DUMAS, Alexandre - A MÃO DO FINADO. Segunda parte do Conde de Monte-Christo. Por... Edição illustrada para Portugal e Brazil.
Rio de Janeiro : Lisboa, Editora - Empreza Litteraria Fluminense de A.
A. da Silva Lobo, [18--]. In-4.º (23,5 cm) de 366, [2] p. ; [10 f.
il. ; E.
1.ª edição brasileira.
Anunciado como a continuação do Conde de Monte Cristo,
e dada por inúmeras fontes bibliográficas como mais um romance de
Dumas, a presente obra foi afinal escrita pelo portuguesíssimo Alfredo
Hogan a instâncias de um editor - também ele português - pouco
escrupuloso no que à questão dos direitos de autor diz respeito, como
aliás era usual na época. Originalmente publicado em 1853 (e traduzido
para o francês(!) no mesmo ano), A mão do Finado é uma verdadeira
pérola para os apreciadores do romance de "capa e espada", bem como da
obra de Hogan (ainda pouco divulgada), e porque não dizê-lo, de
Alexandre Dumas,
autor de culto da literatura romântica-histórica, cuja produção
atingiu o apogeu em meados do século XIX com a publicação das conhecidas obras Os três Mosqueteiros (1844) e O Conde de Monte Cristo
(1844-46), e que terá tentado - sem sucesso - junto de algumas editoras
internacionais desmentir a paternidade deste título. Resta dizer que,
posteriormente, seriam publicadas outras sequelas do best seller de Dumas, sendo a mais conhecida O filho do Monte Cristo (1881), de Jules Lermina, com tradução para o português (1897).
Versão brasileira não datada (anos 80/90 do século XIX). Trata-se de uma variante ilustrada com 10 belíssimas estampas litografadas a cores em folhas separadas do texto.
"Quando a desgraça e a fatalidade nos opprimem, não falta quem venha, como o sorriso nos labios e o prazer n'alma, para nol-o fazer compartir, se a miseria não quebrou positivamente o prestigio dos nossos antigos haveres.
É esse prestigio o que attrae ao nosso lado todas as pessoas que nos conheceram e vêem vergados ao peso da fatalidade.
A baroneza Danglars, se bem que houvesse soffrido esse peso formidavel, reunia ainda em sua casa os principaes cavalheiros do Gand e tinha o prazer de ouvir nomear as suas douradas salas em Paris, como as que melhor sabiam receber e accomodar, por espaço de algumas horas, a todos esses impios elegantes do panno verde, a quem parece nunca faltar o ouro e a vontade de jogar, comtanto que não se procure conhecer os variados systemas da sua vida privada.
O espirito de orgulho e ambição da interessante baroneza Danglars, a sua figura esbelta e o seu rosto aristocraticamente pallido, onde brilhavam ou se amorteciam dois bellos olhos negros, conforme aquelle seio de rijas carnes se dilatava com a expansão d'um brando sentimento, ou se comprimia dominado pela ambição, não era o que menos attrahia numerosa concorrencia ás suas salas.
Aos que vivem de commoções fortes, nunca desagrada uma mulher como a baroneza Danglars. As suas risadas de orgulho, o seu gesto determinado e arrogante, mas submisso e meigo quando se deixava vençer, o seu olhar eloquente e sagaz, a sua extrema verbosidade, tudo concorria para que os mancebos do tom a inscrevessem no rol da leôas, apezar de ter passado já a primavera da vida.
Tal era a consideração em que estava a baroneza Danglars no anno de 1837."
(Excerto do Cap.I - Quem já havia jogado na alta e baixa dos fundos)
"Quando a desgraça e a fatalidade nos opprimem, não falta quem venha, como o sorriso nos labios e o prazer n'alma, para nol-o fazer compartir, se a miseria não quebrou positivamente o prestigio dos nossos antigos haveres.
É esse prestigio o que attrae ao nosso lado todas as pessoas que nos conheceram e vêem vergados ao peso da fatalidade.
A baroneza Danglars, se bem que houvesse soffrido esse peso formidavel, reunia ainda em sua casa os principaes cavalheiros do Gand e tinha o prazer de ouvir nomear as suas douradas salas em Paris, como as que melhor sabiam receber e accomodar, por espaço de algumas horas, a todos esses impios elegantes do panno verde, a quem parece nunca faltar o ouro e a vontade de jogar, comtanto que não se procure conhecer os variados systemas da sua vida privada.
O espirito de orgulho e ambição da interessante baroneza Danglars, a sua figura esbelta e o seu rosto aristocraticamente pallido, onde brilhavam ou se amorteciam dois bellos olhos negros, conforme aquelle seio de rijas carnes se dilatava com a expansão d'um brando sentimento, ou se comprimia dominado pela ambição, não era o que menos attrahia numerosa concorrencia ás suas salas.
Aos que vivem de commoções fortes, nunca desagrada uma mulher como a baroneza Danglars. As suas risadas de orgulho, o seu gesto determinado e arrogante, mas submisso e meigo quando se deixava vençer, o seu olhar eloquente e sagaz, a sua extrema verbosidade, tudo concorria para que os mancebos do tom a inscrevessem no rol da leôas, apezar de ter passado já a primavera da vida.
Tal era a consideração em que estava a baroneza Danglars no anno de 1837."
(Excerto do Cap.I - Quem já havia jogado na alta e baixa dos fundos)
Alfredo Possolo Hogan
(1830-1865). "Nasceu e faleceu em Lisboa. Funcionário dos correios,
cultivou a literatura negra, tornando-se um romancista e um dramaturgo
bastante popular em Lisboa. Nas suas obras notam-se influências de
Eugène Sue e Alexandre Dumas. Escreveu vários romances históricos, como Marco Túlio ou o Agente dos Jesuítas (1853), Mistérios de Lisboa (romance em 4 volumes, 1851), Dois Angelos ou Um Casamento Forçado (romance em 2 volumes, 1851-1852), etc. Das peças de teatro, destacam-se: Os Dissipadores (1858), A Máscara Social (1861), Nem Tudo que Luz É Oiro (1861), A Vida em Lisboa (em parceria com Júlio César Machado, 1861), O Dia 1º de Dezembro de 1640 (1862), As Brasileiras; Segredos do Coração e O Colono. Foi-lhe atribuída a autoria do romance A Mão do Finado (1854), publicado anonimamente em Lisboa, pretendendo ser a continuação de O Conde de Monte Cristo de Alexandre Dumas."
(Fonte: http://alfarrabio.di.uminho.pt/vercial/hogan.htm)
Alexandre Dumas (1802-1870). "Nasceu em Villers-Cotterêts, Aisne, França. Foi um romancista e dramaturgo francês, autor das obras Os Três Mosqueteiros e O Conde de Monte Cristo,
clássicos do romance de capa e espada de grande aceitação popular. Em
1818, passando por dificuldades financeiras, trabalhou num cartório da
cidade. Conheceu Adolphe von Leuven, nobre sueco refugiado em França. Em
1821, junto com o amigo Leuven, escreveu a peça O Major de Strasburgo.
Em 1823, foi morar em Paris. Em busca de emprego foi recebido pelo
General Foy, amigo de seu pai, que ao ver a sua bela caligrafia concluiu
que Dumas poderia secretariar o Duque de Orléans, futuro rei Luís
Filipe. O emprego garantiu-lhe o sustento e abriu-lhe o caminho para a Comédie Française."
(Fonte: wook)
(Fonte: wook)
Encadernação meia de pele com ferros gravados a ouro na lombada. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Assinatura de pertença na f. ante-rosto. Páginas ligeiramente oxidadas. A 9.ª estampa está "pegada" à folhinha de protecção.
Raro.
Peça de colecção.
60€
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