06 julho, 2022

PARREIRA, José - CANTOS, MUSICAS E DANÇAS (escorço).
Por... Congresso Regional Algarvio
. Lisboa, Composto e impresso da Typographia da «Gazeta dos Caminhos de Ferro», [1915]. In-8.º (20,5x13,5 cm) de 16 p. ; B.
1.ª edição.
Tese apresentada ao Congresso Regional Algarvio.
Encontro histórico. "Além dos principais órgãos de imprensa nacional e regional, no congresso estiveram presentes alguns dos mais ilustres representantes da elite algarvia, habitando ou não no distrito, nomeadamente ministros, deputados, senadores, altos funcionários, académicos, cientistas, médicos, advogados, professores, engenheiros, agrónomos, militares, etc. [...]
As teses apresentadas [em número de 25] focaram especialmente o turismo, a indústria, o crédito bancário, a pesca e o ensino da pesca, as vias de comunicação, o ensino, a cultura, a tradição oral, o comércio, o clima, etc., confirmando ao mesmo tempo a intenção de servirem de base a futura legislação para enquadramento do que se viesse a projectar. [...]
Na ocasião foi anunciado um novo congresso, que teria lugar na cidade de Faro, durante o ano de 1918. Todavia, por razões que desconhecemos este nunca se chegaria a realizar."
(Fonte: https://www.jornaldemonchique.pt/o-congresso-regional-algarvio-de-1915-e-os-seus-reflexos-no-concelho-de-monchique-iii/)
Opúsculo raro, com o maior interesse histórico, etnográfico e regional, por certo, com tiragem reduzida.
"A paizagem falla á alma e falla ao espirito, creando n'elle como que um instrumento, que alheiadamente desferirá as notas tristes ou alegres, melancholicas ou joviaes: cahidas do céo, vindas das almas que em nossa alma fallam.
Que bellos cantos que nos campos algarvios se ouvem! Que toadas! A musica simples, cheia de singella e de despreoccupada arte, mas dizendo muito mais que, ás vezes, as preoccupadas lucubrações dos amaneirados compositores. É a ternura do céo passando para a ternura da voz; é a tepidez do ar temperando o coração; é o mar infinitamente azul alongando o sonho, n'um rasto de tristeza que até á vista se esfuma...
O canto no sul é como esse sul. Descamisando o milho, encaixando o figo, colhendo as uvas ou apanhando a alfarroba, a rapariga do campo canta, não para espantar seus males, mas porque refecte nas cambiantes do seu sentimento o que n'elle incute o mundo exterior. Fazei por as ouvir! A phantasia e o poetico! [...]

Quem não quizer ver mulher
Em outros braços rendida
Não a deixe um só momento,
Por toda a parte a persiga.

Mas coitadinha d'aquella
Que cae em boccas do mundo,
Que é como uma barca sem leme,
Que se anaga, e vae ao fundo!

Fazei por que o Algarve não se desregionalize. Em tudo, elle tem um caracter proprio e que merece ser apreciado e mantido.
Conserva a tua toada que te vem da Natureza; vella pela tua musica, que corda é dos instrumentos variados que em teu redor artistas naturaes te fabricam; não desprezes mesmo as tuas danças, mais quentes, mas d'um fino erotismo, que todas as lubricas, banaes e landanescas mornas..."
 
(Excertos da Tese)

Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Falha de papel na capa frontal, visível na foto publicada.
Raro.
25€

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