16 maio, 2022

LOPES-VIEIRA, Affonso - AUTO DA "SEBENTA".
Farça em verso em um prologo e dois quadros. Peça Commemorativa do Centenario da "Sebenta"
. Coimbra, Edição da Commissão Academica do Centenario, 1899. In-8.º (18 cm) de 40 p. ; B.
1.ª edição.
Peça comemorativa do Auto da "Sebenta", representada na cidade de Coimbra em 29 de Abril de 1899.
Obra rara e muito interessante. Trata-se de uma as primeiras publicações de ALV, quando o poeta - estudante universitário - contava apenas 21 anos.
"O Auto que vamos ter a honra de representar na vossa presença, diz apenas uma homenagem áquella instituição coimbrã que vós conheceis, que é já quasi uma instituição nacional, e que se chama - a Sebenta. Escada de mil degráos que cada um tem de subir para chegar a Bacharel, ella representa o passado, porque massou os nossos avós, representa o presente, porque nos massa agora, e representa o futuro - por que ha de massar os nossos filhos. A Sebenta tem a poesia das coisas velhas, o encanto da legenda. Duvidam os sabios sobre se ella nasceu no Largo da Feira, ou se veio ao mundo por geração espontanea; mas se agora vos massasse com suas fontes, origens e importancia, eu deixava de ser o prologo da peça para me tornar n'aquillo de que vos fallo..."
(Excerto do Prologo)
Afonso Lopes Vieira (1875-1946). "Poeta e ficcionista português, nasceu a 26 de janeiro de 1878, em Leiria, e morreu a 25 de janeiro de 1946, em Lisboa. Formado em Direito pela Universidade de Coimbra, chegou a praticar a advocacia. Foi, entre 1900 e 1919, redator da Câmara dos Deputados, e, a partir de 1916, dedicou-se exclusivamente à literatura e à ação cultural. Retirou-se na sua casa de São Pedro de Muel onde recebia vários amigos, também escritores, e viajou por Espanha, França, Itália, Bélgica, Norte de África e Brasil, tendo decidido "reaportuguesar Portugal, tornando-se europeu".
Levou a cabo inúmeras tentativas de reabilitação junto do grande público (inclusivamente infantil) de um património nacional, nomeadamente clássico e medieval, esquecido, seja pela tradução (Romance de Amadis) ou divulgação de obras de autores basilares da cultura nacional (edição de Os Lusíadas; a promoção de uma Campanha Vicentina). Integrado no grupo da "Renascença Portuguesa", colaborou em publicações como A Águia, Nação Portuguesa ou Contemporânea. A sua poesia, próxima do saudosismo, inscreve-se num filão tradicional que, fazendo a transição entre a poesia neorromântica de fim-de-século e correntes nacionalistas e sebastianistas do início do século XX, recuperam métricas, formas e temas tanto inspirados na literatura clássica como nos romanceiros ou na literatura popular. Com uma faceta de anarquista, que inspirará, por exemplo, a obra ficcional Marques (História de um Perseguido), as inúmeras ações de renascimento cultural de Portugal que promoveu mantiveram-se num plano da consciência individual, sem aderirem a programas com ideais em parte coincidentes, como o integralismo, representando, antes, no início do século, a persistência de um neorromantismo que fora encetado com o neogarrettismo de Alberto de Oliveira. Destacam-se na sua produção: Para quê, Náufragos: Versos Lusitanos, O Encoberto, Bartolomeu Marinheiro, Arte Portuguesa, Ilhas de Bruma e Onde a Terra Acaba e o Mar Começa."
(Porto Editora – Afonso Lopes Vieira na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2021-10-13 14:50:11]. Disponível em https://www.infopedia.pt/$afonso-lopes-vieira)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas frágeis, levemente oxidadas, com defeitos e pequenas falhas de papel. Dedicatória coeva na f. ante-rosto, não do autor.
Raro.
Indisponível

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