FIGUEIREDO, Fidelino de - UM COLECCIONADOR DE ANGÚSTIAS. Lisboa, Guimarães & C.ª Editores,[1953]. In-8º (19,5cm) de 321, [7] p. ; E. Colecção Filosofia e Ensaios
Conjunto de interessantes crónicas e reflexões filosóficas.
"Quem primeiro juntou ao seu ofício de ganhar o pão o gosto de coleccionar alguma coisa - copos, relógios, caixas de fósforos, selos de correio, ingratidões - fez dois achados preciosos: um motivo de interesse para a existência pardacenta de cada dia e um expediente para apressar o correr da máquina do tempo. [...]
Através das sinuosidades temáticas destas pobres notas, ou deste rosário de angústias e anedotas, há uma unidade. Sem algum critério unificador não se colecciona, reúne-se um confuso «bric-à-brac», ferro velho, sucata das experiências mortas. Essa unidade ou o critério coleccionista poderia ser a composição de um esboço de retrato, que se vai delineando descontínuamente, mas com firmeza em cada traço, de alguma consciência que transpusesse para problemas pessoais seus as grandes dores colectivas, que visse a existência toda como Stendhal viu a batalha de Waterloo."
(excerto do prólogo, O gosto de coleccionar)
Índice:
Prólogo: O gosto de coleccionar. I - A rua. II - O mestre desconhecido. III - Mortos e vivos na Academia. IV - Biografia de uma escola. V - «Juventud, divino tesoro». VI - O doente de Alpedrinha. VII - O homem e a bengala. VIII - Falsificação da cultura. IX - A sombra de Fradique. X - Catálise psicológica. XI - A linhagem dos Zagalos. XII - A angústia política. XIII - Lisboa e Madrid através de Angola. XIV - Saloios. XV - A angústia da ventura. XVI - O espírito foi antes carne. XVII - A angústia do irracional. XVIII - Um retrato da Morte. XIX - O túnel. XX - Música e vida. Epílogo: D. Quixote partiu ao anoitecer.
Fidelino de Figueiredo (1889-1967). "Notabilizou-se como professor, historiador e
crítico literário, tal como na faceta de ensaísta e de intelectual
cosmopolita (Lisboa, 20.VII.1889 – 20.III.1967). Licenciou-se em
Ciências Histórico-Geográficas na Faculdade de Letras, em 1910,
iniciando a sua vida profissional por se dedicar ao ensino e à vida
política nos conturbados tempos que se seguiram à implantação da
República. Exerceu vários cargos públicos: funções no Ministério da
Educação, director da Biblioteca Nacional e deputado. Fundou e dirigiu a
Sociedade Portuguesa de Estudos Históricos e a Revista de História
(1912-1928). Exilando-se em Madrid em finais da década de 20, por
razões políticas, é contratado como professor de Literatura pela
Universidade Central. Já na década de 30, depois de regressado a
Portugal, celebrizou-se nas actividades de conferencista e professor
convidado de Literatura em várias universidades europeias e americanas.
Contratado pela recém-criada Universidade de S. Paulo (1938-1951), funda
aí e, lodo de seguida, também na Faculdade Nacional de Filosofia do Rio
de Janeiro, os Estudos de Literatura Portuguesa, de cujo magistério
nasce um dinâmico grupo de discípulos, de entre os quais se contam
prestigiados docentes e investigadores (António Soares Amora, Cleonice
Berardinelli, Segismundo Spina, Carlos de Assis Pereira, Massaud Moisés,
etc.). Além dos vários cursos de graduação e pós-gradução, dirigiu e
colaborou activamente na revista de Letras (1938-1954),
publicação da referida Univ. de São Paulo. Atingido por incurável e
progressiva doença, deixou as funções docentes em S. Paulo, regressando
definitivamente a Portugal, à sua casa de Alvalade. Na área dos Estudos Literários, deixou uma vasta, fecunda e
influente obra, nos campos da Crítica Literária e do Ensaio, da História
e da Literatura Comparada, bem como da Teoría Literária. O seu grande
contributo reside no propósito de contribuir para a profunda
modernização teórico-metodológica das disciplinas que integram esta área
de conhecimento. Foi ainda pioneiro na nova área da Literatura Comparada em Portugal,
quer no domínio da sua conceptualização teórica, quer na elaboração de
sugestivos estudos de crítica comparativista. Ao mesmo tempo,
patenteando um agudo sentido cívico e manifestas preocupações
existenciais, dedicou-se a uma contínua reflexão ensaística, de natureza
cultural e filosófica, mais acentuada no final da sua vida."
Belíssima encadernação em meia de pele com nervuras e ferros gravados a ouro na lombada. Conserva a capa frontal.
Exemplar em bom estado de conservação. Assinatura de posse na f. seguinte ao rosto. Contém sublinhados e anotações em rodapé.
Invulgar.
15€
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