19 fevereiro, 2025

FERREIRA, Luiz Feliciano Marrecas - 
EFFEITOS DOS TREMORES DE TERRA NAS FABRICAS DE ALHANDRA. 
Pelo Engenheiro Chefe da 3.ª Circunscrição Industrial... Boletim do Trabalho Industrial - N.º 32. Lisboa, Imprensa Nacional, 1909. In-4.º (25x16 cm) de 7, [1] p. ; B.
1.ª edição.
Relatório do responsável técnico do Estado após o sismo ocorrido a 23 de Abril de 1909, com epicentro localizado na costa do Algarve, que atingiu Lisboa, mas sobretudo, a região de Benavente (razão pelo qual foi baptizado com o nome dessa vila), Samora Correia e Salvaterra de Magos, já no Ribatejo. Morreram mais de 40 pessoas e registaram-se cerca de 70 feridos.
Trabalho interessante sob o ponto de vista histórico e técnico. Raro. A BNP não menciona.
"Segundo as noticias recebidas dos diversos pontos em que se fez sentir a catastrophe a povoação da margem direita do Tejo mais damnificada foi Alhandra, importante centro fabril, não constando, até o momento em que escrevo, de qualquer fabrica situada noutra região que tivesse soffrido qualquer damno digno de nota.
Impunha-se-me, portanto, como dever a visita ás fabricas da localidade, indo lá investigar especialmente se do estado de ruina das edificações poderia resultar prejuizo para os operarios e quaes as providencias a prescrever, se remedio efficaz não houvesse já sido dado.
Direi, antes da succinta descrição a que vou passar, que vi nos empregados superiores d'ellas a maior solicitude por tudo o que respeita á segurança dos seus operarios e que não ha absolutamente ponto algum onde, com perigo para estes, a laboração tenha continuado.
São quatro as fabricas ali existentes, versando a laboração sobre:
Cimento, fabrica de Antonio Moreira Rato & Filhos.
Ceramica, fabrica de Chamusco & Tavares.
Linho e juta, Companhia Fabril Lisbonense.
Fiação e tecidos, Fabrica de José Ferreira do Amaral."
(Excerto do Relatorio)
Luís Feliciano Marrecas Ferreira (1851-1928). "Nasceu em Évora a 1 de julho de 1851 e faleceu a 4 de junho de 1928. Formou-se em engenharia militar na Escola do Exército, tendo seguido a carreira militar no Exército. Especializado em Matemática, foi lente da Escola do Exército e do Instituto Industrial e Comercial de Lisboa. Na Academia das Ciências de Lisboa foi eleito sócio correspondente da classe de Ciências Matemáticas, Físicas e Naturais a 1 de abril de 1880, passando a sócio efetivo a 13 de março de 1905, integrando a 1.ª secção (Ciências Matemáticas). Na Academia, foi eleito vogal do Conselho Administrativo a 16 de dezembro de 1909 e a 17 de dezembro de 1918, tendo sido, segundo uma anotação no seu processo, também eleito membro do mesmo Conselho Administrativo entre 1911 e 1914."
(Fonte: https://arquivo.acad-ciencias.pt/details?id=20723&detailsType=Authority)
Exemplar brochado, por abrir, em bom estado geral de conservação. Cansado. Capas frágeis, com defeitos e pequenas falhas de papel.
Raro.
Com interesse histórico e regional.
Sem registo na Biblioteca Nacional.
20€

18 fevereiro, 2025

BARROS, João de -
TEIXEIRA DE QUEIROZ (Bento Moreno).
Por... Lisboa, Sera Nova, 1946. In-8.º (19,5x12 cm) de 37, [1] p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Apontamento biográfico de Teixeira Queiroz (1848-1919), escritor minhoto, natural de Arcos de Valdevez, associado à escola literária do Realismo, conhecido sobretudo pela sua obra de cunho analítico sobre os costumes rurais e citadinos, distribuídos por duas séries de romances/contos - Comédia do Campo e Comédia Burguesa. Trata-se de um ensaio sobre a vida e obra do ilustre romancista lido no Instituto Minhoto de Braga, em Fevereiro de 1945.
Ilustrado com o retrato do biografado - por António Carneiro - em página inteira.
"Aceitei com alegria o honroso convite do Instituto Minhoto para falar do romancista, do novelista e do contista que, segundo creio, melhor do que ninguém revelou e interpretou na sua obra literária a alma encantadora do Minho e de sua gente - porque nesta cidade, de Braga, de tão minhoto sabor, creio existir o ambiente mais adequado para essa, aliás breve e imperfeita, ressurreição literária.
Foi também Teixeira de Queiroz um intérprete de agudíssima sensibilidade, perante os fenómenos complexos da existência citadina pois as suas aspirações literárias não se acomodavam dentro de qualquer espécie de doutrina ou de intuito regionalista. Pelo contrário... E seja-me permitido afirmar que estava e ficava assim na atitude que mais fàcilmente e mais plenamente o levaria a evocar figuras, tipos e aspectos da província onde nascera e que tanto amara."
(Excerto do Ensaio)
João de Barros (1881-1960). “Foi um dos mais prestigiados pedagogos republicanos e, pode dizer-se, o principal ideólogo da escola republicana. Com uma vida inteira dedicada à causa pedagógica sempre pugnou por uma educação anti-dogmática e anti-autoritária e pela laicização da escola, combatendo a tradição jesuítica que influenciara, durante séculos, educação portuguesa. Ministro dos Negócios Estrangeiros, no governo de José Domingos dos Santos, de 22 de Novembro de 1924 a 15 de Fevereiro de 1925. Autor de «A República e a Escola» (1913) e «Educação Republicana» (1916).
Exemplar brochado, por abrir, em bom estado de conservação.
Invulgar.
10€

17 fevereiro, 2025

BASTOS, José Joaquim Rodrigues de -
OS DOIS ARTISTAS OU ALBANO E VIRGINIA.
Pelo Conselheiro... Segunda edição. Porto: Na Typographia de Sebastião José Pereira, 1853. In-8.º (201x13 cm) de 242, [2] p. ; E.
Romance moralista ao gosto da época, exemplo típico da escola romântica.
"Em todas as idades o homem precisa de ser verdadeiro; mas esta precisão é ainda maior, se é possivel, quando elle está proximo a comparecer no Tribunal Divino. Assim, eu devo esperar que se me dê credito, ao protestar  que nada do que digo é allusivo a pessoa alguma.
Puz-me a caminho, e não vi nem me importaram pessoas; e para que me haviam ellas de importar? O escriptor moral deve esquecêl-as ao pegar da penna, para melhor avaliar as cousas: deve fechar os olhos a tudo, menos á razão, á justiça e á verdade.
O amor póde cegal-o, o odio extravial-o. As paixões são escolhos, de que o prudente navegador se afasta, para não correr o risco de naufragar."
(Excerto do Prefacio)
"O esculptor tinha um filho, Albano, que já em tenra idade dava grandes esperanças; e, querendo formar-lhe o coração antes do espirito, levava-o todos os dias aos templos, e lhe dava algum dinheiro com que elle podesse fazer suas esmolas, não se enfadando de lhe repetir, que nem ha verdadeira devoção sem caridade, sem verdadeira caridade sem devoção. [...]
Lembrando-se de que os antigos imprimiam na sua mocidade as regras de viver e a sciencia dos costumes, por meio de breves e vivas sentenças, que se retinham sem fadiga, e se repetiam com prazer, entregou-lhe uma judiciosa collecção de maximas, determinando-lhe que decorasse todos os dias uma porção d'ellas, de que lhe tomaria conta, e ficou admirado, quando, passadas vinte e quatro horas, vio que as tinha decorado todas."
(Excerto do Cap. II)
José Joaquim Rodrigues de Bastos (Conselheiro) (17477-1862). "Nasceu a 8 de Novembro de 1777 em Moutedo, Valongo do Vouga, e veio a falecer no Porto a 4 de Outubro de 1862. Matriculou-se em Direito na Universidade de Coimbra e formou-se em 1804, passando a exercer a advocacia no Porto. A partir de 1812 envereda pela magistratura ao ser nomeado Juiz de Fora em Eixo e vilas de Paus, Óis da Ribeira e Vilarinho do Bairro. Em 21 de Novembro de 1823 é nomeado Corregedor e Provedor da Comarca do Porto e, no ano seguinte, a 9 de Abril de 1824, é ordenado Cavaleiro da Ordem de Cristo. De 22 de Junho de 1825 a 16 de Agosto de 1826, exerce as funções de Desembargador da Relação e Casa do Porto, posto o que foi Intendente Geral da Policia da Corte e do Reino, em 1827, e tomou o título de Conselheiro. A 25 de Outubro de 1826 a Infanta regente, D. Isabel Maria, nomeia-o Fidalgo da Casa Real. Politicamente, milita nas fileiras do Partido Liberal Conservador, sendo eleito deputado pela Província do Minho em Dezembro de 1820, e tendo participado nas primeiras Assembleias Gerais Legislativas portuguesas. Em 1833 abandonou em definitivo a vida política e passou a dedicar-se, exclusivamente, à literatura e a estudos religiosos. Obras publicadas: “Colecção de Pensamentos, Máximas e Provérbios” (1847); “Meditações ou Discursos Religiosos” (1842); “A Virgem da Polónia” (1849); ”Os dois artistas ou Albano e Virginia” (1853); ”O Médico do deserto” (1857); “Biografia da Sereníssima Senhora Infanta D. Isabel Maria”.
(Fonte: https://agueda.bibliopolis.info/Catalogo/Autores-Locais/ModuleID/1497/ItemID/1068/mctl/EventDetails)
Encadernação meia de tecido com cantos em pele e rótulo com dourados na lombada. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Carimbo e rubrica de posse na f. rosto.
Raro.
20€
Reservado

16 fevereiro, 2025

TORRES, Francisco Pinheiro -
"ADEUS, SENHOR DOUTOR" (coisas de Coimbra).
2.ª Edição. Coimbra, Coimbra Editora, L.da (Antiga Livraria França & Arménio), 1923. In-8.º (18 cm) de 49, [1] p. ; B.
Interessante visão poética da Coimbra estudantil, originalmente publicada em 1898. Esta reedição, organizada por Alberto Pinheiro Torres, irmão do autor - estudante de medicina - é uma homenagem à sua memória, patente no comovente preâmbulo - Duas palavras - que precede o poemeto.
"Á familia do malogrado auctor do «adeus, Senhor Doutor», foi solicitada auctorisação para a sua reimpressão.
A principio hesitamos porque o poemeto nem revella, nem define a personalidade de meu irmão Francisco, dotade de invulgares qualidades de talento, sobejamente demonstradas n'uma vida infelizmente curta, mas fecunda, de trabalho intteligente e honrado. [...]
Francisco Pinheiro Torres que depois da formatura até à sua morte, que ainda hoje choramos, se consagrou quasi exclusivamente ao seu lar, aos seus doentes, de quem era médico e amigo, e aos pobres, numa obra superior de bondade e de beleza moral, viveu exaustivamente, como poucos, a vida pitoresca, poética, alegre e suave dessa incomparável Coimbra, para onde não raro se volvem nossos cansados e saüdosos olhos. [...]
Buliçoso, saltitante, em perpétua vibração, era um fósforo a arder, como de nosso Pai dizia Camillo.
Eu, que fui seu companheiro, durante alguns anos, na inolvidável casa da rua da Trindade, a que tão ternamente se refere, sei como é sincero, bem do coração e como se resume todo o poemeto o sentidíssimo verso
Tenho a alma pegada a tudo isto!! [...]
Dêsse amor a Coimbra brotaram estes versos, repassados de emoção e de saüdade. Dessa romagem de alguns anos pela Lusa Atenas, como então se dizia, ficou êste poético roteiro, que é ainda actual, apesar de volvido um quarto de século, como o revela a amável e penhorante insistência para esta segunda edição.
Nestas páginas, estuantes de seiva e mocidade a cantar, revive, deliciosa, a amável tradição de Coimbra."
(Excerto de Duas palavras)

"Partir, partir e nunca mais voltar!
Partir, dizer adeus e nem pr'a traz olhar!
Não vão meus olhos ficarem por ahi.
Antes ficassem. Que n'esta terra eu vi
correr sorrindo a minha Mocidade,
de Santa Clara ao Penedo da Saudade.
Coimbra, toda cheiinha d'estudantes,
que á guitarra choram seus descantes.
Toda cheia de tricanas pelo Rio
Onde as lagrimas d'Ignez correm em fio."

(Excerto do poemeto)

Exemplar em brochura, bem conservado.
Raro.
25€

15 fevereiro, 2025

CARVALHO, João Vasco de -
MONOGRAPHIA DA FREGUEZIA RURAL DE OVAR, CONCELHO DE OVAR, NO DISTRICTO DE AVEIRO. Pelo agronomo... Boletim da Direcção Geral da Agricultura. Undecimo Anno : N.º 5 - Ministerio do Fomento. Coimbra, Imprensa da Universidade, 1912. In-4.º (24x16 cm) de 72, [4] p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Estudo monográfico sobre Ovar e o seu concelho, com interesse histórico, rural, social, geográfico, etimológico e etnográfico.
Curioso. Invulgar e muito importante.
Ilustrado com tabelas e quadros estatísticos no texto.
"Quem ha ahi, em Portugal, que não conheça Ovar, ao menos por tradição?
Quem ao invocar aquelle nome não se recordará do typo caracteristico, inconfundivel, da ovarina que, de saias engueifadas, pé descalço, grandes arrecadas de oiro, giga á cabeça, moireja pelas ruas de Lisboa, atroando os ares com os seus pregões?
Quando o seu andar lesto e sacudido contrasta com o passo indolente e incerto da lisboeta.
É que é gente robusta, de admiravel arcaboiço, como a inglêsa, que assenta o pé com ar senhoril, em attitude de desafio. Adivinha-se nella uma força invejavel - a força que provém de uma saude de ferro. Ovarinas lhes chamam uns, varinas outros. [...]
A composição ethnica da população não tem soffrido alterações dignas de nota.
Por decreto de 24 de outubro de 1855 os limites do termo da freguezia soffreram uma importante alteração: a Costa Nova do Prado, povoação importante e frequentada praia de banhos, e o sitio da Gafanha que faziam parte da freguezia de Ovar, por decreto de 31 d e dezembro de 1853, foram por desistencia do bispo de Porto incorporados na freguezia de Ilhavo.
A propriedade rustica de ha 30 annos a esta parte tem-se dividido muito e continua a manifestar accentuada tendencia para o retalhamento. [...]
As culturas teem soffrido notaveis variantes de então para cá: o trigo, o centeio, a cevada, a aveia e o arroz e ainda as pastagens e pinhaes occupavam quasi exclusivamente o solo aravel da freguezia, salpicado aqui e alli, nos sitios mais lenteiros e fundaveis, por nesgas de hortas e alguns linhares.
Hoje a feição é mui diversa."
(Excerto de I - Introducção)
Indice:
I. Introducção. II. Estado actual da freguezia: 1.º - Situação topographica. 2.º - Territorio e clima. 3.º - População. 4.º - Predios urbanos. 5.º - Predios agricolas. 6.º - Agricultura: Culturas hortenses: - do milho; - do arroz; - da junça, bajunça e caniço; da vinha. Mattas; Gados; Apicultura; Caça; Pesca. 7.º - Exploração agricola. 8.º - Industria. 9.º - Commercio. 10.º - Exploração conjuncta. 11.º - Capitaes. 12.º - Trabalho. 13.º - Hygiene. 14.º - Instrucção. 15.º - Previdencia. 16.º - Assistencial. 17.º - Estado moral e social. 18.º - Conclusões.
Exemplar brochado, por abrir, em bom estado geral de conservação. Capas manchadas, com pequenos cortes.
Raro.
25€

14 fevereiro, 2025

FLAMMARION, Camillo -
CURIOSIDADES ASTRONÓMICAS.
Compilação, simplificação e versões de Moraes Rosa. Bibliotheca de Educação Moderna - XXI. Lisboa, Livraria Internacional Abel d'Almeida, [191-]. In-8.º (18x11,5 cm) de 152, [8] p. ; il. ; E.
1.ª edição.
Curioso estudo publicado na aurora do século XX, dá-nos conta do estado da ciência cosmográfica na época.
"O conhecimento das maravilhas do Universo constitue uma sciencia muito vasta, sem duvida muito árdua para quem se lhe queira dedicar inteiramente; mas as suas noções elementares podem adquirir-se sem fadiga, e até comprazer, por méra distracção.. [...]
Durante longos séculos, a illusão criada pelas apparencias enganou os observadores sobre a realidade dos movimentos celestes, sobre a natureza dos astros, e, principalmente, sobre a posição e as condições de estabilidade do nosso planeta. Julgava-se que a Terra estava immovel no centro do Universo, que era a base e o fim de toda a Criação., que o céo e a Terra eram dois dominios absolutamente estranhos um ao outro."
(Excerto de Primeiras aspirações astronómicas)
Indice:
Primeiras aspirações astronómicas | A contemplação do céo | As constellações | As estrellas, sóes do Infinito (Viagem pela Immensidade) | Os doze movimentos da Terra | Como se mediu a Terra | Como se pesou a Terra | Como se mediram as distancias á Lua e ao Sol | Como se mede a distancia aos planetas e ás estrellas | Como se pesam os astros | A gravidade sobre os outros astros | Em que anno começou o século XX? | Curiosidades e imperfeições do calendário | Porquê não foi bissexto o anno de 1900? | Projecto de reforma do calendário | O Tempo | Um século | Podem vêr-se as estrellas em plen o dia? | A invenção do telescópio.
Camille Flammarion (1842-1925). "Denominado "Poetas das Estrelas", "Poeta da Astronomia" ou "Poeta dos Céus", Nicolas Camille Flammarion nasceu em Montigny-le-Roi, uma zona localizada a Leste, no interior de França, no dia 26 de fevereiro de 1842. Criança com aptidões excecionais, com 16 anos, depois de ter escrito uma Cosmogonia Universal de 500 páginas, foi admitido no Observatório de Paris. Mais tarde fundou e dirigiu o Observatório de Juvisy, tendo também sido o fundador da Sociedade Francesa de Astronomia. Célebre como astrónomo, pelas suas pesquisas relativas a estrelas duplas e múltiplas e a topografia de Marte, foi nomeado Comandante da Legião de Honra, uma das maiores condecorações não-militares de França. Espírita convicto e amigo próximo de Allan Kardec, conta entre as obras de que foi autor, uma considerável e rica produção espírita."
(Fonte: https://feportuguesa.pt/180-anos-sobre-o-seu-nascimento-camille-flammarion/)
Encadernação editorial com ferros gravados a seco e a negro e branco nas pastas e na lombada.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Lombada apresenta pequenos orifícios de traça que não tem continuidade no miolo do livro.
Muito invulgar.
15€

13 fevereiro, 2025

GONÇALVES, Cetano -
CORRECTIVOS DA GRANDE GUERRA NO IMPERIALISMO EUROPEU.
Conferencia preparatoria do II Congresso Colonial Nacional realizada na Sociedade de Geografia de Lisboa em 5 de Maio de 1924. Por... Socio da S. G. L. e da Lida Pós-Colonias. Liga Pró-Colonias. Lisboa, Oficinas do «Jornal da Europa», 1924. In-8.º (19,5x13 cm) de 23, [1] p. ; B.
1.ª edição.
Interessante contributo para a história e bibliografia da Grande Guerra.
Raro. A BNP não menciona.
Exemplar muito valorizado pela dedicatória autógrafa do autor a Luís Derouet (1880-1927).
"E foi precisamente o desafio lançado pelo capitalismo alemão aos trabalhadores de todo o mundo, a origem do formidavel prélio, que, entre os anos de 1914 e 1918, ensanguentou a maior parte do globo. Nessa luta, a que foram chamadas as disponibilidades militares de quasi todos os povos e quasi todas as raças, saíu vitorioso o Idealismo, ou seja a força imponderavel dos principios, contra o materialismo grosseiro dos interesses; por outras palavras: venceu o sentimento da solidariedade nos povos ameaçados pela agressão alemã, contra o preconceito da hierarquia, a que pretendeu sugeital-os a politica imperial do pangermanismo. [...]
Disse-se, e é certo, que a ultima guerra foi o choque entre os dois imperialismos, o germânico e o anglo-saxónio, o primeiro disputando ao segundo a hegemonia afirmada em todo o mundo, no terreno dos interesses mercantis."
(Excerto da Conferencia)
Caetano Francisco Cláudio Eugénio Gonçalves (Goa, Bardez, Arporá, 22 de Outubro de 1868 - Lisboa, 23 de Maio de 1953). "Foi um administrador colonial português. Formou-se em Direito na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra e seguiu a Magistratura, fazendo carreira principalmente nos então territórios ultramarinos portugueses. Foi Magistrado do Ministério Público em Angola, na Índia e em São Tomé e Príncipe, Juiz nas Comarcas do Congo e de Luanda, Juiz Desembargador em Goa, Lourenço Marques e Lisboa, Presidente dos Tribunais da Relação de Lourenço Marques e Lisboa e Juiz Conselheiro do Supremo Tribunal de Justiça. Ocupou, também, o cargo de Governador-Geral Interino da Província de Angola de 1910 a 1911, tendo sido antecedido por José Augusto Alves Roçadas e sucedido por Manuel Maria Coelho. Foi eleito Deputado à Assembleia Nacional Constituinte de 1911 pelo Círculo Eleitoral de Angola. Foi, ainda, nomeado Vogal do Conselho Colonial e do Conselho Superior Judiciário. Era Sócio Correspondente da Classe de Letras da Academia das Ciências de Lisboa e Sócio Efectivo da Sociedade de Geografia de Lisboa."
(Fonte: Wikipédia)
Exemplar em brochura, bem conservado.
Raro.
Sem registo na Biblioteca Nacional.
20€

12 fevereiro, 2025

SARMENTO, Augusto -
CONTOS AO SOALHEIRO. Coimbra, Livraria Central de José Diogo Pires - Editor, 1876. In-8.º (19x12,5 cm) de [2], VII, [1], 295, [1] p. ; il. ; E.
1.ª edição.
Conjunto de contos cuja "trama" é desenvolvida a partir de ditados portugueses, que aliás dá o título a cada uma das narrativas, circunstância essa, muito curiosa, que o autor "usa e abusa" em cada uma das histórias.
Obra dedicada a Bernardino Pinheiro (1837-1896), escritor, publicista e político republicano natural de Coimbra.
Rara, interessante e muito bem redigida.
Ilustrada com bonita gravura no verso da f. ante-rosto assinada M. Macedo (Manuel de Macedo) e Alberto.
"Passava já de meia duzia de annos que mestre Vicente da Quelha, ferrador, recebera por legitima esposa, conforme ordena a santa madre egreja romana, a sr.ª Quiteria de Jesus, tecedeira.
Até aqui, dir-se-ha, nada ha que faça espanto; pois esperem, que até ao lavar dos cestos é vindima. Onde começa a coisa a ser falada, é que em todo aquelle tempo nem um nem outro tinham encontrado motivos parra torcer a orelha e não lhes deitar sangue. Aquillo é que era viver como Deus com os anjos! De dia, logo de madrugada, cada qual por seu lado, tractava do grangeio da vida mais por aqui ou mais por acolá; de noite era então a alegria das consciencias tranquillas, expandindo-se em volta da lareira, em que se amanhava o pão quotidiano, ganho com o suor do rosto e sem vergonha do mundo.
Um senão desdizia da perfeição d'aquelle quadro de felicidade domestica; era a falta d'uma cabecinha loira e d'um charlar infantil, que se tornasse o alvo e a provocação dos carinhos mal empregados no gatos maltez, que resonava no escabello, ou no cão perdigueiro, estendido no sobrado. Inda assim havia almas damnadas que diziam que isso era a maior fortuna d'aquelle ditoso par!"
(Excerto de Sapatos de defuncto)
Índice:
Quem conta um conto... | D'um argueiro, um cavalleiro | A gallinha da vizinha | Pela calha ou pela malha | Sapatos de defuncto.
Augusto César Rodrigues Sarmento (1835-dps 1881), escritor e jornalista, foi Governador de S. Tomé e Príncipe entre Agosto de 1886 Março de 1890.
Encadernação simples, lisa, em tela azul. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado geral de conservação.
Raro.
Indisponível

11 fevereiro, 2025

MARTEL, João Filipe Trigueiros de -
O VALE DO TEJO SOB O PONTO DE VISTA AGRONOMICO (subsidios para o seu estudo).
Por... Engenheiro-agronomo. Lisboa, Tipografia Henrique Torres, 1926. In-4.º (25x18,5 cm) de V, [1], 102, [2] p. ; B.
1.ª edição.
Importante estudo sobre o Ribatejo e o seu potencial de desenvolvimento agrário. Trata-se do relatório final do curso de Engenheiro Agrónomo do autor.
"A denominação de Ribatejo ou Vale do Tejo, dada á região da bacia do Tejo compreendida entre os paralelos de Lisboa e Golegã, é duma maneira geral, das mais ricas terras do paiz, e susceptivel ainda de colossal desenvolvimento agrícola, atendendo não só á fertilidade dos seus terrenos, mas ainda á sua situação e visinhança da capital. Com faceis meios de transporte, tanto fluviaes, como terrestres, o Ribatejo compõe-se de aluviões com o faciés geral dos systemas dos grandes rios de margens espraiadas que estendem em grandes planicies, até que a montante da Golegã, a orografia nos indica estarmos já na presença duma outra região com caractéres agricolas bastante diferentes d'aquela que desejamos tratar aqui."
(Excerto de I - Generalidades sobre a agricultura no Valle do Tejo)
Sumario:
I - Generalidades sobre a agricultura no Valle do Tejo. II - Terrenos salgados e operações de dessalgue. III - Irrigações, drenagens e enchugo de terras. IV - Generalidades sobre fontes, lençoes de agua, rapido estudo geologico, tectónico, hydrologico e meteorico do Valle do Tejo a juzante de Santarem. V - Estudo rapido por estimativa d'um caso concreto.
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Com falha de papel na capa.
Raro.
Com interesse histórico e agrícola.
25€

10 fevereiro, 2025

PORTUGUESE POLITICAL PRISONERS.
A British National Protest.
[Foreword: Adeline M. Bedford]. London, L. Upcott Gill & Son, Ltd., 1913. In-8.º (18,5x12,5 cm) de [6], 39, [1] p. ; B.
1.ª edição.
Vigoroso protesto de personalidades inglesas, com destaque para Adeline, duquesa de Bedford e Sir Arthur Conan Doyle, pelo tratamento dado pelas autoridades portuguesas aos presos políticos saídos da revolução de 5 de Outubro de 1910, tendo mesmo suscitado uma exposição ao governo britânico, seguido de encontros e artigos publicados em jornais londrinos sobre o assunto, causando evidente incómodo ao governo republicano.
"The writer of the following pages has had exceptional opportunities of collecting information concerning both the sufferings of the political prisioners and the cynical and inhuman injustice which characterizes the proceedings of the present régime.
During my recent visit to Lisbon, I conversed with people in varying conditions of life, but though their circumstances differed, the report given on the matters treated in this pamphlet was identical. The value and Trustworthiness of the evidence here set forth cannot, in my opinion, be called in question."
(Foreword)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Contracapa apresenta falha de papel no canto superior esquerdo.
Raro.
Com interesse histórico.
35€

09 fevereiro, 2025

ANDRADE, José Maximiano Freire de -
APONTAMENTOS PARA O ESTUDO DA CULTURA MECHANICA EM PORTUGAL. Por...
Lisboa, Tipografia do Comercio, 1920. In-8.º (22x16 cm) de 110, [2] p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Importante ensaio sobre a mecanização da agricultura e a introdução da maquinaria como força de trabalho entre nós, respeitando a extensão das propriedades, solos e relevos nacionais.
Neste estudo o autor faz o ponto de situação da nossa economia agrícola, estabelecendo comparações com aquilo que de melhor se faz lá fora.
Livro ilustrado no texto com fotografias a p.b., tabelas e quadros estatísticos.
"É vulgar, entre nós, ouvir affirmar a individualidades occupando posição proeminente no nosso meio social, que Portugal dispõe de magnificos terrenos aptos á agricultura e que o nosso clima é previlegiado, não utilisando nós as enormes vantagens que essas circunstancias nos proporcionam e deixando sem cultura extensas regiões que bem poderiam ser aproveitadas.
Sendo assim, e dado que a producção agricola do paiz é insufficiente e cara, é ntural a conclusão de que esse resultado se deve ao facto do nosso lavrador ser rotineiro, apegado aos velhos processos, não adoptando aquelles que os progressos da sciencia hoje aconselham. É essa conclusão verdadeira? De modo algum."
(Excerto do Cap. I)
"As actuaes circunstancias da nossa economia agricola justificam e affirmam a necessidade do emprego em Portugal das machinas destinadas á lavoura com tracção mechanica e a possibilidade da sua acquisição por uma parte, pelo menos, dos nossos lavradores.
Mas será a lavoura mechanica possivel em Portugal?
Cremos que nenhuma duvida poderá haver pela resposta affirmativa. Contudo as condições da propriedade, do solo e do clima nas diversas regiões do paiz desde logo nos levam á convicção que teremos de empregar, para conseguir resultados satisfatorios, varias especies de apparelhos, adqueados ás diversas modalidades das nossa condições mesologicas.
Cada typo de propriedade requer machinas apropriadas e assim, no norte, não se poderão normalmente applicar os mesmos apparelhos que porventura prestarão serviços nos grandes latifundios e planicies do sul."
(Excerto do Cap. II)
Exemplar em brochura, bem conservado.
Muito invulgar.
Com interesse histórico e agrícola.
20€

08 fevereiro, 2025

FREITAS, Frederico de -
O FADO, CANÇÃO DA CIDADE DE LISBOA : suas origens e evolução
. Lisboa, [Sociedade de Língua Portuguesa], 1973. In-4.º (23x16 cm) de 13, [1] p. (225-237 p.) ; E.
1.ª edição independente.
Interessante subsídio para a história do Fado, e sua implantação na capital do país.
Conferência proferida na sede da Sociedade de Língua Portuguesa em 7 de Junho de 1973. Separata da revista «Língua e Cultura», n.º 3, tomo III, Setembro-Dezembro de 1973.
"Falar do fado, das suas possíveis origens, não é coisa fácil, devido aos mal-entendidos que na generalidade informam os escritores que se lhe referem.
Querem uns que o fado provenha dos mouros que habitaram a Península; outros situam-no numa origem mais remota, dizendo-o derivar dos Celtas; por sua vez há também os que o julgam produto do período das Descobertas, pintando-se o quadro do nauta viajando sobre mares ignotos, sujeito aos ventos de um destino cheio de incertezas. Então, roído de saudades, da família e da terra que deixou, trocando-a pela aventura, futura sobre a dúvida que o atormenta - a de algum dia voltar - e assim, desse sentimento corroidor de nostalgia e angústia, teria nascido a triste canção do fado, saudosista e fatalista."
(Excerto do Ensaio)
Frederico Guedes de Freitas (Lisboa, 1902-1980). "Foi um compositor, chefe de orquestra, musicólogo e pedagogo português. Foi um compositor prolífico e eclético, tendo-se inspirado nas mais variadas vertentes da música. Foi também um inovador na Composição Musical, introduzindo em Portugal os métodos da Bitonalidade, Politonalidade, Atonalidade e Arritmia, ganhando a admiração de músicos como Maurice Ravel ou Igor Stravinsky, que adotaram também os mesmos métodos, muito depois de Frederico de Freitas. No domínio da composição musical, Frederico de Freitas deixou uma vasta obra que abarca praticamente todos os géneros musicais, incluindo a música para revistas, vaudevilles e operetas e partituras para cinema. Foi autor de estudos de musicologia, professor de música, diretor de orquestra, sócio fundador n.º 11, em 1925, da cooperativa anónima de responsabilidade limitada SECTP, a Sociedade de Escritores e Compositores Teatrais Portugueses, a qual só em 1970, com a revisão dos estatutos, passou a chamar-se SPA, a atual Sociedade Portuguesa de Autores, dado abranger todas as áreas da criação intelectual. Na data do seu falecimento, era Presidente de Honra da SPA, a qual, em 1981, atribuiu ao seu auditório, inaugurado em 1975, o nome de Auditório Maestro Frederico de Freitas."
(Fonte: Wikipédia)
Encadernação inteira de pele, com cercadura e ferros gravados a ouro na pasta frontal. Conserva as capas de brochura.
Exemplar em bom estado de conservação. Texto sublinhado com notas manuscritas a tinta.
Raro.
Com interesse histórico.
35€

07 fevereiro, 2025

CARLOS, Adelino da Palma -
HOMENS DO FORO: A VIDA E A FICÇÃO
. Lisboa, [s.n.], 1954. In-4.º (23x17 cm) de 26, [2] p. ; B.
1.ª edição independente.
Curiosa palestra proferida pelo Prof. Palma Carlos sobre a advocacia ao longo da história, e a forma como ilustres personalidades do meio - nacionais e estrangeiros - vêm a profissão.
Publicada em separata da «Revista da Ordem dos Advogados», Ano 13 - N.os 1 e 2.
Exemplar muito valorizado pela dedicatória autógrafa do autor ao "Exmo Sr. Desembargador Pinheiro da Costa".
"Os advogados...
Estes são, de todos os homens de direito, os mais sacrificados e obscuros.
Os seus momentos de triunfo são fugazes; vivem-se e logo se esquecem, pois não passam de relâmpagos a quebrar a escuridão de uma constante luta.
Não têm honrarias.
Há uns que vencem, à custa de um esforço de todas as horas, a tranquilidade dos seus últimos anos; mas, a par desses, há a multidão dos que soçobram, e que da vida só tiram o prolongar duma agonia...
Todavia, são poucos os que fogem às agruras da profissão; desta profissão de que vos vou falar, no que ela tem de dramático, de vivo, de pungente, de colorido - de humano, enfim; de que vou fazer desfilar, ante os vossos olhos, as grandezas e as misérias; que vou mostrar-nos nos desesperos e nas alegrias que proporciona - menos estas que aqueles, ai de nós! - traçando o quadro duma classe tão desconhecida no seu esforço e na sua luta, dando-vos uma faceta da vida social que, se lhe juntarem outras, permitirá, porventura, que venha a escrever-se o livro do homem contemporâneo."
(Excerto do preâmbulo)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas algo sujas. Assinatura possessória de Pinheiro da Costa na capa.
Adelino Hermitério da Palma Carlos GCC • GCIH • GOL (Faro, 1905 - Lisboa, 1992). "Foi um professor universitário, advogado e político português. "Licenciado em Direito pela Universidade de Lisboa [em 1926], com a nota final de 18 valores, foi delegado da Faculdade de Direito à Federação Académica. Conclui o doutoramento em Ciências Histórico-Jurídicas, também na Universidade de Lisboa, em 1934. Advogado reconhecido, defendeu inúmeras figuras oposicionistas à ditadura, como Norton de Matos, Bento de Jesus Caraça e Vasco da Gama Fernandes. Foi também professor na Escola Rodrigues Sampaio, no Instituto de Criminologia de Lisboa e, como Catedrático, na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, da qual viria a ser director. Foi jubilado em 1975. Em 1949, foi mandatário da candidatura do general Norton de Matos à Presidência da República. Em 1951 exerceu funções como Bastonário da Ordem dos Advogados portugueses. A 16 de Maio de 1974 é nomeado primeiro-ministro do I Governo Provisório, pedindo a demissão a 18 de Julho desse ano. Em 1975 funda o Partido Social-Democrata Português. Foi mandatário e membro da comissão de honra da candidatura do general Ramalho Eanes à Presidência da República (1979). Pertenceu ao conselho consultivo do Partido Renovador."
(Fonte: Memórias da Revolução)
Muito invulgar.
Indisponível

06 fevereiro, 2025

CASTRO, D. João de - MORTE DE HOMEM. Lisboa, Empreza da Historia de Portugal, Sociedade editora, 1900. In-8.º (20,5x12,5 cm) de VIII, 480 p. ; il. ; E.
1.ª edição.
Segunda obra em prosa do autor, oferecida a um seu antigo companheiro de estudos, actualmente sacerdote numa paróquia não identificada. A história será baseada em episódios passados, do conhecimento de ambos, já que, na dedicatória, nota-se a preocupação do autor com algum melindre e tristeza que possa sobrevir ao seu ex-colega com a publicação do romance.
Livro ilustrado com bonitos desenhos encimando o início de cada capítulo.
"Quando n'um ennevoado dia de outubro se espalhou, em Braga, a noticia do fallecimento do velho conde d'Amieira, a população da cidade, impressionada pela surpreza, afadigou-se na curiosidade de conhecer toda a historia d'aquella morte que fazia desapparecer, para sempre, do seu solo theocratico, essa bella figura mundana que no argot ecclesiastico da terra merecera o cognome de «patriarcha dos janotas». Fôra elle, com effeito, o pdarasto de essa geração de casquilhos que por 1840 levou á Braga sacerdotal as audacias das calças de ganga, ás prégas, e de casaca verde com botões amarellos, que semearam a destruição e o panico amoroso nos corações femininos da epocha. [...]
Esta morte subita e desconsoladora de leão decrepito dera logo ensejo á exhibição dos rancores pessoaes que a sua altiva independencia vira crescer, impassivel, em torno de si; e o conego Miranda, que o odiava, chegou a exclamar, na Arcada, n'um grupo que beberricava café á porta do Vianna:
- Ahi têm, os senhores, o castigo d'aquella vida desregrada: morrer sem sacramentos, como um cão, nos braços dos creados!
O velho janota morreram com effeito, como tinha vivido, só, com o seu antigo creado Marçal, n'aquelle casarão da Amieira, que com a sua humida sombra de convento arruinado, entristecia ainda mais a erma rua arrabaldina em que fôra construido. Solteirão inacessivel, Simão Coutinho atravessará uma lenta existencia de setenta annos, com a jovialidade resistente de quem vê e sente superficialmente as coisas do mundo. Amado na mocidade, conseguira encanecer sempre galanteador e janota, sem resvalar nas irrisões da velhice impertinente. A sua palavra, adextrada nos fogos de bengala das palestras dos salões, ganhara, ao envelhecer, um verniz de ironia justa e gentil, que o fazia adorar pelos moços como um avô benevolente e finorio, - especie de camarada primacial que, por um engano physiologico, encanecera antes d'elles. Copiavam-lhe as maneiras, a elocução vagarosa, até o emperrado rheumatico dos gestos; mas o que nunca conseguiram imitar, foi o sorriso que se entrevia atravez das suas patriarchaes barbas brancas, - sorriso perenne como a cicatiz de uma ferida mortal, e cuja significação indefinivel devia por certo explicar o segredo da sua vida."
(Excerto do Cap. I)
D. João de Vasconcelos Sousa Castro e Melo (1871-1955). "Nasceu em Azurara, [Vila do Conde], na Casa de Sant'Ana, em 6/8/1871 e foi baptisado 13 dias depois na Matriz local.
Ficou na história da literatura portuguesa com o nome de D João de Castro. Tornou-se inicialmente conhecido devido à inovadora obra poética, mas salientou-se no romance psicológico de carácteres e na investigação histórica.
Deixou vasta obra (poesia, romance, teatro, etc.), e colaborou desde 1926 até à sua morte, em 1955, com "O Primeiro de Janeiro".
Faleceu na sua casa de Prado em 20/5/1955."
(Fonte: https://jpcmt.blogs.sapo.pt/tag/d.+jo%C3%A3o+de+castro)
Encadernação em percalina com ferros gravados a ouro na lombada. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado de conservação. Com uma ou outra mancha de oxidação nas primeiras folhas.
Raro.
35€

05 fevereiro, 2025

AZEVEDO, Correia de -
PENAFIEL TURÍSTICA.
Edição de Portugal Turístico com o patrocínio da Comissão Municipal de Cultura de Penafiel. [Porto], [Portugal Turístico], 1964. Oblongo (12x17,5 cm) de [32] p. ; mto il. ; B.
1.ª edição.
Monografia-roteiro do concelho de Penafiel, profusamente ilustrada com fotografias a p.b. e dois mapas: - Penafiel : planta da cidade; - Concelho de Penafiel.
"Penafiel é terra antiquíssima. Em 1770 chamava-se vila de Arrifana de Sousa.Até que, por decreto deste anos, foi elevada à categoria de cidade, título que ainda possui.
Por essa altura era uma terra de grande prestígio político e social, o que lhe valeu ser convertida em sede do bispado de Penafiel. Mas a sua importância começou a baixar, desde que em 1778 o mesmo foi extinto e as suas terras reencorporadas, novamente, na jurisdição do bispado do Porto. [...]
Edificada no cimo e nas encostas de uma elevada colina, entre os rios Sousa e Cavalum, a cidade possui alguns miradoiros de largos horizontes e sugestivo encanto que se prolongam para além dos campos e vales que a circundam."
(Excerto de Penafiel)
"Para além dos monumentos e motivos de maior interesse e lugares paisagísticos de maior encanto que tivemos ocasião de referir nas primeiras páginas deste trabalho, vamos conduzir o turista através das terras do concelho, em rápidos passeios, com vista a revelar outros monumentos de natureza civil e religiosa ou colocá-lo em lugares de deslumbrantes panorâmicas.
Relativamente aos monumentos de arquitectura civil, merecem desde já especial referência a Torre e Solar de Coreixas, a Torre da Honra de Barbosa, o portão armoriado dos Brandões na Tapada de Coreixas, as pontes românicas de Rans, Santa Marta e Abragão; e, quanto aos monumentos de arte sacra, algumas igrejas de arquitectura românica de grande interesse artístico e os cruzeiros dos mosteiros de Bustelo e Paço de Sousa, etc.
Os restantes motivos de interesse turísticos surgirão a seu tempo. A caminho, pois."
(O Concelho)
Exemplar em brochura, bem conservado.
Ex-libris de Celestino de Matos Domingues assente no verso da capa.
Raro.
35€
Reservado

04 fevereiro, 2025

VASCONCÉLLOZ, Dr. António Garcia Ribeiro de - O PECCADO ORIGINAL. Discurso pronunciado na Real Capella da Universidade na Festa da Immaculada Conceição a 8 de dezembro de 1895. Pelo... Lente Cathedrático da Faculdade de Theologia, Sócio Effectivo do Instituto de Coimbra e Correspondente da Academia Real de História de Madrid, etc. Coimbra, Imprensa da Universidade, 1895. In-4.º (25x17 cm) de [2], 20, [2] p. ; B.
1.ª edição.
Discurso-ensaio de história religiosa subordinada ao tema do "pecado original". Opúsculo raro e muito interessante, não consta das bibliografias do autor consultadas, nem no acervo da Biblioteca Nacional.
Tiragem: 400 exemplares.
"Entre os dogmas catholicos talvez nenhum tenha sido nos últimos tempos atacado mais cruamente do que o peccado original.
Pode lá admtitir-se um dogma, dizem os racionalistas, que é a completa negação do principio da responsabilidade individual, um dogma que affirma sermos cúmplices num acto, que se praticou, quando ainda não éramos nascidos? Poderá acceitar-se a doutrina, que nos mostra a justiça de Deos fazendo expiar a toda a humanidade um peccado commetido pelos primeiros paes, e deleitando-se em atormentar com castigos terriveis, homens innocentes? Em nome da própria religião natural, em nome da sã philosophia, tal doutrina deve ser rejeitada como absurda, cruel e nefasta.
Isto dizem os adversários da verdade revelada; e terám razão, quando assim fallam? Não, senhores. [...]
Deos por um acto de sua omnipotente vontade creou do nada a matéria. Mediante o concurso das causas segundas, operando em conformidade com as leis, que á sua infinita sabedoria aprouve dar á obra creada, formou no decorrer do tempo o universo. O espaço foi povoado de myríadas de astros, e a nossa terra, átomo insignificante perdido na immensidade da obra universal, viu as suas aguas e a sua atmosphera encherem-se de seres vivos, sapientíssima e providentìssimamente distribuidos em grupos, segundo uma economia admiravel.
Então Deos creou o homem, cidadão simultaneamente de dois mundos bem distinctos: o corpóreo e o espiritual."
(Excerto do Discurso)
António Garcia Ribeiro de Vasconcelos (S. Paio de Gramaços, 1860 – Coimbra, 1941). "Doutor em Teologia (1886) e Letras (1916) pela Universidade de Coimbra, sacerdote secular, «liturgista, filólogo, canonista, arqueólogo e historiador», na extensão da lápide evocativa colocada em 1944 na casa onde nasceu, foi uma personalidade vincada da diocese e da Universidade de Coimbra, onde exerceu o magistério entre 1887 e 1930, primeiro na Faculdade de Teologia e, depois da extinção desta, na Faculdade de Letras, onde se jubilou."
(Fonte: http://dichp.bnportugal.pt/imagens/vasconcelos.pdf)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Capas frágeis com pequenos defeitos.
Raro.
Sem registo na BNP.
 
20€

03 fevereiro, 2025

CORDEIRO, Luciano -
A SCIENCIA DOS PEQUENINOS (carteira d'um pae).
Por... In recto decus. Lisboa, Typographia do Jornal - O Paiz, [1876?]. In-8.º (19x12 cm) de [14], 195, [1], IV, [2] p. ; E.
1.ª edição.
Importante estudo oitocentista, pioneiro, sobre a Primeira Infância. Obra premiada no Congresso Internacional promovido pela Sociedade Protetora da Infância de Paris.
"Não ha de certo pessoa alguma medianamente pensadora que uma vez na vida, contemplando uma creança, deixe de sentir instinctivamente a gravidade afflictiva d'este problema:
«Que futuro se irá gerando n'esta existencia branda e virgem, passiva e lenta? n'esta cabecinha aberta a todas as idéas? n'este pequenino coração indefeso a todas as sensações? n'esta vida em branco que aguarda a luz ou as sombras que lhe queiram verter em cima?
Como se irá preparando um homem ou formando a mulher, n'esta creaturinha fraca, ignorante, inconsciente, indefesa?»
Os grammaticos de certas linguas convencionaram que a palavra creança fosse um substantivo feminino. A verdade porém é que indica uma substancia e não um sexo.
Que homem, porém, ou que mulher, se formarão d'esta substancia fragil, malleavel, limpida, informe; accommodaticia a todas as impulsões; franca a todas as idéas, facil a todos os habitos; absorvadora de todos os exemplos; prestadia a todas as forças, campo aberto a todo o cultivo, e, por conseguinte, a toda a devastação?
Toda a gente tem uma vez na vida occasião de fazer esta pergunta.
Todos conhecem uma certa somma de factos que podem responder a ella.
Sobretudo, todos deviam pensar n'este problema.
É o primeiro problema social.
Primazia chronologica e primazia moral.
Isto vê-se."
(I - Problema de todos os dias)
Luciano Baptista Cordeiro de Sousa (1844-1900). "Nasceu em Mirandela a 21 de Junho de 1844 e morreu em Lisboa a 24 de Dezembro de 1900. Escritor, historiador, político e geógrafo português, fez os seus primeiros estudos no Funchal, Ilha da Madeira, onde se fixou com a família. Licenciado em Letras em 1867, tornou-se professor de Filosofia e Literatura no Colégio Militar de 1871 a 1874. Foi diretor temporário do periódico Revolução de Setembro em 1869. Em 1875 fez parte da comissão encarregada do projeto de reforma do ensino artístico e formação dos museus nacionais. Fundador da Sociedade de Geografia de Lisboa, em 1876, desenvolveu neste âmbito uma extensa atividade. Desempenhou cargos governativos ligados ao ensino. Fundou a Revista de Portugal e Brasil e o jornal Comércio de Lisboa. Era filiado no Partido Regenerador e foi deputado pelo círculo de Mogadouro na legislatura de 1882-1884 e pelo de Leiria em 1884. Foi um administrador, em nome do governo, da Companhia dos Caminhos de Ferro da Zambézia, até à sua morte, tendo sido substituído neste posto pelo seu irmão, José Maria Cordeiro. Deve-se-lhe o impulso à propaganda africanista e ao movimento colonialista. Notabilizou-se pela acérrima defesa dos interesses de Portugal em África tendo ficado célebre a sua atuação quer no Congresso de Geografia Colonial que se realizou em Paris em 1878 quer na Conferência de Berlim em 1884. A sua extensa ação editorial conta com obras publicadas no campo da crítica literária, da história, das questões coloniais, da economia e da política."
(Fonte: www.geocaching.com)
Encadernação em tela decorada com frisos ondulados a ouro nas pastas e rótulos com título e nome na lombada. Conserva as capas originais.
Exemplar em bom estado de conservação.
Raro.
Indisponível

02 fevereiro, 2025

RODRIGUES, Hélder -
CIGANOS.
Percursos de Integração e de Reivindicação da Identidade. O exemplo paradigmático dos Ciganos de Carrazeda de Ansiães. Guimarães, Editora Cidade Berço, 2006. In-8.º (22,5x16 cm) de 171, [1] p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Interessante estudo histórico, social e etnográfico sobre os Ciganos, e em particular a comunidade cigana de Carrazeda de Ansiães, distrito de Bragança.
Livro ilustrado com fotografias a cores da comunidade, quadros, tabelas e gráficos, a p.b. e a cores, no texto e em página inteira.
Tiragem limitada a 750 exemplares.
"Muito se tem estudado e escrito, genericamente, sobre a etnia cigana. No entanto, ainda há um longo caminho a percorrer para que se conheça melhor este grupo minoritário, tão estigmatizado pela sociedade dita não cigana.
Hoje, os ciganos já não deambulam tanto como antigamente, pelas estradas e caminhos, em grandes grupos, a pé ou em filas de carroças. Por incrível que pareça, o desenvolvimento também os tocou e então resolveram fixar-se mais nas localidades, geralmente nos arredores de um vila ou cidade, onde montam o seu acampamento formado por tendas de lona, carroças e carros velhos. Depois, periodicamente, quase sempre em períodos de maior necessidade ou por altura das festas e romarias, é que se deslocam pelas aldeias do concelho, a pedir e a conviver com os locais.
É o que acontece com os ciganos de Carrazeda de Ansiães. Já há longos anos que adoptaram esta terra como sendo a sua "pátria". E como, até à data, não existe qualquer publicação e, por outro lado, eles nos merecem uma atenção especial por nos parecerem pessoas simples e de fácil comunicação, propusemo-nos estudá-los e representá-los neste trabalho, estruturando-o, no entanto, a partir da ciganologia já conhecida, nomeadamente, em relação às suas origens; sua entrada em Portugal e enfim, a partir de estudos no âmbito da história, da língua, da psicologia e de outras ciências.
Depois desenvolvemos privilegiadamente, por ser o objecto principal do trabalho,  o grande capítulo dedicado aos ciganos de Carrazeda, partindo de uma questão teórica que nos parece fundamental: a marginalidade como reivindicação da identidade."
(Excerto do Resumo)
Exemplar em brochura, bem conservado.
Muito invulgar.
25€
Reservado

01 fevereiro, 2025

MENEZES, José Luís Calheiros e -
PROBLEMAS ACTUAIS DA INDÚSTRIA DA CORTIÇA EM PORTUGAL : suas perspectivas de desenvolvimento. Separata do Boletim a Junta Nacional da Cortiça. Lisboa, [s.n. - Composto e impresso na Tip. E. N. P. - Anuário Comercial de Portugal], 1967. In-8.º (21x16 cm) de 43, [1] p. ; [1] f. desdob. ; il. ; B.
1.ª edição independente.
Estudo com interesse para a história da indústria corticeira. Trata-se da tese apresentada pelo autor, com a colaboração da JNC, ao IV Congresso Florestal Mundial.
Ilustrada no texto com 1 diagrama, 2 gráficos, e 14 quadros estatísticos, sendo o último (XIV) em folha desdobrável (16x49 cm).
Exemplar valorizado pela oferta autografada do autor.
"Criada a Junta Nacional da Cortiça diversos estudos se efectuaram acerca da economia corticeira, o primeiro dos quais e de conjunto datado de  Dezembro de 1946 e realizado pelo eng. silvicultor José Luís Calheiros e Menezes, autor desta comunicação. Em 1949 e a pedido da Assembleia Nacional procedeu-se, sob a presidência da mesma pessoa, mas já especificamente, ao estudo da reorganização da respectiva indústria, cujas conclusões pouca atenção mereceram mercê dos períodos de euforia que se sucederam e bem assim do infeliz desejo de tornar popular a orientação político-económica deste sector."
(Excerto da Introdução)
"A cortiça tem o seu habitat, como sabemos, no sul da Europa e no norte de África, ocupando o nosso país posição notória pois ultrapassa os 50% da produção global e vende para o estrangeiro cerca de 95% do que produz e fabrica; daí o lugar de relevo que se lhe reserva nos planos de fomento.
Mas mais, dos inquéritos a que se procedeu resulta a convicção de que se formos capazes de aumentar a área suberícola, o acréscimo da produção terá fácil venda, como alguns exemplos frisantes atestam, nomeadamente no que se refere ao abastecimento de aglomerados para os Estados Unidos..."
(Excerto de I - Portugal e a Cortiça)
Índice:
[Introdução] | I - Portugal e a Cortiça: Produção; Indústria; Comércio. II - Os problemas da actividade. III - Apreciação sectorial: Indústria preparadora; Indústria transformadora simples; Indústria transformadora granuladora; Indústria transformadora aglomeradora; Indústria química. IV - A comercialização da cortiça: A exportação. V - A produção.
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capa vincada.
Muito invulgar.
20€