06 dezembro, 2025

CAETANO, Marcello -
A OPINIÃO PÚBLICA NO ESTADO MODERNO
. Lisboa, [s.n. - Oficinas Gráficas Manuel A. Pacheco, Lda. - Lisboa], 1965. In-8.º (21x15 cm) de 86, [6] p. ; B.
1.ª edição.
Curioso ensaio sobre a "opinião pública", premonitório no que ao tema diz respeito.
Com interesse histórico e político-social.
Exemplar muito valorizado pela dedicatória autógrafa do Prof. Marcello Caetano a Rúben Andresen Leitão (1920-1975), conhecido escritor, ensaísta, historiador e crítico literário.
"Mais enfàticamente nuns regimes, discretamente noutros, a opinião pública passou, a partir do começo do século XIX, a desempenhar uma função capital na vida política das nações. E essa função, com o decorrer do tempo, pode ter variado de carácter mas não diminuiu, longe disso, de valor. Os próprios textos constitucionais a consagraram. É o caso da actual Constituição portuguesa que proclama ser a opinião pública «elemento fundamental da política e administração do País». Dessa verificação de facto parte para declarar que incumbe ao Estado «defendê-la de todos os factores que a desorientem contra a verdade, a justiça, a boa administração e o bem comum» (artigo 22.º). E nesta fórmula constitucional acha-se incluído todo um mundo de problemas cujo exame daria para escrever volumoso tratado...
Aliás, o primeiro problema está em saber o que seja a opinião pública."
(Excerto de I - O que é a opinião pública?)
Índice:
Nota prévia | I - O que é a opinião pública? II - Estrutura e dinâmica de opinião pública. III - Formação da opinião pública nas correntes profundas. IV - ... nas correntes intermédias. V - ... e nas superficiais. VI - Influências recíprocas dos três níveis de correntes de opinião. VII - A expressão espontânea da opinião pública. VIII - O apuramento sistemático das opiniões. IX - O Estado moderno. X - Funções políticas da opinião pública. XI - Inserção da opinião pública na orgânica do Estado. XII - O dever de informação pelos governos. XIII - A participação dos governados na política e na administração. XIV - Governo e opinião pública. XV - Conclusão. | A Informação Internacional | Responsabilidades da Informação.
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas "empoeiradas". Contracapa apresenta pequeno rasgão no pé (sem perda de suporte).
Invulgar.
25€

05 dezembro, 2025

ABREU, G. de Vasconcellos - A LITERATURA E A RELIJIÃO DOS ÁRIAS NA ÍNDIA. Por... Lente de Língua e Literatura sâmscrítica no Curso Superior de Letras, Officier d'Académie, Bacharel em Matemática pela Universidade de Coimbra, do Instituto de Coimbra, da Société Asiatique. Membro honorário e correspondente de outras Sociedades científicas e Academias. Paris : Guillard, Aillaud e Cia., 1885. In-8.º (15,5x10 cm) de [4], XXXII, 171 p. ; E.
1.ª edição.
Importante estudo oitocentista sobre a presença ariana na Índia, a sua dispersão e influência sobre os outros povos do Oriente.
"O conceito de raça ariana teve seu auge do século XIX até à primeira metade do século XX, uma noção inspirada pela descoberta da família de línguas indo-europeias. Alguns etnólogos do século XIX propuseram que todos os povos europeus de etnia branca-caucasiana eram descendentes do antigo povo ariano. Correntes europeias, de caráter nacionalista da época, abraçaram essa tese. Esta, foi, talvez, tratada com maior ênfase pelo Partido Nacional Socialista da Alemanha. Estes, associaram o conceito de identidade nacional à raça ariana do povo germânico, através do princípio da unidade étnica, com a finalidade de elevar o moral e orgulho nacionais do povo alemão, destroçados pela derrota na Primeira Guerra Mundial e das condições consideradas humilhantes da rendição, impostas pelo Tratado de Versalhes. A palavra ário (do sânscrito arya, "nobre"), está associada à discussão sobre a existência de um povo ariano diferenciado, modernamente denominado de proto-indo-europeu, e que deu origem às primitivas línguas indo-europeias."
(Fonte: wikipédia)
"A velha questão sobre a origem da raça ariana, que tantas fogueiras acendeu no meio académico de oitocentos e no início do séc. XX, como ateou copiosos fachos entre as forças políticas da Europa nacionalista, foi matéria que inspirou a imaginação de muitos especialistas. […]
A controvérsia da superioridade de uma “raça ariana” indo-europeia e da “invasão ariana” na Índia, baseou-se essencialmente num pressuposto estabelecido por vários académicos anglo-saxónicos e missionários dos séculos XIX-XX, em que os arianos originários da Europa central tinham sido responsáveis pelas culturas de civilização celta, helénica, persa e indiana, pois só assim se explicaria como as suas línguas (o saxónico, o grego, o zenda e o védico) tinham surgido; a teoria da invasão ariana na Índia era a explicação mais lógica que se podia oferecer para justificar a expansão dos Europeus arianos no oriente e no mundo e uma civilização altamente evoluída na Índia. […] Muitos defensores da superioridade rácica ariana pretendiam basear as suas teses no Antigo Testamento, e partindo deste livro sagrado para todos os cristãos, justificaram a eliminação dos povos indianos como um bem prestado à humanidade - leia-se, aos europeus. […]
Entre os investigadores ocidentais como Max Müller (que se opôs frontalmente à teoria do evolucionismo), que defenderam a teoria ariana, esteve o português Vasconcellos Abreu, eminente matemático da Academia das Ciências, que desde novo se interessou pela língua e cultura clássica indiana, tendo aprendido integralmente de forma autodidacta o protocolo da língua sânscrita assim com a a história da sua literatura clássica, e de tal forma o fez que os seus mestres Abel Bergaigne e Martin Haug, a quem se dirigiu em Paris para continuar os estudos, viram ser impossível aprender mais, pois o seu conhecimento era já completo. Vasconcellos Abreu, em 1885, escrevia sobre os árias o que uma grande parte dos orientalistas defendida no seu tempo:
É muito provável que alguns ramos de gente árica, vivessem entre a Europa e a Ásia, desde o começo da constituição glotológica do proto-árico, percorrendo, ainda depois da determinação dos centros, como hoje os Quirguizes em hordas na Europa e na Ásia, e os Tajiques, por tráfico e indústria, na Ásia Central, as terras que se estendem pelo norte do Cáspio desde o Mar Negro, e mesmo norte do Danúbio até o Pamir. Seriam eles os mais inquietos dos Árias, e os que no século XV antes da n.e. faziam o tráfico marítimo do Mediterrâneo e comerciavam com povos estranhos nas bandas orientais do Arquipélago. (…)
Os Árias que imigraram na Índia desenvolveram ali a sua linguagem e a civilização que levavam já em grau notável. A estes Árias damos o nome de Árias Hindus. Modificados, física e intelectualmente, por cruzamentos e influências geográficas, constituíram as sociedades antigas mais civilizadas do vale do Ganges. A estes povos assim modificados (e ainda aos seus descendentes) damos o nome de Hindus."
(Fonte: http://www.academia.edu/2043728/A_Origem_dos_%C3%81rias._Hist%C3%B3ria_de_uma_Controv%C3%A9rsia_Salom%C3%A3o_Reinach_intr._e_notas_de_JC._Calazans)
Guilherme de Vasconcelos Abreu (1842-1907). "Orientalista e escritor. Formou-se em Matemática na Universidade de Coimbra e, mais tarde, concluiu o curso de Engenharia Naval. O seu interesse pelas línguas e culturas orientais levou-o a fundar em 1873, juntamente com o Marquês de Ávila e Possidónio da Silva, a Associação Promotora dos Estudos Orientais e Glóticos. Em 1875, a convite de Andrade Corvo, então ministro dos Negócios Estrangeiros do governo de Fontes Pereira de Melo, visitou alguns países europeus tendo como objetivo aprofundar os seus conhecimentos de sânscrito. Foi nomeado professor da cadeira de sânscrito do Curso Superior de Letras. Fez parte de várias instituições científicas de renome nacional e internacional, como a Academia das Ciências de Lisboa e a Société d’Anthropologie, de Paris. Dos inúmeros trabalhos que publicou, destacam-se Princípios elementares da gramática da língua Sãoskrita, Manual para o estudo do Sãoskrito clássico e Bases da Ortografia Portuguesa, este último em colaboração com Gonçalves Viana."
(Fonte: http://albertosampaio.no-ip.org/details?id=28717)
Encadernação editorial inteira de percalina com ferros gravados a seco e a negro na pasta anterior e na lombada.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Pastas manchadas.
Raro.
Com interesse histórico. 
25€

04 dezembro, 2025

MORENO, Mateus - A SINFONIA MACABRA.
 [Máximas da Kultur]. Organizada por... Alferes d'Artilharia na Grande Guerra da Flandres
. Lisboa, Ressurgimento, 1920. In-8.º (17,5x11,5 cm) de 48 p. ; B.

1.ª edição.
Edição original de A sinfonia macabra, uma das mais raras e estimadas produções literárias do autor.
Obra rara, com interesse para a bibliografia WW1. A BNP não menciona, apenas refere a 2.ª edição publicada no ano seguinte (1921).
"Esta colectânea de algumas das mais arrojadas afirmações da mentalidade alemã, principalmente do ultimo meio seculo, e a que dado o caracter de indiscutivel sinceridade com que na grande nação eram colectivamente admitidas, não podemos deixar de classificar de «máximas», é não só uma fotografia, diga-se de passagem, exaltavel, da alma sanguisedenta da velha raça, mas a própria e insofismavel demonstração de que a Alemanha, ao desencadear a recente guerra, que encapotadamente provocou, estava de ha muito moral e materialmente preparada para um grande conflicto de potencias de cuja victoria, que reputava «infalivelmente sua», esperava sair soberana absoluta, não já sómente da Europa, mas de todo o mundo...
... pois senhores, entremos - vai principiar a Sinfonia!"
(Prologo, Non multa, sed multum...)
Mateus Martins Moreno Júnior (1892-1970). Natural de Faro. “A paixão pela cidade que o viu crescer e pelo Algarve revelaram-se logo na mocidade, através da participação na imprensa e no movimento associativo locais. Presidiu à Academia do Liceu de Faro, onde fez estudos preparatórios. Fundou, em Outubro de 1911, o quinzenário académico A Mocidade, sendo da sua lavra a rubrica «Horas líricas», onde publicou muita poesia.
Em finais de 1914, Mateus Moreno veio para Lisboa para frequentar o curso de Matemáticas da Faculdade de Ciências. Terá sido essa a razão da transição da redação, administração e impressão da Alma Nova para a capital.
Nem mesmo a sua mobilização, em 1917, e ordem de marcha para França, incorporado no C.E.P., como alferes miliciano de artilharia de campanha, conseguiram interromper a atividade como escritor e como diretor da Alma Nova. No entanto, não é de excluir que as dificuldades que a revista registou no cumprimento da periodicidade, no final de 1916 e início do ano seguinte, se ficassem a dever, entre outras causas, à ausência de Mateus Moreno.
Redigiu e publicou alguns livros sobre o conflito militar e estudos técnicos sobre a sua arma, que foram apreciados pela hierarquia do exército. No que se refere à Alma Nova aí foram publicadas 5 cartas com as suas impressões da viagem e da chegada a França. Terminada a guerra, Mateus Moreno optou pela carreira militar frequentando a Escola de Guerra. Também fez o Curso Superior Colonial, em resultado do qual obteve algumas missões em Angola e desempenhou diversos cargos. Atingiu o posto de Major em 1942.”
(Fonte: https://research.unl.pt/files/3627477)
Exemplar em brochura, bem conservado.
Raro.
Sem registo na BNP.
Peça de colecção.
45€

03 dezembro, 2025

DOM MIGUEL II
. Lisboa, Typographia : 153 - Rua do Bemformoso - 153, 1869. In-8.º (20,5x13 cm) de 30, [2] p. e 22, [2] p. ; E.
BRUGES, Theotonio Simão Paim d'Ornellas - AQUI NÃO. Resposta ao folheto intitulado Dom Miguel II. Por... Angra do Heroismo, Typ. Angrense, 1869. In-8.º (21x14 cm) de 22, [2] p. ; E.
1.ª edição.
Polémica acerca da sucessão de D. Miguel I. Trata-se de dois folhetos encadernados num único tomo. O primeiro opúsculo, publicado sob anonimato em Lisboa, mas atribuído pela BNP a António Pereira da Cunha, teve resposta de Teotónio Bruges, personalidade relevante da política e cultura angrense da segunda metade do século XIX, num folheto editado em Angra do Heroísmo, com dedicatória impressa "Á ilha Terceira e aos veteranos da liberdade".
"D. Miguel II não foi um monarca, mas sim um pretendente ao trono, que, juntamente com os seus seguidores miguelistas e legitimistas, defendia o seu pai, D. Miguel I, e a linhagem dinástica dos Bragança como a única legítima para reinar Portugal. A causa legitimista baseava-se na defesa de uma sucessão tradicional e conservadora, contra a Constituição liberal e as alterações políticas trazidas por D. Pedro IV e D. Maria II." (IA)
"Estas quatro palavras, escriptas com um intuito sincero, são dirigidas em boa paz aos portuguezes todos.
Ninguem se agaste com ellas, nem diga que ha um certo atrevimento em se trazer para a imprensa o pensamento, que encerram.
Atrevimento em que?
Desde que ahi se apregôa a fórma republicana, e se falla sem rebuço em uma fusão monarchica, com a perda da nossa independencia, deve a doutrina legitimista ser explicada tambem.
Não se póde verdar-lhe a discussão.
Lisboa 23 d'Agosto de 1869."
(Dom Miguel II - Preâmbulo)
"Distribuio se na ilha Terceira, no dia 20 de novembro ultimo, um folheto intitulado D. Miguel II.
Este escripto é uma resposta ao indicado folheto.
Tomei voluntariamente um pesado encargo, sendo talvez o menos competente; mas ninguem o faria com mais sinceridade, nem com mais boa fé.
O animo é bom, o intuito é justo. Podem envenenal-os se quiserem, porque a consciencia diz-me que cumpri um dever.
Escrevo estas linhas em um dia memorando; não o escolhio de propozito.
Será propicia coincidencia?
Assim Deus o permittirá.
Angra do Heroismo 1 de Dezembro de 1869."
(Aqui Não - Preâmbulo )
Antonio Pereira da Cunha (1819-1890). Conhecido anti-iberista português. "Estimavel poeta e elegante prosador. É membro de diversas corporações literárias. Escreveu um livro intitulado - «Brios heroicos das portuguezas» e publicou o folheto - «Não!» Resposta nacional ás pretensões ibéricas." Segundo Inocêncio (T. VIII, p. 274), "Antonio Pereira da Cunha é Fidalgo da C. R., foro havido por seus paes e avós; Socio do Instituto de Coimbra e Presidente da Sociedade Artistica de Vianna. Foi eleito Deputado ás Côrtes em 1856, pelo antigo circulo n.º 2, porém retirou se da Camara em 26 de Janeiro de 1857, depois de proclamado, com outros deputados legitimistas, que julgaram não dever prestar o juramento que se lhes exigia. […] Dos Brios Heroicos de Portuguezas não consta que sahisse até hoje à luz o tomo II. […] Cavaleiro da Ordem da Rosa, em 1872. Morreu em Abril de 1890”.
Teotónio Simão Paim de Ornelas Bruges (Angra do Heroísmo, 1841-1936). "Foi um advogado, funcionário público, político e intelectual açoriano, formado bacharel em Filosofia e Letras pela Universidade Livre de Bruxelas, por diploma datado de 12 de Dezembro de 1862, que, entre outras funções, foi inspector da educação, deputado às Cortes e governador civil do Distrito Autónomo de Angra do Heroísmo."
(Fonte: Wikipédia)
Encadernação recente, cartonada, revestida de fantasia imitando papel antigo.
Exemplares em bom estado de conservação. O folheto D. Miguel II apresenta corte na f. rosto, ao centro, com perda de suporte.
Raro conjunto.
50€

02 dezembro, 2025

PROGRAMA E CATÁLOGO DA 14.ª EXPOSIÇÃO CANINA DE LISBOA.
Jardim Zoológico : 6 e 7 de Junho 1942 - Secção de Canicultura do Club de Caçadores Portugueses. [S.l.], C.A.C.B., 1942. In-4.º (23x16 cm) de 80, [2] p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Certame canino realizado no Jardim Zoológico de Lisboa, estando em exposição inúmeras raças seleccionadas - nacionais e estrangeiras. Catálogo da mostra, por certo com tiragem reduzida.
Livro ilustrado com publicidade da época em página inteira.
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas frágeis com defeitos e pequenas falhas marginais.
Raro.
25€
Reservado

01 dezembro, 2025

COSTA, Martins da -
AS PROCISSÕES NA PÓVOA DE VARZIM
. Póvoa de Varzim, [s.n. - Imprensa Portuguesa - Porto], 1979. In-4.º (23x16 cm) de 111, [3] p. ; il. ; B.
1.ª edição independente.
Importante subsídio para a história das manifestações de cariz religioso na Póvoa de Varzim, estudo publicado em separata do Boletim Cultura Póvoa de Varzim - Vols XVII-XVIII (1978-1979).
Ilustrado com fotogravuras a p.b. distribuídas por 14 páginas.
Exemplar muito valorizado pela dedicatória autógrafa do autor ao Dr. Angelino Gomes de Oliveira.
"Os livros de Viriato Barbosa e o facto de minha Mãe ter deixado muitos elementos sobre procissões na Póvoa, em especial no que respeita a grupos alegóricos, entusiasmaram-me a escrever este trabalho, que agora se publica." [...]
"Procissão é um cortejo religioso em que o clero e os fiéis tomam parte debaixo de forma e geralmente ordenados em alas que percorrem um certo trajecto, cantando preces ou levando em exposição a hóstia consagrada, a imagem de um ou mais Santos, ou algum relíquia digna de veneração. [...]
Nas procissões na Póvoa tomam parte a cruz paroquial,  as irmandades e confrarias, às vezes pias uniões e ordens terceiras, clero, precedendo os de menor dignidade os outros, andores, grupos alegóricos, pálio (sob o qual é conduzida a relíquia do Santo Lenho ou a hóstia consagrada, nas procissões eucarísticas), música e acompanhamento de fiéis com as promessas. [...]
É interessante acentuar que, tendo os grupos alegóricos, os «Anjinhos» nas procissões um fim catequético, a sua composição, indumentária, insígnias e a forma como fazem o «passo» no cortejo religioso, foram sempre objecto de estudos rigorosos baseados em pinturas, painéis, bíblias ilustradas, santinhos, etc., e na leitura atenta dos Evangelhos e livros sobre a Vida dos Santos, sobressaindo o Reverendo Padre José Cascão de Araújo que os imaginava, em estudo com as «armadeiras», os descrevia, desenhava vestes e insígnias e pessoalmente ia controlar às procissões se tudo se realizava conforme imaginara."
(Excerto da Introdução)
Exemplar em brochura, bem conservado.
Muito invulgar.
30€

30 novembro, 2025

BRITO, Ferreira de -
CANTIGAS DE ESCÁRNIO E MAL-DIZER DO MARQUÊS DE POMBAL OU A CRÓNICA RIMADA DA VIRADEIRA
. Porto, Associação de Jornalistas e Homens de Letras do Porto, 1990. In-8.º (22,5x15,5 cm) de 492 p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Capa de Luís Mendes.
Curioso estudo acerca das composições poéticas, pouco abonatórias à figura do Marquês de ombal, que a partir de dada altura promoveram o insulto e perseguição literária ao estadista.
Ilustrado no texto com reprodução de retratos, portadas de livros e documentos fac-similados.
"E que outros nomes chamaram ao Marquês de Pombal para denegrir a sua pessoa e tentar abater a obra gigantesca das suas reformas, utilizando a arma grosseira da poesia soez e anónima? E porque não deram tréguas ao grande Estadista, atirando-lhe ao rosto todas as suas fraquezas pessoais no momento em que, com a morte de D. José, seu patrono ou seu 'súbdito', em 1777, o Primeiro-Ministro entrou em queda vertiginosa do poder absoluto e tantas vezes discricionário, e se deu, com D. Pedro III e a beata e timorata D. Maria I, a reacção político-religiosa conhecida pelo nome de Viradeira? Os detractores do Marquês desfecharam contra ele centenas de composições, algumas originais, outras adaptadas, muitas delas com variantes pertinentes, dispersas por velhos códices da Biblioteca Nacional de Lisboa, da Biblioteca Pública Municipal do Porto e da Academia Real das Ciências. A organização dos mesmos, pelo tipo de selecção efectuada, mesmo quando introduz um pequeno corpus de poemas favoráveis ao Marquês de Pombal (o Marquês, por antonomásia), denuncia, à vista desarmada, que os copistas se inspiravam sensivelmente nas mesmas fontes e adoptavam a mesma estratégia de ataque a esse Carvalho que fora frondejante e à sombra do qual tentaram inutilmente medrar os poetas, alguns de grande nomeada, como Pedro António Correia Garção, o mais distinto membro da Arcádia Lusitana.. Agora, no ocaso político, o Marquês teve o castigo reservado a todos os ditadores da História. Depois de bajulado pelos poetas como nenhuma outra figura política portuguesa, este déspota esclarecido, sentiu que os vates, que o celebrizaram em 1775, naquela grande montagem da Estátua Equestre, que ele fizera ou mandara fazer, mais pela força do que pela convicção, na Praça do Comércio, tinham mudado de opinião no curto prazo de dois anos da lenta agonia política e fisiológica do Rei D. José. Os poetas há que reconhecê-lo, foram, nesta altura mais do que nunca, verdadeiros fingidores."
(Excerto I - História e poética)
Exemplar em brochura, bem conservado.
Invulgar.
Com interesse histórico.
25€

29 novembro, 2025

CASTRO, Americo de -
ULTIMOS ANOS DA MONARQUIA (memorias)
. Porto, Deposito: Livraria Fernandes de J. Pereira da Silva, 1918. In-8.º (19x12 cm) de 172, [4] p. ; E.
1.ª edição.
Memórias do autor relativas aos anos que precederam a República, desde os tempos de estudante, até ao final da Monarquia e os anos que se seguiram.
Edição do autor, por certo com tiragem reduzida.
Exemplar muito valorizado pela dedicatória autógrafa do autor na f. rosto.
"Os ultimos anos da monarquia foram de descredito para o país,  de veniaga e corrupção da parte chamada intelectual e de miseria para o povo.
Os partidos politicos iam buscar aos bancos das escolas os seus mais fortes sustentaculos.
Coimbra, de madre forte e alentada,arremessava para o mundo politico quasi todos os bachereis.
Uma carta de formatura garantia uma administração do concelho.
Quando um estudante recebia das aristocraticas mãos da sua noiva a adorada pasta bordada a matiz ou a ouro, já tinha na sua terreola aquela benesse que servia para os primeiros anos de aflição.
Não era raro ouvir nos geraes da Universidade empomadados quintanistas referirem-se á sua vida politica futura e á votação que tinham na sua terra.
Ali, de ordinario, o futuro bacharel ou pensava em politica baixa e reles ou nos casamentos ricos.
Uma carta de bacharel era uma carta de alforria. Foi na Universidade, dêsse alcouce de Minerva, onde as consciencias sofriam verdadeiros tratos de polé, que sairam todos os males que nos legou a monarquia e de que tem enfermado a propria Republica. Recebido o grau, a borla de lente tonava-se o apagador do senso comum.
Lá vinha por aí fora o bacharel apelintrado e faminto.
Rodeado de esfaimados como êle, subornava consciencias, dominando as gentes tristes das fabricas e dos campos.
Ele infligia o castigo aos seus inimigos e semeavam o dinheiro do Estado por aqueles que apenas sabiam que as eleições davam a maioria a êste ou áquele, ao progressista ou ao regenerador.
Ele era então o terror e o bom deus."
(Excerto de IV - Fim da Monarquia)
Indice:
Ao leitor | I - Vida Academica no Porto. II - Os estudantes republicanos de Coimbra. III - Organisação revolucionaria dos estudantes republicanos de Coimbra (a sua acção em 28 de Janeiro). IV - Fim da Monarquia. V - Sete anos depois. VI - Post scriptum.
Américo da Silva Castro (1889-?). Natural de Santo Tirso, formado em Direito pela Universidade de Coimbra em 1908, abriu banca de advogado no Porto. Fixou residência em Vila Nova de Famalicão desde Dezembro de 1943, exercendo o cargo de Conservador do Registo Civil, trabalhando em advocacia. No Porto, enquanto estudante liceal, fundou, com outros, a União Académica. Dele, já Bernardino Machado, num discurso no Porto, na inauguração do Montepio da Classe Comercial da mesma cidade, se refere nos seguintes termos: "esperançoso e simpático aluno da Faculdade de direito da nossa Universidade" (Bernardino Machado, Obras: Política - I, "A Reforma", p. 414). No Porto, foi vereador da Câmara Municipal, Conservador do Registo Civil no 2.º Bairro, Administrador do Concelho em Matosinhos, Presidente do Tribunal dos Árbitros Avindores, Presidente da Comissão Administrativa dos Bens da Igreja, Director do Instituto Industrial do Porto, Conservador do Registo Civil em Espinho, entre outros cargos. Foi deputado em 1921 pelo círculo de Santo Tirso e, em 1922, pelo Porto nas listas do Partido Democrático. Em 1907 escreveu no jornal "O Porvir" várias crónicas intituladas "Palavras Vermelhas".
Encadernação de amador com rótulo na lombada. Sem capas de brochura. Aparado à cabeça.
Exemplar em bom estado de conservação.
Raro.
45€

28 novembro, 2025

SANTOS, Dr. Luís A. Duarte -
O NORMÓTIPO DO HOMEM DA ZONA DE COIMBRA E O NORMÓTIPO DOS PORTUGUESES.
Comunicação apresentada à 2.ª Secção do Congresso Nacional de Ciências da População pelo..., Assistente da Faculdade de Medicina de Coimbra. Comemorações Portuguesas de 1940. Pôrto, [Imprensa Portuguesa], 1940. In-4.º (24,5x19 cm) de 18 p. ; [XIV] mapas estatísticos ; [1] tabela desdob. ; B.
1.ª edição independente.
Trabalho curioso e muito interessante. Trata-se de um "método original de determinação do tipo constitucional", isto é, o padrão de uma determinada população.
Inclui 14 mapas estatísticos (1 por página), e 1 tabela em folha desdobrável de grande dimensões (24,5x70 cm): Tabela de graus centesimais do homem médio elaborada segundo os nossos resultados (Duarte Santos).
Exemplar muito valorizado pela dedicatória autógrafa do Prof. Luís Duarte Santos.
"O homem médio de grupos profissionais, de certas posições sociais, de populações exclusivamente citadinas ou do meio rural, só tem interêsse em condições definidas para determinados fins, assim como o normótipo ideal que alguns como Hilderbrandt, Styratz, valorizam em prejuízo do homem médio estatístico, único de valor na ciência das constituïções.
Dever-se-ia dividir Portugal em várias regiões ou sub-regiões criteriosamente estabelecidas e determinar o normótipo de cada uma. Só assim evidentemente se poderia saber se há ou não possibilidade de aplicação generalizada dum normótipo a todo o país, pois só diferenças apreciáveis têm um valor prático, ou se a falta de identidade entre os caracteres antropométricos do homem médio em certas zonas do país obrigaria ao emprêgo de vários dêsses normótipos. [...]
O primeiro normótipo apresentado em Portugal vai ser o de uma parte do país delimitada com tal critério, e a que chamamos «zona de Coimbra», para evitar o têrmo região, de sentido científico e geográfico assente: Coimbra como centro urbano e ponto de atracção, tôda a sub-região do Baixo Mondego (Coimbra, Penacova, Arganil, Gois, Poiares, Louzã, Miranda do Corvo, Penela), todo o Mondego Litoral (Cantanhede, Montemor-o-Vélho, Condeixa, Soure, Figueira da Foz), o sul da Bairrada entre a serra do Buçaco e o mar (parte do concelho de Cantanhede, Anadia e Mealhada), as chamadas baixas de Mortágua (Mortágua, Santa-Comba) já no Baixo Dão mas situadas a 200 metros de altitude, com índole, e costumes além da constituïção geológica muito diferente do vale de Besteiros. [...]
Estudamos 775 homens, de 18 a 60 anos de idade, para determinarmos o normótipo, e dêsses, 375 pertencem a essa zona de Coimbra."
(Excerto do Estudo)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação.
Invulgar.
Com interesse histórico e antropológico.
15€

27 novembro, 2025

MACHADO, Virgilio -
A ELECTRICIDADE : Estudo de algumas das suas principaes applicações.
Por... Socio correspondente da Academia Real das Sciencias de Lisboa, etc. Illustrada com 61 gravuras em cobre (Reproduções galvanoplasticas). Lisboa, Por ordem e na Typographia da Academia Real das Sciencias, 1887. 
In-4.º (23x17 cm) de XXXV, [1], 376, [1] p. : il. ; E.
1.ª edição.
Obra histórica e importante. Trata-se de um trabalho pioneiro na área da electricidade e suas aplicações, a primeira do género publicada entre nós, quando esta ciência dava os primeiros passos.
Rara e muito interessante.
Ilustrada com inúmeras gravuras no texto ao longo do livro.
"A electricidade tem sido n'estes ultimos annos objecto de tão extensos estudos e desenvolvidas applicações, que a sua descripção minuciosa se tornou irrealisavel nos tratados geraes de physica occupados com variados e multiplos assumptos sobre os outros importantes ramos d'esta sciencia.
Esta razão nos levou a reunir em volume especial a descripção de algumas das principaes applicações da electricidade, que tivemos occasião de estudar por observação directa na exposição de electricidade em Paris no anno de 1881, acompanhando o nosso benevolo amigo, o sabio professor da Universidade de Coimbra dr. Santos Viegas e que completámos com o exame das subsequentes descobertas e invenções, que todos os dias se tem succedido com oasmosa rapidez. [...]
Este singello trabalho remedeia, se bem que muito imperfeitamente, a falta de um livro nacional sobre as applicações de uma sciencia em que temos no paiz cultores distinctos, que tem revellado a sua aptidão n'este ramo da physica por interessantes invenções apreciadas entre nós e no estrangeiro."
(Excerto do Preâmbulo)
"O estudo da electricidade offerece, como nenhum outro, á reflexão contemplativa do homem de sciencia um campo vastissimo de notaveis e inesperadas descobertas, de phenomenos curiosos e de leis interessantissimas, de applicações grandiosas e extraordinarias, que teem feito uma revolução completa na sciencia, nas artes e nas industrias, emfim no bem geral dos modernos povos civilisados, glorificando o seculo XIX, já de si glorioso pelas applicações verdadeiramente maravilhosas da força expansiva do vapor d'agua aos meios de locomoção terrestre e maritima, a diversis engenhos em centenares de fabricas e officinas."
(Excerto da Introducção)
Virgílio César da Silveira Machado (1859-1927). "Médico, investigador, pedagogo. Nasceu no dia 1 de Março de 1859, no Palácio de Queluz, filho de José Cipriano da Silveira Machado, que aí desempenhava funções de almoxarife e de Sebastiana Elisa da Silveira Machado. Faleceu na sua residência da Avenida da Liberdade, nº 232, em Lisboa, no dia 16 de Junho de 1927.
Frequentou a Escola Politécnica e desde logo manifestou uma paixão para os estudos de física experimental e prática, vindo a apresentar à Academia Real das Ciências, por intermédio do prof. Pina Vidal, algumas memórias publicadas no jornal da Academia, “Jornal de Sciencias mathematicas, Physicas e Naturaes”.
Especializou-se em electricidade médica e efectuou incursões nas mais relevantes Escolas e Universidades europeias, nomeadamente França, Inglaterra, Bélgica, Alemanha e Espanha.
Em 1878 ingressou na Escola Médico-Cirúrgica, vindo a concluir o curso com distinção em 1883, com a tese “Paralisia infantil”. No mesmo ano, publicou ainda “Mielite crónica, difusa, Coreia de Sydenham, Paralisia de Bell e Paralisia múltipla de origem sifilítica”.
Nomeado pelo Governo em 1881, secretário do comissário especial de Portugal na I Exposição Internacional de Electricidade, realizada em Paris, na sequência da qual, de regresso à capital, proferiu seis conferências na Sociedade de Ciências Médicas, nas quais procedeu á divulgação do que observou em termos de conhecimentos técnicos e práticos, bem como sobre a existência de novos aparelhos. A viagem veio a ser profícua também pelo contacto que estabeleceu com alguns dos relevantes físicos de então, nomeadamente W. Thomson, Du Bois, W. Siemens, entre outros, apesar de Virgílio Machado ainda não ter concluído o curso.
Sócio correspondente da Academia das Ciências de Lisboa e sócio titular da Sociedade das Ciências Médicas, ingressou em 1885, por concurso, para o corpo de médicos do Hospital de S. José. Dois anos depois, iniciou-se como lente de Química Geral e Análise Química no Instituto Industrial, funções que desempenhou até 1911 ao entrar para o Instituto Superior Técnico leccionando a mesma cátedra, até à reforma. O ensino era para si algo de prodigioso, a realização de uma epifania, quase algo de sagrado … Augusto da Silva Carvalho (APUD J. Andresen Leitão) refere: “Começava por ser rigoroso consigo mesmo, porque tinha como dogma que era criminoso e indigno o professor que roubava os seus discípulos na quantidade e qualidade do trabalho que lhes dedicava, ao mesmo tempo que traía o país que lhe confiava aquela santa missão.” Conjugava a teoria e a realização de trabalhos práticos, e, estimulando nos alunos à crítica científica.
Em 1892 publicou “Tratado de Química Geral e Análise Química”, em colaboração com o seu irmão Achiles, Professor de Química da Faculdade de Ciências de Lisboa.
Foi pioneiro ao fazer passar uma corrente eléctrica, por meio de agulhas espetadas num aneurisma da aorta o que foi considerado uma epopeia científica. Percorreu escolas de renome e centros hospitalares da Europa a fim de explanar o seu saber.
Virgílio Machado referiu: “As afecções nervosas são aquelas em que mais larga aplicação tem a electricidade desde longa data. Indispensável é porém para quem deseje utilizar na clínica os numerosos e variados modos de tratamento eléctrico não só reconhecer a rigorosa técnica indispensável ao seu êxito mas saber estabelecer com a possível segurança um diagnostico nosográfico, topográfico, anátomo-patológico de qualquer afecção nervosa de modo a poder conjecturar-se se, no tratamento deste ou daquele caso, convirá ou não a terapêutica eléctrica, qual devendo ser a modalidade e a técnica a adoptar”. Sobre esta temática, tornou-se conhecido no estrangeiro.
No seu consultório (com instalações anteriores na Rua das Pretas, n.º 33 e Rua dos Fanqueiros, nº 150) situado na Rua de Santa Justa, nº 22, instalou em 1896, os seus “Raios Roentgen” poucos meses depois das primeiras ampolas de raios Roentgen terem sidos fabricadas na Alemanha. Rapidamente o espaço veio a tornar-se exíguo mas conhecido, através do incremento de novos aparelhos eléctricos e do subsequente numero de doentes, vindo, inclusive, a receber a visita do rei D. Carlos, afinal, foi nessa temática que Virgílio Machado se tornou uma figura conceituada no país e no estrangeiro. Por intermédio do Rei, veio a inaugurar, a 23.03.1903 na Rua da Alfândega, o instituto Médico, que posteriormente veio receber o seu nome."
(Fonte: https://livrariarodriguessite.wordpress.com/2018/03/01/virgilio-machado/)
Encadernação meia de pele com ferros gravados a ouro na lombada. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado de conservação.
Raro.
Com interesse histórico.
75€
Reservado

26 novembro, 2025

MARINHO, José L. Teixeira -
A PROVÍNCIA DA GUINÉ : Raças que a povoam.
[Por]... Capitão de Fragata. Separata do n.º 14 da Revista «A Terra». [S.l.], [s.n.], 1934. In-4.º (23,5x16 cm) de 4 p. ; B.
1.ª edição independente.
Curioso estudo acerca do multiculturalismo e das raças nativas, cerca de quinze, que habitam a antiga província ultramarina da Guiné.
"É  a nossa província da Guiné, embora pequena em superfície, pois que não vai àlém de 36000 quilómetros quadrados, uma das de mais esperançoso futuro, assegurado por circunstâncias felizes que nela concorrem, sendo as principais a densidade da sua população que orça por 1[/2] milhão de habitantes, a sua rêde de canaes que facilitam o transporte das múltiplas mercadorias em que abunda, a variedade das culturas que o solo e o clima permitem.
A nossa Guiné é povoada por uma grande variedade de gentes, com línguas, costumes e tipos bastantes diferenciados.
Diremos algumas palavras sôbre os principais grupos étnicos.
Os Felupes que habitam o canto noroeste da província, são de c<ôr +reta retinta, traços regulares, robustos. Usam um vestuário rudimentar; cultivam o arroz e o milho e são grandes bebedores de vinho de palma que extraem das palmeiras que abundam na região. São muito supersticiosos e bastante insubmissos."
(Excerto do Estudo)
Exemplar em brochura, bem conservado.
Raro.
Com interesse histórico.
10€

25 novembro, 2025

VAUX, Baron de -
LES HARAS ET LES REMONTES : prix des chevaux - étalons de pur sang - anciennes jumenteries. La production chevaline en France. Par le... Introduction par Edmond Henry. Paris, J. Rothschild, Éditeur, 1887. In-8.º (17x13 cm) de 95, [5] p. ; E.
1.ª edição.
Interessante trabalho sobre o panorama da produção equina em França. Trata-se de um estudo dedicado sobretudo às principais coudelarias e centros hípicos do país, abordando ainda o ensino e a Alta Escola francesa. Inclui o preço de mercado dos cavalos, e a problemática dos garanhões puro-sangue.
"Aven d'entrer dans l'examen de l'intéressante publication que M. le Baron de Vaux consacre à l'étude de la Question chevaline, je dois dire à quelles considérations j'ai obéi en acceptant de le faire à cette place.
C'est d'abord à cause des éloges mérités qu'il va m'être permis de faire cette étude, et aussi, je l'avoue, parce que je vais en profiter pour signaler quelques points de détail sur lesquels je ne partage pas l'avis de l'auteur.
C'est justement parce que M. de Vaux a révélé dans la presse une connaissance plus approfondie des principaux ponts de doctrine qui constituent aujourd'hui l'ensemble de la Question chevaline, que je tiens à signaler les points peu nombreux, fort heureusement, de cette question sur lesquels je diffère avec lui."
(Excerto de Introduction)
Table des matières:
Introduction | Les deux soeurs | La réponse des haras en 1842 | L'armée doit-elle diriger les haras? | La question du prix des chevaux | L'instabilité dans les méthodes d'achat | Les étalons de pur sang des haras | Les anciennes jumenteries de l'État | Les haras et le budget de 1887 | L'élevage et les écoles de dressage | La production chevaline en France | Les courses au trot | L'organisation à créer | Les courses plates | Les courses telles qu'elles drevraient être | Le budget des remontes pour 1887.
Barão de Vaux (Charles Devaux) (1843-1915). Nasceu a 3 de setembro de 1843 em Bailleul (Nord) e faleceu a 2 de dezembro de 1915, em Paris. "Foi um cavaleiro francês, escritor e jornalista desportivo. "Polígrafo mundial, o Barão de Vaux (1843-1915) publicou muitas obras belamente ilustradas que são um deleite para os colecionadores. Antigo oficial de cavalaria, serviu sob o comando do General l'Hotte antes de se tornar jornalista e escritor desportivo. Mennessier recorda-nos que “em 1860 alistou-se voluntariamente no Sexto Regimento de Lanceiros, em 1863 foi transferido para Saumur como Brigadeiro, em 1864 era Sargento, em 1866 ou 1867 deixou o serviço militar e trabalhou como editor de um jornal provincial, depois ingressou no jornalismo desportivo para tratar de assuntos relacionados com a criação de animais, equitação, etc. […] e em 1898 fundou o jornal desportivo e social L’Illustré Parisien.
Nos seus artigos, menciona os cavaleiros mais importantes desde Baucher (Flammarion, 1888). Só para citar os seus contemporâneos, mistura Baucher e D'Aure, claro, L'Hotte, Faverot de Kerbrecht, e também Molier, Franconi, o Duque de Aumale ou o General Gallifet. E mais adiante, na sua obra Equitation ancienne et moderne (Flammarion, 1898), podemos encontrar alguns mestres antigos."
(Fonte: https://labibliothequemondialeducheval.org/en/p/63/the-chronicles-of-the-baron-de-vaux.html)
Encadernação meia de pele com ferros gravados a ouro na lombada. Aparado à cabeça. Conserva as capas de brochura.
Exemplar em bom estado de conservação. Capa frontal apresenta falhas de papel marginais.
Raro.
25€

24 novembro, 2025

GRANJO, Antonio -
DO POVO A SUA MAGESTADE A RAINHA D. AMELIA
. Villa Real, Imprensa Moderna, 1909. In-8.º (22,5x16 cm) de 12 p. ; B.
1.ª edição.
Raríssimo opúsculo da autoria de António Granjo, figura incontornável do futuro regime republicano, publicado no ano seguinte ao atentado que vitimou em Lisboa o rei D. Carlos e de D. Luís Filipe, o príncipe herdeiro. Trata-se de uma obra poética, por certo com tiragem reduzida, onde Granjo pretende justificar os acontecimentos do Terreiro do Paço, no sentir e nas palavras do povo (e dos regicidas), que no fundo é quem passa a mensagem em verso, e que termina com um aviso à rainha... para recolher a França com o filho que lhe resta, única forma de o não perder também.
Obra de gosto duvidoso, dadas as circunstâncias, que reflete, de certa forma, a aversão à família real e o estado de espírito de larga franja da sociedade civil e militar em vésperas da revolução.

"Senhora!
Não sabeis, certamente, o meu nome.
Chamo-me um dia - Crime, e noutro dia - Fome.
Ás vezes tenho o gesto insolente e brutal
Dum bandido sem lei - sacerdote do mal
Levantando nas mãos em sangue, para o céo,
Transformado em raiva, o beijo que me deu
Minha mãe ao nascer. Mas no fundo, Senhora,
Eu sou um bom christão...

Apenas brilha a aurora
Abro logo o postigo, agarro logo a enxada,
E ponho-me a caminho ao longo d'essa estrada,
Que alguns chamam - a Vida, e outros chamam - o Inferno.
Ai! Senhora!... As manhãs nevoentas d'inverno,
Quando a geada cae e quando a neve cae,
E do peito s'capa o coração n'um ai,
E cá dentro nos roe a idêa tenebrosa
De que Tartuffo dorme um somno côr de rosa
No vosso quarto azul, n'esse encantado paço,
Feito da minha carne, erguido p'lo meu braço!...

... Custa muito, Senhora, abandonar o ninho,
Quente, caricioso e doce como arminho,
E ir campina fóra, envolto na mortalha
Do nevoeiro, atraz d'um osso, uma migalha...
Mas, emfim, que fazer? Senhora, que fazer?
A gaveta vasia... Os filhos e a mulher?!...

Não me conheceis, não...

Eu vivo nas cavernas."

(Excerto do poema)

António Granjo (1881-1921). "Político português nascido a 27 de dezembro de 1881, em Chaves, e falecido a 19 de outubro de 1921, em Lisboa. Tirou o curso de Teologia no Porto, em 1889, e tornou-se bacharel em Direito pela Universidade de Coimbra, em 1907. Ingressou na Maçonaria em 1911. Foi advogado, deputado e administrador do concelho de Chaves. Em 1919 foi viver para Lisboa e participou na revolta de outubro de 1918 e na de janeiro de 1919. A partir deste ano enveredou por uma carreira política, vindo a ocupar o cargo de ministro da Justiça, ao mesmo tempo que exercia a função de diretor do jornal República. Foi ministro do Interior no governo efémero de Francisco Costa, tendo vindo a ocupar em seguida outros cargos políticos, como o de chefe de governo. Faleceu na "noite sangrenta" de 19 de outubro de 1921."
(Fonte: Infopédia)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas frágeis, com defeitos; apresenta vinco vertical.
Muito raro.
Com interesse histórico.
Peça de colecção.
85€

23 novembro, 2025

LEAL, J. da S. Mendes -
INFAUSTAS AVENTURAS DE MESTRE MARÇAL ESTOURO : victima d'uma paixão
. Lisboa, Livraria de A. M. Pereira, 1863. In-8.º (17,5x11,5 cm) de VII, [1], 322, [2] p. ; E.
1.ª edição.
Romance histórico cuja acção se divide entre Portugal e Brasil, reportando ao período de ocupação filipina do país.
"Mestre Marçal, que mal apparecia dava alegrão ao rapasio e vadiagem desde as portas de Alfôfa até ao arco dos Escudeiros, era em 1622 um individuo esguio, sinuoso, engoiado, alluido e desengonçado, cujo esqueleto, mal cosido n'uma rede de musculos por uns restos de membrana fibrosa, dançava um bolero desregrado e perpetuo no amplo interior do corpete e calções de estamenha, que fluctuavam ironicamente pelos contornos angulosos d'aquella mumia ambulante. O arcabouço, equilibrado nos fusos a que elle por basofia chamava as suas pernas, tinha por bases dois pés, que davam quatro, todos recortados de promontorios, e por cupula uma cara empastada em pergaminho, que poderia servir ás descripções analyticas do proprio Flourens e ás mais minuciosas observações de osteologia comparada.
Por que successivas degradações chegara mestre Marçal a este extremo de tenuidade, de esvasiamento, de exhaustação, de quasi transparencia? Aprenderá o mundo o que faz uma sina fatal, o que pode um affecto obstinado, e em que abysmos precipitam as cegueiras da paixão violenta e contrariada. [...]
Os gaiatos do sitio, afferrados á onomatopeia como todos os gaiatos de todas as épocas, tinham-lhe posto por alcunha: «mestre Estouro.»
Não podia o mestre sair á rua que o não seguisse um coro turbulento, grunhindo, guinchando, latindo, chiando e ganindo-lhe uma acclamação burlesca e estrepitosa, com taes variedades imitativas, que abrangiam o diapasão completo do reino animal.
- «Lá vae mestre Estouro, lá vae mestre Estouro!» - vozeava a turba maltrapilha apenas o avistava. E logo investia atraz d'elle, engrossando a cauda á sua popularidade alfamista.
Mestre Marçal porém ia seu caminho com a magestade dos graves infortunios, e só respondia com a silenciosa e magnanima superioridade, que dá o costume das catastrophes, deixando berrar a mó dos garotos, como hoje em dia um estadista impavido, que leu Horacio em pequeno, deixa trovejar as tempestades parlamentares.
- Mas por que motivo chamavam os gaiatos a mestre Marçal «mestre Estouro?» [...]
Era mestre Marçal natural de Lisboa, onde exercera em tempos elizes a profissão de fogueteiro, com tamanho applauso, que não havia festa ou romaria, um par de leguas em redondo, na qual se não invocasse o seu valioso auxilio, como se diz na actualidade."
(Excerto de I - De como mestre Marçal tomou estado)
José da Silva Mendes Leal (Lisboa, 1820 - Sintra, 1886). "Foi um escritor, jornalista, diplomata e político português. Trabalhou na Biblioteca Nacional de Lisboa, de que foi diretor, e dedicou-se ao jornalismo, colaborando na Revista Universal e em O Panorama, entre outras. Foi deputado, par do Reino e ministro de um dos governos de Costa Cabral, tendo terminado a sua carreira como ministro plenipotenciário de Portugal em Madrid e Paris. Foi grão-mestre da Maçonaria. Escritor ultra-romântico, notabilizou-se como dramaturgo de sucesso, embora tenha também publicado poesia, ficção e história e se tenha dedicado à tradução. O seu sucesso no teatro teve início em 1839 com o drama histórico O Homem da Máscara Negra."(Fonte: Wikipédia)
Encadernação coeva em meia de pele com ferros gravados a ouro na lombada. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Cansado. Pastas apresentam cantos esfolados. Se, f. ante-rosto.
Raro.
Indisponível

22 novembro, 2025

FRAGOSO, Fernando - A HISTÓRIA DE JOÃO RATÃO. Contada por... Lisboa, Depositária Editorial Progresso, L., [1940]. In-8.º (19 cm) de 140, [4] p. ; [8] f. il. ; B.
1.ª edição.
"A partir de uma opereta, a história amorosa dum soldado português, João Ratão, que regressa da frente de batalha na Flandres, sendo envolvido em intrigas motivadas pela inveja, quanto a Vitória, uma rapariga do povo que namorara através de cartas escritas por outros...
Evocação do patético cenário da guerra (1914-18), e a faina dos madeireiros, no deslumbrante Vale do Vouga."
(Fonte: José de Matos-Cruz, O Cais do Olhar, 1999)
Livro ilustrado com fotogravuras a p.b., reproduzindo cenas do filme, distribuídas por 8 folhas separadas do texto.
"A opereta «João Ratão», um dos grande êxitos do Teatro musicado português, foi escrita por Ernesto Rodrigues, João Bastos e Felix Bermudes. Fernando Fragoso e Jorge Brum do Canto adaptaram-na à tela. Jorge Brum do Canto dirigiu o filme, que é uma produção da Tobis Portuguesa."
(Excerto do preâmbulo)
"A faina começara pela madrugada. Ainda havia estrêlas no céu, quando, no pinhal, sobranceiro ao rio, os lenhadores romperam a vibrar, no sopé dos troncos, as machadas compassadas, que se repercutiam, cavas e profundas, pelo vale, e iam morrer lá em baixo, com o marulhar das águas no açude. [...]
O sol rompera. A neblina desfizera-se, pouco a pouco. [...]
Caíra o último pinheiro. Ia começar a derrama. [...] E foi justamente à hora do almoço, quando as marmitas fumegavam, alinhadas sôbre o brazido, que o Zé Maria divisou, na curva do caminho, a figura bem conhecida de «Sô Puxa», o carteiro da terra, fazendo esforços visiveis para subir a ladeira, montado na sua bicicleta, que zig-zagueava pela estrada poeirenta. [...]
Zá Maria, o capataz, a tôda a força dos pulmões, berrou lá do alto:
- Ó «Sô Puxa»! Há alguma coisa p'ra gente? [...]
«Sô Puxa» esquadrinhou a mala, a monologar entre os dentes:
- Que raio de gente esta! Todos querem cartas... e não sabem ler... Que faria, se soubessem...
E rematou com o estribilho de sempre, que era, ao mesmo tempo, um protesto e um desabafo, uma espécie de válvula de segurança da sua irritação permanente:
- ... Puxa!...
E logo, numa transição:
- Aí vai o jornal - e estão com sorte...
Os grandes, um título doloroso e alarmante! Zé Maria abanou a cabeça, num mixto de tristeza e desaprovação, e comentou:
- Mais tropas nossas que vão para França!
Fez-se um silêncio. Um rapazote aloirado quebrou-o, numa voz onde se sentia a amargura da saudade:
- Ó sr. António?! Tem tido notícias do João?!...
Encostado a uma árvore, olhar perdido na distância, como se quisesse penetrar os segredos da imensidão, sr. António volveu, triste:
- Isso sim! Há três semanas que não recebo notícias! Pobre filho! Onde êle me foi parar!
Pelo cérebro daqueles homens, passou, numa saüdade, a figura de João da Mó, o mais insinuante, o mais alegre dos rapazes de Santiago da Ermida, o João Ratão, orgulho dos seus pais, enlevo das moçoilas, o noivo de Vitória, a mais bonita das raparigas, umas poucas de léguas em redor. [...]
- Maldita guerra!
E na serena tranqüilidade da serra, os homens, de machada em riste, atacaram os pinheiros com o mesmo desespêro, com que, na Flandres, outros homens se apostavam em abater almas cristãs."
(Excerto do Cap. I, Manhã na Serra)
"Havia mêses que João Ratão se encontrava em França, no sector ocupado pelas tropas portuguesas, na planície alagada e erma da Flandres. Partira um dia de Portugal, empilhado num navio, com milhares de camaradas, num grande barco cinzento, que era pequeno para conter tantos homens e tanto material. Embarcara com a alma dilacerada, por deixar a sua terra., sem esperanças de voltar. [...]
Foi num dia nevoento e triste que chegaram a França. Chovia a bom chover. Mas a população dispensara aos bravos soldados, que de tão longe vinham em seu socôrro, uma recepção entusiástica! João Ratão, quando desfilara, com todo o batalhão, pelas ruas empedradas do pôrto francês, entre alas de povo, que festejava a chegada dos portugueses, sentira um arrepio. Era alguém! Orgulhoso da sua missão, marchando com garbo e aprumo, João Ratão deitava o rabo do olho às raparigas, que se alinhavam nos passeios, ao longo das ruas. E que lindas carinhas! De si para si, João pensou que a guerra, afinal, não era tão má como a pintavam...
Mas enganara-se! Era pior e bem pior do que todos supunham. Quando chegou às primeiras linhas e ouviu o troar do canhão teve mêdo! [...]
Havia três dias já que o inimigo bombardeava sem cessar as posições ocupadas pelas tropas portuguesas. Bombardeava, noite e dia, com regularidade, batendo as trincheiras e a rectaguarda, com fôgo certeiro e cadenciado. Os rapazes sabiam o que aquilo queria dizer: era o prelúdio duma ofensiva, se não fôsse uma armadilha para outro sector, para um ataque de surpresa. [...]
- Temos dança! - comentou João Ratão para os seus companheiros, no abrigo, onde o cimento e os sacos de areia os protegiam da chuva de metralha. [...]
Durou horas esta luta de morte na defesa das primeiras linhas. Uns após outros, todos os ataques foram repelidos. E quando caiu a noite, sôbre o campo juncado de mortos e moribundos, os portugueses mantinham intacta a frente confiada à sua guarda.
João Ratão foi dos que se ofereceram para a perigosa missão de recolher os feridos na «terra de ninguém». Ouviam-se gemidos, ao longe, no silêncio da noite, só perturbado pelo breve matraquear das metralhadoras dos postos avançados."
(Excerto do Cap. IV, Nas Linhas de Fogo...)
Índice: [Preâmbulo]. | [Explicação cinematográfica da obra]. | Distribuição do Filme. | I - Manhã na serra. II - Carta do João. III - Primavera de Amor. IV - Nas Linhas de Fogo. V - Boas Novas. VI - A Canção da Mariette. VII - Dois Marotos. VIII - «Mademoiselle Frou-Frou». IX - A provocação. X - Manuela diverte-se. XI - O arraial. XII - A Calúnia. XIII - Desespêro. XIV - Dia cinzento. XV - A chegada do tenente. XVI - O interrogatório. XVII - A Cruz de Guerra. XVIII - Desastre no rio! XX - Epílogo.
Encadernação recente, em tela, com ferros gravados a ouro na lombada. Conservas capas de brochura.
Exemplar em bom estado de conservação.
Raro.
Com interesse para a bibliografia WW1.

Junto com:

COSTA, Júlio de Sousa e -
SEVERA (Maria Severa Onofriana) : 1820-1846. Apontamentos e notícias para a sua história noso-psicológica * Casos interessantes em que intervieram personagens de destaque * A vida na Mouraria * A boémia doirada * O retrato da Severa * Doença e morte * A vala comum... 2.ª edição. Lisboa, Livraria Bertrand, [1936]. In-8.º (19 cm) de 207, [1] p. ; [1] f. il. ; B.
Importante subsídio biográfico para a história da Severa, mítica fadista lisboeta - a primeira a ser conhecida no meio, talvez a mais famosa de sempre.
Ilustrado com duas estampas extra-texto:
- Cópia do desenho incompleto, a tinta da china, tendo no verso a simples nota: "A Severa", encontrado no espólio artístico do pintor Francisco Metrass (1825-1861);
- A casa onde morou a Severa.
Inclui no final do livro a partitura de "Quando eu morrer, raparigas", música que se afiança ter sido composta pela Severa bem como os versos que ela cantava de preferência, cuja letra evidenciava a vontade, após a morte, de ser sepultada em vala comum.
"A Severa...
Muito se tem falado desta desventurada que fez perder a serenidade, a compostura e também o juizo a filhos de algo e burguezes! E quantos lances de ciúme não provocou, sem o desejar, entre os da fina-flor da fadistagem da velho Mouraria!...
Êste livro de breves notícias e apontamentos coligidos durante largos anos, teve por finalidade acarretar subsídios para a crónica ou para o estudo psicológico dessa mulher que teve a popularidade triste que todos conhecem.
A sua mocidade cheia de beleza triunfante despertou paixões e ocasionou desvarios. Era a sina fatal com que viera a êste mundo de provação e destêrro. Pelas páginas que vão lêr-se passam muitos personagens do seu tempo e alguns da sua intimidade... Deslizam sombras de fidalgos, artistas, políticos, burgueses e alguns da negra legião do rebutalho da cadeia e da magna caterva da navalha...
Na vala comum onde ela quiz fôsse lançada, nessa cova larga do cemitério do Alto de S. João, da sua Lisboa, onde nascera e que tanto amava, terminou o drama da vida tempestuosa e delirante que teve, todavia, grandes claridades!...
Era linda... Disseram-mo duas pessoas que ainda a conheceram. O seu aspecto gentil e perturbante, os olhos cheios de meiguice e ternura que não era fingida e o seu corpo escultural, encantaram os homens do seu tempo."
(Excerto do Proémio)
Índice:
Poucas palavras como proémio. | I - Primeiras investigações. II - O conde Vimioso. III - Na vida airada. IV - A companheira de Severa. V - Um incidente na Praça do Campo de Santana. VI - As façanhas da Severa. VII - Não dou felicidade a pessoa alguma... VIII - Os actores Teodorico e Epifânio na rua do Capelão. IX - A ervanária da Mouraria. X - Uma amiga da Severa. XI - No «Colete Encarnado». XII - A taberna do «Manhoso». XIII - Recordações. XIV - O retrato da Severa. XV - Que expiação? XVI - Lancem-me à vala comum!... XVII - A Severa no teatro. Aditamento (Certidão de óbito da Severa). | Quando eu morrer raparigas [partitura]. | Índice. | Índice alfabético dos personagens, locais e factos que figuram neste livro.
Encadernação recente, em tela, com ferros gravados a ouro na lombada. Conserva a capa de brochura frontal.
Exemplar em bom estado de conservação. Com sublinhados a caneta ao longo do livro.
Invulgar.
Com interesse histórico.

2 volumes encadernados num único tomo.
Preço conjunto:
35€