01 dezembro, 2015

CAMPOS JUNIOR, Antonio de - A ESTRELLA DE NAGASAKI. Lisboa, João Romano Torres & C.ª, [19--]. In-8.º (19cm) de 167, [1] p. ; [2] f. il. ; E.
1.ª edição.
Ilustrada com duas bonitas estampas intercalada no texto.
Romance histórico cuja acção decorre em Nagasaki, cidade japonesa fundada por navegadores portugueses na segunda metade do século XVI. De realçar a preocupação do autor em justificar a narrativa romanceada com constantes informações históricas, e por vezes extensas, em notas de rodapé.
"Era ha trezentos annos a cidade do Santo Nome de Deus de Macau, como ainda é hoje, o mais afastado domínio que tinha Portugal; mas tambem, como de ha muito deixou de ser, a única possessão europêa na China e o empório de mais opulento commércio no Extrêmo Oriente.
Era n'aquella minúscula península de A-mangdo, retalhosito da ilha de Hian-chan, na embocadura do rio amplo de Cantão, a terceira colónia de portuguêzes no littoral do Celeste Império.
A mais remota paragem e o ultimo cáes da raça aventurosa que fômos no mundo.
Dominada pelos mercadores, pelos soldados e pelos marinheiros de aventura de um dos mais pequenos estados que tinha a Europa, Macau tornára-se uma colmeia laboriosa no maior paiz da raça amarella, cem vezes mais vasto que Portugal e duzentas vezes mais populoso. [...]
Chegára ao porto de Macau uma náu de commércio, que era tambem navio de guerra por causa dos piratas que infestavam os mares da China. Vinha de Malaca, entrepósto opulento do commércio das grandes cidades maritimas do Extrêmo-Oriente com a de Gôa, centro do consideravel movimento mercantil que ainda havia entre aquella explendida metrópole da India e Lisboa, empório mercantil da Europa desde os últimos oitenta annos.
Era anciosamente esperada pela gente mercante aquella náu. Trazia uma carregação preciosa de mercadorias da India e da Europa; voltaria a Malaca, levando um carregamento de sêdas, ouro, drogas e porcellanas da China; de prata em barra, louças e charões do Japão.
Quando fundeou, o caes estava atulhado de gente; chinezes de categorias diversíssimas, macaístas, portuguêzes da Europa, índios, parses, malaios, frades e missionários de Portugal, jesuitas italianos e francêzes, destinados ás missões cathólicas no interior do Celeste Império.
Trazia tambem passageiros aquelle navio de Malaca. A dois d'elles os foi buscar a bordo, n'um batel de altivo porte, certo môço de origem fidalga capitão dos arcabuzeiros de embarque, chamado Jorge Falcão.
Era um forte e donairoso official de vinte e cinco annos. Ficava-lhe admiravelmente o seu bello uniforme de capitão de arcabuzeiros, caprichosamente engalanado com bordaduras de prata e ouro.
(excerto do texto)
António Maria de Campos Júnior (1850-1917). "Açoriano de nascimento, mudou-se com oito anos para Leiria, onde acaba por ingressar na carreira militar. É transferido para Lisboa por intervenção do seu amigo Afonso Xavier Lopes Vieira, pai do poeta Afonso Lopes Vieira. É ainda em Leiria que escreve O marechal Saldanha: ontem e hoje (1870), mas só em Lisboa a sua carreira literária tem espaço para crescer.
Na capital, filia-se primeiro no Partido Regenerador e depois na Esquerda Dinástica, empregando-se também como redactor nos jornais Diário de Notícias, Revolução de Setembro e principalmente O Século. Este último publica muitas das suas obras em folhetim antes de o serem em livro. Dedica-se quase exclusivamente à história, embora tenha escrito a peça Torpeza (1891) sobre o Ultimato inglês de 1890.
Os seus romances ficcionalizam acontecimentos e personagens importantes da história portuguesa, nomeadamente: O marquês de Pombal, Luís de Camões, Guerreiro e Monge, etc. Volta a Leiria, onde dirige o semanário Distrito de Leiria. Depois da implantação da República muda-se por fim para a Marinha Grande."

(Fonte: fcsh.unl.pt/chc/romanotorres)
Encadernação inteira de tela com ferros gravados a ouro na lombada. Sem capas de brochura.
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Assinatura de posse na f. anterrosto.
Invulgar.
10€

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