GOMES, Paulo Varela - VIEIRA PORTUENSE. Lisboa, Círculo de Leitores, 2001. In-4.º (28,5x22,5 cm) de 140, [2] p. ; mto il. ; E.
Importante subsídio biográfico sobre Vieira Portuense, figura de proa da pintura portuguesa, um dos maiores pintores da sua geração, introdutor do neoclassicismo na pintura nacional.
Edição luxuosa, muitíssimo preferível à da Inapa, impressa em papel de superior qualidade, profusamente ilustrada com trabalhos emblemáticos do mestre pintor - esboços, desenhos e pinturas.
"Francisco Vieira Portuense (1765-1805) ocupou o lugar português por excelência: o das esperanças frustradas. Falecido aos 40 anos de idade, atravessou como um cometa a cena artística de Portugal entre dois séculos e duas idades do mundo, deixando atrás de si um rasto de brilho e amargura por ter partido tão cedo depois de ter feito tanto e deixado tanto por fazer. Biógrafos e admiradores choraram a sua morte percebendo muito bem que o pintor era muito melhor que a pintura portuguesa da época e que esta, sem ele, dificilmente seria tão boa como a dele fora. [...]
Vieira Portuense continua popular entre nós porque a sua carreira foi singular no meio artístico português. No entanto, a primeira coisa que é necessário perceber é que Vieira foi um de entre centenas de artistas do mesmo género em toda a Europa que, por estarem hoje votados ao esquecimento, não foram menos importantes e significativos. [...]
A segunda prevenção necessária à abordagem da obra de Vieira é que, mais que português, ele foi um pintor plenamente europeu, o mais europeu de toda a pintura portuguesa entre o século XVII e o final do século XIX, mais que Vieira Lusitano, Sequeira, António Manuel da Fonseca e até Henrique Pousão. Europeu pelos sítios onde trabalhou, os patronos que teve, os temas que escolheu, a maneira como os tratou. Vieira vivem em Itália, sim, mas também em Inglaterra. Trabalhou, embora brevemente, na Áustria e na Prússia. Foi patrocinado por ingleses do Porto e por grand tour(istas) ingleses em Itália. Foi artista real em Parma. Deu-se com o meio cosmopolita da Royal Academy em Londres onde circulavam pintores e gravadores italianos, franceses e ingleses. [...]
Sem tal génio, sem estar na vanguarda de coisa nenhuma, Vieira Portuense, pintor europeu à moda da sua época, foi um pintor correcto, um desenhador muito sensível e hábil. A sua pintura, os seus desenhos, as suas ilustrações, não suscitam perturbação, não aquecem os ânimos, não levantam grande dúvidas sobre o que é a pintura, o olhar, a história. Comentam tranquilamente o decorrer dos tempos e das modas. Os quadros são bonitos, os desenhos argutos e por vezes engraçados. Mesmo quando, quando por conveniência do momento ou dos patronos."
(Excerto da Introdução)
Índice:
Apresentação | Introdução | Um viajante na Europa do fim dos tempos | A Natureza e o mito | A pintura de história | A pintura sacra | Rostos e figuras | Vieira Portuense, pintor neoclássico | Notícia biográfica | Bibliografia.
Encadernação em tela do editor com sobrecapa policromada.
Exemplar em bom estado de conservação. Assinatura de posse na f. ante-rosto.
Invulgar.
20€
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