23 dezembro, 2023

FERNANDES, Albino -
CARVALHO ARAÚJO : herói sem mácula
. Lisboa, Edição do Autor, 1961. In-8.º (22x15,5 cm) de 254, [2] p. ; [4] f. il. ; il. ; B.
1.ª edição.
História de Carvalho Araújo. Talvez a mais importante peça biográfica que sobre este "herói" da história nacional se publicou entre nós. É também, de certa forma, uma tentativa de reabilitação da imagem do homem e oficial de marinha face às injustiças contra si cometidas por questões políticas, e a actuação ligeira das autoridades nacionais após a sua morte em combate, durante a Grande Guerra, ao fazer frente a um submarino alemão - que afrontou com armas desiguais - impedindo-o de atacar o navio S. Miguel, que comboiava.
Livro ilustrado em página inteira com desenho comparativo do calibre das peças do submarino/caça-minas, e em separado, com 4 estampas impressas sobre papel couché, incluindo o retrato do comandante Carvalho Araújo.
"Diz o comandante do submarino, capitão-tenente von Arnault de la Periére:
Cerca de 100 milhas sul-sueste dos Açores avistei nos meados do mês de Outubro do ano passado (creio que no dia 14), de manhã, o mencionado destroyer, juntamente com um vapor, e ataquei ambos sobre a água por meio de artilharia. Ambos responderam ao fogo. No decurso do combate, o «Augusto de Castilho» recebeu várias granadas e tinha que girar. A tripulação salvou-se em balsas e botes. Aproximei-me mais, recolhi os náufragos da balsa, mandei pensar os feridos pelo nosso médico, e mandei pôr os outros a bordo do destroyer para eles buscarem um bote que se encontrava ainda ali. Tenho de confessar que o ataque foi feito pelo «destroyer» com um brio e uma tenacidade nunca observado nos outros inimigos e que a valentia com que esse navio (mais fraco quanto a artilharia) se arrojou sobre o meu submarino me provocou admiração."
(Excerto do Cap. X - O combate, segundo os alemães - parte do Relatório)
Índice:
Sòmente justiça | Primeira Parte - Os antecedentes do Herói: I - Genealogia. II - Carvalho Araújo, oficial de Marinha. III - Carvalho Araújo, político. IV - Carvalho Araújo, Governador Colonial. V - Regresso à Metrópole. Segunda Parte - Perseguição Política: VI - Comissão perigosa. VII - Largada para a morte. VIII - O combate, segundo o relatório do imediato do caça-minas. IX - As recompensas, segundo o Decreto de 29 de Novembro de 1918. Terceira Parte - Surgem novos documentos: X - O combate, segundo os alemães. XI - O combate, segundo o 1.º maquinista do «Augusto de Castilho». XII - O combate, segundo o ex-Presidente da República, Dr. António José de Almeida. Quarta Parte - Exame crítico dos documentos: XIII - Missão cumprida. XIV - Táctica impecável. XV - O abandono do «Augusto de Castilho». XVI - A rendição do «Augusto de Castilho». XVII - Calma inexcedível. Quinta Parte - 41 anos depois do combate: XVIII - Justiça, enfim!
José Botelho de Carvalho Araújo (1880-1918). "Nasceu no Porto, em 1880. Frequentou a Academia Politécnica do Porto, onde realizou os Preparatórios que lhe permitiram ingressar, em 12 de outubro de 1899 na Escola Naval. Fez duas comissões em África, e quando regressou prestou serviço na esquadrilha de patrulhas de defesa do porto de Lisboa, foi comandante do caça-minas Manuel de Azevedo Gomes, entregando o comando quando passou para o Ministério das Colónias, a fim de ir desempenhar o cargo de governador de Inhambane. Após o seu regresso deste cargo, voltou a integrar a mencionada esquadrilha, tendo recebido o comando do caça-minas Augusto de Castilho, onde viria a falecer em combate. Augusto de Castilho recebeu a missão de escoltar o paquete S. Miguel em viagem para os Açores. No trânsito da Madeira para os Açores, no dia 14 de outubro de 1918, foi avistado o submarino alemão U-139. Ao detetar o submarino inimigo, o comandante do Augusto de Castilho não teve a menor dúvida em dar combate ao mesmo, protegendo deste modo o paquete. A sua missão era escoltar o S. Miguel. Para tal, Carvalho Araújo decidiu interpor-se entre este e o submarino alemão. Durante mais de duas horas travou intenso combate artilheiro contra o submarino, possibilitando a fuga do paquete. Quando o submarino conseguiu colocar o Augusto de Castilho fora de combate, já o S. Miguel se encontrava suficientemente afastado para ser impossível ao navio alemão alcançá-lo. No combate perderam a vida, além do comandante, o Aspirante de Marinha Elói de Freitas, e mais quatro praças. O número de feridos foi também bastante elevado, contando-se entre estes o imediato: Guarda-marinha Armando Ferraz. Quando cessou o fogo, os feridos receberam tratamento ministrado pelo médico do navio alemão, tendo o respetivo comandante enaltecido a bravura dos marinheiros portugueses, que com um navio tão pequeno tanto trabalho lhes tinham dado. Os sobreviventes navegaram em duas embarcações salva-vidas até aos Açores."
(Fonte: www.marinha.pt)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro.
Com interesse histórico.
45€

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