sexto Grupo: Cães britânicos para caça a tiro - Primeira Divisão/Segunda Divisão. Sétimo Grupo: Galgos. Oitavo Grupo: Baixotes (Teckel, Dachshund). Nono Grupo: Luxo. | Lista B - [40 raças caninas, nacionais e estrangeiras, onde se incluem o Cão d'Água, Serra da Estrêla e Podengo].
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Muito raro.
Peça de colecção.
85€
Reservado

20 fevereiro, 2025

AURORA, Conde d' -
ITINERÁRIO ROMÂNTICO DO PORTO.
Desenhos de José Luís e fotos do autor extratexto
. Porto, Editorial Domingos Barreira, [1962]. In-8.º (20x13 cm) de 165, [3] p. ; [28] p. il. ; B. 
1.ª edição.
Roteiro do Porto antigo, histórico e monumental. No prefácio o autor dá conta do seu desencanto pelo desaparecimento de edifícios relevantes para a cidade e a dispersão dos seus ricos recheios.
Ilustrado com inúmeras fotografias e desenhos dispersos por 28 páginas intercaladas no texto.
Índice:
Prefação. Itinerários: I - Marcha de aproximação. II - Praça Nova. III - Rua do Loureiro - Rua Chã - Sé. IV - Rua de S.to António - S.to Ildefonso - Freixo. V - Rua das Flores. VI - Bolsa - S. Francisco - Feitoria. VII - Da Universidade ao Campo Alegre. VIII - Praça de Carlos Alberto a S.to Ovídio. IX - Clérigos - Cordoaria - Vitória. X - Infante - Foz - Matosinhos.
José António Maria Francisco Xavier de Sá Pereira Coutinho, 2.º Conde de Aurora (Ponte de Lima, 29 de Abril de 1896 - Ponte de Lima, 3 de Maio de 1969). Escritor português. "Em 1919, por ocasião da Monarquia do Norte, partiu para o exílio tendo vivido em Espanha, no Brasil e Argentina. Em 1921, fundou o periódico “Pregão Real”. Licenciou-se em Direito pela Universidade de Coimbra e foi juiz do Tribunal do Trabalho. A sua obra reparte-se por vários géneros literários, caracterizando-se pela defesa dos valores culturais tradicionais dentro dos moldes estéticos do realismo, na senda de Eça de Queirós. Marcadamente nacionalista e claramente crítico em relação à Primeira República, o Conde d’Aurora dedicou ao Minho – aqui entendido como a região de Entre-o-Douro-e-Minho – grande parte da sua obra literária."
(Fonte: http://bloguedominho.blogs.sapo.pt/119202.html)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Assinatura de posse na f. rosto.

Muito invulgar.
20€

19 fevereiro, 2025

FERREIRA, Luiz Feliciano Marrecas - 
EFFEITOS DOS TREMORES DE TERRA NAS FABRICAS DE ALHANDRA. 
Pelo Engenheiro Chefe da 3.ª Circunscrição Industrial... Boletim do Trabalho Industrial - N.º 32. Relatorio dos Serviços 
da 3.ª Circunscrição dos Serviços Technicos da Industria no Anno de 1909. Lisboa, Imprensa Nacional, 1909. In-4.º (25x16 cm) de 7, [1] p. ; B.
1.ª edição.
Relatório do responsável técnico do Estado após o sismo ocorrido a 23 de Abril de 1909, com epicentro localizado na costa do Algarve, que atingiu Lisboa, mas sobretudo, a região de Benavente (razão pelo qual foi baptizado com o nome dessa vila), Samora Correia e Salvaterra de Magos, já no Ribatejo. Registaram-se cerca de 40 mortos e 70 feridos.
Trabalho interessante sob o ponto de vista histórico e técnico. Raro. A BNP não menciona.
"Segundo as noticias recebidas dos diversos pontos em que se fez sentir a catastrophe a povoação da margem direita do Tejo mais damnificada foi Alhandra, importante centro fabril, não constando, até o momento em que escrevo, de qualquer fabrica situada noutra região que tivesse soffrido qualquer damno digno de nota.
Impunha-se-me, portanto, como dever a visita ás fabricas da localidade, indo lá investigar especialmente se do estado de ruina das edificações poderia resultar prejuizo para os operarios e quaes as providencias a prescrever, se remedio efficaz não houvesse já sido dado.
Direi, antes da succinta descrição a que vou passar, que vi nos empregados superiores d'ellas a maior solicitude por tudo o que respeita á segurança dos seus operarios e que não ha absolutamente ponto algum onde, com perigo para estes, a laboração tenha continuado.
São quatro as fabricas ali existentes, versando a laboração sobre:
Cimento, fabrica de Antonio Moreira Rato & Filhos.
Ceramica, fabrica de Chamusco & Tavares.
Linho e juta, Companhia Fabril Lisbonense.
Fiação e tecidos, Fabrica de José Ferreira do Amaral."
(Excerto do Relatorio)
Luís Feliciano Marrecas Ferreira (1851-1928). "Nasceu em Évora a 1 de julho de 1851 e faleceu a 4 de junho de 1928. Formou-se em engenharia militar na Escola do Exército, tendo seguido a carreira militar no Exército. Especializado em Matemática, foi lente da Escola do Exército e do Instituto Industrial e Comercial de Lisboa. Na Academia das Ciências de Lisboa foi eleito sócio correspondente da classe de Ciências Matemáticas, Físicas e Naturais a 1 de abril de 1880, passando a sócio efetivo a 13 de março de 1905, integrando a 1.ª secção (Ciências Matemáticas). Na Academia, foi eleito vogal do Conselho Administrativo a 16 de dezembro de 1909 e a 17 de dezembro de 1918, tendo sido, segundo uma anotação no seu processo, também eleito membro do mesmo Conselho Administrativo entre 1911 e 1914."
(Fonte: https://arquivo.acad-ciencias.pt/details?id=20723&detailsType=Authority)
Exemplar brochado, por abrir, em bom estado geral de conservação. Cansado. Capas frágeis, com defeitos e pequenas falhas de papel.
Raro.
Com interesse histórico e regional.
Sem registo na Biblioteca Nacional.
20€
Reservado

18 fevereiro, 2025

BARROS, João de -
TEIXEIRA DE QUEIROZ (Bento Moreno).
Por... Lisboa, Sera Nova, 1946. In-8.º (19,5x12 cm) de 37, [1] p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Apontamento biográfico de Teixeira Queiroz (1848-1919), escritor minhoto, natural de Arcos de Valdevez, associado à escola literária do Realismo, conhecido sobretudo pela sua obra de cunho analítico sobre os costumes rurais e citadinos, distribuídos por duas séries de romances/contos - Comédia do Campo e Comédia Burguesa. Trata-se de um ensaio sobre a vida e obra do ilustre romancista lido no Instituto Minhoto de Braga, em Fevereiro de 1945.
Ilustrado com o retrato do biografado - por António Carneiro - em página inteira.
"Aceitei com alegria o honroso convite do Instituto Minhoto para falar do romancista, do novelista e do contista que, segundo creio, melhor do que ninguém revelou e interpretou na sua obra literária a alma encantadora do Minho e de sua gente - porque nesta cidade, de Braga, de tão minhoto sabor, creio existir o ambiente mais adequado para essa, aliás breve e imperfeita, ressurreição literária.
Foi também Teixeira de Queiroz um intérprete de agudíssima sensibilidade, perante os fenómenos complexos da existência citadina pois as suas aspirações literárias não se acomodavam dentro de qualquer espécie de doutrina ou de intuito regionalista. Pelo contrário... E seja-me permitido afirmar que estava e ficava assim na atitude que mais fàcilmente e mais plenamente o levaria a evocar figuras, tipos e aspectos da província onde nascera e que tanto amara."
(Excerto do Ensaio)
João de Barros (1881-1960). “Foi um dos mais prestigiados pedagogos republicanos e, pode dizer-se, o principal ideólogo da escola republicana. Com uma vida inteira dedicada à causa pedagógica sempre pugnou por uma educação anti-dogmática e anti-autoritária e pela laicização da escola, combatendo a tradição jesuítica que influenciara, durante séculos, educação portuguesa. Ministro dos Negócios Estrangeiros, no governo de José Domingos dos Santos, de 22 de Novembro de 1924 a 15 de Fevereiro de 1925. Autor de «A República e a Escola» (1913) e «Educação Republicana» (1916).
Exemplar brochado, por abrir, em bom estado de conservação.
Invulgar.
10€

17 fevereiro, 2025

BASTOS, José Joaquim Rodrigues de -
OS DOIS ARTISTAS OU ALBANO E VIRGINIA.
Pelo Conselheiro... Segunda edição. Porto: Na Typographia de Sebastião José Pereira, 1853. In-8.º (201x13 cm) de 242, [2] p. ; E.
Romance moralista ao gosto da época, exemplo típico da escola romântica.
"Em todas as idades o homem precisa de ser verdadeiro; mas esta precisão é ainda maior, se é possivel, quando elle está proximo a comparecer no Tribunal Divino. Assim, eu devo esperar que se me dê credito, ao protestar  que nada do que digo é allusivo a pessoa alguma.
Puz-me a caminho, e não vi nem me importaram pessoas; e para que me haviam ellas de importar? O escriptor moral deve esquecêl-as ao pegar da penna, para melhor avaliar as cousas: deve fechar os olhos a tudo, menos á razão, á justiça e á verdade.
O amor póde cegal-o, o odio extravial-o. As paixões são escolhos, de que o prudente navegador se afasta, para não correr o risco de naufragar."
(Excerto do Prefacio)
"O esculptor tinha um filho, Albano, que já em tenra idade dava grandes esperanças; e, querendo formar-lhe o coração antes do espirito, levava-o todos os dias aos templos, e lhe dava algum dinheiro com que elle podesse fazer suas esmolas, não se enfadando de lhe repetir, que nem ha verdadeira devoção sem caridade, sem verdadeira caridade sem devoção. [...]
Lembrando-se de que os antigos imprimiam na sua mocidade as regras de viver e a sciencia dos costumes, por meio de breves e vivas sentenças, que se retinham sem fadiga, e se repetiam com prazer, entregou-lhe uma judiciosa collecção de maximas, determinando-lhe que decorasse todos os dias uma porção d'ellas, de que lhe tomaria conta, e ficou admirado, quando, passadas vinte e quatro horas, vio que as tinha decorado todas."
(Excerto do Cap. II)
José Joaquim Rodrigues de Bastos (Conselheiro) (17477-1862). "Nasceu a 8 de Novembro de 1777 em Moutedo, Valongo do Vouga, e veio a falecer no Porto a 4 de Outubro de 1862. Matriculou-se em Direito na Universidade de Coimbra e formou-se em 1804, passando a exercer a advocacia no Porto. A partir de 1812 envereda pela magistratura ao ser nomeado Juiz de Fora em Eixo e vilas de Paus, Óis da Ribeira e Vilarinho do Bairro. Em 21 de Novembro de 1823 é nomeado Corregedor e Provedor da Comarca do Porto e, no ano seguinte, a 9 de Abril de 1824, é ordenado Cavaleiro da Ordem de Cristo. De 22 de Junho de 1825 a 16 de Agosto de 1826, exerce as funções de Desembargador da Relação e Casa do Porto, posto o que foi Intendente Geral da Policia da Corte e do Reino, em 1827, e tomou o título de Conselheiro. A 25 de Outubro de 1826 a Infanta regente, D. Isabel Maria, nomeia-o Fidalgo da Casa Real. Politicamente, milita nas fileiras do Partido Liberal Conservador, sendo eleito deputado pela Província do Minho em Dezembro de 1820, e tendo participado nas primeiras Assembleias Gerais Legislativas portuguesas. Em 1833 abandonou em definitivo a vida política e passou a dedicar-se, exclusivamente, à literatura e a estudos religiosos. Obras publicadas: “Colecção de Pensamentos, Máximas e Provérbios” (1847); “Meditações ou Discursos Religiosos” (1842); “A Virgem da Polónia” (1849); ”Os dois artistas ou Albano e Virginia” (1853); ”O Médico do deserto” (1857); “Biografia da Sereníssima Senhora Infanta D. Isabel Maria”.
(Fonte: https://agueda.bibliopolis.info/Catalogo/Autores-Locais/ModuleID/1497/ItemID/1068/mctl/EventDetails)
Encadernação meia de tecido com cantos em pele e rótulo com dourados na lombada. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Carimbo e rubrica de posse na f. rosto.
Raro.
Indisponível

16 fevereiro, 2025

TORRES, Francisco Pinheiro -
"ADEUS, SENHOR DOUTOR" (coisas de Coimbra).
2.ª Edição. Coimbra, Coimbra Editora, L.da (Antiga Livraria França & Arménio), 1923. In-8.º (18 cm) de 49, [1] p. ; B.
Interessante visão poética da Coimbra estudantil, originalmente publicada em 1898. Esta reedição, organizada por Alberto Pinheiro Torres, irmão do autor - estudante de medicina - é uma homenagem à sua memória, patente no comovente preâmbulo - Duas palavras - que precede o poemeto.
"Á familia do malogrado auctor do «adeus, Senhor Doutor», foi solicitada auctorisação para a sua reimpressão.
A principio hesitamos porque o poemeto nem revella, nem define a personalidade de meu irmão Francisco, dotade de invulgares qualidades de talento, sobejamente demonstradas n'uma vida infelizmente curta, mas fecunda, de trabalho intteligente e honrado. [...]
Francisco Pinheiro Torres que depois da formatura até à sua morte, que ainda hoje choramos, se consagrou quasi exclusivamente ao seu lar, aos seus doentes, de quem era médico e amigo, e aos pobres, numa obra superior de bondade e de beleza moral, viveu exaustivamente, como poucos, a vida pitoresca, poética, alegre e suave dessa incomparável Coimbra, para onde não raro se volvem nossos cansados e saüdosos olhos. [...]
Buliçoso, saltitante, em perpétua vibração, era um fósforo a arder, como de nosso Pai dizia Camillo.
Eu, que fui seu companheiro, durante alguns anos, na inolvidável casa da rua da Trindade, a que tão ternamente se refere, sei como é sincero, bem do coração e como se resume todo o poemeto o sentidíssimo verso
Tenho a alma pegada a tudo isto!! [...]
Dêsse amor a Coimbra brotaram estes versos, repassados de emoção e de saüdade. Dessa romagem de alguns anos pela Lusa Atenas, como então se dizia, ficou êste poético roteiro, que é ainda actual, apesar de volvido um quarto de século, como o revela a amável e penhorante insistência para esta segunda edição.
Nestas páginas, estuantes de seiva e mocidade a cantar, revive, deliciosa, a amável tradição de Coimbra."
(Excerto de Duas palavras)

"Partir, partir e nunca mais voltar!
Partir, dizer adeus e nem pr'a traz olhar!
Não vão meus olhos ficarem por ahi.
Antes ficassem. Que n'esta terra eu vi
correr sorrindo a minha Mocidade,
de Santa Clara ao Penedo da Saudade.
Coimbra, toda cheiinha d'estudantes,
que á guitarra choram seus descantes.
Toda cheia de tricanas pelo Rio
Onde as lagrimas d'Ignez correm em fio."

(Excerto do poemeto)

Exemplar em brochura, bem conservado.
Raro.
25€

15 fevereiro, 2025

CARVALHO, João Vasco de -
MONOGRAPHIA DA FREGUEZIA RURAL DE OVAR, CONCELHO DE OVAR, NO DISTRICTO DE AVEIRO. Pelo agronomo... Boletim da Direcção Geral da Agricultura. Undecimo Anno : N.º 5 - Ministerio do Fomento. Coimbra, Imprensa da Universidade, 1912. In-4.º (24x16 cm) de 72, [4] p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Estudo monográfico sobre Ovar e o seu concelho, com interesse histórico, rural, social, geográfico, etimológico e etnográfico.
Curioso. Invulgar e muito importante.
Ilustrado com tabelas e quadros estatísticos no texto.
"Quem ha ahi, em Portugal, que não conheça Ovar, ao menos por tradição?
Quem ao invocar aquelle nome não se recordará do typo caracteristico, inconfundivel, da ovarina que, de saias engueifadas, pé descalço, grandes arrecadas de oiro, giga á cabeça, moireja pelas ruas de Lisboa, atroando os ares com os seus pregões?
Quando o seu andar lesto e sacudido contrasta com o passo indolente e incerto da lisboeta.
É que é gente robusta, de admiravel arcaboiço, como a inglêsa, que assenta o pé com ar senhoril, em attitude de desafio. Adivinha-se nella uma força invejavel - a força que provém de uma saude de ferro. Ovarinas lhes chamam uns, varinas outros. [...]
A composição ethnica da população não tem soffrido alterações dignas de nota.
Por decreto de 24 de outubro de 1855 os limites do termo da freguezia soffreram uma importante alteração: a Costa Nova do Prado, povoação importante e frequentada praia de banhos, e o sitio da Gafanha que faziam parte da freguezia de Ovar, por decreto de 31 d e dezembro de 1853, foram por desistencia do bispo de Porto incorporados na freguezia de Ilhavo.
A propriedade rustica de ha 30 annos a esta parte tem-se dividido muito e continua a manifestar accentuada tendencia para o retalhamento. [...]
As culturas teem soffrido notaveis variantes de então para cá: o trigo, o centeio, a cevada, a aveia e o arroz e ainda as pastagens e pinhaes occupavam quasi exclusivamente o solo aravel da freguezia, salpicado aqui e alli, nos sitios mais lenteiros e fundaveis, por nesgas de hortas e alguns linhares.
Hoje a feição é mui diversa."
(Excerto de I - Introducção)
Indice:
I. Introducção. II. Estado actual da freguezia: 1.º - Situação topographica. 2.º - Territorio e clima. 3.º - População. 4.º - Predios urbanos. 5.º - Predios agricolas. 6.º - Agricultura: Culturas hortenses: - do milho; - do arroz; - da junça, bajunça e caniço; da vinha. Mattas; Gados; Apicultura; Caça; Pesca. 7.º - Exploração agricola. 8.º - Industria. 9.º - Commercio. 10.º - Exploração conjuncta. 11.º - Capitaes. 12.º - Trabalho. 13.º - Hygiene. 14.º - Instrucção. 15.º - Previdencia. 16.º - Assistencial. 17.º - Estado moral e social. 18.º - Conclusões.
Exemplar brochado, por abrir, em bom estado geral de conservação. Capas manchadas, com pequenos cortes.
Raro.
25€

14 fevereiro, 2025

FLAMMARION, Camillo -
CURIOSIDADES ASTRONÓMICAS.
Compilação, simplificação e versões de Moraes Rosa. Bibliotheca de Educação Moderna - XXI. Lisboa, Livraria Internacional Abel d'Almeida, [191-]. In-8.º (18x11,5 cm) de 152, [8] p. ; il. ; E.
1.ª edição.
Curioso estudo publicado na aurora do século XX, dá-nos conta do estado da ciência cosmográfica na época.
"O conhecimento das maravilhas do Universo constitue uma sciencia muito vasta, sem duvida muito árdua para quem se lhe queira dedicar inteiramente; mas as suas noções elementares podem adquirir-se sem fadiga, e até comprazer, por méra distracção.. [...]
Durante longos séculos, a illusão criada pelas apparencias enganou os observadores sobre a realidade dos movimentos celestes, sobre a natureza dos astros, e, principalmente, sobre a posição e as condições de estabilidade do nosso planeta. Julgava-se que a Terra estava immovel no centro do Universo, que era a base e o fim de toda a Criação., que o céo e a Terra eram dois dominios absolutamente estranhos um ao outro."
(Excerto de Primeiras aspirações astronómicas)
Indice:
Primeiras aspirações astronómicas | A contemplação do céo | As constellações | As estrellas, sóes do Infinito (Viagem pela Immensidade) | Os doze movimentos da Terra | Como se mediu a Terra | Como se pesou a Terra | Como se mediram as distancias á Lua e ao Sol | Como se mede a distancia aos planetas e ás estrellas | Como se pesam os astros | A gravidade sobre os outros astros | Em que anno começou o século XX? | Curiosidades e imperfeições do calendário | Porquê não foi bissexto o anno de 1900? | Projecto de reforma do calendário | O Tempo | Um século | Podem vêr-se as estrellas em plen o dia? | A invenção do telescópio.
Camille Flammarion (1842-1925). "Denominado "Poetas das Estrelas", "Poeta da Astronomia" ou "Poeta dos Céus", Nicolas Camille Flammarion nasceu em Montigny-le-Roi, uma zona localizada a Leste, no interior de França, no dia 26 de fevereiro de 1842. Criança com aptidões excecionais, com 16 anos, depois de ter escrito uma Cosmogonia Universal de 500 páginas, foi admitido no Observatório de Paris. Mais tarde fundou e dirigiu o Observatório de Juvisy, tendo também sido o fundador da Sociedade Francesa de Astronomia. Célebre como astrónomo, pelas suas pesquisas relativas a estrelas duplas e múltiplas e a topografia de Marte, foi nomeado Comandante da Legião de Honra, uma das maiores condecorações não-militares de França. Espírita convicto e amigo próximo de Allan Kardec, conta entre as obras de que foi autor, uma considerável e rica produção espírita."
(Fonte: https://feportuguesa.pt/180-anos-sobre-o-seu-nascimento-camille-flammarion/)
Encadernação editorial com ferros gravados a seco e a negro e branco nas pastas e na lombada.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Lombada apresenta pequenos orifícios de traça que não tem continuidade no miolo do livro.
Muito invulgar.
15€

13 fevereiro, 2025

GONÇALVES, Cetano -
CORRECTIVOS DA GRANDE GUERRA NO IMPERIALISMO EUROPEU.
Conferencia preparatoria do II Congresso Colonial Nacional realizada na Sociedade de Geografia de Lisboa em 5 de Maio de 1924. Por... Socio da S. G. L. e da Lida Pós-Colonias. Liga Pró-Colonias. Lisboa, Oficinas do «Jornal da Europa», 1924. In-8.º (19,5x13 cm) de 23, [1] p. ; B.
1.ª edição.
Interessante contributo para a história e bibliografia da Grande Guerra.
Raro. A BNP não menciona.
Exemplar muito valorizado pela dedicatória autógrafa do autor a Luís Derouet (1880-1927).
"E foi precisamente o desafio lançado pelo capitalismo alemão aos trabalhadores de todo o mundo, a origem do formidavel prélio, que, entre os anos de 1914 e 1918, ensanguentou a maior parte do globo. Nessa luta, a que foram chamadas as disponibilidades militares de quasi todos os povos e quasi todas as raças, saíu vitorioso o Idealismo, ou seja a força imponderavel dos principios, contra o materialismo grosseiro dos interesses; por outras palavras: venceu o sentimento da solidariedade nos povos ameaçados pela agressão alemã, contra o preconceito da hierarquia, a que pretendeu sugeital-os a politica imperial do pangermanismo. [...]
Disse-se, e é certo, que a ultima guerra foi o choque entre os dois imperialismos, o germânico e o anglo-saxónio, o primeiro disputando ao segundo a hegemonia afirmada em todo o mundo, no terreno dos interesses mercantis."
(Excerto da Conferencia)
Caetano Francisco Cláudio Eugénio Gonçalves (Goa, Bardez, Arporá, 22 de Outubro de 1868 - Lisboa, 23 de Maio de 1953). "Foi um administrador colonial português. Formou-se em Direito na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra e seguiu a Magistratura, fazendo carreira principalmente nos então territórios ultramarinos portugueses. Foi Magistrado do Ministério Público em Angola, na Índia e em São Tomé e Príncipe, Juiz nas Comarcas do Congo e de Luanda, Juiz Desembargador em Goa, Lourenço Marques e Lisboa, Presidente dos Tribunais da Relação de Lourenço Marques e Lisboa e Juiz Conselheiro do Supremo Tribunal de Justiça. Ocupou, também, o cargo de Governador-Geral Interino da Província de Angola de 1910 a 1911, tendo sido antecedido por José Augusto Alves Roçadas e sucedido por Manuel Maria Coelho. Foi eleito Deputado à Assembleia Nacional Constituinte de 1911 pelo Círculo Eleitoral de Angola. Foi, ainda, nomeado Vogal do Conselho Colonial e do Conselho Superior Judiciário. Era Sócio Correspondente da Classe de Letras da Academia das Ciências de Lisboa e Sócio Efectivo da Sociedade de Geografia de Lisboa."
(Fonte: Wikipédia)
Exemplar em brochura, bem conservado.
Raro.
Sem registo na Biblioteca Nacional.
20€
Reservado

12 fevereiro, 2025

SARMENTO, Augusto -
CONTOS AO SOALHEIRO. Coimbra, Livraria Central de José Diogo Pires - Editor, 1876. In-8.º (19x12,5 cm) de [2], VII, [1], 295, [1] p. ; il. ; E.
1.ª edição.
Conjunto de contos cuja "trama" é desenvolvida a partir de ditados portugueses, que aliás dá o título a cada uma das narrativas, circunstância essa, muito curiosa, que o autor "usa e abusa" em cada uma das histórias.
Obra dedicada a Bernardino Pinheiro (1837-1896), escritor, publicista e político republicano natural de Coimbra.
Rara, interessante e muito bem redigida.
Ilustrada com bonita gravura no verso da f. ante-rosto assinada M. Macedo (Manuel de Macedo) e Alberto.
"Passava já de meia duzia de annos que mestre Vicente da Quelha, ferrador, recebera por legitima esposa, conforme ordena a santa madre egreja romana, a sr.ª Quiteria de Jesus, tecedeira.
Até aqui, dir-se-ha, nada ha que faça espanto; pois esperem, que até ao lavar dos cestos é vindima. Onde começa a coisa a ser falada, é que em todo aquelle tempo nem um nem outro tinham encontrado motivos parra torcer a orelha e não lhes deitar sangue. Aquillo é que era viver como Deus com os anjos! De dia, logo de madrugada, cada qual por seu lado, tractava do grangeio da vida mais por aqui ou mais por acolá; de noite era então a alegria das consciencias tranquillas, expandindo-se em volta da lareira, em que se amanhava o pão quotidiano, ganho com o suor do rosto e sem vergonha do mundo.
Um senão desdizia da perfeição d'aquelle quadro de felicidade domestica; era a falta d'uma cabecinha loira e d'um charlar infantil, que se tornasse o alvo e a provocação dos carinhos mal empregados no gatos maltez, que resonava no escabello, ou no cão perdigueiro, estendido no sobrado. Inda assim havia almas damnadas que diziam que isso era a maior fortuna d'aquelle ditoso par!"
(Excerto de Sapatos de defuncto)
Índice:
Quem conta um conto... | D'um argueiro, um cavalleiro | A gallinha da vizinha | Pela calha ou pela malha | Sapatos de defuncto.
Augusto César Rodrigues Sarmento (1835-dps 1881), escritor e jornalista, foi Governador de S. Tomé e Príncipe entre Agosto de 1886 Março de 1890.
Encadernação simples, lisa, em tela azul. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado geral de conservação.
Raro.
Indisponível