01 maio, 2022

HISTORIA GENEALOGICA DO GRÁU por um grupo de sabios do Instituto de Coimbra.
Fragmento inedito d'um manuscripto coevo de S. Exª, recentemente descoberto na Torre do Tombo por um sabio cultor de «Antiguidades Aricas» - Torre do Tombo, gaveta 5 maço 8
. Coimbra, Typographia do Gráu, 1905. In-8.º (18x10 cm) de 15, [1] p. ; B.
1.ª edição.
Curiosa paródia coimbrã protagonizada pelos estudantes da Universidade, em 1905, celebrando o "centenário" do Enterro do Grau.
"A partir dos inícios do Séc. XIX, era habitual os Estudantes organizarem grandes festas em que celebravam o fim do ano lectivo, uma personalidade ou acontecimento. Estas festas tinham um grande carácter satírico e intitulavam-se de “Centenários”, para imitar os faustosos e exuberantes Centenários celebrados pela Monarquia de então. Os Centenários mais famosos foram o Tricentenário da Morte de Camões em 1888, o Centenário da Sebenta de 1899 e o Enterro do Grau de 1905. Estes Centenários eram festas que duravam vários dias e englobavam saraus poéticos e teatrais, tardes desportivas, touradas e cortejos alegóricos."
(Fonte: https://academica.pt/festas-academicas/)
Sobre este assunto, e com a devida vénia a António Bracons, reproduzimos um excerto do magnífico post intitulado «Aurélio da Paz dos Reis, Enterro do Grau, Coimbra, 1.6.1905», publicado no seu blogue - fasciniodafotografia.wordpress.com:
"O Enterro do Grau foi uma festa académica que teve lugar em Coimbra em 31 de maio e 1 de junho de 1905, poucos anos depois do “Centenário da Sebenta” (1899, pode ver no Fascínio da Fotografia, aqui) e que foi das percursoras da atual Queima das Fitas.
Um exemplo da irreverência e do humor que carateriza a academia coimbrã. Um período de festa a que adere a população da cidade, que ocorre a assistir e participar: nas ruas, das janelas…
Alberto Sousa Lamy, em A Academia de Coimbra 1537-1990, Lisboa: Rei dos Livros, 1990, págs. 168 - 170, narra o que foi o Enterro do Grau e a sua origem. Destaco uma parte:
«A Reforma de 1901 dos cursos universitários (decreto n.º 4, de 24 de dezembro), do dr. Abel de Andrade, acabando com a distinção entre bacharel e bacharel formado (a aprovação no exame do último ano dava direito ao título bacharel formado), e passando o grau de bacharel a ser dado no último ano, foi motivo para a realização, em 1905, do Enterro do Grau.
(…)
Em Abril foi afixado o cartaz anunciador das festas, que se vieram a efetuar a 31 de Maio e 1 de Junho.
No sarau realizado, a 31 de Maio, no Teatro-Circo, foi representada a farsa em verso Auto do Grau, do estudante do 4.º ano de Direito António Gomes da Silva. Justino Cruz fez o papel de Grau, Luís Carlos, o da Sebenta, sua esposa; António Gomes da Silva o de espectro de D. João I, António Mexia, o do Manuel das Barbas; e Augusto Moreira o de Abel, enviado de el-rei.
A 1 de Junho, teve lugar o cortejo fúnebre, com mais de uma dúzia de carros alegóricos, destacando-se entre eles, o ataúde do Grau; e foi posto à venda o folheto intitulado História genealógica do Grau por um grupo de sábios do Instituto de Coimbra.»"
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas apresentam pequena mancha (desvanecida) à cabeça.
"Dos forasteiros em Coimbra por occasião do enterro do fallecido Gráu, augmentado com um palpitante accrescimo que, supposto respeitar a toda a nação portugueza, interessa mais particulamente o coração do actual partido progressista.
Abre logo no começo com uma commovente epistola em fórma de carta do nosso SS. e venerando papa Pio X, e fecha com a nota elucidativa das principaes casas de prégo que actualmente têm n'esta cidade as portas viradas para a rua. - No genero é positivamente a obra mais completa que até hoje foi dada á luz.
Nota Final: custa apenas 100 rs. e póde ser lido por uma creatura em qualquer dos tres estados."
(Vade Mecum)
"Ao Gráu, não obstante a prolixa exiguidade dos textos sobre a sua genealogia chronica, podemos atribuir-lhe uma origem universitaria, congenita e substancial.
Já na idade media e ao mesmo tempo que os espiritos se armavam até aos dentes para atacar a Terra Santa naquillo que ella tinha de mais criticavelmente infiel, se operava lentamente essa transformação empirica dos methodos d'ensino caracterisados até alli pela ausencia completa de congeminencias praticas.
O Gráu é incontestavelmente um effeito avulso desta epocha, como o «Leal Conselheiro» e a «Arte de bem cavalgar toda a sella» foram já dois produtcos simbolicos de incontroversas e quiçá suffocadas tendencias.
É, pois, na sequencia irreductivel da corrente que avassalla os espiritos coevos, que vamos encontrar rasão de sêr do Gráu, o substractum materialisado da sua genése extrinseca.
Por outras palavras e mais claramente: na escala chromatica das instituições anachronicas, o Gráu representa uma tendencia formalista com intuitos mais ou menos solemnes e cathedraticos."
(Escorço perifrastico do apparecimento do Gráu)
Matérias:
Vade Mecum. | Pius X Dei gratia pontifex maximus. | Approbatio. | Escorço perifrastico do apparecimento do Gráu. | Capitulo I; Capitulo II; Capitulo III; Capitulo IV. | Epilogo ou Prologo (á discripção). | Capitulo V.
Muito raro.
Com interesse histórico.
Peça de colecção.
Indisponível

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