ALMEIDA, Fr. Cristovão de -
SERMÃO // DO Smo. SACRAMENTO, // EM ACÇAM DE GRAÇAS, // Na Dedicaçaõ do
Templo, que lhe edificou // A RAINHA N. S. // No lugar em que a
Magestade de ElRey N. S. // D. JOÃO O QUARTO // Que está em gloria, foi
livre milagrozamente da morte, // que lhe intentava dar a sacrilega
treiçaõ dos Castelhanos, // indo acompanhando a Christo Sacramentado na
// Procissaõ de Corpus o anno de 1647. // ESTEVE
O Smo. SACRAMENTO EXPOSTO. // ASSISTIRAM SVAS ALTEZAS. // Disse Missa
de Pontifical o Capellão Mòr, Bispo de Targa, // Eleito de Lamego. //
PREGOV O O. P. M. FR. CHRISTOVAM DE ALMEIDA // Religiozo de Santo
Agostinho, Prègador de S. Magestade, Qualifica- // dor do S. Officio,
& Lente de Theologia no Collegio de S. Antaõ // o Velho desta Cidade
de Lisboa em 12. de Junho de 661. // EM LISBOA. // Com todas as licenças necessarias. // Na Officina de Henrique Valente de Oliveira, Impressor delRey N. S. // Anno de 1661. In-8.º (19 cm) de [8], 39, [1] p. ; B.
1.ª edição.
Sermão-homenagem dedicado a D. João IV, falecido poucos anos antes, proferido na Igreja de Corpus Christi, Santa Maria Maior, Lisboa. "O edifício foi construído na sequência de um voto gratulatório da rainha D. Luísa de Gusmão, pela sobrevivência de D. João IV [a um atentado] perpetrado na altura da procissão do Corpo de Deus, o que foi explicado como manobras castelhanas, tendo a capela integrado um conjunto de obras régias de forte carga ideológica, apresentando-se como um dos primeiros monumentos de celebração do sucesso da Restauração".
Prédica proferida e publicada em pleno conflito entre os dois países ibéricos. São muito apreciados estes sermões da Restauração, pretendem celebrar e legitimar o poder real português.
Raro e importante. A BNP não menciona este sermão; possui outra versão mais recente (1672), editado em Coimbra na Officina de Joseph Ferreira, Livreiro da Universidade.
"Se os favores grandes fazé o agradecimento immortal, se quando o beneficio he maior que toda a esperança, não ha paga que seja igual ao beneficio, grande he o acerto desta acção, grande o fim desta solennidade. A Chrito Sacramentado consagra hoje a Fé, a Devação & a Piedade da Rainha N. Senhora este dia solennissimo, este Templo magestozo em agradecimento daquelle beneficio grande, daquele favor admiravel, que hoje fas quatorze annos fes neste lugar á Magestade do nosso invicto Rey Dom João o Quarto de felice, & saudoza memoria. [...]
Os bens, & os males do mundo naõ se fazem taõ incriveis por grandes, como se fazem incriveis por de desuzados Fazerse hum homem manjar (como se fazia Christo) para se dar a comer, Qui manducat meam carnem. Que couza ha mais desuzada, & ao parecer mais incrivel? Pois para o Senhor facilitar o credito a este singular beneficio rompe em tantos juramentos: Vere est cibus, vere est potus. Verdadeiramente, , que se a Piedade da Rainha nossa Senhora não edificára este admiravel Templo, para testemunho deste maravilhozo cazo, que podiamos justamente recear, que o naõ creriaõ os nossos descendêtes, porque para lhe dar credito, naõ parece que bastava, nem o testemunho autentico das escrituras, nem a verdade irrefragavel das historias. Quem avia de crer, que ouve hu homé taõ barbaro, que quis matar ao seu Rey à vista do Sacramento? E quem avia de crer, que foi este Rey taõ mimozo de Deos, que por duas vezes cegou a este traydor os olhos, quando quis empregar o tiro?"
(Excerto do Sermão)
Fr. Cristóvão de Almeida
(1620-1679). "Natural da vila da Golegã onde nasceu em 1620. Professou
com dezoito anos no Convento dos ermitas de Santo Agostinho, na cidade
de Évora. Doutor em Teologia, Mestre da sua Ordem e nomeado pelo
príncipe regente, D. Pedro, bispo coadjutor do Arcebispado de Lisboa,
dignidade em que foi confirmado com o título de bispo de Martyria.
Faleceu nas Caldas da Rainha no dia 26 de Outubro de 1679. Foi
considerado um dos mais eloquentes oradores que subiram ao púlpito, com
aplauso universal. Era elegante e erudito na oratória." (Inocêncio, Dicionário
Bibliográfico Português)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Desencadernado. Apresenta rasgão a toda a largura do frontispício sem perda de papel;
última página com falha de papel de algum relevo no pé.
Raro.
Sem registo na Biblioteca Nacional.
Peça de colecção.
50€
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