11 janeiro, 2025

LEMOS, Julio de - CAMPESINAS
(Quadros do Minho). Lisboa, Livraria Editora Tavares Cardoso & Irmão, 1903. In-8.º (19x11 cm) de 262 p. ; E.
1.ª edição.
Conjunto de pequenos contos, sendo uns de índole rústica, ou históricos, sensuais outros, tendo como traço comum o amor e as relações humanas.
"Era certo e sabido. Ao fim da tarde, já depois de haverem despegado do trabalho, os rapazes da freguezia iam reunir-se no adro, em roda do cruzeiro negro de pedra, a taramelar e a brincar uns com os outros, n'uma inalteravel boa harmonia, que era o gosto de quem passava.
Muros abaixo, a um lado, seguia a estrada para a villa, e a outro, distendia-se, n'uma successão de campos infindaveis, a «fazenda» do Thomé de Vascões, toda coberta de latadas e com loiras espigas formosissimas. [...]
Como vinha dizendo, os rapazes da aldeia, ao anoitecer, iam reunir-se no adro, a brincar e a taramelar.
O sol amortecia ao largo, descia sobre a montanha em irradiações violeta - e, entretanto, a rapaziada, marotos que eu sei lá, contava as suas historias e as suas «partidas»: o Evaristo de Penim déra um beijo na filha do Brazileiro; o Firmino de Lizouros mordiscára o braço polpudo da Joanna; o Manuel abraçára, na veiga, a afilhada do Fidalgo de Venade; o Lopes fizera dois dedos de namoro áquella das Barrocas; o Clemente fôra ás uvas do Zé Cosme, o ricaço; o Joaquim da tia Zefa estivera com a ama do abbade, na deveza de Chavião, onde o padre os mandára á lenha...
- Ah, rapazes! Que bom peguilho! Cada perna!...
- E vá um homem fiar-se... Olha o abbade, que bebe os ventos por ella... Se elle o sabe!
E o Firmino, que, baldadamento e por mais de uma vez, lhe rogára um ar da sua graça:
- Parecia tão séria...
E explodiam as gargalhadas, que echoavam ao longe como um estrondo.
- Olha-a, mail-a Therezinha! berrou o garoto do Gachineiro.
N'aquelle minuto, a creada do abbade passava pela taberna do tio Bento, com a «moça» das Cortinhas, em direcção á fonte.
Todos poisaram os olhos nas duas mulheres, especialmente na Maria, appetecivel creatura na belleza sã e fresca dos vinte e pico. E em todos os olhos appareceu, rapido, a chamma do desejo."
(Excerto de No fim da tarde)
Júlio de Lemos (Ponte de Lima, 1878 - Viana do Castelo, 1960). "Escritor e jornalista. Fez os estudos em Viana do Castelo e após breve passagem pelo Seminário Diocesano de Braga (1898-1899) foi nomeado professor da Escola Normal da mesma cidade. Em 1901 foi colocado como Secretário da Câmara de Paredes de Coura e, de 1911 a 1938, na Câmara de Viana do Castelo, onde organizou os arquivos municipais daquelas duas localidades e deixou bem patentes as suas qualidades de investigador, o seu dinamismo e a sua cultura. Colaborou, desde muito novo, em numerosos jornais e revistas portuguesas e espanholas e foi director das revistas literárias Myosótis e Limiana, e de alguns números únicos, entre os quais, Consagração, comemorativo da criação da comarca de Coura (1906) e Pró-Viana, comemorativo das Festas de Nossa Senhora da Agonia (1921 e 1922)."
(Fonte: https://www.memoriasdaromaria.pt/romaria1950/)
Encadernação meia de pele com ferros gravados a ouro na lombada. Conserva as capas originais.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Lombada apresenta falha de pele na extremidade superior.
Raro.
45€
Reservado

10 janeiro, 2025

CARTA // DE VN SARGENTO PORTUGVEZ // DE VN TERCIO DE LA // guarnicion de Lisboa al Marquez // de Carracena sobre su voto al // Rey de Castilla. [S.l], [S.n.], [1661?]. In-8.º (20x13 cm) de 4 p. ; E.
1.ª edição.
Opúsculo anónimo, sem data e local de impressão, relacionado com o tema da Guerra da Restauração.
Estes opúsculos da Restauração são hoje muito raros e procurados.
Relativamente ao conteúdo, segundo Inocêncio (XVIII, 217), "pode avaliar-se do intuito de zombaria pelo estylo, apesar de não ser correcta a linguagem".
Encadernação contemporânea, cartonada, em papel marmoreado.
Muito raro.
Peça de colecção.
45€

09 janeiro, 2025

TRATADO DE COMÉRCIO E NAVEGAÇÃO ENTRE PORTUGAL E A GRÃ-BRETANHA -
Ministério dos Negócios Estrangeiros : Direcção-Geral dos Negócios Comerciais e Consulares
. Lisboa, Imprensa Nacional, 1960. In-4.º (23,5x15 cm) de 29, [3] p. ; B.
Reprodução bilingue (português/inglês) do importante tratado de comércio assinado entre os dois países, pouco tempo após a instauração da República, em 12 de Agosto de 1914, subscrito pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros português Alfredo Augusto Freire de Andrade e pelo Enviado Extraordinário e Ministro Plenipotenciário britânico Lancelot Douglas Carnegie.
"Haverá entre os territórios das duas Partes contratantes plena e completa liberdade de comércio e navegação.
Os súbditos ou cidadãos de cada uma das Partes contratantes terão permissão de ir livremente com os seus navios e cargas a todos os lugares, portos  rios nos territórios da outra a que os súbditos ou cidadãos nacionais tenham ou possam ter acesso. Não estarão sujeitos, com relação ao seu comércio ou indústria nos territórios da outra, quer a sua residência tenha um carácter permanente ou temporário, a quaisquer direitos, taxas, impostos ou licenças de qualquer espécie diferentes ou mais elevados do que os que são ou podem ser impostos aos súbditos ou cidadãos nacionais, e gozarão os mesmos direitos, privilégios, liberdades, imunidades e outros favores em matéria de comércio e indústria que sejam ou possam ser gozados pelos súbditos ou cidadãos nacionais."
(Artigo I)
Exemplar em brochura, bem conservado.
Invulgar.
Com interesse histórico.
10€

08 janeiro, 2025

BASTOS, Leite -
LETRAS E TRETAS.
Por... Leitura para Caminhos de Ferro. Lisboa, Livrarias de Campos Junior - Editor, [1866]. In-8.º (14,5x10 cm) de 94, [2] p. ; B.
1.ª edição.
Interessante colecção de textos - contos, crónicas e histórias - pela pena de Leite Bastos, conhecido autor de romances históricos da segunda metade do século XIX, publicados na apreciada colecção "Leitura para Caminhos de Ferro".
"Estavamos á mesa de um dos cafés de Lisboa.
Tratava-se de casamentos extravagantes. Um dos sujeitos que até então se conservara na espectativa acercou-se de nós e disse:
- Querem saber a historia do meu casamento? Asseguro-lhes que é original. Não me consta de pessoa alguma que se casasse assim como eu me casei.
- Então como se casou o senhor?
- A toque de fogo! [...]
Bento José das Neves é o meu nome, sou proprietario e accionista do theatro da rua dos Condes... [...]
Um dia ao entreabrir da manhá, um visinho mercieiro que defrontava com a minha casa, deu-me parte, de passagem, que sua irmã mais nova vinha para a companhia d'elle.
Dei-lhe os parabens e não fiz cabedal do caso, de simplissimo e naturalissimo que era.
Note bem que eu sou miope desde que me entendo. Não vejo um palmo adiante do nariz. [...]
Chegou a mana do mercieiro. O meu barbeiro, ao escanhoar-me os queixos, deu-me parte do acontecimento e acrescentou:
- Ahi tinha agora você, seu Bento, bôa occasião de mudar de estado. A irmã do Manuel deve ter os seus vintens, você tambem tem de seu, por que se não resolve ao casorio d'esta vez?! [...]
Lá estava ella! Foi o demonio a curiosidade que me trahiu! [...]
Eu sempre gostei de mulheres claras; aquella era mesmo da côr do papel almaço, e atirava assim para um esverdeado que lhe ficava a matar. [...]
Estava com vontade de lhe dizer alguma coisa e perguntei-lhe como se chamava.
- Margarida.
- Oh! magia dos meus encantos! exclamei.
- E a sua pessoa, perguntou ella.
- Bento José das Neves, respondi logo.
- Meu avô teve um creado d'esse nome. (O avô guardava porcos no Alemtejo e fazia gaitas para vender aos pastores do logar. Era um grandissimo ratão se não mente a fama)."
(Excerto de A toque de fogo)
Indece:
Notae bem | Fraquezas do proximo: - Preliminar; Amor a quanto obrigas; Amostinhas lyricas; A primeira receita infalivel; Na sala de espera; Applicação do elexir; Um parenthese;  A rede de arrastar; Os alarves favorecidos pelo providencia. | Padecimentos chronicos | O Barba Longa | O deficit | A toque de fogo: No botequim: - capitulo preambular; Quem era o homem; Ai!; A entrevista; Que chalaça; O abysmo. | Pobres e ricos |  O potosi d'um actor dramatico: Preliminar;  Em casa do auctor; Na rua, no botequim, e até no inerno se o diabo quizesse negocios com litteratos de taxa e meia; Homero era um pedaço d'asno ao pé de mim; Certezas e incertezas - Coisas do Arco da Velha; Representa-se hoje uma peça do nosso amigo o sr. Fulano de tal; As palmas na platéa e os abraços no foyer; A prosa da vida.
Francisco Leite Bastos (1841-1886). "Jornalista e romancista, foi, no início da sua actividade profissional, escriturário na Repartição do Major-General da Armada, mas demitir-se-ia aos 22 anos, dedicando-se a partir daí exclusivamente à escrita.
Destacou-se sobretudo como autor de dramas e comédias folhetinescas, mas também escreveu romances, quase todos retratando episódios relacionados com crimes, de que são exemplo O Incendiário da Patriarcal, O Crime de Matos Lobo, Os Crimes de Diogo Alves, Os Trapeiros de Lisboa, A Calúnia, O Último Carrasco, Os Sapatos de Defunto e O Crime do Corregedor, sendo considerado mesmo um dos precursores do género policial."
(Fonte: https://www.goodreads.com/author/show/4786601.Leite_Barros)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Envelhecido. Capas frágeis, com defeitos e pequenas falhas de papel.
Raro.
45€

07 janeiro, 2025

BOISSIER, Dr. Henri - GERAÇÃO E FECUNDAÇÃO. Os vicios no amor. 
[Pelo]... Da Academia de Medicina de Paris
. Lisboa, João Romano Torres & C.ª : Editores, [191-]. In-8.º (18 cm) de 35, [1] p. ; B. Biblioteca Scientifica Sexual, N.º 2
1.ª edição.
Interessante trabalho saído da pena do portuguesíssimo Henrique Marques, autor de diversos trabalhos de índole médico-sexual publicados sob a capa do pseudónimo Henri Boissier, via escolhida para a divulgação destes temas - "sensíveis" na época.
"É certo que os primeiros gosos do amor augmentam a energia do systema circulatorio do sangue e por isso mesmo, os vasos ãrteriaes levam mais calor e mais vida a todas as partes do corpo.
A satisfação dos desejos e das necessidades a que conduz a união dos sexos dá egualmente uma nova disposição ás faculdades intellectuaes.
A donzella, ha pouco timida, torna-se desembaraçada; a timidez transforma-se-lhe em confiança e até em audacia no desejo; os movimentos são mais livres, o andar mais medeiado, na conversação, a voz é menos incerta, sonora e, emfim, todo o porte se apresenta mais resoluto. [...]
A satisfação dos sentidos e o prazer material que d'ahi resulta são apenas o meio que a mulher emprega para chegar ao termo completo, ao objecto exclusivo de todas as suas vistas - a reproducção da especie.
Ser mãe, eis a aspiração suprema de toda a mulher!"
(Excerto do Cap. II, Segredos da Fecundação)
Sumario:
I - Destino dos sexos. II - Segredos da Fecundação. A concepção. - III - A fecundação. IV - Influencia do estado physico sobre a fecundação. V - Previsões dos sexos (Determinismo sexual).
Exemplar em brochura, por aparar, bem conservado. Sem capas. Deve ser encadernado.
Raro.
Sem registo na Biblioteca Nacional.
30€

06 janeiro, 2025

HOGAN, Alfredo - A PEDINTE DE LISBOA OU MEMORIAS D'UMA MULHER. Romance original de... Publicado por L. C. da Cunha. Tomo I [Tomo II]. Lisboa, Na Typografia do Editor, Luiz Correa da Cunha, 1859. 2 vols in-8.º ( de 191, [3] p. ; [2] f. il. e 144, [2] p. ; [2] f. il. ; E. num único tomo
1.ª edição.
Curiosíssimo romance de costumes, cuja acção decorre em Lisboa. Uma história de intriga e chantagem que termina num crime horrendo sem castigo. O extenso epílogo "compõe o ramalhete".
Ilustrado com 4 gravuras extra-texto (2 por volume) compostas na "Lith. de Roza e Lima" - Rua dos Fanqueiros, n.º 114.
"No dia 21 de Outubo de 1850, uma sege de aluguel que com extrema velocidade corria pelo Chiado abaixo, chamando pela sua velocidade, a attenção de todas as pessoas que tranzitavam.
Dentro da sege, e recostado languidamente para um dos angulos da caixa, via-se um homem ainda moço, decentemente vestido, e apresentando uma placidez d'espirito que contrastava singularmente com a agitação do vehiculo que o conduzia.
Ora uma viatura qualquer correndo de batida pelo Chiado, é uma coisa que sempre attrahe a curiosidade de todos os passeantes d'aquelle sitio, e mui principalmente dos frequentadores do marrare; por isso grande numero de pessoas assomaram ás portas desse botequim, e das lojas de modistas, para interrogarem com a vista aquella sege de batida, aquelle bolieiro de maneiras insolentes, aquelles cavallos estafados, e sobre tudo, o placido senhor que vinha dentro da sege; mas um riso de desdem e até de despreso, errando nos labios d'esse homem, um estalo do chicote do bolieiro, e uma nuvem de poeira levantada pelas patas dos cavallos, era a unica resposta que obtinham todos esses curiosos que se aguppavam para verem o que podia aquillo ser.
E a sege continuava de batida; n'uma bem calculada curva, voltou para o lado da Boa hora metteu se pela rua dos Algibebes, passou á rua Augusta, e sem que affrouxasse a corrida foi desemboccar na grande praça do Rocio.
A um grito sonoro que sahio de dentro da sege, o bolieiro tomou os cavallos; logo depois abriu-se o alçapão, e o homem saltou n'um pulo para a rua.
Eram seis horas da tarde, mareadas no relogio que está na frente do Theatro de D. Maria II, cujo mostrador é transparente e illuminado, para que de noite se conheçam as horas. [...]
O homem que se apeara da sege, caminhou vagaroso para o centro da praça, e cruzando os braços sobre o peito, parou um instante, olhando ao redor de si.
Era de meia estatura: os cabellos negros, com o o ébano, caíam-lhe, debaixo do chapéo, sobre a golla da sobre cazaca depois de formarem um lustroso caixilho á physionomia morena, e expressiva, onde scintillavam os olhos, tambem negros, e rodeados d'espessa pestanas. Os labios grossos e roliços tinha-os elle agora serrados, com um gesto de nobre altivez. Os sobreolhos unidos e um pouco encrespados por um pensamento d'orgulho."
(Excerto de I - Cordão - o negociante de casamento)
Indice do 1.º Volume:
I - Cordão - o negociante de cazamentos. II - Quem era o senhor Miguel d'Andrade. - Clara. - Amizade travada em caza d'um Eleitor. III - Um chá offerecido a alguns Eleitores. - Recepção de Leonildo. IV - O mancebo lord. V - Mãe e amiga. VI - A mulher philosopha. VII - A semi-deusa. VIII - A queda da semi-deusa. IX - A cruz de ouro do Bispo de S. Torcato. X - Feliciano. XI - O jardim Botanico.
Indice do 2.º Volume:
I - Soffrimento. II - Resolução. III - Marido e Mulher. IV - Tres homens dignos uns dos outros. V - A entrevista. VI - Conclue a narração da pedinte. VII - Declaração do bom Sacerdote. VIII - Fim da Quiteria. IX - Pae e filho. X - Outra victima. XI - Contra.tempo. XII - Na Estrada do crime caminha-se insensivelmente. | Epylogo - Riqueza maldita.
Alfredo Possolo Hogan (1830-1865). "Nasceu e faleceu em Lisboa. Funcionário dos correios, cultivou a literatura negra, tornando-se um romancista e um dramaturgo bastante popular em Lisboa. Nas suas obras notam-se influências de Eugène Sue e Alexandre Dumas. Escreveu vários romances históricos, como Marco Túlio ou o Agente dos Jesuítas (1853), Mistérios de Lisboa (romance em 4 volumes, 1851), Dois Angelos ou Um Casamento Forçado (romance em 2 volumes, 1851-1852), etc. Das peças de teatro, destacam-se: Os Dissipadores (1858), A Máscara Social (1861), Nem Tudo que Luz É Oiro (1861), A Vida em Lisboa (em parceria com Júlio César Machado, 1861), O Dia 1º de Dezembro de 1640 (1862), As Brasileiras; Segredos do Coração e O Colono. Foi-lhe atribuída a autoria do romance A Mão do Finado (1854), publicado anonimamente em Lisboa, pretendendo ser a continuação de O Conde de Monte Cristo de Alexandre Dumas."
(Fonte: http://alfarrabio.di.uminho.pt/vercial/hogan.htm)
Encadernação coeva meia de pele com ferros gravados a ouro na lombada. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Os 2 vols ostentam assinatura de posse; Restauro à cabeça na última folha de texto do vol I.
Muito raro.
A BNP dá notícia da obra com a indicação "Sem informação exemplar".
85€

05 janeiro, 2025

BRANDÃO, Mário -
O PROCESSO NA INQUISIÇÃO DE MESTRE JOÃO DA COSTA.
Publicado por... Vol. I. Coimbra, Publicações do Arquivo e Museu de Arte da Universidade de Coimbra, 1944. In-4.º (26x18 cm) de [8], 374, [2] p. ; B.
1.ª edição.
Importante contributo para a História da Inquisição Portuguesa. Este volume I é tudo quanto foi publicado a este respeito.
João da Costa (1511?-?). Natural de  Vila Nova de Portimão, Algarve. Mestre, proprietário de uma livraria. Estatuto social: cristão-velho. Acusado e preso a mando da Inquisição por heresia. Data da prisão: 13/08/1550. Sentença: auto-da-fé de 29/07/1551. Abjuração de veemente, ir para um mosteiro onde terá cárcere a arbítrio dos inquisidores, instrução na fé católica, pagamento de custas. O réu foi morador em Paris onde estudou Artes, Grego e Teologia, de onde se ausentou para Hubernia, "com licença de mestre Diogo de Gouveia", e Bordéus, onde esteve em Leis, graduou-se mestre em Artes e bacharel em Leis, foi doutor regente na universidade de Bordéus em Filosofia e presidente do Colégio de Bordéus e doutor e regente perpétuo da Universidade, onde era reitor três meses por ano. O rei escreve-lhe em 1546, para que viesse para Coimbra com mestre André. Regressou em 1547 e trouxe consigo alguns franceses. Tribunal do Santo Ofício, Inquisição de Lisboa, processo n.º 9510.
(Fonte: https://digitarq.arquivos.pt/details?id=2309656)
Exemplar em brochura, bem conservado.
Muito invulgar.
Com interesse histórico.
25€

04 janeiro, 2025

COELHO, F. Adolpho -
REFORMA DO ENSINO PUBLICO. Proposta do socio... Approvada Em Sessão de 6 de fevereiro de 1893. Sociedade de Geographia de Lisboa. Lisboa, Typ. do «Commercio de Portugal», 1894. In-4.º (25x18 cm) de 12, [4] p. ; B.
1.ª edição.
Interessante subsídio para história da instrução pública em Portugal.
"Em 1890 apresentou o signatario d'estas linhas á nossa Sociedade o programma de um inquerito ao estado hodierno physico, moral, intellectual e artistico do povo portuguez, no qual devia ser dado logar importante á instrucção publica. [...]
O projecto de reforma poderá constar de duas partes:
I - Bases da reforma em articulado;
II - Discussões e documentos justificativos d'essas bases.
[...]
Não desconhece o signatario as difficuldades graves da empreza que se propõe iniciar; não se lisonjeia com a ideia de que realisada ella, embora nas melhores condições, venha a inffluir immediatamente na organisação escolar."
(Excerto de I - Proposta do socio F. Adolpho Coelho)
Índice:
I - Proposta do socio F. Adolpho Coelho | Proposta [4 Artigos] | II - Bases geraes de uma reforma do ensino publico portuguez. [Fundação de uma universidade em Lisboa, que compreenderá as seguintes faculdades: I - Faculdade de mathematica e sciencias da natureza (Escola polytechcnica); II - Faculdade de medicina (Escola medico-cirurgica); III - Faculdade de sciencias mentaes e historicas (Curso superior de lettras); IV - Faculdade de sciencias administrativas (incluindo a administração colonial).].
Francisco Adolfo Coelho (1847-1919). "Membro destacado da chamada Geração de 70, Francisco Adolfo Coelho nasceu em Coimbra, em 1847, e morreu em Carcavelos, em 1919. Autor de A Língua Portuguesa, obra de 1868, onde procedeu ao estudo comparativo das línguas românicas, foi também filólogo, pedagogo, etnógrafo, historiador, crítico literário e introdutor dos estudos de Filologia Comparada em Portugal, cadeira que lecionou no Curso Superior de Letras desde 1878. Em 1871, participou nas Conferências Democráticas do Casino, proferindo a última conferência, "O ensino" (texto que viria a ser publicado em 1872 sob o título A questão do ensino), onde propôs uma reforma do ensino baseada na separação do Estado e da Igreja e no princípio da liberdade de consciência; estes pressupostos viriam a fazer escândalo entre os jornais conservadores da época. Para além de uma vasta bibliografia relacionada com as áreas da Filologia e da História da Língua, em que foi especialista, publicou de 1873 a 1875 a revista Bibliografia Crítica de História e Literatura, onde apreciava a produção intelectual portuguesa e estrangeira nos mais diversos domínios. Colaborou igualmente em periódicos como O Cenáculo e O Positivismo."
(Fonte: https://www.portoeditora.pt/autor/adolfo-coelho/9209)
Exemplar em brochura, bem conservado.
Raro.
Com interesse histórico.
10€

03 janeiro, 2025

MESQUITA, Abílio de -
O DIVÓRCIO E A MEDICINA (êrros e crimes da Lei do Divórcio portuguesa)
. Pôrto, Casa Editora de A. Figueirinhas, 1924. In-8.º (17,5x12 cm) de [2], 77, [3] p. ; B.
1.ª edição.
Tese de doutoramento do autor apresentada à Faculdade de Medicina da Universidade do Porto.
"O estudo da legislação dum povo deve andar sempre ao lado do da biologia porque aquela depende de esta. Daí, o papel preponderante da Medicina legal nas várias questões sociais, a qual, além de fornecer os conhecimentos médicos aos problemas jurídicos, trata das relações entre os factores biológicos e as leis dum povo, constituindo parte da sócio-biologia.
Sendo o casamento a base da sociedade pela segurança na continuação da espécie e o divórcio a destruição, em parte, dessa mesma segurança, entram na sócio-biologia os estudos do casamento e do divórcio; é êste que constitue o nosso trabalho."
(Excerto do Prefácio)
"O casamento é a união consciente entre dois indivíduos de sexo diferente com deveres de fidelidade, de assistência e de auxílio mútuos. O risco conjugal é o conjunto de circunstâncias agradáveis ou desagradáveis a que os conjuges estão sujeitos durante a vida matrimonial.
O divórcio é a cessação consciente do matrimónio, depois dêste consumado, em vida de ambos os conjuges, com a possibilidade de novo casamento; quando esta regalia não existe, a dissolução não é completa. Pode ser por mútuo acôrdo ou independentemente dele, tendo-se em vista actualmente os interesses do outro conjuge.
A nulidade faz com que não exista o matrimónio que o divórcio pressupõe.
Repúdio é a separação por vontade de um só dos conjuges, em geral o homem. Na evolução histórica do casamento, como veremos, o repúdio antecede o divórcio. Pelo repúdio o homem é senhor absoluto no lar conjugal. O divórcio destroe esse autoritarismo marital, igualando os direitos do homem aos da mulher e emancipando esta em parte."
(Definições)
Indice:
Dedicatórias | Prefácio | Definições | I Parte - História e evolução do divórcio. II - Parte - O divórcio na actualidade. III Parte - A loucura como causa de divórcio. IV - Parte - Doenças contagiosas e aberrações sexuais como causas de divórcio. V Parte - Conclusões | Bibliografia.
Exemplar em brochura, bem conservado.
Raro.
20€

02 janeiro, 2025

GANDRA, João Nogueira - RESENHA DIPLOMATICA DO PORTO,
contendo os Nomes de todos os Grandes do Reino, Titulares, Conselheiros, Fidalgos, Commendadores e Cavalleiros; Corporações Ecclesiaticas, e Scientificas; Tribunal da Relação; corpos Municipaes, e Cidadãos do Municipio; Consules; Empregados Publicos; Commissões Commerciaes, Honorificas, & & &. Residentes nesta Cidade ao tempo da vizita de S. M. F. a Rainha Senhora D. Maria II, que Deus guarde. Recopilada por..., que a dedica Á Exm.ª Camara Municipal. Porto: Typ. de J. N. Gandra & Filhos. 1852. In-8.º (15,5x10,5 cm) de V, [1], 50 p. ; B.
1.ª edição.
A pretexto da visita de D. Maria II ao Porto, o autor listou os nomes das personalidades das mais variadas áreas que "contavam" para a Cidade.
Obra rara e muito curiosa.
Inclui Copia do extracto do Ceremonial, segundo o Regimento do Senhor Rei D. Manoel, de 30 Agosto de 1502.
Com interesse para o conhecimento das formalidades - adereços e disposições - que sempre precediam e acompanhavam as visitas régias.
"Sendo as Ceremonias da Entrada dos Senhores Reis deste Reino sugeitas ao que se dispõe no Regimento do Snr. D. Manoel, de 30 d'Agosto de 1502, que é fonte d'onde dimanou o que teve lugar na entrada do Snr. D. João VI em Lisboa no anno de 1821, assim como da Senhora D. Maria II em 1833; e supposto que na Visita da mesma Augusta Senhora a esta Cidade do Porto em companhia de seu sempre chorado Pai, se aproximasse o ceremonial do que aquelle Regimento prescreve; - não ficando trabalho regular a seguir no futuro, - resolvemos publicar um extracto do Ceremonial que apontamos.
Como nelle se mencionão expressamente classes distinctas, - Fidalgos, Cavalleiros, Escudeiros, Mercadores, Povo &e, aproveitamos alguns trabalhos, que de tempos a esta parte confeccionamos com a tenção de dar um Almanak Diplomatico desta segunda Capital do Reino, no principio do anno seguinte.
A occasião não se póde deparar mais propria para tal publicação, como no tempo presente, em que Sua Magestade a Rainha, na companhia de seu Augusto Esposo, do Principe Herdeiro, e do Segundo Genito o Duque do Porto, vem honrar esta antiga, mui nobre, sempre leal, e invicta Cidade, com uma Visita.
Damos pois esta Resenha, que comprehende do Grande do Reino, aqui residentes, Titulares, Fidalgos, Corporações, e Pessoas conspicuas da Cidade; devendo declarar, que pela designação de Povo entendemos os Cidadãos, que ficão conservando tal nome, em rasão de haverem servido Cargos Municipaes."
(Excerto da nota de abertura)
"No lugar do desembarque ha de construir-se uma ponte de largura conveniente, com degráus e varandas ornadas.
No cabo da dita ponte será S. Mag. recebido debaixo do Pallio.
O Pallio, que será de seda preciosa tecida com flores de ouro e prata, será conduzido pelos tres Vereadores actuaes, tres do anno passado, um do precedente, e pelo Corregedor do Crime da Corte e Casa.
A Cidade sahirá a receber S. Magestade. Adiante hirá o Senado da Camara, precedendo-lhe o Procurador abrindo caminho, e o Vereador das Obras com as Chaves de ceremonia alçadas na mão direita, de modo que todos as vejão."
(Excerto do Ceremonial, segundo o Regimento do Senhor Rei D. Manoel...)
João Nogueira Gandra (Porto, 1788-1858). "Commendador da Ordem de Christo. Cavalleiro da de N. S. da Conceição, condecorado com a medalha n.° 2 da Campanha peninsular; ultimamente segundo Bibliothecario da Bibliotheca Publica do Porto. - N. na mesma cidade a 17 de Julho de 1788, e in. a 5 de Dezembro de 1858. - Consta que na sua mocidade pretendera seguir profissão da Medicina, porém contrariedades sobrevindas o impediram de concluir os estudos respectivos diz a seu respeito o jornal Braz Tizana n.° 284 de 13 de Dezembro de 1858.
De muitas poesias, discursos e outras obras, que compoz (segundo consta), e que seu filho determina publicar em collecção, apenas vi impressas em sua vida as seguintes, ignorando se mais algumas existem: O Segredo; canção improvisada no Porto em 5 de Dezembro de 1827, anniversario natalício do ex. mo sr. Marquez de Villa-flor. - Sem logar nem anno. 4.° de 6 pag.; Improviso recitado perante Suas Magestades Fidelíssimas e Imperiaes no theatro do Porto, quando esta cidade recebeu a honra de sua visita. - Sem logar nem anno. Meia folha de impressão; Ode heróica a Lord Wellington, por occasião da victoria de 30 de Julho de 1813. Lisboa, Imp. Regia 1813. 4.° de 10 pag.; Oração na inauguração do retrato de Sua Majestade Imperial sr. D. Pedro, duque de Bragança, na Real Bibliotheca Publica da cidade do Porto. Porto, Typ. de Gandra & Filhos 1841. 4.° de 28 pag., com uma estampa.
Foi em 1821 e 1822 redactor principal do periódico Borboleta Constitucional, publicado no Porto; e depois de 1833 collaborador da Chronica Constitucional, do Artilheiro, e de alguns outros jomaes."
(Inocêncio, T. III, 426 pp.)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capa de protecção, lisa, simples, manchada, com título abreviado manuscrito, seguido da inscrição também manuscrita: "Lêtra de António Mascarenhas de Mancelos Valdez". Sem contracapa. Cantos vincados. Pelo interesse e raridade deve ser encadernado.
Muito raro.
100€