01 agosto, 2023

CAMPOS, Claudia de - ULTIMO AMOR. (Com o retrato da auctora). Lisboa, M. Gomes, editor : Livreiro de Suas Magestades e Altezas, M DCCC XCIV [1894]. In-8.º (17 cm) de [2], VI, 148, [4] p. ; [1] f. il. ; B.
1.ª edição.
Romance-ensaio sobre o adultério e a separação marital, circunstância que reflete a própria vida da autora, separada judicialmente do marido. Abordagem literária corajosa, em época de intolerância e crítica fácil à mulher independente.
Livro impresso em papel encorpado, ilustrado com o retrato de Claudia de Campos em separado.
Esta edição consta apenas de 500 exemplares todos chacellados pela auctora.
"Fôra muito tempo assumpto  de todas as conversas na pequena villa alemtejana onde este drama vae passar-se, a subita chegada de uma senhora ainda nova, muito conhecida em Lisboa pela sua fortuna, pela sua gentileza e pela posição social de seu marido, de quem acabava de separar-se.
Desde que se apeára da carruagem que a conduziu, e tomára posse da vasta casa já velha, construida ao centro de uma quinta quasi inculta, a dois kilometros da povoação, a curiosidade e maledicencia provincianas fizeram d'ella o seu alvo.
Diziam uns que Margarida de Lencastre escolhêra e mandára adornar luxuosamente essa residencia para melhor occultar as suas aventuras; outro eram de opinião que o marido a obrigára a ir para ali penitenciar-se do seu desregrado procedimento; em summa, formulava cada qual uma hypothese mais ou menos absurda, sem que ninguem ao certo soubesse a verdade."
(Excerto do Cap. I)
Maria Cláudia de Campos Matos (1859-1916). "Conhecida por Cláudia de Campos, nasceu no dia 28 de janeiro de 1859, em Sines, filha de Francisco António de Campos e de Maria Augusta Palma de Campos. Teve uma educação esmerada, da qual fizeram parte as literaturas inglesa e alemã.
Casou aos 16 anos com Joaquim Ornelas e Matos e, após alguns anos de casamento, estabeleceram-se em Lisboa. A vida conjugal não foi bem-sucedida, apesar dos dois filhos do casal e, em 1888, Cláudia de Campos e Joaquim Ornelas e Matos separaram-se judicialmente. A escritora tornou-se uma mulher autónoma, e iniciou uma nova fase da sua vida.
Após a separação, a escritora publicou a sua primeira obra, a coletânea de contos Rindo (1892). Foi na última década do século XIX que se concentrou a sua produção literária e ensaística. Já Coelho Neto (1864-1934), no dealbar do século XX, em carta dirigida a Garcia Redondo (1854-1916), se lhe referia nos seguintes termos: «[…] vou escrever sobre ela um artigo na Gazeta. Não conheço outra mulher que escreva a nossa língua com mais desembaraço do que essa formosa autora. […] Li os seus livros – e neles achei encanto e amargura, mel e travo – não são escritos banais, têm observação e trabalho […]». Da mesma forma, a polaca feminista, publicista e pacifista, Maria Cheliga-Loevy (1854-1927), cedo afirma acerca da autora «[…] portuguesa, cuja pátria intelectual é a Inglaterra, escritora conscienciosa, madame Cláudia de Campos tem, sobretudo, uma inclinação especial para os trabalhos de crítica. Jornalista uma vez por outra, nos seus artigos robustos, marcados por um estilo nítido, claro e preciso, dá testemunho incontestável de um espírito bem mais solidamente equilibrado do que o possuem bastantes detratores da mulher».
Além da literatura, teve um papel cívico relevante até se afastar da ribalta e da vida social. Em 1906 fez parte da direção da Secção Feminista da Liga Portuguesa da Paz e foi eleita vogal do Comité Português da agremiação francesa La Paix et le Désarmement par les Femmes. Vem a falecer em 30 de dezembro de 1916, fora dos grandes holofotes."
(Fonte: http://www.bnportugal.gov.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=1217%3Amostra-claudia-de-campos-1859-1916-da-literatura-a-intervencao-civica-25-nov-16-16h30&catid=166%3A2016&Itemid=1235&lang=pt)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Lombada apresenta pequenas falhas de papel nas extremidades.
Muito raro.
Indisponível

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