21 abril, 2023

BRAGA, Lourenço - TRABALHOS DE UMBANDA OU MAGIA PRÁTICA.
6.ª edição. Rio de Janeiro, Edições Spiker, 1961. In-8.º (19 cm) de 102 p. ; B.
Importante trabalho sobre a Umbanda - "religião brasileira por excelência", com raízes africanas.
Obra de referência sobre a matéria, conheceu várias edições no Brasil, não deixando por isso de ser uma obra procurada e muito invulgar.
"A Umbanda é uma religião afro-brasileira que sintetiza o culto aos Orixás e aos demais elementos das religiões africanas, em especial Iorubá, com indígenas e cristãs, porém sem ser definida por eles. Estruturada como religião no início do século XX em São Gonçalo, Rio de Janeiro, a partir das sínteses entre Candomblé, o catolicismo e o espiritismo que já se vinha operando ao longo do final do século XIX em quase todo o Brasil. É considerada uma "religião brasileira por excelência" caracterizada pelo sincretismo entre a tradição dos Orixás africanos, o catolicismo e os espíritos tradicionais de origem indígena.
"Umbanda" ou "Embanda" são oriundos da língua quimbunda de Angola, significando "magia", "arte de curar". Há também a suposição de uma origem em um mantra na língua adâmica cujo significado seria "conjunto das leis divinas" ou "deus ao nosso lado".
Também era conhecida a palavra "mbanda" significando “a arte de curar” ou “o culto pelo qual o sacerdote curava”, sendo que "mbanda" quer dizer “o Além, onde moram os espíritos”.
(Fonte: Wikipédia)
"Na racionalização da magia tentada por Lourenço Braga, o autor explicava a razão do uso na umbanda de cada uma dos objetos permitidos, listados anteriormente. Nesta racionalização encontramos sempre a relação com a teoria dos fluidos de Mesmer. Lourenço Braga via a umbanda como uma modalidade de espiritismo. O espiritismo fornecia para a umbanda o que o autor chamava de seu substrato teórico, a sua filosofia, enquanto que seus trabalhos práticos apontavam diretamente para a magia. Tanto sua filosofia quanto a sua prática atestavam, para Lourenço Braga, o caráter científico do espiritismo e da umbanda.
Concomitantemente ao esforço escriturístico, que chegava à tentativa de criar uma identidade científica para a umbanda, percebe-se que a magia é sempre assumida através de uma disposição conciliatória com a moral judaico-cristã. Assim, referindo-se ainda ao uso da pólvora nos trabalhos mágicos da umbanda, Lourenço Braga a um só tempo buscava no mesmerismo uma explicação aparentada com a ciência e credenciava a magia umbandista, colocando-a em oposição às práticas mágicas aéticas, próprias dos “quimbandeiros”.
Parecerá absurdo aos leitores dizer-se que é admissível o uso da pólvora, porém eu explico a grande utilidade dela, não como tem sido utilizada pelos quimbandeiros, para a prática do mal, mas sim, para o bem, para a descarga de ambientes ou deslocamentos de camadas fluídicas, densas ou pesadas, em volta de uma criatura, dentro de uma casa, ou em uma localidade qualquer. (BRAGA, [s.d.[1941], p. 23)
Essas são algumas evidências empíricas que conduzem a um nexo reincidente nas mesmas: a coexistência entre a manipulação de elementos materiais com fins mágicos e preocupações de natureza moralizantes e exegéticas na literatura produzida pelos intelectuais da umbanda. Contrariamente tanto à sociologia tradicional das religiões, à teologia e, sobretudo, ao universo conceitual que embasava o discurso médico-legal brasileiro, a magia aparecia nas obras doutrinárias umbandistas totalmente subordinada a princípios éticos. Através deste recurso, os intelectuais da umbanda opunham a magia constitutiva das práticas da nova religião à feitiçaria, praticada, nesta ótica por segmentos sociais, ou atrasados intelectualmente, ou alheios aos ensinamentos moralizantes pregados pela umbanda. A literatura umbandista de até meados do século XX forma um “corpus” no qual os dirigentes e intelectuais da nova religião, a um só tempo credenciavam a umbanda através do reconhecimento dos procedimentos mágicos presentes na ancestralidade afro-ameríndia e tentavam separá-la de todas as práticas às quais o processo de institucionalizações religiosas no Brasil negou o estatuto religioso."
(Fonte: Revista Brasileira de História das Religiões. ANPUH, Ano V, n. 14, Setembro 2012)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação.
Muito invulgar.
25€

Sem comentários:

Enviar um comentário