12 dezembro, 2025

[MIRA, José Paulo de] -
UMA NOÇÃO DA CAÇA DO JAVALI.
Terceira edição. Evora, Typ. Minerva, de A. F. Barata, 1880. In-8.º (21x14,5 cm) de 64 p. ; B.
Terceira edição deste icónico estudo sobre a caça ao javali, publicado sem o nome do autor, nesta edição, e nas que a precederam, respectivamente, de 1872 e 1874. Descreve batidas ao javali, dando especial ênfase à história do Grande dos Grandes, animal de tamanho descomunal, mais tarde apelidado Flor dos Bosques. Em Accrescentamento, ensina o caçador a escolher os melhores cães da ninhada, e a adestrá-los para a caça ao javali. No final, acha-se reproduzido os "Estatutos para a caçada de porcos do dia 9 de dezembro de 1857 e subsequentes para o futuro".
Obra rara e muito procurada. A BNP sinaliza a segunda edição (1874), não mencionando a primeira edição nem a presente.
"A caça do javardo (javali ou porco bravo) é variada na fórma como qualquer outra.
Caça-se o javardo de noite á espera nos montados, quando estes teem bolêta, ou nas scaras quando esteas principiam a amadurecer, até seu final recolhimento. Para isto uzam os caçadores esperistas collar aos canos da espingarda uma mortalha de papel, um trapo fino branco, ou caiar com cal na extremidade dos canos, no sitio onde está o ponto, para com este meio distinguirem mais facilmente o objecto escuro a que destinam o tiro, e isto nas noites de luar, ou mesmo ao frouxo clarão das estrellas.
Para o bom exito d'este modo de caçada é indispensavel que o esperista se colloque em parte contraria ao vento ou aragem, isto é, de maneira que o vento lhe não dê em direcção áquelle sitio, d'onde houver mais indicios ou esperanças da caça lhe poder vir.
Para melhor se poder acertar o tiro de noite, deverá o caçador apontar ao meio do vulto, e ir levantando a pontaria até perder de vista o objecto; em seguida tornar a descer a pontaria, e logo que principie a divisal-o novamente, deve puxar-lhe fogo... [...]
Se, porém, o porco não cae morto no tiro e vai ferido, tem na manhã seguinte de se ir em procura d'elle; para este effeito, deve-se então ir com cão já amestrado n'este objecto de ir cobrar de ferido, (que nem todos os cães, apezar de os acharem bem dentro das manchas, se prestam a seguir n o rasto de um dia para o outro, e é prudente não ir só sem companheiros, em procura de um porco ferido, porque alem do cão indicar para onde o porco caminhou, quando este o ache e lhe ladre, se o porco então não está já morto, e é porco real, é preciso toda a cautela para lhe poder chegar ao pé, e acabar de matar."
(Excerto de Uma noção da caça ao javali)
José Paulo de Mira e Carvalho (1808-1883). "Nasceu na Vidigueira, a 29 de setembro de 1808. Filho do desembargador José Paulo Teixeira de Carvalho e de D. Francisca Peregrina de Mira. Abastado proprietario, entregando se com paixão ao estudo e aos exercicios venatorios. Vivia na sua casa em Evora, e constava que tinha recusado varias mercês honorificas. Os opusculos, impressos por diligencias e instancias de amigos, têem tido limitadissima tiragem, e o auctor deixava os correr sem retoques, observando que elle não os escrevera para o publico mas para se distrahir. Morre em Evora, creio que em 1883 ou 1884."
Obras: Uma noção da caça do javali. Evora, na typ. do governo civil, 1872. 8.º gr. de 43 pag., e 1 de errata. No fim as iniciaes do auctor / Alguns preliminares para a caçada dos pombos bravos. Ibi, na typ. de Francisco da Cunha Bravo, 1873. 8.º gr. de 39 pag. / Um brado contra as monterias de cerco aos lobos na provincia do Alemtejo. Ibi, na mesma typ., 1875. 8.º gr. de 18 pag."
(Fonte: https://ocaodeparar.blogspot.com/2007/02/jos-paulo-de-mira-e-carvalho-1808-18834.html)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Sem capas. Deve ser encadernado.
Raro.
75€

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