28 fevereiro, 2016

ROUSSADO, Barão de - FOLHETINS HUMORISTICOS. N.º 2 - 21 de Fevereiro de 1892. Dom Possidonio I (o Cru), Ou o que ha de ser o mundo reduzido a 50 por cento. Archeologia do Futuro. Impressões de um deputado. 50 RÉIS. Lisboa, Caetano Simões Afra, 1892. In-8.º (18,5cm) de 32 p. ; B.
1.ª edição.
Conjunto de três pequenas histórias que preenchem o n.º 2 desta invulgar colecção, de que se publicaram apenas os 9 da 1.ª série, de acordo com informação da BNP.
Destaca-se Archeologia do Futuro, um curiosíssimo e visionário ensaio ficcional, onde o autor, de forma irónica, aborda o futuro longínquo da imprensa, transportando-a para a Lisboa do século XXXIX.
"A acção d'este folhetim passa-se daqui a vinte seculos. Tão inspirado como Emilio Souvestre, vejo através das trevas do futuro as scenas que se hão de representar no anno da graça de 3868. [...]
Estamos na cidade de Lisboa, no mez de maio de 3868.
É pasmoso o estado da civilisação a que a Europa chegou nos nossos dias. Ha seculos, segundo narram historiadores de boa nota, a humanidade curvava-se ante a invenção de Guttenberg, que acabara o monopolio da sabedoria, derramando o pensamento em milhões de jornaes e livros!
Que diriam hoje os povos do seculo dezenove se Deus os fizesse surgir das sepulturas para assistirem aos prodigios da civilisação! [...]
Como não ficariam admirados ao vêr que os periodicos se publicam de minuto em minuto, aos milhares, estabelecendo a circulação de idéa nova quasi tão veloz como as vibrações do ar espalhando o som!
Que diriam elles sabendo que a civilisação matou o distribuidor, que das redacções dos periodicos parte encanamento especial e subterraneo para as habitações dos assignantes, os quaes anciosos pelas novidades das horas intermedias recebem as folhas vinte e quatro vezes por dia.
Não se studa, não se medita, bebe-se, respira-se a sciencia. O livro significaria hoje o mesmo que a agua commum engarrafada para ornamento das estantes, ou que uma porção d'ar encerrado em vaso de crystal como reliquia preciosa. [...]
Desejamos, para satisfação do nosso orgulho que os jornalistas d'essas épocas obscuras vissem como se faz hoje um periodico com o apparelho acustico repentino, que tem a legenda - Verba manent.
Ha uma orelha gigantesca, ao pé da qual o redactor pronuncia o artigo, que é immediatamente estampado pelo apparelho sobre o papel, multiplicando-se depois os exemplares pelo systema de tintas sympathicas."
(excerto do texto)
Manuel Lourenço Roussado, barão de Roussado (1833-1909). Foi um escritor português. "No livro “Júlio César Machado – Estórias e paparocas” de Vítor Wladimiro Ferreira, a propósito da figura de Manuel Lourenço Roussado (Lisboa, 1833 - Liverpool, 1909) pode ler-se o seguinte: «Roussado era já, foi sempre, para a vida de rapaz, Manuel Roussado; no trato oficial foi sempre Manuel Lourenço Roussado, desde 1852 em que foi empregado da Secretaria da Procuradoria-geral da Coroa, até 1870, em que principiou a ser Barão de Roussado. Era a alegria em pessoa. Faceto, bem disposto, nédio, pimpão, armando bem o soneto, deleitando-se com o epigrama. Esse homem resistiu comigo muito tempo à desmoralização do século, mas não à da bolsa..."
(fonte: casariodoginjal.blogspot.pt)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Capa com defeitos: falha de papel no canto inferior dto, amarelecida e levemente manchada.
Raro e muito curioso.
Indisponível

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