09 maio, 2025

BIBLIOTECA DE ARTE EQUESTRE -
DOM DIOGO DE BRAGANÇA, VIII MARQUÊS DE MARIALVA.
. Sintra, Parques de Sintra - Monte da Lua S.A., 2015. In-4.º (27x21 cm) de 143, [1] p. ; mto il. ; B.
1.ª edição.
Catálogo da importante colecção sobre arte equestre que antes pertenceu a D. Diogo de Bragança. "Foi batizada de «Biblioteca Equestre D. Diogo de Bragança» em honra desse notável cavaleiro,  o VIII Marquês de Marialva. D. Diogo de Bragança durante toda a sua vida reuniu documentos sobre a temática e após a sua morte, em 2012, os seus herdeiros venderam o acervo à Parques Sintra.
A coleção abrange os séculos XVI ao XX e integra 1.400 títulos impressos e manuscritos, 165 gravuras e estampas originais e ainda algumas peças raras. Há ainda exposições temporárias que expõem adereços tauromáquicos, retratos a óleo, entre outros elementos.
Esta compilação pretende incentivar a investigação sobre as bases e a evolução da tradição equestre portuguesa e perpetuar uma arte tão portuguesa, através da manutenção do património equino.
Simultaneamente, promove a Escola Portuguesa de Arte Equestre (EPAE) e o próprio Palácio de Queluz.
(Fonte: https://www.viajecomigo.com/2015/05/27/biblioteca-arte-equestre-palacio-queluz/)
Tiragem: 500 exemplares.
Obra lindíssima, de grande esmero e apuro gráfico, impressa em papel de superior qualidade e profusamente ilustrada ao longo do livro com fotografias a p.b. e a cores, reproduzindo retratos, portadas, gravuras, estampas e documentos vários.
Ficha técnica:
Concepção e textos Pedro Maria de Saldanha e Sousa Mello e Alvim. Descrições bibliográficas e iconográficas Pedro Falcão de Azevedo. Colaboração Inês Mineiro Pais; Leonor da Cunha de Sousa Alvim. Fotografia. Ana Luísa Ulrich da Cunha de Alvim; Dom Manuel Empis de Bragança
Exemplar em brochura, bem conservado.
Muito invulgar.
30€

08 maio, 2025

HOMICÍDIO E FALSIFICAÇÃO - A MORTE DO GENERAL DELGADO.
Acórdão do 2.º Tribunal Territorial de Lisboa. «Colecção Scientia Ivridica». Braga, Livraria Cruz, 1981. In-4.º (23,5x18 cm) de 79, [1] p. ; B.
1.ª edição independente.
Processo relativo ao assassinato de Humberto Delgado, o "General sem Medo". Peça da maior importância para a história do "Caso Delgado" e do seu desfecho. Trata-se do famoso, quanto polémico, Acordão do 2.º Tribunal Militar de Lisboa, publicado na íntegra, "lavrado no processo referente ao homicídio do General Humberto Delgado, processo que interessou a opinião pública, com reflexo internacional, e que foi largamente publicitado pela imprensa, quanto ao seu decurso e resultado e aos réus implicados. Além do aspecto substantivo, ocupa-se o acordão de várias questões processuais do maior interesse, que não poderiam ser enunciadas no título. Como todas as decisões dos Tribunais colectivos, o acordão é da responsabilidade legal dos Juízes que o assinaram, mas a sua redacção é da exclusiva autoria e responsabilidade do relator, no caso O M.mo Juiz Auditor."
Inclui a identificação dos 7 réus e a sua intervenção no processo, sendo descrito com minúcia os preparativos do grupo que foi ao encontro do General, e por fim a sua execução.
Separata da Revista Scientia Ivridica, tomo XXX, n.ºs 172-174, Julho-Dezembro de 1981, publicada no mesma ano/mês que a Revista.
Exemplar muito valorizado pela dedicatória autógrafa do Juiz Auditor Alfredo Gonçalves Pereira ao Tenente-Coronel Pimentel Bastos, também conhecido por "Pimbas", antigo comandante do BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70), Guiné.
"O julgamento do assassínio de Delgado e de Arajaryr Campos decorreu no 2.° Tribunal Militar de Lisboa. Dos sete réus, compareceram apenas três: Silva Pais, Pereira de Carvalho e Agostinho Tienza. À revelia, foram julgados Barbieri Cardoso (que a 25 de Abri estava em Bruxelas), Casimiro Monteiro (que escapara de Moçambique para a África do Sul), Ernesto Lopes (que, depois de proferido o libelo acusatório, fugira para o Brasil, aproveitando o estatuto de liberdade provisória que lhe fora fixado) e Rosa Casaco (que, em Outubro de 1975, se fixara no Brasil)."
(Fonte: https://expresso.pt/sociedade/como-matamos-humberto-delgado=f910084)
Relativamente à figura do General, e ao clima vivido durante a sua candidatura às presidenciais de 1958:
"Humberto Delgado era um homem inatacável face à tradicional campanha sectária que a União Nacional desenvolvera em eleições anteriores, defendia uma circular dos seus serviços de candidatura. Ele vinha do sistema e fora um dos cadetes do 28 de Maio. Ora se o exército afastara anteriormente a República da constitucionalidade normal, era justo que agora um dos seus elementos, através de processos legais, reintegrasse o País no rigor constitucional, fazendo vigorar os direitos e garantias que, ainda assim, a Constituição de 1933 expressava. Um discurso que culminaria na célebre conferência de imprensa, do café Chave de Ouro, em Lisboa, ou antes, no dizer da imprensa, "no acto público de propaganda a que assistiram algumas centenas de pessoas que manifestaram a sua vibração em frequentes momentos". Aí, apresentando-se como candidato sem compromissos, Delgado deslumbra a assistência, quando interrogado sobre o seu futuro procedimento para com o Presidente do Conselho, Oliveira Salazar. "Obviamente, demito-o", foi a frase fatal."
(Alves, Jorge Fernandes, O Furacão “Delgado” e a Ressaca Eleitoral de 1958 no Porto, CLC-Centro Leonardo Coimbra da FLUP, 1998)
"Naquele local ermo, nas cercanias de Olivença, por cerca das 15 horas do dia 13 de Fevereiro de 1965, chegou o veículo conduzido pelo réu Ernesto Ramos, transportando o general Humberto Delgado e a sua secretária, Arajaryr de Campos.
Este veículo parou a uma distância da ordem dos 10 metros do veículo com a matrícula falsa EL-44-39.
Nesse momento, apenas Rosa Casaco estava sentado dentro deste último veículo.
Entretanto, o réu Ernesto Ramos convenceu fraudulentamente o general Delgado de que Rosa Casaco era o coronel correligionário político de que lhe havia falado, identificando-o como sendo o único que se encontrava sentado, dentro do outro veículo.
Na sequência desta falsa indicação, o general Delgado saiu do veículo com a matrícula falsa IA-65-40, marca Renault Caravelle e deu alguns passos de aproximação em direcção ao outro veículo.
Quase simultaneamente, Rosa Casaco saiu do veículo onde se encontrava sentado, dirigindo-se, com Casimiro Monteiro, ao encontro do general Delgado.
O réu Casimiro Monteiro ganhara, entretanto, a dianteira a Rosa Casaco.
Encontrando-se muito próximos Casimiro Monteiro e o general Delgado, ter-se-á este apercebido de que aquele encontro era uma armadilha montada pela polícia política.
O réu Casimiro Monteiro, apercebendo-se que o general Delgado descobrira o propósito da missão concebida pela PIDE, empunhou a pistola que trazia, disparando-a por várias vezes contra o general Delgado, atingindo-o."
(Excerto do Acórdão)
Exemplar em brochura, bem conservado.
Raro.
Com interesse histórico e jurídico.
Peça de colecção.
75€

07 maio, 2025

SÁ, João Jorge Moreira de -
ACLARANDO A VERDADE (1910-1940).
Narrativa sucinta de quanto se passou a bordo do "Amélia" na ida para Gibraltar, no dia 5 de Outubro de 1910. [Por]... Vice-Almirante reformado. Lisboa, [s.n.], 1940. In-8.º (22,5x15,5 cm) de 77, [3] p. ; B.
1.ª edição.
Depoimento de João Moreira de Sá, na época imediato do Yacht Real Amélia, que transportou D. Manuel II rumo ao exílio após a eclosão do movimento republicano de 5 de Outubro de 1910.
"Aclarando a Verdade constitui a principal fonte, cremos que a única conhecida, do que ocorreu no iate Amélia no dia 5 de Outubro de 1910, quando da grave opção posta à Família Real sobre o destino da viagem; seguir ou não para o exílio. Mesmo tratando-se de um depoimento pessoal, são textos desta amplitude que permitem aos historiadores compreender o horizonte de esperanças e inquietações com que o rei D. Manuel II se defrontou na hora em que viu o Trono derrubado. A narrativa do vice-almirante Moreira de Sá completa a que José Jacob Bensabat deixou no opúsculo A Verdade dos Factos [1929]."
(Excerto prefácio da edição mais recente do Prof. J. Veríssimo Serrão)
"Alguns amigos, conhecedores dos factos ocorridos a bordo do Yacht «Amélia», a 5 de Outubro de 1910, aconselharam-me e instaram comigo para que, no intuito de aclarar a verdade, relatasse na mais singela e absoluta pureza, quanto ali se passou.
É isso o que vou fazer.
Após vinte e quatro anos de pelourinho, fustigado mesmo por aquêles que sabiam como os acontecimentos se tinham dado e que, por escrúpulo de consciência, deviam sêr os primeiros a autenticá-los, aceitei os conselhos dêsses amigos e, com pesar, resolvi escrever esta resumida narrativa."
(Preâmbulo - Palavras curtas)
"Nos últimos dias do regime monárquico a propaganda republicana fazia-se com desplante e com audácia por todo o país, sem que a necessária repressão a entravasse.
Dir-se-ía que os poderes constituídos, se não a auxiliavam, também nenhuma espécie de importância lhe concediam.
Na imprensa, nos comícios, nos centros de conversação, nos clubes, nos cafés, semelhante propaganda fazia-se às claras, com pertinácia e audácia inacreditáveis, e com tanto maior incremento quanto era certo as autoridades consentirem-na em nome de uma liberdade que tocava as raias da licença e que, estabelecido o novo regime, nunca mais houve.
Sentia-se, palpava-se, pairava em densa atmosfera por tôda a parte e muito especialmente, nos quartéis, entre as guarnições dos navios, actuando no espírito da soldadesca, da marinhagem.
Fora dêste meio, onde quer que se formasse um grupo, aí estava ou surgia inesperadamente um missionário da república.
No Paço, os altos dirigentes afirmavam, todavia, que todo êsse torvelinho, propulsor a agitação do país, era absolutamente inofensivo, não passava de ridícula atoarda.
A família real acreditava nestas calmantes informações, talvez sinceras, mas que, impõe-se dizê-lo, eram demasiado ingénuas e condenadamente irreflectidas."
(Excerto da Narrativa)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Capas levemente manchadas.
Muito invulgar.
30€

06 maio, 2025

DOMINGUES, Mário –
O PRETO DO «CHARLESTON» (novela)
. Lisboa, Livraria Editora Guimarães & C.ª, [1930]. In-8.º (19x12,5 cm) de 276 p. ; B.
1.ª edição.
Capa (belíssima) de Roberto Nobre.
Publicado em 1930 O Preto do «Charleston» é um romance de ficção que retrata a Lisboa boémia dos 'loucos anos 20', o bas-fond da capital e o ambiente licencioso dos clubes e cabarets, que reflecte a experiência do autor como porteiro do Clube Ritz.
Exemplar muito valorizado pela dedicatória autógrafa do autor.
"Tem que esperar um bocadinho, mademoiselle Odette - disse Clara, a gentil empregada do «Cabeleireiro da Moda», muito elegante na sua bata e sorridente na face agarotada, a que uns cabelos curtos, impossivelmente louros, oxigenados, davam um vago aspecto de costureira parisiense.
Odette,a despeito do seu nome e habitos bastante franceses, era, no entanto, suficientemente portuguesa para resignar-se a esperar.
- Se tivesse combinado a sua hora pelo telefone - dizia-lhe Clara - não teria agora a maçada de aguardar a sua vez.
- Não me lembrei a tempo de lhe telefonar . respondeu-lhe Odette - mas não importa, aguardarei um momento.
A empregada retomou o trabalho que interrompera: o meticuloso corte das unhas róseas de uma rapariga magra, esguia, que lembrava um desenho estilizado de magazine."
(Excerto do Cap. I - No «Cabeleireiro da Moda», em pleno Chiado, trava-se conhecimento com duas elegantes)
Mário José Domingues (Ilha do Príncipe, 1899 – Lisboa, 1977). "Foi jornalista, cronista, tradutor e escritor. A sua mãe era negra, natural de Angola, tendo sido levada para a ilha do Príncipe com 15 anos para trabalhar na roça Infante D. Henrique. O pai, António Alexandre José Domingues, era português branco, funcionário dessa roça, e trouxe-o para Lisboa com 18 meses, onde foi criado pelos avós paternos num ambiente de classe média. Realizou o curso de Comércio no antigo Colégio Francês da Rua Álvaro Coutinho. Iniciou a vida profissional nos finais da década de 1910 como ajudante de guarda-livros e correspondente de francês e inglês, e aos 19 anos começou a publicar contos no diário anarquista A Batalha. Em Novembro de 1919, aceitou ser jornalista profissional daquele diário, marcando o início de uma actividade muito intensa na imprensa, até ao estabelecimento da ditadura do Estado Novo, com passagem também por publicações como Repórter X e Detective. Ao longo da sua vida, escreveu novelas, romances, peças de teatro, policiais, ficções de cowboys, aventuras e evocações históricas, com destaque para os títulos Hugo, o Pintor (1923), A Audácia de Um Tímido (1923), Entre Vinhedos e Pomares (1926), Anastácio José (1928), O Preto do Charleston (1930), O Crime de Sintra (1937) e Uma Luz na Escuridão (1938). Para viver das obras que publicava, chegou a assiná-las com nomes ingleses e franceses, ou com nomes de tradutores fictícios."
(Fonte: Wook)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. .
Muito invulgar.
30€

05 maio, 2025

ARTUR, Maria de Lourdes -
O PORQUÊ DE SÃO JOÃO DE ALMADA. [S.l], [s.n. - Composto e impresso na Tipografia Portuguesa, Lda. - Lisboa], 1959. In-4.º (25x18,5 cm) de 10, [2] p. ; B.
1.ª edição.
Conferência proferida no Salão Nobre do Município de Almada em 22 de Junho de 1955, integrada nas festas em honra de S. João Baptista.
"Assim, querem alguns que Almada entre na História pela mão de S. João Baptista. Para eles foi o Santo Precursor que presidiu às manifestações advindas da vitória alcançada pelos cristãos almadenses, no séc. XII, sobre os mouros, senhores de grande parte do território na Península Ibérica desde o séc. VIII.
Como sempre, a lenda cria-a o povo, é ele o seu fautor, transmite-a oralmente através dos séculos até que um dia é escrita por um, por outro e ainda por outros que, se bem que seguindo a mesma fonte informativa, não obstante dão uma versão que tem muito de pessoal; assim as diferenças posto que acidentais, assim os seus distintos cambiantes!...
O caso do S. João da Ramalha em relação com a conquista de Almada aos mouros não se encontra documentada nos livros nem anda na boca do povo pelo que se torna de fácil contestação uma vez dissecados os factos históricos. Se não, vejamos: - Como sabemos, a tomada de Almada aos mouros anda ligada à de Lisboa, como aliás todos os acontecimentos históricos ocorridos nesta.
A pedido de D. Afonso Henriques, do qual foi porta-voz o bispo do Porto, D. Pedro, os cruzados que seguiam com destino à Palestina, aceitam a intervenção na empresa da conquista de Lisboa. Haviam chegado ao Douro a 16 de Junho de 1147 e entram no Tejo 12 dias depois. Entretanto havia passado dia de S. João sem que algo houvesse ocorrido em Almada!...
Depois de concretizadas as negociações, não sem grande dificuldade por serem de proveniência vária os componentes do "Navalis Exercitus Dei", a cidade de Lisboa é tomada pelos cristãos entre os dias 21 e 24 de Outubro.
A História omite o caso de Almada mas refere-se a Sintra e Palmela que capitularam. É natural que o mesmo tivesse sucedido à nossa vila quando os mouros divisaram que no castelo de S. Jorge a bandeira da cruz substituíra a do crescente. É provável ainda que se tivessem posto em fuga tanto mais que haviam experimentado já a violência dos cruzados ao vingarem a morte dos seus companheiros quando certo dia foram pescar àquelas margens."
(Excerto da Conferência)
Maria de Lourdes Costa Arthur (Amora, Seixal (Setúbal), 1924-2003). "Foi uma arqueóloga e feminista portuguesa. Foi a primeira arqueóloga portuguesa a trabalhar de forma sistemática numa ação de salvamento na Quinta de São João no Seixal, em 1950. Anteriormente a ela, a primeira mulher a realizar trabalhos arqueológicos em Portugal foi Vera Leisner em conjunto com o seu marido, Georg Leisner. Com isto abriu-se um precedente da atuação da mulher no campo da Arqueologia em Portugal, com pelo menos sete mulheres a trabalharem na área da arqueologia e da museologia desde a década de 1940."
(Fonte: Wikipédia)
Exemplar em brochura, bem conservado.
Muito invulgar.
Com interesse histórico.
10€

04 maio, 2025

MENDIA, Henrique de -
CATALOGO DESCRIPTIVO DAS PLANTAS FLORESTAES Á VENDA NOS VIVEIROS DA TAPADA DO CAMPO GRANDE -
N.º 1 : 1881-1882. Divisão Florestal do Sul. Lisboa, Imprensa Nacional, 1881. In-4.º (23x15 cm) de 28 p. ; B.
1.ª edição.
Curioso catálogo arbóreo, publicado com o objectivo de vulgarizar o assunto e impulsionar a plantação de árvores por todo o país, dada a sua importância económica. Inclui descrição de 88 plantas disponíveis para venda a preços módicos.
Publicação interessante e muito invulgar. A BNP não menciona.
"Tendo a divisão florestal do sul ampliado consideravelmente os seus viveiros da tapada do Campo Grande e desejando promover por todos os modos a divulgação pelo paiz do maior numero de especies arboreas, a fim de auxiliar e contribuir, quanto em seus meios cabe, para o acrescimo da nossa riqueza florestal, serão postas em venda por preços minimos todas as especies de que consta o presente catalogo. Os preços indicados deverão estender-se para todas as plantas que não excedam de um anno, soffrendo um augmento de 50 por cento o custo de cada exemplar cuja idade for superior a este limite. Terão um abatimento de 20 por cento na sua importancia total todos os pedidos de mais de cem arvores.
As despezas de empacotamento, acondicionamento e transportes correrão por conta do comprador, ao qual serão igualmente fornecidos os vasos que desejar mediante o pagamento do seu custo que nunca poderá exceder 15 réis."
(Advertencia)
Índice:
Advertencia | Coniferas - Idéa geral do seu aspecto, estructura, cultura e utilidades | Arvores folhosas de folha permanente | Arvores folhosas de folha caduca | Additamento.
Exemplar brochado, por abrir, em bom estado geral de conservação. Capa apresenta pequena falha de papel à cabeça, que se prolonga para a 1.ª folha do livro.
Raro.
Sem registo na Biblioteca Nacional.
15€

03 maio, 2025

PEREIRA, Isaías da Rosa -
CONSIDERAÇÕES EM TORNO DA CARTA DE LEI DE D. JOSÉ I, DE 1773, RELATIVA À ABOLIÇÃO DAS DESIGNAÇÕES DE "CRISTÃO-VELHO" E "CRISTÃO-NOVO"
. Lisboa, [s.n. - Composto e impresso nas Oficinas Gráficas da Rádio Renascença, Lda. - Lisboa], 1988. In-4.º (24x17 cm) de 75, [1] p. ; B.
1.ª edição.
Interessante estudo histórico sobre a Inquisição e a proibição real das designações "cristão-velho" e "cristão-novo".
"Analisa a Carta de Lei que aboliu a distinção social entre "cristãos-novos" (descendentes de judeus e muçulmanos convertidos) e "cristãos-velhos". Esta Carta de Lei, assinada em 1773, tinha como objetivo eliminar a discriminação e estigma que pesavam sobre os descendentes de judeus e muçulmanos convertidos, reconhecendo-os como cidadãos de igualdade." (in Dicionário dos Antis: A Cultura Portuguesa em Negativo, Direcção de José Eduardo Franco, Imprensa Nacional, 2018)
"No dia 28 de Maio de 1773, D. José I promulgou uma Carta de Lei, Constituição Geral ou Édito Perpétuo, pela qual suprimia a distinção entre cristãos-novos e cristãos-velhos.
Nos considerandos que pretendem justificar a dita Lei apoia-se o rei absoluto, pela boca do seu ministro omnipotente, nas «consultas e pareceres da Mesa do Desembargo do Paço, do Conselho-Geral do Santo Ofício e da Mesa da Consciência e Ordens», bem como nos pareceres do Conselho de Estado e Gabinete.
Manda outrossim, anexar a esta Carta de Lei duas outras leis, uma de D. Manuel I, expedida no dia 1 de Março de 1507, e outra de D. João III, datada de 16 de Dezembro de 1524, nas quais, segundo diz textualmente o diploma real, se «proibiram a sediciosa e ímpia distinção de cristãos-novos e cristãos-velhos». Estas duas leis quinhentistas eram «de novo publicadas e impressas com esta (de 1773), para fazerem parte dela, como se nela fossem inteiramente incorporadas».
João Lúcio de Azevedo, o historiador que melhor penetrou nos segredos da Inquisição e a estudou sem paixão, refere-se a estes documentos e enquadra-os no processo legislativo da época de Pombal.
Pareceu-nos, apesar de tudo, que o assunto poderia ser retomado, que valia a pena juntar todos estes documentos que não são facilmente acessíveis e acrescentar outros, fazendo algumas considerações críticas, de ordem histórica e jurídica.
A supressão da distinção: cristão velho/cristão-novo, foi uma medida acertada. Ninguém o contestará. Mas os fundamentos invocados pelo Marquês de Pombal - porque foi ele quem preparou tudo e ditou pelo menos o essencial dos documentos - são totalmente fantasiosos, histórica e juridicamente errados. Pairava no ânimo de Pombal um ódio verdadeiramente mórbido contra os jesuítas. Todas as calamidades, todos os regimentos da Inquisição até aí publicados, a própria distinção entre cristãos-novos e cristãos-velhos, os Autos-da-Fé, os «horrores da Inquisição», eram maquinações inventadas pelos jesuítas. Estes até entregaram a Coroa portuguesa ao domínio estrangeiro no ano de 1580 («calamitosos tempos», lhe chama Pombal)."
(Excerto da Introdução)
Índice:
Introdução | Considerandos da Carta de Lei | Decisões Régias | Crítica do documento | Facto que deu origem à Carta de Lei | Conclusão |  Documentos: - Carta de Lei de 1773; - Cópia da carta de D. Manuel I de 1507; - Cópia da carta de D. João III de 1524; - Conclusão da Mesa do Desembargo do Paço; - Assento do Conselho de Estado; - Consulta da Mesa da Consciência e Ordens; - Nota de Salvador S. Cotrim sobre o número de penitenciados desde 1536 a 1732; - Alvará de 1601 que proíbe chamar-se a alguém cristão-novo; - Filipe III, em 1633, manda cumprir as leis que proibiam aos «homens de nação» receber honras e exercer cargos públicos.
Isaías da Rosa Pereira (1919-1998). "Nasceu a 1 de Dezembro de 1919 na freguesia de Salão, concelho da Horta, ilha do Faial, nos Açores. Concluído o ensino primário na escola da sua freguesia, frequentou os estudos secundários sucessivamente no liceu da Horta e no de Angra do Heroísmo, na ilha Terceira.
Em Setembro de 1940 rumou ao Continente para dar entrada na escola de Sargentos Milicianos de Penafiel. A seguir continuou o serviço militar na Terceira nesse período de movimentação acrescida de tropas nos Açores devido às operações da II Guerra Mundial. Foi desmobilizado a 14 de Janeiro de 1946 depois de quase cinco anos e meio de quartel. Entretanto já tinha decidido consagrar-se ao ministério sacerdotal. Logo a 30 de Janeiro seguinte, contando 26 anos, matriculou-se no Seminário Maior dos Olivais, em Lisboa, onde as “vocações tardias” começavam a aparecer. Terminou o curso de Teologia em1950, com 16 valores, e a 29 de Junho desse ano foi ordenado presbítero na sé de Lisboa pelo Cardeal Patriarca D. Manuel Gonçalves Cerejeira.
Paralelamente à sua actividade no Patriarcado, o cónego Isaías da Rosa Pereira exer ceu a docência na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa desde 1973 a 1993.
O Prof. Isaías da Rosa Pereira deixou uma produção bibliográfica muito avultada: mais de 150 estudos de investigação, dos quais uma dezena de livros, e uma centena de artigos e opúsculos de divulgação. Frequentador assíduo e criterioso de arquivos e bibliotecas, pôs a descoberto vasta documentação inédita, indispensável para o melhor conhecimento do nosso passado medieval e moderno. O seu trabalho científico de pesquisa documental e análise histórica privilegiou três áreas: manuscritos canónicos tanto de carácter geral como próprios de autores e dioceses portuguesas na Idade Média; visitações dos arcebispos de Lisboa ou seus delegados às paróquias da diocese nos séculos XV-XVIII; e legislação e actividade do tribunal da Inquisição."
(Fonte: Lusitania Sacra, 2.ª série, 12 (2000) - Crónica: Prof. Isaías da Rosa Pereira (1919-1998), In Memoriam)
Exemplar em brochura, bem conservado.
Muito invulgar.
Com interesse histórico.
20€

02 maio, 2025

FORJAZ, Augusto – PORTUGAL E BRAZIL. Apontamentos para a historia do nosso conflicto com a republica dos Estados Unidos do Brazil. Por Lisboa, Typographia Castro Irmão, 1894. In-8.º (21,5 cm) de 105, [5] p. ; B.
1.ª edição.
Relato documentado do conflito diplomático que opôs o Brasil a Portugal em 1894, consequência do pedido de asilo dos oficiais brasileiros revoltosos e seus homens após a Revolta da Armada, aceite pelo Comandante das forças portuguesas fundeadas na baía de Guanabara, Augusto de Castilho, que muito contrariou o governo brasileiro que havia pedido a sua entrega.
"A fuga dos refugiados brazileiros de bordo das corvetas portuguezas Mindello e Affonso d’Albuquerque e do vapor Pedro III foi, como se sabe, a causa das reclamações do governo argentino (felizmente já resolvidas sem desdouro para Portugal) e, também, uma das causas, talvez a principal, do nosso conflicto com a republica dos Estados Unidos de Brazil, para cuja solução o governo inglez aceitou ser o intermediário. Como consequência d’esses lamentáveis factos, o governo portuguez mandou levantar auto a fim de se conhecer da responsabilidade que possa caber aos comandantes d’aquellas corvetas, os srs, capitães de fragata Augusto de Castilho e Francisco de Paula Teves, e, principalmente, ao primeiro commandante das nossas forças navaes surtas na bahia do Rio de Janeiro, quer com relação á fuga dos refugiados de bordo do vapor Pedro III, quer com respeito ao asylo concedido ao almirante Sandanha da Gama e aos seus officiaes, ordenando mais que o sr. capitão de mar e guerra Lopes de Andrade fosse a Buenos Ayres fazer um rigoroso inquérito sobre todos esses acontecimentos.
[…] muitos dos factos ocorridos não são do dominio publico, uns, porque só d’elles se poderá saber no final do processo, outros porque ainda se não disse como os factos se tinham passado desde que as nossas corvetas sairam da bahia do Rio de Janeiro, e, ainda, porque entre uns e outros há muitas circumstancias que convém tornar conhecidas da opinião publica, para que, antecipadamente, se não façam apreciações menos justas.*
*O facto de haver em Portugal um jornal subsidiado, ou sustentado, por capitaes obtidos no território brasileiro, e de ter elle censurado asperamente o governo d’aquella republica e os actos praticados pelo seu chefe de estado, obrigou-nos também a formular este protesto que, certamente, terá o apoio da opinião sensata. Contudo, e apesar d’isso, este livro não representa antecipadamente manifestação alguma favoravel ao governo brazileiro, ou, principalmente, ao presidente d’aquella joven republica, porque, quando um dia, que necessariamente chegara, se conhecerem os actos por elle praticados durante a sua nefasta gerência, as barbaridades commettidas nos naturaes do paiz e nos extrangeiros ali estabelecidos, as vinganças mesquinhas e perseguições odiosas de que tem lançado mão, atulhando os carceres com innocentes e ordenando que, muitos, fossem passados pelas armas, esse homem há de merecer o epitheto de despota e de usurpador e, também, se não o odio, pelo menos o desprezo das populações civilizadas. Felizmente, porem, esse homem não é o Brazil, republicano ou monarchico, e, por isso, lastimaremos sempre a pouca, ou nenhuma energia,  de que démos provas evidentes, auctorizando, com essa manifestação de fraqueza, o seu insulto, e, terminado, pela falta de critério e seriedade da parte dos nossos representantes, por lhes dar azo a manifestar-nos o seu odio e, o que é mais, a desejar impor-nos a sua vontade! Podemos nós dizer isto, mas nunca os que, por simples intriga ou interesse mercenário, teem lançado mão de expedientes menos dignos, concorrendo, com a sua maneira de pensar e de proceder, para alimentar a corrente de opinião que, contra Portugal, se teem infelizmente manifestado nos Estados Unidos do Brazil e na republica Argentina."
(Excerto do Prologo)
Augusto de Castilho (Lx, 1841-Lx, 1912). "Contra-Almirante da marinha portuguesa. Comandava em 1893, surta no porto do Rio de Janeiro durante a revolta da armada, e recebeu a bordo o Almirante Saldanha da Gama e as guarnições dos navios insurrectos, transportando-os a Montevideo e salvando-os assim de morte certa. Por este facto, respondeu em Lisboa a um concelho de guerra, que o absolveu por unanimidade. Foi ministro da Marinha duas vezes.”
“Em 9 de fevereiro de 1894, a crise política transformou-se em conflito armado. Tropas rebeldes da Marinha desembarcaram em Niterói e tentaram cercar o Rio, mas foram derrotadas pelas forças legalistas. Saldanha da Gama e mais 525 revoltosos buscaram asilo em navios portugueses atracados na baía de Guanabara, o que provocou o rompimento das relações diplomáticas entre Brasil e Portugal, reatadas apenas em 1895, já no governo de Prudente de Morais."
(Fonte: www.franklinmartins.com.br)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Sem capa frontal. F. rosto apresenta mancha de humidade no canto superior direito.
Raro.
Com interesse histórico.
45€

01 maio, 2025

CAMPOS, João Manuel Saraiva de - POSTO PILOTO DE MEDICINA DO TRABALHO MONTADO NA FÁBRICA DA CERVEJA DE COIMBRA. Dissertação de Licenciatura apresentada à Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra. Trabalho sugerido e orientado pelo Excelentíssimo Senhor Professor Doutor Luís Augusto Duarte-Santos. Coimbra, Secção de Textos, 1968. In-8.º (21,5x16,5 cm) de 236, [4] p. ; [10] doc. desdob. ; [1] env. c/ 2 cartões perfurados ; il. ; B.
1.ª edição.
Tese académica inovadora, teve por finalidade estudar as condições de trabalho dos operários da Fábrica da Cerveja de Coimbra (1930-2002), unidade industrial que esteve na génese da Central de Cervejas, tendo o autor privado durante um mês com os seus funcionários, recolhendo inúmeros e preciosos testemunhos.
Saraiva de Campos não se limita à parte médica do trabalho, antes percorre a fábrica descrevendo os vários departamentos, procedimentos e funcionamento da mesma em pormenor, desde a recepção do malte, passando pela linha de enchimento até ao produto final.
Livro ilustrado no texto com desenhos esquemáticos, quadros e tabelas, e em separado, com uma planta da fábrica de grande dimensões (29,5x106 cm) evidenciando todas as secções que a compunham, inúmeros desdobráveis com gráficos e propostas/projectos para um "Dossier Médico" que incluiria exames aos trabalhadores, e no final, um envelope da FCC contendo 2 cartões perfurados - proposta de ficha médica para computador, antecipando o advento da informática aplicada à saúde, e em particular às consultas preventivas.
Trabalho policopiado, raro e muito curioso. A BNP dá suma notícia desta obra com a indicação "Sem informação exemplar".
"A aplicação dos conhecimentos médicos, dos seus métodos, dos seus métodos às diferentes actividades, tornou-se uma necessidade dos nossos dias. Razão do aparecimento da Medicina do Trabalho, Medicina Desportiva, da novel Medicina Especial, etc.
Em toda a actividade industrial a protecção do operário tornou-se indispensável, actividade essa que sentiu a necessidade de uma organização não só científica, mas também humana, que a conduzisse tanto quanto possível a uma correcção de produção.
Sendo o trabalho "o esforço que se dispende para fazer uma coisa" encontra-se rodeado de aspectos de ordem física, social, moral e económica. Podemos considerar nesse trabalho qualquer que seja a tarefa ou profissão:
- O esforço Intelectual (compreensão, reflexão e inteligência).
- O esforço Sensorial (atenção, paciência, habilidade e precisão).
- O esforço Físico (movimento e resistência à fadiga).
Mas, para além disso, o trabalho actualmente representa até certo ponto uma agressão ao operário; mesmo que este se encontre preparado fisiológica e tecnicamente, o perigo do Stress persiste, persegue e acompanha o trabalhador. [...]
É inegável que o desenvolvimento industrial e técnico surgiu para minorar para minorar o trabalho humano, mas também não é menos certo que com a máquina vieram acidentes. Assim como novos produtos químicos passaram a ser utilizados pela própria máquina para o seu funcionamento ou manutenção, acarretaram intoxicações profissionais igualmente inexistentes nessa data.
Além dos acidentes de trabalho da máquina inerentes à sua cada vez maior utilização não é de desprezar os menos aparatosos mas mais frequentes problemas que o automatismo e a grande cadência condicionam; uma fadiga precoce, tanto muscular como nervosa, encaminha o operário incauto e não dirigido para a "surmenage", acarretando esta:
- Menor rendimento
- Maior fadiga
- Mais acidentes
- Maior morbilidade geral
Poderíamos mesmo afirmar, que a máquina criada para beneficiar o homem acabou por o escravizar.
Se o emprego da máquina em regime de elevada cadência, parece num primeiro relance, beneficiar a entidade patronal, veremos que se nos debruçarmos mais atentamente, isso não corresponde à verdade. Pois o prejuízo próximo da saúde do operário, é o prejuízo a mais longo prazo da empresa."
(Excerto da Introdução)
Indice:
Prefácio | Introdução | Fabrico da Cerveja | Apresentação do Dossier Médico | Aspecto geral dos exames efectuados | Exame de entrada tipo | Caso J. A. P. | Alguns casos clínicos | Visitas aos postos de trabalho | Acidentes de Trabalho e Prevenção | Conclusões | Prólogo | Bibliografia.
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas vincadas. Com vestígios de traça na última folha (em branco).
Muito raro.
Com interesse histórico, sociológico e industrial.
Peça de colecção.
150€

30 abril, 2025

FRANCO, Renato -
ENSAIOS (contos).
[Prefacio de Luiz de Magalhães]. Aveiro, Imprensa Aveirense, 1893 [Capa, 1892]. In-8.º (21,5x14,5 cm) de [8], 198, [4] p. ; E.
1.ª edição.
Capa belíssima assinada "Rocha".
Colecção de sete contos marcados por alguma ingenuidade, por certo, devido à juventude do autor, recém iniciado nas lides literárias.
Obra valorizada pela carta-prefácio de Luiz de Magalhães (1859-1935).
Pouco foi possível apurar acerca do autor: Renato Melo Franco, de seu nome completo, seria natural de Aveiro e, de acordo com o Arquivo Histórico da Economia, terá nascido em 10.07.1862 e foi Escriturário de 1.ª classe na Direcção das Obras Públicas do Distrito de Aveiro. Além da presente obra (1893), publicou em 1919, pelo menos, dois artigos na Illustração Portuguesa: Mulheres de Aveiro e Aveiro, Terra Linda.
"- Assim continuas n'essa vida, mulher?
- Ora, deixa-me, deixa-me...
E a snr.ª Philomena, mulher do valente pescador Aniceto, de rosto pallido, olhos no chão, e marrafa a cobrir-lhe a testa, acocorava-se ao pé do borralho para começar a fazer o jantar do meio dia.
O marido resmungava pragas surdas, n'um desgosto pungente, e sahia depois para a rua.
- Vae-te démo negro, desafogava a boa snr.ª Philomena. Nem a gente é senhora das suas acções. Já se não pode amar a Deus socegadamente!
Ha um bom par de mezes que a snr.ª Philomena não deixava a egreja. Percorria em visita continua todas as capellas d'Aveiro e dos arredores, frequentando com fervor todos os sermões e mais officios divinos que se celebravam durante o dia. Depois que ouvira, uma vez, as predicas dos santos missionarios, o seu espirito fraco impressionou-se de tal modo que nunca mais pôde abandonar os santos logares, como ella dizia, para se entregar d'alma e coração a ferrenha beatisse.
Ás tres da madrugada o sino tocava a matinas. Ella saltava logo da cama, vestindo-se á pressa, a correr para a igreja. O marido esse, sobraçando as rêdes, lá ia para a pesca mais o camarada."
(Excerto de Os santos missionarios)
Indice:
I - A meus paes. II - Carta-prefacio. II - Os Santos Missionarios. IV - Passeiando... V - Os ninhos. VI - O Dominó Verde. VII - Illuzões perdidas. VIII - Inexperada fortuna. IX - Olympia.
Encadernação simples em meia de percalina com ferros gravados a ouro na lombada. Conserva a capa de brochura anterior.
Raro.
45€

29 abril, 2025

PORTUGAL MAIOR.
Revista de propaganda das actividades portuguesas e do trabalho dos portugueses no mundo - AÇORES. Número póstumo comemorativo das Bodas de Ouro do jornalista açoriano Armando Ávila. Rio Maior, Composição, impressão e coordenação das Oficinas Gráficas do «Jornal do Oeste», Editoras, 1967. In-4.º (29x22,5 cm) de [44] p. ; mto il. ; B.
1.ª edição.
Importante subsídio monográfico dedicado aos Açores, especialmente à Ilha Terceira, terra natal do homenageado, que também fundou a revista «Portugal Maior», e aos testemunhos e colaboração de personalidades da vida literária local e nacional.
Número especial, com interesse histórico e regional. Sem referências bibliográficas. A BNP não menciona.
Obra muito ilustrada no texto com fotografias a p.b. no texto e publicidade alusiva a produtos e serviços angrenses.
"Pedem-me algumas palavras àcerca do Armando, para serem publicadas neste último número do seu «Portugal Maior». Haveria muito a dizer, certamente,. Mas não quero nem devo alongar-me. Bastará afirmar, com absoluta consciência e verdade, que esta revista foi a sua última paixão. A última... e mais duradoira!
Lutou estòicamente para conseguir a sua publicação, várias vezes esbarrando com incríveis e destrutivas más vontades.
Mas venceu e, desde que a fundou, até que a morte o levou, no passado dia 4 de Março, para ela viveu, dedicando-lhe o melhor do seu tempo, da sua vida, da sua inteligência, da sua já abalada saúde e da sua longa prática do jornalismo."
(Excerto de Palavras de saudade, por Conceição Ramalho)
Índice:
Palavras de saudade, Por Conceição Ramalho | Nasci jornalista e jornalista quero morrer - A morte surpreendeu-o na sua missão | Senhor Santo Cristo dos Milagres | Canção: Os Açores, Por Alice Moderno | Notas históricas sobre a descoberta dos Açores | Sé Catedral de Angra | O mar na História Açoriana | Um conto inédito: Maria Doida, Por João Ilhéu | Ilha Terceira | Lar de Santa Maria Goretti | Biscoito brabo, mistério velho, furnas e algares..., Por Vitorino Nemésio | Missão Sagrada - o último artigo de Armando Ávila, Por Armando Ávila | Mortos ilustres - Jaime Brasil | O Folclore Açoreano, Pelo Padre Tomaz Borba | Ilha Terceira, Pelo Prof. Dr. Vitorino Nemésio | Os "Montanheiros" depararam com 50 salas e cenários de maravilha nos 3.300 metros já explorados da Galeria dos Balcões | Em Angra do Heroísmo foi descoberta uma galeria subterrânea com mais de dois mil metros | Perspectivas da História Baleeira nos Açores | Glória ao Divino!, Por Armando Ávila | Hora alta do pensamento açoriano... Vitorino Nemésio comemorou as suas «Bodas de Ouro» na terra natal | A acção do Prior do Crato nos Açores, Por Correia da Costa | Costumes Açorianos | Angra é poema, Por Carlos Faria | Os pioneiros da Civilização Açoriana, Por Jaime Brasil | O Milhafre ave simbólica do arquipélago dos Açores | Férias nos Açores  - A Baía de Angra, a mais bela das enseadas açorianas.
Armando Borges de Ávila (Angra do Heroísmo, 1900 - 1967). "Foi um jornalista e escritor, pioneiro da redacção e edição de guias turísticos e da promoção turística nos Açores. Nasceu na freguesia da Sé, filho de Emílio Borges de Ávila, comerciante, e de Elvira Avelar Borges de Ávila, oriundos da ilha de São Jorge. Foi sobrinho de Manuel Borges de Ávila, presidente da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo durante a Primeira República. Fez o seu percurso de educação básica e secundária na sua cidade natal. Iniciou-se no jornalismo em 1916, publicando no Eco Académico, jornal do Liceu Nacional de Angra do Heroísmo. No ano seguinte substituiu Vitorino Nemésio como director do jornal Estrela d´Alva. A partir de então, dedicou-se à atividade jornalística profissional, ora em Angra do Heroísmo, ora em Lisboa. Quando residiu em Lisboa, trabalhou no Diário da Noite, Sports, Diário de Notícias, Capital, Novidades e Humanidade. Nesse período colaborou como correspondente no Diário da Madeira, Correio dos Açores e A União. Em Angra do Heroísmo foi editor do periódico O repórter : semanário de grandes reportagens, humorismo, crítica, arte, desporto e informação, propriedade de Manuel Joaquim de Andrade, que se publicou naquela cidade a partir de 1934. Também nesse período fundou e dirigiu o jornal A República e o Jornal de Angra. Dedicou-se à promoção do turismo, tendo escrito e publicado várias edições do Guia Turístico da Ilha Terceira (1940) e do Anuário Índice das Actividades Económicas do Arquipélago dos Açores e da Madeira (1951). Editou o periódico Portugal Insular (1939). Também fundou e dirigiu o periódico Portugal Maior : revista de propaganda das actividades portuguesas e do trabalho dos portugueses no mundo (1965). Ao longo dos 50 anos de atividade como jornalista defendeu os interesses do arquipélago e empenhou-se na propaganda turística do mesmo. Os trabalhos que publicou foram, essencialmente, crónicas relacionadas com o jornalismo. Armando Borges de Ávila esteve preso por razões políticas, tendo como data da primeira prisão 25 de março de 1943. Foi solto em liberdade condicional em 29 de maio de 1944. Jornalista presente em Lourenço Marques em 1942, foi preso em Lisboa no ano seguinte, quando as autoridades portuguesas souberam que tinha sido enviado para África pela Abwehr em missão de espionagem. Em consequência, quando pretendia regressar de Angra do Heroísmo a Lisboa, o delegado marítimo britânico das forças britânicas em Angra recusou o «navicert» ao navio N/M Lima se ele embarcasse. Para além da vastíssima obra dispersa pelos jornais e revistas, é autor de diversas monografias."
(Fonte: Wikipédia)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Nome e endereço manuscrito, ao alto, na capa, que também ostenta selo de correio.
Raro.
Sem registo na BNP.
Indisponível

28 abril, 2025

PALÁCIO, Maria Pédra -
O MISTÉRIO DO PAÇO DE GIELA OU BABI-GARB : romance
. Arcos-de-Valdevez, 1945. In-8.º (20x13 cm) de 128 p. ; B.
1.ª edição.
Romance moralista; a acção desenrola-se entre Arcos de Valdevez e Lisboa. Os acontecimentos descritos terão ocorrido na realidade.
Maria Pedra Palácio é o pseudónimo literário de Ignacia Maria de Queiroz Vaz Guedes.
"O Paço de Giela é um exemplar notável de arquitetura civil privada medieval e moderna, considerado um dos mais importantes Monumentos Nacionais. A sua origem está profundamente ligada à formação da importante “Terra de Valdevez”. Atualmente é visível a torre medieval bem como o corpo residencial, com janelas “manuelinas” e entrada fortificada, maioritariamente edificado no século XVI. A torre foi construída em meados do século XIV, substituindo uma outra existente já no século XI. Apresenta-se agora totalmente recuperado."
(Fonte: https://www.visitarcos.pt/o-melhor/encontre-se-com-a-historia-no-paco-de-giela)
Obra rara e muito curiosa. A BNP não menciona.
"O Morgado do Pinhal casava uma das quatro filhas que tinha. Era a segunda, uma linda morena, de olhos aveludados, que deixava vários pretendentes a suspirar de pena, por não terem sido preferidos. O Morgado tinha, por esta filha, uma amizade muito particular de que êle se desculpava muito, perante a outras filhas, que se riam e protestavam, dizendo ao pai: Então o paizinho julga-nos invejosas da Raquel? Já se sabe que ela esteve doente, e precisa de muitos carinhos e cuidados.
Mas não era só a doença passada da Raquel que a tornava um ai Jesus do pai. - Além de ser parecidíssima com êle, que era um belo homem, a Raquel compreendia-o muito bem e ajudava-o nos seus trabalhos de lavoura, e na administração da casa. Quantas vezes o morgado ia para as suas enormes propriedades em Ponte do Lima, e a Raquel ficava no Pinhal, em Cardielos, vigiando as vindimas, e de ali ia à quinta de S. João em Deucriste (aldeia Vianense ao lado de Darque), fazer as de lá também. E recebia as pensões dos caseiros, assentando tudo, e ficava com o dinheiro da casa para ir dando a suas irmãs para o govêrno da mesma. O Morgado tinha ficado viúvo aos 34 anos, e dedicava tôda a sua vida às filhas, que êle estremecia, e à administração dos seus bens."
(Excerto do Cap. I)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas com defeitos e pequena falha de papel à cabeça.
Raro.
Sem registo na Biblioteca Nacional.
45€
Reservado

27 abril, 2025

ALMEIDA, Padre Theodoro d’ -
HARMONIA // DA RAZAÕ, E DA RELIGIAÕ, // OU // REPOSTAS FILOSOFICAS // AOS ARGUMENTOS DOS INCREDULOS, //
que reputaõ a Religiaõ contraria á Boa // Razaõ. // Dialogo do Author da Recreaçaõ Filoso- // fica sobre a parte da Metafysica, que // se chama Theologia Natural. // TOMO IX. // LISBOA // NA OFFICINA PATRIARCAL. // M. DCC. XCIII. // Com licença da Real Meza da Commissaõ / Geral sobre o Exame, e Censura // dos Livros. In-8.º (18x11 cm) de [20], 403, [1] p. ; il. ; E.
1.ª edição.
Nono tomo (de 10) que compõem a Recreação Filosófica, obra maior do padre oratoriano Teodoro de Almeida, sendo este volume dedicado ao tema da Metafísica. Obra redigida em forma de diálogo, sendo interlocutores no desfiar da mesma "Baron" e "Theodosio", dedicada pelo autor "Ao Ill.mo e Ex.mo Senhor D. Joseph Maria de Mello, Bispo Titular do Algarve, Confessor de Sua Magestade Fidelissima, e Inquisidor Geral".
Ilustrado com uma bonita gravura no início da obra (Tarde I).
"Sendo as Obras que se imprimem offerecidas ao Publico, convem que este seja informado das intenções de quem lhe faz obsequio de lhe sacrificar o seu trabalho. Eu tenho visto, com confusaõ minha, a acceitaçaõ, que o Publico tem feito dos primeiros trabalhos da minha mocidade, na Recreaçaõ Filosofica, mostrando ser-lhe agradavel o meu intento de vulgarizar o conhecimento das bellezas naturaes, que todos tinhaõ diante dos olhos e poucos viaõ; cresceo com este favor do Publico o desejo de servir, e continuarei com a instrucçaõ sobre a Logica, familiarisando, e illustrando (quanto a materia abstracta soffria) os movimentos do nosso entendimento no descobrimento da verdade. Confirmei estas regras com a Geometria e Mecanica, que formaõ em dois volumes do supplemento á Recreaçaõ. E achando-me já algum tanto fatigado pela idade e pelos acontecimentos, me inclinava a cessar desta fadiga, posto que gostosa. Porém persuasões, que eu por modo nenhum devia desprezar, me fizeraõ pegar outra vez da penna: entaõ o juizo especulativo, e o sangue ainda activo me conduziraõ a pensamentos mais altos, subindo com o discurso á parte superior da Filosofia, que chamaõ Matafysica; e escrevi na Ontologia as Maximas Geraes sobre o conhecimento de tudo o que tem existencia, ainda que naõ seja Materia; e entrando na Pneumatologia, ou Sciencia do espirito, o objecto principal, que se offerecia a meus olhos era Deos; isto he, a parte que chamaõ Theologia Natural: porém neste ponto me achei muitos annos perplexo; e vou a declarar o motivo."
(Excerto de Prefacçaõ)
Indice das matérias, que aqui se trataõ neste Tomo:
[Dedicatória] | [Prefacçaõ] | [Indice das matérias, que aqui se trataõ neste Tomo] | Tarde I. Que as materias da Religiaõ se devem tratar com muito respeito, attençaõ, e cuidado. Tarde II. Do estylo, com que se deve averiguar a verdade nas materias de Religiaõ. Tarde III. Sobre a Existencia de Deos. Tarde IV. Sobre os Mysterios da nossa Religiaõ em commum. Tarde V. Sobre a Lei Natural, e Luz da Razaõ, e necessidade das Leis Positivas. Tarde VI. Sobre a Materia, e Espitito. Tarde VII. Da Espiritualidade, e Immortalidade da Alma. Tarde VIII. Sobre a Religiaõ Revelada commum. Tarde IX. Sobre o Peccado Original. Tarde X. Sobre a Maxima, que diz: Fóra da Igreja ha salvaçaõ. Tarde XI. Sobre o Interesse, que Deos tem nas nossas acçaões. Tarde XII. Sobre o Culto devido a Deos Interior e Exterior. Tarde XIII. Sobre a Immortalidade Divina, e sobre o Fogo vingador da outra vida. | Appendix. Tarde XIV. Sobre a Graça Divina, e Conceiçaõ da Senhora. Tarde XV. Sobre a Confissão Auricular.
Teodoro de Almeida (1722-1804). "Oriundo de uma família de extracção social modesta, de Lisboa, Teodoro de Almeida ingressou na Casa do Espírito Santo da Congregação do Oratório a 11 de Abril de 1735, possivelmente devido à protecção do prepósito da Casa, o pe. Domingos Pereira. Iniciou depois os seus estudos sob a direcção do pe. João Baptista, o autor da Philosphia Aristotelica Restituta, que o influenciará de forma decisiva, definindo-se então o seu interesse pela Filosofia Natural.
Em 1748 foi substituto do mestre encarregue do triénio de Filosofia, o pe. Luís José, cujo docência assegurou a partir de 1751. Neste mesmo ano saíram dos prelos os dois primeiros volumes da sua obra mais importante, a Recreação Filosófica.
A década de 1750 é a da plena afirmação de Teodoro de Almeida, que ganha prestígio crescente como pregador, mas sobretudo como escritor e divulgador de temas científicos. Os volumes da Recreação sucedem-se a ritmo veloz, publicando-se o sexto em 1762. Em 1752 o pe. João Baptista inicia as conferência de Filosofia Experimental - ou Filosofia Natural - na Casa das Necessidades, beneficiando do excelente equipamento de laboratório doado à Congregação por D. João V, nas quais o seu discípulo viria a ter papel de destaque. As conferências eram abertas ao público e foram um sucesso, chegando a registar mais de 400 assistentes, entre os quais o próprio monarca. Todavia o fenómeno ficou algo a dever à curiosidade de salão, sem que todos os que a ela assistiam pudessem ter a percepção do que estava realmente em jogo do ponto de vista científico.
Enquanto expoente desta popularidade da divulgação científica, Almeida foi alvo de várias críticas e polémicas, sendo acusado de desvios em relação à ortodoxia religiosa e de ser plagiário. De entre os que vieram em sua defesa salienta-se o jesuíta Inácio Monteiro, autor de uma obra importante obra pedagógica também.
Na década seguinte alguns dos Oratorianos mais influentes conheceram a perseguição de Pombal. Teodoro de Almeida foi forçado a exilar-se em 1768, continuando a desenvolver uma acção pedagógica importante em França. Regressou a Portugal em 1778, logo após o afastamento de Carvalho e Melo, embrenhando-se nos anos seguintes na revitalização do Oratório, na escrita e nos cursos.
É também um dos elementos do grupo que organiza a criação da Academia das Ciências de Lisboa, que se apresenta a público com uma Oração de Abertura de sua autoria, proferida a 4 de Julho de 1780; nela comparava o atraso do país em matéria científica ao reino de Marrocos, suscitando uma violenta reacção dos sectores intelectuais ligados ao pombalismo, expressa em várias cartas anónimas que vituperavam o orador e a nova Academia.
Continuou depois a Recreação, cujo plano editorial se concluiu com a publicação do volume X em 1800. Esta última fase é porém já dominada por um conservadorismo que reage às repercussões políticas do ideário das Luzes, que foi o seu numa primeira fase enquanto não pôs em causa a religião revelada e a ordem social vigente, à qual Teodoro de Almeida se encontrava fortemente vinculado, embora longe da sua componente ultramontana; manifestava-se sim contra os descrentes, pela conservação do seu ideário religioso, como antes de afirmara contra os escolásticos, pela renovação do ideário científico.
Da obra ficou sobretudo o grande projecto enciclopédico que foi a Recreação Filosófica (com os volumes I a VI sobre a Filosofia Natural, o VII sobre a Lógica, e os últimos três sobre a Ética e a Moral), complementada pelas Cartas Físico-Matemáticas (3 vols., 1784-1798), sendo aquela a obra que leva mais longe e ao mesmo tempo marca os limites das possibilidades da Ilustração católica portuguesa. Mas além destas deixou muitos mais escritos, como o Feliz Independente do Mundo e da Fortuna (3 vols., com 2.ª ed. corrigida em 1786), o mais celebrado dos seus livros sobre espiritualidade."
(Fonte: http://cvc.instituto-camoes.pt/ciencia/p47.html)
Belíssima encadernação coeva inteira de pele, gravada com título e entalhes a ouro nas pastas e na lombada.
Exemplar em bom estado geral de conservação.
Raro.
50€

26 abril, 2025

MOURA, Engenheiro Horácio de -
UM ESTUDO SOCIAL : Movimento Nacional de Auto-Construção (ensaio).
Prefácio por S. Ex.cia Rev. ma o senhor D. Ernesto Sena Oliveira, venerando Arcebispo-Bispo-Conde de Coimbra. Coimbra, UCIDT - União Católica dos Industriais e Dirigentes de Trabalho, 1953. In-4.º (23x16 cm) de 215, [3] p. ; mto il. ; B.
1.ª edição.
Interessante trabalho de cariz social, tendo por objecto desenvolver planos para providenciar habitação própria aos operários e aos mais carenciados, tanto no meio rural como urbano, tendo por modelo o programa de (re)construção de habitações seguido por alguns países no pós guerra (1939-45), sendo aqui descritos o tipo de casa/bairros propostos, acompanhados de fotografias e (ou) plantas, bem como as zonas de implementação dos imóveis.
Ilustrado com inúmeras plantas e fotografias no texto.
"O Movimento Nacional de Auto-Construção (MONAC) surgiu no âmbito da União
Católica dos Industriais e Dirigentes do Trabalho (UCIDT). Esta foi criada, em
1952, para responder ao pedido direto de Eugenio Pacelli, o Papa Pio XII, a Horácio de Moura numa das visitas que fez ao Vaticano, no sentido de mobilizar os leigos católicos para a resolução dos problemas habitacionais dos mais pobres. [...]
"O Movimento iniciou as atividades no distrito e na cidade de Coimbra, sendo
as primeiras experiências construtivas realizadas sem qualquer assistência do
Estado. Foram exclusivamente apoiadas e financiadas pelo arcebispo de Coimbra, Ernesto Sena de Oliveira, que foi considerado pela organização como o construtor n.º 1 do Movimento (MONAC, 1960). O Movimento define como estratégia a construção de 2500 fogos espalhados pelo País (Moura e Oliveira, 1953)."
(Fonte: Habitação: Cem anos de políticas públicas em Portugal (1918-2018). Coord. Ricardo Costa Agarez, Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana, Lisboa, dezembro de 2018)
"O mundo do trabalho é, a bem dizer, como fica recordado, um capital e um bem comum pertencente a dirigentes e dirigidos que a uns e outros interesse pôr a render largamente.
E essa é, repete-se, uma das grandes aspirações da UCIDT que, por todos os meios ao seu alcance, fugindo aliás à utopia de pretender igualar em tudo a condição e as situações dos homens, procura todavia aproximá-los, irmaná-los (eu ia para dizer... humanizá-los) cada vez mais pela prática crescentemente perfeita da justiça e da caridade.
No livro referido mostra-se quase à evidência e por maneira prática, como os operários de boa vontade, quando devidamente ajudados por patrões, industriais, dirigentes de trabalho e outras entidades públicas ou privadas, é possível e até relativamente fácil, não obstante a actual escassês dos seus recursos, a aquisição duma casa própria e privativa em condições e com requisitos capazes de fazer da sua vida familiar uma vida verdadeiramente himana que prende umas às outras as almas do mesmo lar e torna o viver comum uma autêntica atracção e delícia a que nenhuma outra se compara."
(Excerto do Prefácio)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Capa ligeiramente oxidada.
Muito invulgar.
Com interesse histórico.
35€

25 abril, 2025

FESTIVAL INTERNACIONAL DO PURO-SANGUE LUSITANO. III Campeonato Internacional : XI Campeonato Nacional Oficial do Cavalo Lusitano. [Homenagem a Fernando d'Andrade]. - Festas de Lisboa : 1991. Hipódromo do Campo Grande : 21, 22, 23 Junho. Lisboa, APSL : Associação Portuguesa de Criadores do Cavalo Puro-Sangue Lusitano, 1991. In-4.º (29,5 cm) de 70, [34] p. ; mto il. ; B.
1.ª edição.
Importante subsídio para a história do Cavalo Lusitano impresso por ocasião do festival internacional dedicado ao cavalo de raça portuguesa, circunstância aproveitada pela organização para homenagear Fernando Sommer de Andrade, recentemente falecido. A última parte do livro é dedicado às coudelarias nacionais criadoras do Puro-Sangue Lusitano. Contém ainda um pequeno artigo  consagrado à Charanga a cavalo do RC da GNR, que só utiliza «Lusitanos».
Muito ilustrado ao longo do texto com gravuras e fotografias a p.b. e a cores, representando maioritariamente belos exemplares da raça.
"O actual lusitano é, como todos sabem, o ramo português daquele que foi célebre nos séculos XVII e XVIII, no Ocidente, com a designação de «Genet d'Espagne».
Conhecido desde a mais alta antiguidade (grutas de Pileta, Malaga, XX milénio A.C.); tido como melhor cavalo na época mitológica grega (Homero, Ilíada, mais de 1 000 A.C.), historicamente assinalado na Grécia (Xenofonte, Guerra do Peloponeso, 369 anos A.C.); valorizado como melhorador por excelência das pesadas raças cavalares do Império Romano, (Columela; Varrão; Paládio; Virgílio; Isidoro;........), foi o melhor cavalo de sela da antiguidade.
Os mouros ao entrarem na Península, reconhecem a superioridade dele em relação aos seus próprios cavalos, (Tarif Ben Tarick, século VIII da nossa Era).
Aperfeiçoado através das lutas constantes entre as diversas tribos Ibéras; entre Ibéros e outros povos de além fronteiras, invasores Cartagineses e Romanos; levado a combater fora da Península pelos mercenários na Grécia, na Itália e na Numidia, ele é, pode dizer-se, a própria essência da Gineta.
A Gineta é a forma de combate a cavalo por meio de evoluções apropriadas para o duelo com a lança contrapesada dos Ibéros (Gymnetes, tribo ibéra do SW da Península Ibérica).
A luta contra os Mouros, do oitavo século da nossa era até ao fim do décimo quinto século e à conquista de Granada, deu-lhe a sua forma definitiva.
Porque a Andalusia dispõe das melhores terras e do melhor clima para a criação cavalar; porque aí perdurou, até mais tarde, a selecção funcional do cavalo ginete, uma vez o último reduto da moirama peninsular, considera-se esta como o berço do cavalo ibérico de tipo sub-convexo, também conhecido como Cavalo Andaluz.
A Península Ibérica, designada pelos Romanos como Hispania, era composta por diversos reinos, cada um como o seu nome, (Leão, Castela, Navarra, Aragão, etc, e Portugal).
Portugal, independente desde 1147, partilhava, pois, com Aragão e Castela, o território Hispânico, em 1492. [...]
«Genet d'Espagne», Andaluz ou Espanhol é, pois, o mesmo cavalo que nós, portugueses, designámos até 1492, como «Cavalo Peninsular», sem mais, acrescentando-lhe a origem - Andaluz, Entremenho ou Português - e, somente quando os espanhóis impuseram a designação de Cavalos de Pura Raça Espanhola àqueles nascidos em Espanha e registados no seu stud book, nos vimos obrigados a designar os nossos como Lusitanos.
Como se sabe, a Lusitania era para os Romanos a quasi totalidade do actual território de Portugal.
O cavalo lusitano é, pois, o ramo português do velho «Ginete Ibérico».
(Excerto de O Cavalo Lusitano, por Fernando d'Andrade)
Índice: - O Cavalo Lusitano, Fernando d'Andrade. - Histoire du Cheval Iberique, Fernando d'Andrade. - The rise of the Lusitano Horse in Great-Britain, Sylvia Loch. - Esgrima de Lança à Gineta, Ruy d'Andrade. - Arte Equestre: Notícia das Festas que os Duques do Cadaval fizeram em 1720 na sua Quinta de Sintra, José Teixeira. - Escola Portuguesa de Arte Equestre, Guilherme Borba. - Programa. - Padrão da Raça Lusitana. - The Standard for the Lusitano Breed. - Modèle de la Race Lusitanienne. - Selecção Funcional dos Cavalos Novos, Fernando d'Andrade. - Regulamento.
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro.
Sem registo na BNP.
25€