01 junho, 2012

CHAVES, Astrigildo - A NETA DO GAMA : no ALJUBE (D. Constança Telles da Gama). Lisboa, A. Almeida e Costa, [1912]. In-8º grd. (24cm) de 34 p. ; B.
"O vandalismo troglodyta de enlaçar de crépes a pagina mais fulgurante da Historia-Patria, arrojando á sordidez do sarrafaçal Aljube, - Salpêtrière lusa, prisão de barregãs da Mouraria e de combórças de taverna - a Neta e véra representante do primeiro Viso-Rei das Índias, Vasco da Gama, não cuidem lá que obedece á descoberta d'um terrivel plano de conjura contra as instituições democraticas, em que os soldados fossem indómitas amazonas de sangue azul e sua generala a Nobre fidalga a ferros... Este attentado barbaro e indigno de portuguêses, que em qualquer parte do órbe faria erguer as proprias pedras da calçada, aqui, em pleno Estado libertado e integro, com legisladores solónicos de chlamyde albente debruada de cinábro vivaz, - sobre dois pontos de vista deve ser apreciado e distinguido: e, reduzidos á expressão mais simples ambos os aspectos perspectivaes, nós hemos de encontrar pela frente seus dois fócos de canalhice inconcebivel... [...] O odio feroz contra o existente torna-se sanha, monomania fixa, epilepsia de manicomio. Hão de esfrangalhar as tradições, espesinhar os nobres, expropriar os ricos; destruir as Egrejas, humilhar os Sabios, assassinar o Direito, cuspir o Brio, despucelar a Virtude... Conclusão logica: - abrir as portas da emigração ás classes dirigentes, causa de paralysia da machina propulsora de engrandecimento patrio." (excerto do texto)
A detenção de D. Constança Teles da Gama, no Aljube, por visitar e dispensar cuidados aos presos, é o pretexto para o autor "desancar" a República: "É então que o humanismo revolucionario levanta a grimpa, que a fraterniadde jacobina bóta as garras de fóra... Proteger inimigos da republica, não os deixar morrer á mingoa, levar-lhes conforto e pão? Crime sem par.
Astrigildo Chaves (Évora, 1886 – Lisboa, 1926), "proprietário de A Monarquia – jornal monárquico (com pendor anti-liberal) e católico, órgão de doutrina e comentário, mais do que noticioso, deu continuidade à acção panfletária do seu proprietário. Este, tendo iniciado actividade de propagandista do lado republicano (colaborou n’O Radical e n’A Vanguarda, publicou em 1907 o folheto Crimesdos Brigantinos : o fuzilado do Porto, verberações de um revoltado e, em dataincerta, Prosas  vermelhas), veio a desiludir-se no turbilhão do regicídio e a alinhar pela reacção monárquica." Entre outros, publicou ainda o jornal «A acção nacional» (15 números) e deu ao prelo dois números do folheto «O Espectro».
Exemplar brochado com deficiências. Capas sujas com falhas marginais; algumas páginas apresentam-se chamuscadas, marginalmente, à cabeça, sem afectação do texto.
Raro.
Indisponível

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