20 março, 2023

FERREIRA (Repórtex X), Reinaldo -
MEMÓRIAS DE UM EX-MORFINÓMANO.
Volume I. (Reportagem vivida nos mistérios dos alcalóides)
. [Porto], Edição Maranus, 1933. In-8.º (18 cm) de 212, [4] p. ; B.
1.ª edição.
Capa assinada M. Guimarães - XXX III.
Edição original das memórias de Reinaldo Ferreira - o Repórter X.
Este volume I é tudo quanto foi publicado de um plano de obra previsto para dois volumes. Após a publicação do presente, o autor recaiu no consumo de drogas, e à degradação física sobreveio a morte, não chegando a cumprir o plano, encontrando-se, no entanto, discriminado no final do livro o sumário do volume II, o tal que não conheceria a luz do dia.
"É hoje!
Acordo em sobressalto! Mesmo antes de despertar - um sonho me alviçarou que era hoje; um sonho com contorções e desesperos de pesadelo: seringas que se quebravam nas mãos, agulhas que me fugiam por entre os dedos, frascos de droga que se esvasiavam, por diabólico ilusionismo - no próximo instante da picada.
Hoje! Já! Mas eu sinto que não queria que fôsse hoje! Queria que fôsse amanhã, um amanhã indefinido, um amanhã absolutamente amanhã - daqueles que nunca chegam... E tanto assim - que ontem, véspera de hoje, quando hoje era ainda um amanhã - não me confrangia tanto a ideia do meu internamento - da minha cura. Pelo contrário: basofiava de animoso e com pimponice de valente, afirmando a decisão enérgica de desenclavinhar da carne, do sangue, dos nervos, do espirito, as garras veludosas de quatro anos de morfinomismo."
(Excerto de I - Hoje!)
Índice:
Dedicatória: «Á Carminho...» . | I Parte: Um dia de juizo... entre loucos... I - Hoje! II - O «amanhã» dos morfinómanos. III - Sonambulismo. IV - O pavilhão amarelo. V - Os primeiros gritos. VI - A tragédia do professor F... VII - A senhora que deu o filho ao Diabo. VIII - O cão que era morfinómano. IX - A que espreitou o inferno. X - A insónia. II Parte: Como se começa... I - Os preguntadores. II - Os narcóticos através da história. III - A invasão da morfina. IV - Os que começam para morrer. V - Os «involuntários» ou a culpa dos médicos. VI - Um opionómano... por espirito de contradição. VII - Como começou Claude Farrére. VIII - «Chantage» de morfina e de amor. IX - O caso de M.me M... X - O éter, por equivoco. XI - O segrêdo das bisnagas carnavalescas. XII - A camaradagem do escultor R... B... XIII - Quem lançou a «coca» em Portugal XIV - A que se estreou... com açúcar. XV - O que não sabe como foi. XVI - A mendiga morfinómana. XVII - Os hiper-satisfeitos. XVIII - Por ser chic... XIX - Aquele casal de médicos... XX - O caso das «Amostras sem valor».
Reinaldo Ferreira (1897-1935). "Nasceu em Lisboa a 10 de agosto de 1897. Em 1914, ingressou na redação d’A Capital, onde deu os primeiros passos no jornalismo. A propensão para o insólito, para o espetacular, levou-o a tornar-se também um verdadeiro mestre da literatura policial. Em 1919, casou-se e passou um ano em Paris, antes de se radicar em Espanha, onde, além do jornalismo e da ficção, desenvolveu outra vertente do seu talento multifacetado: o de realizador de cinema. Em rota de colisão com o regime de Primo de Rivera, em 1924 teve de regressar a Portugal para não ser preso, passando a colaborar com várias publicações de Lisboa, primeiro, e do Porto, a seguir. Data dessa altura a gralha tipográfica que ditou o pseudónimo Repórter X, com que assinou algumas das prosas mais sensacionais da sua carreira tão breve quanto prolífica. Intenso por natureza, Reinaldo consumiu a vida com a avidez da paixão que faz perder os heróis trágicos. Tendo encontrado na morfina um bálsamo para males de amor e combustível para a criação, ex-morfinómano se confessou num belo livro de memórias, para logo depois reincidir no velho hábito, que destruiu o pouco que lhe restava da saúde débil. Morreu aos 38 anos, em Lisboa, a 4 de outubro de 1935."
(Fonte: http://pim-edicoes.pt/reinaldo-ferreira-reporter-x/)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas frágeis, manchadas, com defeitos.
Muito raro.
Peça de colecção.
45€

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