1.ª edição.
Ilustrada com duas bonitas estampas intercalada no texto.
Romance histórico cuja acção decorre em Nagasaki, cidade japonesa fundada por navegadores portugueses na segunda metade do século XVI. De realçar a preocupação do autor em justificar a narrativa romanceada com constantes informações históricas, e por vezes extensas, em notas de rodapé.
"Era ha trezentos annos a cidade do Santo Nome de Deus de Macau, como ainda é hoje, o mais afastado domínio que tinha Portugal; mas tambem, como de ha muito deixou de ser, a única possessão europêa na China e o empório de mais opulento commércio no Extrêmo Oriente.
Era n'aquella minúscula península de A-mangdo, retalhosito da ilha de Hian-chan, na embocadura do rio amplo de Cantão, a terceira colónia de portuguêzes no littoral do Celeste Império.
A mais remota paragem e o ultimo cáes da raça aventurosa que fômos no mundo.
Dominada pelos mercadores, pelos soldados e pelos marinheiros de aventura de um dos mais pequenos estados que tinha a Europa, Macau tornára-se uma colmeia laboriosa no maior paiz da raça amarella, cem vezes mais vasto que Portugal e duzentas vezes mais populoso. [...]
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Era anciosamente esperada pela gente mercante aquella náu. Trazia uma carregação preciosa de mercadorias da India e da Europa; voltaria a Malaca, levando um carregamento de sêdas, ouro, drogas e porcellanas da China; de prata em barra, louças e charões do Japão.
Quando fundeou, o caes estava atulhado de gente; chinezes de categorias diversíssimas, macaístas, portuguêzes da Europa, índios, parses, malaios, frades e missionários de Portugal, jesuitas italianos e francêzes, destinados ás missões cathólicas no interior do Celeste Império.
Trazia tambem passageiros aquelle navio de Malaca. A dois d'elles os foi buscar a bordo, n'um batel de altivo porte, certo môço de origem fidalga capitão dos arcabuzeiros de embarque, chamado Jorge Falcão.
Era um forte e donairoso official de vinte e cinco annos. Ficava-lhe admiravelmente o seu bello uniforme de capitão de arcabuzeiros, caprichosamente engalanado com bordaduras de prata e ouro.
(excerto do texto)
António Maria de Campos Júnior (1850-1917). "Açoriano de nascimento, mudou-se com oito anos para Leiria, onde acaba por ingressar na carreira militar. É transferido para Lisboa por intervenção do seu amigo Afonso Xavier Lopes Vieira, pai do poeta Afonso Lopes Vieira. É ainda em Leiria que escreve O marechal Saldanha: ontem e hoje (1870), mas só em Lisboa a sua carreira literária tem espaço para crescer.
Na capital, filia-se primeiro no Partido Regenerador e depois na Esquerda Dinástica, empregando-se também como redactor nos jornais Diário de Notícias, Revolução de Setembro e principalmente O Século. Este último publica muitas das suas obras em folhetim antes de o serem em livro. Dedica-se quase exclusivamente à história, embora tenha escrito a peça Torpeza (1891) sobre o Ultimato inglês de 1890.
Os seus romances ficcionalizam acontecimentos e personagens importantes da história portuguesa, nomeadamente: O marquês de Pombal, Luís de Camões, Guerreiro e Monge, etc. Volta a Leiria, onde dirige o semanário Distrito de Leiria. Depois da implantação da República muda-se por fim para a Marinha Grande."
(Fonte: fcsh.unl.pt/chc/romanotorres)
Encadernação inteira de tela com ferros gravados a ouro na lombada. Sem capas de brochura.
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Assinatura de posse na f. anterrosto.
Invulgar.
10€
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