09 novembro, 2024

PATRICIO, Arthur - NA BARRICADA DA ROTUNDA : episodios interessantes do movimento revolucionario. 
[Por]... 1.º Cabo de Artilharia N.º 1
. Lisboa, Centro Typographico Colonial, 1912. In-8.º (21 cm) de 47, [1] 
p. ; [1] f. il. ; [1] f. desdob. ; il. ; B.
1.ª edição.
Relato do ambiente que se viveu em Lisboa ao longo do dia 5 de Outubro de 1910, particularmente na Rotunda. Trabalho "escripto na cazerna, quando recruta nas horas de folga da instrucção" por um simpatizante da causa revolucionária, testemunha ocular dos acontecimentos, que dedica o opúsculo aos seus "camaradas do heroico e glorioso Regimento de Artilharia n.º 1, aos carbonarios e a todos os que contribuiram para a implantação da nossa querida Republica."
Livro ilustrado com fotogravuras dos participantes nos combates ao longo do texto, em separado com um retrato do autor, e em folha desdobrável à parte, "o heroe Raphael Miguel", junto com o grumete artilheiro Alfredo Gomes Froes, ambos resistentes ao fogo das forças de Queluz comandadas por Paiva Couceiro. Inclui ainda o retrato de destacados lideres republicanos: Miguel Bombarda; Bernardino Machado; Machado dos Santos; Magalhães Lima; Afonso Costa; Teófilo Braga; João Chagas.
"Antes de entrar no assumpto a que o titulo se refere, julgo conveniente explicar o seguinte:
Tive a felicidade de ser testemunha do audacioso movimento que proclamou a Republica, e estou portanto ao alcance de narrar os acontecimentos que os meus olhos viram. Ao tempo ainda era paizano, trabalhava pelo officio de impressor no Centro Typographico Colonial, largo da Abegoaria, 27."
(Excerto do preâmbulo, Leitores)
"[...] Os soldados conviviam com os grupos revolucionarios civis no mais amplo e fraternal amplexo, deitando-se alguns na verde relva á sombra das palmeiras, outros fumando reclinados nos selins dos muares, olhando para o cigarro, como que perguntando a si proprios se seria aquelle o ultimo que saboreavam...
Estendidos na relva, viam-se muitos populares bem trajados, com carabinas na mão, e toda a casta de armamento, taes como revolveres, pistolas automaticas, facas, espadas, sabres, etc., e que fallavam em voz baixa, incutindo uns aos outros coragem no sacrificio de darem o seu sangue pela Republica, de morrerem por ella, visto estarem metidos n'aquella aventura para a vida ou para a morte. [...]
Já tinha visto o Machado Santos, o unico e heroico official que commandava aquellas forças, codjuvado por sargentos que, como elle, tambem andavam a cavallo, percorrendo a frente do acampamento dando ordens. [...]
Tinha o rosto sereno, a fronte lisa, e não mostrava inquietações; os soldados que ao principio, quando eu cheguei, pareciam indisciplinados, recebiam agora as ordens, que cumpriam com escrupulosa exactidão. [...]
Assisti nas terras do Parque Eduardo VII ao combate com a bateria de Queluz e estive em risco de ser victima; pelos atalhos que iam dar ao quartel de artilharia avançavam constantemente numerosos grupos armados com espingardas que levavam e transmitiam ordens, expondo-se assim a uma morte inevitavel. [...]
Começou a circula a noticia da approximação de artilharia de Santarem, que vinha em attitude hostil, e de um provavel desembarque de dois mil marinheiros, que, tomando o quartel general aos monarchicos, viria avenida acima, para secundarem o feliz exito do movimento."
(Excerto da narrativa)
Exemplar brochado em bom estado geral deconservação. Capas frágeis, manchadas, com pequenos defeitos.
Raro.
Peça de colecção.
35€

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