FONSECA, Pires de Lima da - A CASA DO OUTEIRO : romance. Lisboa-Porto-Coimbra-Rio de Janeiro, "Lvmen" : Empresa Internacional Editora, 1925. In-8.º (19,5x12,5 cm) de 270, [2] p. ; B.
1.ª edição.
Romance muito interessante, bem estruturado, com uma linguagem rica e cuidada. Trata-se da história dos Roiz, ilustre família titular do solar do Outeiro, residência ancestral votada ao abandono e esquecimento pela incúria dos últimos descendentes, com domicílio em Inglaterra. A história atravessa várias gerações de fidalgos, e decorre desde os tempos conturbados das guerras liberais, que conduziu ao exílio o titular de então - apoiante da causa miguelista - e os que se seguiram, até ao início do século XX, quando a última descendente - Maria da Graça - tudo vai tentar para reabilitar a casa e o nome de família.
"A casa ficava, num alto, sobranceira à grande mata de cédros, que um antepassado mandara plantar quando viera da Índia.
Á volta, no parque em que duas velhas magnólias há quási dois séculos lançavam a benção da sua sombra sôbre os herdeiros do nome, um desembargador amigo do sr. Dom. João V, companheiro de aventuras do príncipe artista e sumptuoso, mandara pôr aos quatro canto as imagens da Justiça, da Verdade, do Direito e do Trabalho. E havia assim naquele parque debruado de buxos, com seus caramanchões onde tanto casamento se esboçara nas tardes alegres de jôgo da cabra-céga, o tom grave e sevéro das estátuas, que nas suas roupágens de pedra assistiam impassíveis e desdenhosas ao correr das gerações.
A casa do Outeiro era velha.
Nos pergaminhos da freguesia que vinha catolizando aqueles campos desde os meados do século XII, encontravam-se já referências aos nobres senhores do Outeiro, e, hómens lidos em arqueologia, vivendo na austéra convivência dos códices, julgavam poder assegurar que os fundamentos da casa tinham sido lançados na época tumultuosa da conquista gôda."
(Excerto do Cap. I)
"O Outeiro tornára-se grande sepulcro da fé política de Dom Pedro Roiz.
O filho, depois de uma educação que o levara a matricular-se na Universidade, penetrara-se do espírito liberal que invadira Coimbra e a dominava desde as repúblicas da Alta onde se declamava Garrett às lojas da Calçada, em que comerciantes graves, de barba passa-piôlho, trovejavam contra os malandros dos frades que a mão forte de Aguiar tinha pôsto fora do reino."
(Excerto do Cap. II)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Manuseado. Lombada apresenta falha de papel no pé. Com alguns cadernos soltos.
Muito invulgar.
Indisponível
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