19 agosto, 2016

PACHECO, Luiz - MANO FORTE : dezassete cartas de Luiz Pacheco a António José Forte. Transcrição e apresentação de Bernardo de Sá Nogueira. [Lisboa], Alexandria, 2002. In-8.º (19,5cm) de 168, [8] p. ; il. ; E.
1.ª edição.
Ilustrada com fac-símiles da correspondência em página inteira, ao longo do livro.
Desta primeira edição de MANO FORTE [dezassete cartas de Luiz Pacheco a António José Forte, transcritas e apresentadas por Bernardo de Sá Nogueira], edição Alexandria, fez-se uma tiragem de mil exemplares sobre papel Renovaprint de 90 g., numerados de 1 a 1000, e uma tiragem especial de cento e trinta exemplares sobre papel Renovaprint de 120 g., cartonados, assinados pelo autor, dos quais cem numerados de 1 a 100, e trinta, reservados a bibliófilos e numerados de I a XXX, com estojo e encadernação em tela. Impressão e acabamento nas oficinas gráficas da Editorial Minerva, no mês de Fevereiro de 2002.
Exemplar da tiragem especial de 100 assinado pelo autor.
"Imagens escritas, traçadas à máquina e à mão em carta e postal e enviadas, entre 1961 e 1966, pelo editor-escritor Luiz Pacheco, de Lisboa, Cacilhas, Almoinha (Santana - Sesimbra), Macieira (Sertã), Porto, Setúbal e Caldas da Rainha, ao poeta António José Forte, em Vieira do Minho, Tomar, Portalegre e Santarém; onde se fala da vida (altos, baixos, ramerrame), dos amores, dos amigos e dos inimigos, da escrita (de uns e de outros), de livros, folhetos, postais (lidos, escritos, publicados) e da edição como forma de guerra (principalmente pela sobrevivência), talvez ccom sonhos de fama ou outros, mas tentando sobretudo agarrar o dia a dia - com (ou sem) pessoas, sonhos, vinho, lecas, miragens, textos; textos fortes feitos de  palavras fortes, ao serviço de ideias fortes."
(apresentação)
"Nos anos em estudo, António José Forte dirigia uma biblioteca do Serviço Itinerante da Fundação Calouste Gulbenkian. [...]
Ao longo de todo o período em questão, só muito raramente Luiz Pacheco se esquece de enviar cumprimentos a Amélia, mulher de António José Forte.
Nesta época Luiz Pacheco viveu sucessivamente com duas irmãs - Maria do Carmo (1959-1962) e Maria Irene Matias (1962-1967) -, mães dos seus filhos Luís (n. 1959) e Adelina Maria (n. 1961), a primeira, e Paulo (n. 1963), Maria Eugénia (n. 1964) e Jorge (n. 1965), a segunda.
Em 4 de Outubro de 1961, LP tinha um quarto na Rua Almirante Barroso, 7-1º, "só para este mês. Claro!" (carta II). Regresso a uma rua com recordações, onde vivera alguns anos antes, em meados de cinquentas, no número 44-6º esquerdo. Tudo perto da Estefânia da sua meninice.
Aí LP diz ter quatro empregos. 1 - revisor-chefe na Seara Nova: 2 - revisor-paginador-chefe na Revista Portuguesa de Economia e Finanças; revisor-literário-chefe na Editorial Livros do Brasil; 4 - revisor-aprendiz no jornal "O Século". Três deles, porém, seriam mais empregos em perspectiva que outra coisa: "de todo este grande futuro, só comecei ainda a trabalhar na Seara". Menos de um mês depois, em 1 de Novembro (carta III), informa AJF que perdeu em Lisboa "os empregos todos, com certa alegria"."
(excerto da nota prévia)
Luiz Pacheco (1925-2008). Escritor, editor, polemista, epistológrafo e crítico de literatura português. "Era capaz das loucuras mais desapiedadas, mas também de actos de grande generosidade. Pessoa cheia de contrastes e incoerências, tinha uma enorme facilidade para relacionar-se com os outros e, depois, para cortar relações. Impulsivo e inconstante, aparecia e desaparecia de repente. Capaz de prescindir de tudo e de começar do zero, durante anos viveu em pensões manhosas, de onde muitas vezes era expulso por falta de pagamento. Era um especialista em dívidas e em não as pagar. Conheceu a miséria, o vício e a degradação. Gostava de estar perto dos marginais e das ovelhas ranhosas, porque com aqueles que não têm nada a perder conhecem-se melhor os labirintos da alma humana. Fundador da Editora Contraponto, conhecia bem o campo da edição e o meio das Letras, onde fervilhavam as intrigas e as capelinhas, e contra tudo isso lutou, recusando-se a participar na engrenagem dos manejos literários. Desmascarou os falsos prestígios e maltratou alguns intocáveis da cultura. Alguns viam Pacheco como um apocalíptico, um herdeiro da tradição dos grandes inconformistas. Mas foi simultaneamente um produto do próprio meio literário. Capaz de aparecer nu no meio do Montijo ou de pijama no Largo do Carmo, no 25 de Abril, em torno de Luiz Pacheco criou-se uma lenda, histórias e boatos que circulavam e que quase nunca se incomodou em desmentir, porque, como alguém disse, essa era a melhor forma de chegar a génio."
(www.fnac.pt, apresentação da obra Puta Que os Pariu - A Biografia de Luiz Pacheco)

Encadernação editorial em tela revestida com sobrecapa de protecção, impressa com uma fotografia de Luiz Pacheco da autoria de Luís Ochôa.
Exemplar em bom estado de conservação.
Raro.
Indisponível

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