23 março, 2014

BELDEMONIO – VIAGENS NO CHIADO : apontamentos de jornada de um lisboeta através de Lisboa. Por… (Ed. de Barros Lobo). Porto, Barros & Filha, Editores, 1887. In-8º (18,5cm) de XVI, 311, [1] p. ; E.
1.ª edição.
Crónicas de costumes sobre Lisboa e os lisboetas do final do século XIX.
“A physiologia de Lisboa é um trabalho que ainda está por fazer. Estudar a capital nos seus dias e nas suas noites, em todas as manifestações da sua vida, nas suas ruas e no interior das suas casas; investigar os phenomenos do seu funcionamento e os segredos do seu organismo; saber que genero e grau de influencia ella exerce como factor mesológico sobre o individuo; surprehendel-a ao acordar e espreital-a quando se recolhe ao somno, seria um curioso exercicio, fertil em descobertas de toda a especie e bom para tentar o espirito mais exigente. Estas chronicas são esse exercício, realizado ao acaso dos dias e ao sabor da fantasia, sem disciplina, sem caso pensado de preconceitos didacticos. […]
Estes apontamentos sobre Lisboa são, em boa verdade, a chronica da decadência. O exame d’este final de seculo determinou a descoberta de uma nevrose especial, feita de vicios que parecem virtudes, o que é mau, e de virtudes que parecem vícios, o que é muito peor; e essa nevrose, de uma terrivel segurança nos seus efeitos, em parte nenhuma se radicou ainda tão fundo como aqui. É d’ella que estas chronicas, tambem doentias, são o reflexo fiel…”
(excerto da introdução)
Beldemónio, pseudónimo de Eduardo de Barros Lobo (1857-1893). Cronista, jornalista, contista e tradutor português. Albino Forjaz de Sampaio chamou-lhe "um guerrilheiro, um franco-atirador das letras". “Tendo frequentado o Seminário de Coimbra, mudou-se para o Porto, onde iniciou a sua carreira jornalística, colaborando em jornais como A Luta, Dez de março, O Primeiro de janeiro, A Folha Nova, O Jornal de Notícias, onde começou a assinar com o pseudónimo que o iria celebrizar, Beldemónio, e Vespas, revista humorística que fundou em 1880. Mudando-se para Lisboa, prosseguiu a sua carreira de cronista no Diário de Notícias e fundou os jornais de crítica social A Cega-Rega (1881), O Mandarim (1881), O Arauto (1886) e a revista A Má Língua (1889), cujo espírito de sátira mordaz lhe granjeou ataques e perseguições. Muitas das suas crónicas do quotidiano foram reunidas nos volumes Viagens no Chiado (1887) e Do Chiado a S. Bento (1890).”
Encadernação coeva em meia de pele com ferros gravados a ouro na lombada. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Com defeitos de monta nas pastas e na lombada, sobretudo na pasta anterior.
Invulgar.
Indisponível

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