A INQUISIÇÃO DE 1850. Segunda edição dos artigos, que sob
este titulo publicou o jornal A Nação. Lisboa: Typographia de A. H. de Pontes,
1850. In-8.º (16 cm) de 251, [1], LII p. ; E.
Obra publicada sob anonimato. Trata-se de um trabalho crítico, de franca oposição à Lei de Imprensa, também conhecida como Lei das Rolhas. Esta foi apresentada em Fevereiro
de 1850, e viria a ser aprovada em Agosto do mesmo ano pelo governo de Costa
Cabral, não sem a oposição de algumas figuras de relevo da cultura
portuguesa, como Almeida Garrett, Alexandre Herculano, Latino Coelho e Lopes de
Mendonça, que a encararam como uma grave restrição à liberdade de imprensa.
A segunda parte da obra é preenchida com o Relatório da
Comissão de Legislação e pelo polémico Projecto de Lei.
“A manifestação do pensamento vae ser agrilhoada em Portugal
no anno de 1850, pelos mesmos homens que, invocando a liberdade, desembarcaram na praia do Mindello em 1832.
O despotismo de uma epocha encarregou-se de revelar a
hypocrisia da outra.
Era, a comunicação das idéas, talvez a unica das theorias da
carta, que ainda não estava
completamente desmentida, no facto, pelos que se intitulavam defensores desse
codigo.
Chegou-lhe a sua vez. E assim devia ser para que a historia
não podesse atttribuir nenhum principio,
aos que assaltaram a patria movidos somente por uma especulação facciosa.
Prometteram muito; - faltaram a tudo.
Calumniaram quanto existia; - sanctificaram depois, pelos
seus actos, os erros mais lamentaveis dos governos anteriores.
Onde não bastou o sophisma, recorreu-se despejadamente á
opressão. Onde não chegou a injustiça official, enviou-se o crime dos partidários.
Deste modo nem houve promessa que tivesse cumprimento, nem
accusação que não ficasse respondida.
Ás promessas oppunham-se os factos; ás acusações respondiam
as comparações pungentes.
A liberdade de fallar e escrever era, por ventura, a única
parte do programma, que se erguia, como simulacro de verdade, dentre o cahotico
montão de mentiras constitucionaes.
[…]
O direito de discussão, a censura dos actos publicos, são
hoje condemnadas por lei.
Está pois em ruinas todo esse baluarte phantasmagorico,
edificado, com o favor dos extrangeiros, sobre a arêa movediça do Mindello,
pela mão do Imperador do Brazil!
(Excerto da 1.ª parte do texto)
Encadernação coeva em meia de pele com ferros gravados a
ouro na lombada. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Apresenta
defeitos nas pastas. Assinatura de posse na f. rosto.
A Biblioteca Nacional regista uma 1.ª edição que, no
entanto, não foi possível confirmar, uma vez que apenas a presente, referenciada como
2.ª edição, é utilizada como fonte bibliográfica, incluindo o exemplar
digitalizado pela BNP.
Raro.
Com interesse histórico.
Indisponível
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