06 outubro, 2022

REPORTER X - A GUILHOTINA A FÔRCA E O GARROTE.
Pelo...
[Porto], Edição da Empresa "O Primeiro de Janeiro", [192-]. In-8.º (22,5 cm) de 79, [1] p. ; B. Col. As Grande Reportagens. Núm. 5
1.ª edição.
Número 5 d'As Grandes Reportagens, efémera colecção de que se terão publicado apenas cinco volumes, sendo este o último. Rara e pouco conhecida, sobre ela não existem referências, e a BNP não menciona.
Livro/revista composto por um conjunto de crónicas de jornalismo de sensação, sendo impossível discernir quais as reais e as que pertencem ao mundo da ficção, tal é a "pegada" imaginativa do nosso Repórter. Em todo o caso, trata-se de uma peça curiosa da bibliografia reinaldiana, e muitíssimo interessante.
"Há meses, um subúrbio do Pôrto, célebre pela freqüencia das suas tragédias - a que se deu o nome de Rio Tinto e a que se póde agregar "... de sangue" - agitou-se, vermelho de indignação, em redor dum crime, - do décimo que se registava na freguesia num curto espaço de tempo.
Os matadores eram dois rapazelhos sórdidamente ricos - dois parvónios a nivelarem-se pelo premitivismo dos seus defeitos - e das suas virtudes - às bestas féras e a cuja pacatês, calma, humilde e velhaca, se costuma chamar «santo produto da sã existência dos campos».
A causa do crime seria de ridícula futilidade se não fôsse a duresa do desenlace: um cão que ferrara a dentuça, nas canelas encascadas de sujidade dum dos assassinos...
- Fulano (o dono do cão) fêz pouco de nós! sussurraram por entre dentes, biliosamente...
No fundo de todos os homicídios que ensanguentam a província portuguesa - existe sempre essa frase maldita, reveladora da mais estúpida das dignidades: «Matámo-lo porque fez pouco de nós!»..."
(Excerto de O Direito de Matar)
Crónicas:
I - O Direito de Matar. II - Na véspera da morte - Barcelona, Montmartre da Península: Sombra e Luz - O paralélo algemado - O cortejo (Setembro de 1923). III - Frente à Morte (Reportagem da execução dos dois "pistoleiros" de Tarrassa). IV - Ideias e atribulações dos dois Verdugos espanhois (Confidencias de Gregório Mayoral, carrasco de Burgos e de Rogério Perez, carrasco de Barcelona). V - O Carrasco executado (Como foi assassinado Rogério Perez). VI - Quem quer ir vêr Mr. Landrú e a Madame Guilhotina? VII - O fuzilamento do "chauffeur". VIII - O Médico que matou. IX - A decadência dos carrascos. X - Os excêntricos da Morte e a sensação de morrer: O elogio da curiosidade - Os coleccionadores das agonías... alheias - A morte ntural e a morte violenta - O sofrimento da morte - A morte suave e a morte inquisitorial - A amante invisivel dos enforcados - O sodismo da forca - A tradição e enobrecimento da guilhotina - A vida duma cabeça decepada - O caprichoso pseudo suicídio de Charles Jacques Berin e a heroica experiencia do Dr. Enrik Levar.
Reinaldo Ferreira, pseud. Repórtex X (Lisboa, 1897 - 1935). "Considerado desde cedo como um prodígio do jornalismo, Reinaldo Ferreira já era reconhecido como repórter importante aos 20 anos. Viveu e trabalhou na Espanha, na França e na Bélgica. Diz-se que a sua invulgar imaginação era fortemente impulsionada pela morfina, vício por si mesmo assumido em 1932 no volume Memórias de um ex-morfinómano, escrito depois de uma desintoxicação. Muito cedo deixou que a sua imaginação mistificasse os leitores, apresentando ficção como realidade. Por exemplo, escreveu uma reportagem sobre a União Soviética sem nunca lá ter ido, e publicou uma série de cartas no jornal O Século, sob o pseudónimo Gil Goes, sobre um crime macabro que teria ocorrido na Rua Saraiva de Carvalho, em Lisboa. Em 1930, fundou o jornal Repórter X, designação que já usava como pseudónimo. O jornal granjeou sucesso com grandes tiragens. Era pois uma conhecida figura no meio jornalístico e literário da época, tendo sido amigo íntimo de Mário Domingues. Destacou-se também como produtor e realizador, tendo fundado uma produtora cinematográfica e dirigido três longas-metragens: O groom do Ritz, O táxi 9297 e Rito ou Rita. Publicou dezenas de volumes de ficção policial e de aventuras, assim como folhetos semanais com a mesma temática. Criou várias personagens marcantes, nomeadamente O mosqueteiro do ar (1933), personagem que se assemelhava com o Super-homem norte-americano, embora tenha surgido antes (a primeira banda-desenhada do Super-homem seria apenas publicada em 1938)."
(Fonte: http://fcsh.unl.pt/chc/romanotorres)

Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro.
Sem registo na BNP.
Indisponível

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