28 fevereiro, 2023

KOEHNE, Bernhard Karl von - LETTRE A MONSIEUR J. YONGE AKERMAN, secrétaire honoraire de la Societé numismatique de Londres, sur quelques médailles autonomes grecques de différentes cabinets.
(Extrait de VI Vol. des Mémoires de la Societé Impériale d'archéologie.). St. Pétersbourg, De l'Impremerie des Papiers de la Couronne, 1852. In-4.º (23 cm) de [4], 18 p. ; [1] f. il. ; B.
1.ª edição.
Curiosa publicação a propósito de uma colecção de moedas gregas, impressa em S. Petersburgo - à época, capital do Império Russo - sendo czar Nicolau I.
Opúsculo ilustrado com uma estampa extra-texto com 10 desenhos dos exemplares em questão.
Bernhard Karl von Koehne (Berlim, 1817 - Würzburg, 1886). "Foi um arqueólogo, numismata e genealogista alemão ao serviço da Rússia Imperial. Em 1844 foi nomeado curador do departamento de numismática do Museu Hermitage, em São Petersburgo, acumulando com a consultoria científica, e de 1857 em diante director da secção de armas no departamento de heráldica do senado russo. Após cair em desgraça junto dos círculos académicos de São Petersburgo, requereu a cidadania finlandesa em 1859, que não lhe foi concedida. Foi conhecido na Rússia sob o nome de Boris Valisilivich Kene em russo: Бернгард (Борис) Васильевич Кёне."
(Fonte: Wikipédia)
John Yonge Akerman FSA (1806–1873). "Foi um antiquário inglês especializado em numismática. Escreveu sob o pseudónimo Paul Pindar. Em janeiro de 1834, Akerman foi eleito membro da Sociedade de Antiquários. No outono de 1848, tornou-se secretário adjunto de Sir Henry Ellis e, cinco anos depois, secretário único. Desempenhou a tarefa até 1860, quando problemas de saúde o obrigaram a renunciar ao cargo, bem como ao de editor da Archæologia."
(Fonte: Wikipédia)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Protegido por capas simples, lisas. A capa encontra-se amputada em cerca de 1/4 do papel à cabeça.
Raro.
Com interesse histórico e numismático.
Sem registo na BNP.
10€

27 fevereiro, 2023


PERDIGOTO, Domingos Gonçales – QUEIXAS // DE // AMARO MENDES // GAVETA, // Estudante na Universidade de Coimbra, // CONTRA PULGAS, PERSEVEJOS, BESTAS // de jornada, Arrieiros, Estalajadeiros, Lograntes, // Amas, Moços, Lavandeiras, Ruas, Falta // de divertimentos, &c. // ESCRITAS // EM OITAVAS PORTUGUEZAS, // E DEDICADAS // AOS NOBILISSIMOS, E PRECLARISSIMOS // PAYS DOS SENHORES ESTUDANTES // CONIMBRICENCES. // Para que vindo no conhecimento dos muitos trabalhos // que seus estudiosos filhos padecem na jornada, e Univer- // sidade, se dignem de lhes accrescentar as mezadas, // POR // DOMINGOS GONÇALES PERDIGOTO, // Vizinho do mesmo Amaro Mendes Gaveta, e assintente // debaixo dos seus quartos. // LISBOA: MDCCLXV. // Na Offic. De IGNACIO NOGUEIRA XISTO. // Com todas as licenças necessarias. In-8.º (19 cm) de 12, [4] p. ; E.
Paródia setecentista aos caloiros da Universidade de Coimbra, que tal como o conhecido Palito Métrico, "se assemelha mais a um Manual de Acolhimento, que coloca o novato ou caloiro no conhecimento do que o espera e o aconselha sobre a melhor forma de ultrapassar as dificuldades e ratoeiras da vida académica e da cidade".
O texto das Queixas é antecedido por um soneto dedicado aos pais dos estudantes e outro aos leitores, e nas 3 páginas finais (inumeradas) pelos Sonetos do Author do Palito Metrico, que constam de 5 sonetos: Definição de hum Calouro; Propriedades de hum Calouro; Pensoens que cá em Coimbra paga hum Calouro, e hum Novato aos Veteranos; Carta de guia, que o Author dá por obra de misericordia a hum Novato; Conselho saudavel a hum Novato.

"Deitou-se Amaro Mendes com desejo
De descançar do muito que estudava;
Mas apertando a pulga, e persevejo,
O pobre de enfadado se arranhava:
Sentia cada baba, como hum quejo,
Até que, por fugir da casta brava,
Deo abaixo da cama hum salto forte,
E passeando, se queixa desta sorte:

Saõ tantos os trabalhos nestes annos,
Que o coitado estudante em Coimbra colla,
Que bem posso affirmar, que só maganos
Aturaõ similhante corriolla:
Se, para descançar dos seus insanos
Trabalhos, no lançol homem se enrolla,
Saltando-lhe no corpo esta canalha,
Cada picada he golpe de navalha."

(Excerto do poema)

Encadernação em meia de percalina com título gravado a ouro na pasta anterior.
Exemplar em bom estado de conservação.
Raro.
Indisponível

26 fevereiro, 2023

GOES, Gil - O MISTERIO DA RUA SARAIVA DE CARVALHO
. Lisboa, Guimarães & C.ª - Editôres, 1919. In-8.º (20 cm) de 183, [1] p. ; B.
1.ª edição.
Capa de Moraes. (Alfredo de Morais (1872-1971)).
Edição original da primeira obra de Reinaldo Ferreira, o popular Repórter X.
"Sob o pseudónimo de «Gil Goes», Reinaldo Ferreira escreveu em 1917 para o jornal O Século as fictícias cartas que denunciavam um misterioso crime em Campo de Ourique, Lisboa, dando origem em 1919 à publicação do seu primeiro livro, «O Mistério da Rua Saraiva de Carvalho». Esta obra foi também adaptada ao cinema por José Leitão de Barros, através da empresa Lusitânia Film, com o título «O Homem dos Olhos Tortos», tendo sido o primeiro serial português, embora inacabado."
(Fonte: https://alma-lusa.blogs.sapo.pt/letras-lusas-o-misterio-da-rua-saraiva-2109471)
"Ha na rua Saraiva de Carvalho um velho predio com aspecto de antiga moradia fidalga, ha muito deshabitado.
É um predio apenas de dois pavimentos, rez-do-chão e 1.º andar, fachada corrida ao longo da rua, de uma grande severidade de linhas, n'um estilo puramente nacional e a que o estado de abandono em que se encontra imprime uma nota triste de ruina. Da rua vê-se, atravez os caixilhos desdentados de vidraça, as janelas permanentemente cerradas e desbotadas do sol. A herva cresce nos beiraes das portas e tudo está envolto n'uma atmosfera de silencio, propicio a historias de lobis-homens e almas do outro mundo. Á direita, um pequeno pateo á moda portugueza tem comunicação com o interior do predio por uma porte de alpendre. Um alto muro com largo portão de ferro separa o pateo da rua.
Eram 3 horas da madrugada quando este portão girou lentamente nos gonzos e a ele assomou um vulto, prescutando a rua.
Tão extranha aparição em uma casa que todos consideravam desabitada, não podia passar sem surpreza.
E ainda bem longe de supor o que me estava reservado para essa noite, puz-me a observar atentamente o curioso movimento.
O vulto desaparecera de novo na escuridão do pateo e uns minutos decorreram em que no meu espirito, aguçado pela curiosidade, e formulavam hypoteses ainda ingenuas. Quem seria aquele estranho personagem? Talvez um namorado que, andava escondendo no misterio das sombras os seus amores pecaminosos... N'isto, o portão até ali apenas entreaberto, rolou pesadamente com estalidos ferrugentos para dar passagem a dois embuçados ajoujados ao peso de um grosso volume que transportavam. Atraz um terceiro embuçado fechou novamente o portão á chave indo depois auxiliar os companheiros a segurar no volume, o qual, a avaliar pela dificuldade do transporte parecia ser extremamente pesado."
(Excerto do Cap. I - O fardo misterioso)
Reinaldo Ferreira, pseud. Repórtex X (Lisboa, 1897 - 1935). "Considerado desde cedo como um prodígio do jornalismo, Reinaldo Ferreira já era reconhecido como repórter importante aos 20 anos. Viveu e trabalhou na Espanha, na França e na Bélgica. Diz-se que a sua invulgar imaginação era fortemente impulsionada pela morfina, vício por si mesmo assumido em 1932 no volume Memórias de um ex-morfinómano, escrito depois de uma desintoxicação. Muito cedo deixou que a sua imaginação mistificasse os leitores, apresentando ficção como realidade. Por exemplo, escreveu uma reportagem sobre a União Soviética sem nunca lá ter ido, e publicou uma série de cartas no jornal O Século, sob o pseudónimo Gil Goes, sobre um crime macabro que teria ocorrido na Rua Saraiva de Carvalho, em Lisboa. Em 1930, fundou o jornal Repórter X, designação que já usava como pseudónimo. O jornal granjeou sucesso com grandes tiragens. Era pois uma conhecida figura no meio jornalístico e literário da época, tendo sido amigo íntimo de Mário Domingues. Destacou-se também como produtor e realizador, tendo fundado uma produtora cinematográfica e dirigido três longas-metragens: O groom do Ritz, O táxi 9297 e Rito ou Rita. Publicou dezenas de volumes de ficção policial e de aventuras, assim como folhetos semanais com a mesma temática. Criou várias personagens marcantes, nomeadamente O mosqueteiro do ar (1933), personagem que se assemelhava com o Super-homem norte-americano, embora tenha surgido antes (a primeira banda-desenhada do Super-homem seria apenas publicada em 1938)."
(Fonte: http://fcsh.unl.pt/chc/romanotorres)
Bonita encadernação recente em meia de pele com ferros gravados a ouro na lombada. Conserva as capas originais.
Exemplar em bom estado de conservação. Capas frágeis com pequenos defeitos; capa alvo de restauro nos cantos.
Raro.
Peça de colecção.
Indisponível

25 fevereiro, 2023

WELLS, H. G. - UMA HISTORIA DOS TEMPOS FUTUROS.
Traducção de Mayer Garção
. Lisboa, Livraria Central de Gomes de Carvalho, editor, 1903. In-8.º (19 cm) de 169 p. ; B.
1.ª edição.
Capa de José Leite - 1903.
Interessante romance de ficção científica, sendo esta a edição original em língua portuguesa.
"O excellente mister Morris era um inglez que vivia no tempo da boa rainha Victoria. Era um homem prospero e muito sensato; lia o Times e ia á egreja. Ao chegar á edade madura, fixou-se-lhe no rosto uma expressão de tranquillo e satisfeito desdem por tudo quanto não era feito á sua imagem e semelhança. [...]
Possuia tudo quanto era correcto e conveniente possuir um homem na sua posição. E tudo o que não era correcto nem conveniente que um homem da sua posição possuisse, não o possuia.
Entre essas cousas correctas e convenientes que mister Morris possuia, contava-se uma mulher e filhos. Como era natural, sua esposa era d'um genero conveniente e tinha filhos d'um genero e em numero convenientes; não se notava n'elles nenhuma particula de estouvamento ou phantasia, pelo menos tanto quanto mister Morris o podia destrinçar. [...] Os filhos, educou-os mister Morris em boas e solidas escolas e abraçaram respeitaveis profissões; ás filhas, a despeito d'uma ou duas velleidades phantasistas, casou-as, arranjando-lhes bons partidos, homens de boa posição, já velhotes e «com esperanças.» E, quando lhe pareceu uma cousa conveniente e opportuna, mister Morris morreu."
(Excerto do Cap. I - A cura do amor)
Índice:
I - A cura do amor. II - Em pleno campo. III - As Vias da Cidade. IV - Em baixo. V - Bindon intervem.
Herbert George Wells (1866-1946). Escritor britânico. "Nascido em 1866 em Bromley, no Kent, numa família de modestíssimos recursos, Wells teve de começar a trabalhar aos 14 anos de idade, tendo sido sucessivamente aprendiz de fanqueiro, de droguista e contínuo numa escola. A primeira grande viragem da sua vida acontece aos 18 anos quando conquista uma bolsa para estudar biologia na Normal School of Science, em Londres, que leva a cabo então uma revolucionária experiência pedagógica de ensino livre. É aí onde encontra professores de excepcional gabarito como o famoso biólogo darwinista e agnosticista militante T. H. Huxley (avô do escritor Aldous), que o marcarão para sempre. Em 1888 obtém o seu diploma pela Universidade de Londres e torna-se o professor de ciências que, em 1895, a fama literária de "A Máquina do Tempo" virá arrancar para sempre do anonimato.
Transformou-se no celebérrimo autor de ficção científica H. G. Wells, cuja fama e influência nunca mais desapareceriam até ao fim dos seus dias - e mesmo para além deles.
Homem dotado de uma profunda consciência social, activista socialista, militante pela paz mundial e pela igualdade, defensor dos direitos das mulheres e da liberalização dos costumes, crente no papel emancipador da educação, polemista e panfletário, Wells manifestou durante quase toda a sua vida uma profunda fé no progresso humano e na capacidade libertadora da ciência."
(Fonte: http://static.publico.pt/sites/coleccaojuvenil/livros/18.maquinadotempo/texto3.htm)
Exemplar brochado, por aparar, em bom estado geral de conservação. Manuseado.
Raro.
Indisponível

24 fevereiro, 2023

MASCARENHAS, J. - O LAIVO DE SANGUE.
Tragedias do Minho. Primeira Narrativa. Lisboa, Imprensa J. G. de Sousa Neves, 1877. In-8.º (18,5 cm) de [2], 66, [2] p. ; B.
1.ª edição.
Novela histórica cuja acção decorre em Viana do Castelo nos meados do século XIX. Trata-se de uma trama familiar, do género "crime e mistério", bem ao jeito de Leite Bastos, contemporâneo do autor. Seria sua intenção, com esta primeira narrativa das Tragédias, inaugurar um ciclo de novelas regionais, projecto que não viria a concretizar, ficando-se pela presente.
Na folha que precede a f. ante-rosto tem impresso: "Cedido pelo Auctor a beneficio do ex-primeiro sargento Seixas Alves, que foi exauctorado em setembro de 1876 e hoje se encontra cumprindo uma sentença bastante longa na cadeia do Limoeiro."
"São passados alguns annos.
O sino da collegiada (?) annunciava a meia noute.
As guaritas e cristas das muralhas do castello de Vianna projectavam nos seus fossos umas sombras phantasmagoricas. O silencio do local era alterado apenas pela ressaca das ondas que se quebravam na praia.
Vianna dormia ha longo tempo o seu somno primeiro!
Narcotisada, de certo,pela monotonia profunda da sua vida usual, manifestava-se a taes hoas pelas expressões desmarcadas das proprias fossas nasaes.
E tinha rasão para tanto.
É que n'esta formosa terra do Minho, banhada pelo Lethes que susteve estaticas as hostes de Junio Bruto, as evoluções do progresso, em casos de sociabilidade, subordinam-se ainda, ao tosco regimen, do viver patriarchal.
Ás 8 horas das longas noutes de inverno, as classes operarias, depois de comida a pesada refeição nocturna, entregam-se, de bom grado, nas mãos de Morphéo e tapam a cabeça com a ponta do lençol com medo das almas penadas que crêem apparecer por noute velha."
(Excerto do Cap. I)
Joaquim Augusto d'Oliveira Mascarenhas (1847-1918). "Natural de Viana do Castelo, residiu muitos anos em Viseu onde foi Oficial do Exército, Arquivista do Secretariado Militar. Fez parte da expedição à Índia Portuguesa comandada pelo Infante D. Afonso de Bragança, onde exerceu o cargo de Administrador de Concelho. Dedicou-se à História de Portugal tendo escrito vários romances históricos e peças de teatro. Um dos seus mais famosos estudos foi o Diccionário de Portugal e Possessoes."
Exemplar brochado, por abrir, em bom estado de conservação. Selo de biblioteca na lombada. 
Raro.
Indisponível

23 fevereiro, 2023

AZEVEDO, Pedro A. de - O PROCESSO DOS TÁVORAS. Prefaciado e anotado por... (Conservador da secção de Manuscritos da Biblioteca Nacional). Lisboa, Tip. da Biblioteca Nacional, 1921. In-4.º (26,5 cm) de [31], 226, [1] ; il. ; B. Publicações da Biblioteca Nacional, Inéditos - I
1.ª edição.
Obra de referência sobre o caso dos Távora e seus apoiantes, acusados da tentativa de assassinato do rei D. José I num processo marcado pelo escândalo público, dadas as personalidades envolvidas, e os seus contornos políticos, tendo culminado com a brutal execução pública dos implicados em Belém, Lisboa, a 13 de Janeiro de 1759. Inclui a transcrição dos códices, cópias de autos e decretos do processo.
Ilustrada em separado com estampas reproduzindo gravuras da execução dos implicados na intentona.
Acompanham o livro recortes de jornais dos anos 30, dando conta da existência dos autos originais do Processo no Arquivo Nacional do Rio de Janeiro, contrariando assim a tese da sua destruição.
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Lombada apresenta falha de papel.
Muito invulgar.
Com interesse histórico.
Indisponível

22 fevereiro, 2023

AZEVEDO, Pedro A. de - O TERRITORIO DE ANEGIA.
Por...
Lisboa, Imprensa Nacional, 1898. In-4.º (25 cm) de 32 p. ; B.
1.ª edição independente.
Monografia sobre o antigo território de Anegia, região cujos limites, algo indefinidos, vigoraram entre os século IX e XI, sob a égide do Condado Portucalense, no período imediatamente anterior à fundação da nacionalidade.
"Entre os annos de 875 e de 1090 encontra-se numerosas vezes citado nos diplomas dos Portugaliae Monumenta Historica o territorio de Anegia, tão cedo desapparecido, que mal vestigios temos d'elle nos seculos posteriores, estando esses mesmos poucos restos aniquilados tão completamente nos nossos dias, que o nome de Anegia, que o era tambem da capital da região, a custo pôde ser identificado com a moderna povoação de Eja. [...]
Tinha elle - [o território] - uma superficie razoavel e começando na parte superior do rio Ferreira conglobava o curso inferior dos rios Sousa e Tamega, depois passando o Douro ia terminar a cêrca de metade do rio Paiva, já em plena Beira. Expondo com mais minuciosidade, a fronteira de Anegia principiava nas proximidades do Ferreira, a cima alguma cousa de Vandoma, passava depois por Marecos e Soalhães e d'aqui descia até Sande, no Douto, por onde se alongava até Foz-do-Sousa, e entrando por este rio chegava até á confluencia do Ferreira, o qual subia até ao tal ponto indeterminado onde começámos. Para aquém do Douro era muito pouco consideravel o territorio de Anegia que comprehendia o curso do Sardoeira em toda a sua extensão, parte do rio Paiva até Alvarenga, e incluia ainda Villa Meã, na freguesia de Espadanedo, e Real.
Dentro d'este perimetro encontravam-se as localidades importantes de Anegia e Aratrus (castro), alem dos mosteiros de Cette, Paço-de-Sousa e Pendorada (Alpendurada) e da posição estrategica do castro de Vandoma."
(Excerto do texto)
Pedro Augusto de São Bartolomeu de Azevedo (Santarém, 1869 - Lisboa, 1928). Historiador. "Sócio efetivo da Academia das Ciências de Lisboa e Diretor interino da Biblioteca Nacional. A sua opinião em matéria de paleografia e diplomática fazia fé; trabalhador incansável, ninguém como ele, depois de Sousa Viterbo se devotou ao trabalho inglório mas benemérito da publicação de documentos. Todas as revistas portuguesas de erudição de há trinta anos a esta parte o contaram como colaborador e se o seu espírito não pendeu a criação de sínteses, raros, como Pedro de Azevedo tão dignamente concorreram para este ideal do trabalho histórico, dilatando as suas possi­bilidades. O seu conhecimento dos Arquivos, em especial do Arquivo da Torre do Tombo do qual fora conservador era profundo; por isso nunca ninguém recorreu debalde aos seus generosos e desinteressados conselhos ou suges­tões."
(Fonte: http://www.joaquimdecarvalho.org/artigos/artigo/219-Pedro-A.-de-Azevedo)
Exemplar brochdo em bom estado de conservação.
Raro.
Com interesse histórico.
Indisponível

21 fevereiro, 2023

VIDA D'EL-REI D. AFFONSO VI.
Com um prefacio por Camillo Castello Branco
. Porto, Livraria Internacional de Ernesto Chardron : Braga, Livraria Internacional de Eugenio Chardron, [1873]. In-8.º (16x12 cm) de XII, 138, [10] p. ; E.
1.ª edição.
Narrativa biográfica anónima de D. Pedro VI (1643-1683), rei de Portugal por morte de seu irmão D. Teodósio, o primeiro filho de D. João IV na linha dinástica. Mais tarde dado seria dado como "física e mentalmente fraco", sendo declarado "incapaz", e deposto por seu irmão mais novo, Pedro, o duque de Beja, que assumiu a regência do reino.
Obra muitíssimo valorizada pelo extenso - e irónico - prefácio de Camilo Castelo Branco.
"Pois que ainda não temos historiadores bem assentuada do, impropriamente dito, reinado de Affonso VI, não se descure nem deixe perder alguma pagina das escriptas por pulso contemporaneo. Escriptores coevos, izemptos de paixão, quem os conheceu? E então, dos d'aquelle periodo, recheado de miserabilissimas villanias, facciosos de Affonso ou de Pedro, não veio algum até nos que mereça inteiro credito. O bispo do Porto, Fernão Correia de Lacerda pagou com a catastrophe a mytra. Falseou o nome como falsweara a honra: anagrammou-se, como se um anagramma descontasse nos gráos da infamia. A anti-catastrophe, de historiador incognito, tem relanços que inspiram crença; mas lá vem outros que a desluzem. O processo de divorcio de Affonso, requerido por sua mulher, esse sim, esclarece abysmos; é facho que nos conduz aos latibulos da corte d'aquella rainha incestuosa; por feitio que o processo diz mais para a historia das torpezas da esposa que das enfermidades do marido. É ella, a amante adultera do trigueiro cunhado, que entra nos tribunaes, empunhando attestados medicos e depoimentos de meretrizes, pelos quaes se demonstra que Affonso era menos viril que o necessario a uma dama que sahira da corte de Luis XIV."
(Excerto do Prefacio)
"Meu amigo, chegaram á minha mão uns cadernos achados em Coimbra em casa de um clerigo, pela occasião de sua morte, e entre elles vinha um muito maltratado, roto e sujo, que tinha por titulo: - Vida de El-Rei D. Affonso 6.º -, e podendo ler poucas paginas d'elle, accrescendo a ociosidade em que vivo, e a veneração que professei ao infante D. Pedro, me vi obrigado a mostrar a justificação que tomou a respeito do rei seu irmão; porém sinto que isto é impraticavel sem fazer menção da incapacidade do mesmo rei. Por tanto vos digo que a violencia do seu governo, e a sua inercia, desculpará o que eu, seguindo a verdade, disser sem attenção á magestade: e assim vereis este rei nascido, baptisado, enfermo, jurado principe e acclamado rei, tomando o sceptro, escolhendo homens indignos para o seu lado; vel-o-heis recluso, deposto em côrtes, casado e descasado, mandado para o castello da ilha Terceira; a conjuração que motivou aquella retirada; recolhido em Cintra; morto de repente n'aquelle palacio, e ultimamente o vereis na sepultura em Belem. Escrevendo novamente a sua vida, justificarei a seu respeito as acções louvaveis do infante D. Pedro, seu irmão."
(Prologo do auctor ao leitor)
"Estando a magestade d'el-rei D. João 4.º nosso senhor, em Evora, cidade, dando de mais perto calor ao seu exercito, que começava a marchar valorosamente contra as armas e terras castelhanas, foi Deus servido das ao nosso Portugal em sexta feira 21 de agosto d'esse anno de 1643, ás sete horas e um quarto da manhã, um novo defensor, como nascimento do serenissimo infante D. Affonso, o primeiro filho que el-rei nosso senhor teve depois de sua feliz acclamação n'este seu hereditario reino."
(Excerto do Cap. I - Nascimento de D. Affonso VI)
Indice:
Prefacio. | Prologo ao leitor. | I - Nascimento de D. Affonso VI. II - Indole de D. Affonso, e como succede na corôa. III - Separa-se D. Affonso para o seu quarto. IV - Como D. Affonso VI entrou no governo. V - Absoluto governo de D. Affonso VI. VI - Casamento de D. Affonso. VII - Exclusão do valido d'el-rei. VIII - Queixas da rainha. IX - Exclusão do secretario de estado. X - Recolhe-se a rainha á Esperança. XI - Prisão d'el-rei. XII - Desiste el-rei de seus reinos. XIII - Annulla-se a el-rei o matrimonio. XIV - é lançado el-rei em prisão á Ilha Terceira. XV - É mudado el-rei para o paço de Cintra. XVI - Morre D. Affonso VI. XVII - Funeral d'el-rei D. Affonso VI, rei de Portugal. XVIII - Conselheiros de estado que havia quando de depôz el-rei D. Affonso VI. | Nota. | A el-rei D. Affonso VI - sextilha anonima.
Bonita encadernação em meia de pele com ferros gravados a ouro na lombada. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado de conservação.
Raro.
50€

20 fevereiro, 2023

VIEIRA, Alves - DE ARTILHARIA 1 A CAXIAS.
Sentido protesto de uma victima que a demagogia tratou como réu
. Guimarães, Edição do Auctor, 1918. In-8.º (19 cm) de 185, [3] p. ; B.

1.ª edição.
Relato dos "agitados e tormentosos dias" que tiveram início a 5 de Outubro de 1910, com a implantação da República, por um religioso jesuíta do Colégio de Campolide, prisioneiro dos revolucionários.
"Em 5 d'Outubro de 1910, Lisboa presenceiava a dentro de seus muros um espectaculo jámais visto, e que pela novidade fez pulsar de jubilo e esperança mais de uma alma de patriota. A cidade como despertada de longo e pesadissimo lethargo, movimentava-se numa ancia febril, e das mãos «callejadas» das creanças e.. dos que nada fazem, cahiam alfim as gargalheiras da ominosa escravidão. Podia-se respirar livremente, agora. Raiara na rainha do Tejo a aurora brilhante da Republica, que no seu cofre inexhaurivel trazia riqueza, amor e felicidades para todos... e para mais alguem.
E era bello de ver, logo nas primeiras horas da manhã, as creanças em pé de guerra, trauteando o hymno redemptor e fitando de lagrimas nos olhos (o caso era triste!) um farrapo verde e encarnado, emquanto que os cidadãos de pé descalço, pouco teres e muito pouca vergonha, de carabina a tiracollo, pistola ou espada á cinta, se aventuravam por casas religiosas e companhias da Guarda Municipal á cata da infallivel recompensa.
Foi um delirio, aquella triumphal jornada.
Havia porém nos heroes, quando a multidão da Travessa da Palha e alfurmas similares os acclamava delirante, uns longes de sombra que inquietavam as potencias todas de terra e mar. O seu triumpho não fôra completo; o seu gozo fôra cerceiado pelos abutres: nas horas pavorosas e negras, quando a fuzilaria recrudescia innocente e inoffensiva, em obediencia ao programma de comedia que era a «sangrenta» revolução, vós podereis ver, de batina arregaçada, de olhar furibundo e tragico, uma legião de Jesuitas encaminhando as hostes monarchicas. Fôram elles, os terriveis Jesuitas, que puzeram em fuga, na rua Ferreira Borges, os heroes de mar e terra, que até «por esquecimento» deixaram alli duas peças de artilharia; elles, que montaram no Pateo do Thorel a artilharia de Queluz e armaram o braço «ás armas feito», de Paiva Couceiro; elles, que tomaram em plena Rotunda, a 3 metros dos heroes, duas peças d'estes; elles, que teriam abortado o movimento, se nessa hora não vem ordem do Quartel General para cessar fogo."
Indice:
Anteloquio. | Servindo de prologo. | A desforra. | Uma pergunta. | No nosso Colegio. | Em Artilharia 1. | Os meus companheiros. | Os nossos guardas. - Como passavamos o tempo. | O tigre. - Noite tragica. | Porque não fomos fuzilados. | As meretrizes no quartel. - Attentado nefando de um heroe. | Factos e considerações. |  Ordinario, marche! | Em Caxias. | Em Caxias (continuação). | Confrontando. |  Favores do Céu. | Bons amigos e maus inimigos. | Eis-nos livres!. | Appendice.
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Capas frágeis, levemente oxidadas.
Raro.
Indisponível

19 fevereiro, 2023

ALMANAQUE VEGETARIANO ILUSTRADO DE PORTUGAL E BRASIL : 1915 - 3.º ano.
Propaganda naturista: Regimes racionais e práticas salutares. Guia para seguirmos uma vida sã e perfeita, indemne da doença e das perversões sociais. Porto, Sociedade Vegetariana - Editora, 1914. In-4.º (23 cm) de 191, [1] p. ; [1] f. il. ; mto il. ; E.
1.ª edição.
Almanaque Vegetariano para o ano de 1915. Excelente exemplo da propaganda vegetariana do princípio do século XX, sendo este almanaque um dos mais importantes veículos de divulgação da cultura naturista entre nós. Reúne artigos sobre os mais diversos e interessante assuntos, da moda às apreciadas receitas culinárias.
Livro muito ilustrado ao longo do texto com desenhos e fotogravuras, e uma estampa em separado.
"Na cultura portuguesa, os discursos vegetariano e naturista tiveram alguma relevância a partir das primeiras décadas do século XX, em particular devido à ação dos membros da Sociedade Vegetariana de Portugal, fundada no Porto em 1911. [...]
No seu intuito de converter e propagandear os ideais vegetarianos e naturistas, a Sociedade Vegetariana Portuguesa foi conseguindo sócios brasileiros, de várias regiões do país, publicou cartas e fotografias de muitos deles, na revista O Vegetariano e no Almanaque Vegetariano [1913-1922], e nesses periódicos incluiu receitas culinárias com produtos brasileiros, ao mesmo tempo que foi publicitando o aparecimento das sociedades vegetarianas e naturistas brasileiras. Por outro lado, sabe-se que todas as publicações da Sociedade Vegetariana de Portugal, incluindo as referidas revistas, eram vendidas no Brasil."
(Fonte: Braga, Isabel Drumond. Em busca do novo Éden no século XX: os portugueses e a fundação de colónias naturistas no Brasil. História, Ciências, Saúde - Manguinhos, Rio de Janeiro, v.25, n.3, jul.-set. 2018, p.659-678.)
"É êste o título, pode dizer-se clássico neste género de publicações, com que a maior parte dos almanaques encimam a sua primeira página. Assim, tambêm, para não fugir demasiadamente à rotina, se abre êste repositório de máximas de Saúde e de Vida Natural com tão conhecida frase.
O ano de 1915 há de ser fértil em guerras e em desavenças sociais entre os homens: aí fica o primeiro vaticínio. Haverá fome e moléstias nos povos, tais são as segunda e terceira das visões.
Porque tão fatídicos êsses presságios? Porque tão funestas adivinhações?
É que a humanidade continua adstrita a tantos e tão viciosos costumes que, por muitos anos, à pesta, à fome e à guerra continuarão sendo levantados alteres. A Civilização foi a criadora dêstes males. Construi a humanidade, de per si, tantos artifícios que, necessáriamente, as doenças físicas, económicas e morais serão de ano para ano mais avantajadas e crueis."
(Excerto da abertura - O Juízo do Ano, de Amílcar de Sousa)
Encadernação editorial em percalina com ferros gravados a seco e a ouro na pasta anterior. Conserva a capa de brochura frontal.
Exemplar em bom estado de conservação. Pasta frontal apresenta desgaste no canto inferior direito.
Raro.
35€

18 fevereiro, 2023

TRIGOSO, Falcão - "AR LIVRE".
De...discipulo de Carlos Reis
. Lisboa : Março de 1948. [S.l.], [s.n. - imp. A Rápida - Lisboa], 1948. Folheto in-8.º (22 cm) de 4 p. (inc. capas) ; B.
1.ª edição.
Encarte da exposição intitulada "Ar Livre", do conhecido pintor lisboeta Falcão Trigoso, realizada em Março de 1948. Inclui 102 obras do artista, tendo impresso à cabeça o endereço do seu atelier e respectivo número de telefone.
Folheto muitíssimo valorizado pela dedicatória autógrafa do Mestre a uma sua ex-aluna.
João de Melo Falcão Trigoso (1879-1956). "Pintor contemporâneo, nascido em Lisboa a 4 de Março de 1879. Em 1897 matriculou se no Curso de Pintura da Escola de Belas Artes de Lisboa, licenciando se em 1902. Discípulo de Carlos Reis, Veloso Salgado e Simões de Almeida. Desde muito cedo e com verdadeira paixão iniciou a pintura ao ar livre, manifestando grande predilecção pelas paisagens algarvias, ricas de cor e de intensas tonalidades. Após concluir o curso de pintura, inicia a sua vida profissional na posição de director da Escola Técnica Vitorino Damásio, em Lagos. Exerceu, posteriormente, como director nas Escolas Fonseca Benevides e de Arte Aplicada António Arroio, em Lisboa. Foi membro do Grupo «Silva Porto», dirigido por Carlos Reis. Realizou várias exposições individuais, e apresentou as suas obras em diversas exposições da Sociedade Nacional de Belas Artes, onde foi galardoado, em 1948, uma medalha de honra. Recebeu, igualmente, o 1.º Prémio Silva Porto, em 1954, uma medalha de ouro na Exposição do Panamá-Pacífico, em São Francisco, nos Estados Unidos da América, e em 1900, o Prémio Anunciação. Falcão Trigoso faleceu em 23 de Dezembro de 1956, com 78 anos de idade. As suas obras encontram-se expostas no Museu Nacional de Arte Contemporânea, em Lisboa, Museu Grão Vasco, em Viseu, Casa-Museu Egas Moniz, em Avanca, Museu Malhoa, nas Caldas da Rainha, Museu Soares dos Reis, no Porto. Museu da Quinta de Santiago / Centro de Arte de Matosinhos e em várias colecções particulares."
(Fonte: https://serralvesantiguidades.com/lote/falcao-trigoso-1879-1956-3)
Exemplar em brochura, bem conservado.
Raro.
20€

17 fevereiro, 2023

MÜLLER, Adolfo Simões -
A VIAGEM MARAVILHOSA DO COMBOIO.
Ilustrações de Fernando Bento
. Lisboa, Edição da C. P., 1956. In-4.º (24,5 cm) de 46, [2] p. ; mto il. ; E.

1.ª edição.
Esta edição da C. P. - para a juventude - que comemora o primeiro centenário do Caminho de Ferro em Portugal [1856-1956], apresenta em separata «O jogo do comboio».
Obra procurada. Livro belíssimo, de grande esmero e apuro gráfico, impresso em papel encorpado de superior qualidade. Ilustrado na páginas do texto com desenhos a cores da autoria de Fernando Bento (1910-1996), que também assina a sobrecapa.
Inclui desdobrável: «O jogo do comboio» (38,5x50 cm).

Adolfo Simões Müller (1909-1989). "Natural de Lisboa, foi escritor, poeta e jornalista. Trabalhou como secretário de redacção do jornal Novidades, fundou e dirigiu o jornal infantil O Papagaio e foi director do Diabrete e do gabinete de programação da Emissora Nacional, onde produziu diversos programas radiofónicos. Estreou-se na literatura com o livro de poemas Asas de Ícaro (1926) mas foi na literatura infantil que se celebrizou. Escreveu dezenas de livros infantis e juvenis onde se incluem o Meu Portugal… Meu Gigante, O Livro das Fábulas e as adaptações de Os Lusíadas, A Peregrinação e As Pupilas do Senhor Reitor. Em 1982 foi distinguido com o Grande Prémio da Literatura Infantil, da Fundação Calouste Gulbenkian, pelo conjunto da sua obra literária."
(Fonte: wook)
Encadernação editorial cartonada, com título e desenho de comboio em verde na capa, revestido de sobrecapa policromada.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Sobrecapa apresenta pequeno corte à cabeça.
Muito invulgar.
Indisponível

16 fevereiro, 2023

COSTA, Cunha e – A EGREJA CATHOLICA E SIDONIO PAES. Coimbra, Coimbra Editora, L.da (Antiga Casa França & Armenio), 1921. In-8.º (20 cm) de 157, [3] p. ; B.
1.ª edição.
Importante estudo sobre as relações da Igreja Católica com o Estado durante a efémera presidência de Sidónio Pais.
Exemplar brochado, por abrir, em bom estado geral de conservação. Capa ligeiramente enrugada e oxidada.
Invulgar.
Com interesse histórico.
Indisponível

15 fevereiro, 2023

PIMENTA, Alfredo - O PADRE-NOSSO : comentário à modificação introduzida.
Edição do Autor
. Lisboa, Depositária: Livraria Portugalia, 1941. In-4.º (24,5 cm) de 21, [3] p. ; B.
1.ª edição.
Análise e comentários do autor às alterações imposta pelo clero português à oração "Pai-Nosso" ("Padre-Nosso"), pretexto para a elaboração de um estudo histórico alargado sobre o assunto que inclui a tradução de textos bíblicos.
Ensaio raro e muito interessante.
"Era, talvez, escusado dizê-lo.
Católico, sujeito quanto neste opúsculo escrevi, ao juízo infalível da Santa Madre Igreja, Católica, Apostólica, Romana, como filho humilde e obediente que sou.
Conseqüentemente, desde já declaro que condeno e rejeito sem reserva de qualquer espécie, e dou como não pensado e escrito, tudo o que neste opúsculo fôr, pela Autoridade competente, condenado e rejeitado, pedindo, antecipadamente, a Deus, perdão daquilo em que o possa ter ofendido."
(Protestação)
"A Lumen, revista de Cultura do Clero, em seu fascículo de Agôsto de 1941, e a págs. 544, publicava uma comunicação de Sua Eminência o Cardial Patriarca de Lisboa, em que se apresentavam novas fórmulas de vélhas orações, tornadas obrigatórias para todo o País por determinação do Episcopado.
O Padre-Nosso, ou Oração dominical, rezava-se assim:

«Padre Nosso que estais no Céu,
Santificado eja o Vosso nome;
Venha a nós o Vosso Reino;
Seja feita a Vossa vontade, assim na Terra como no Céu.
O pão nosso de cada dia nos dai hoje;
Perdoai-nos as nossa dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores;
E não nos deixeis cair em tentação,
Mas livrai-nos do mal.
Amen.»

Segundo a nova fórmula, em vez de «Padre-Nosso», dir-se-á «Pai-Nosso», e onde se dizia «Perdoai-nos as nossa dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores», dir-se-á: «Perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido».
(Excerto de § 1.º)
Exemplar em brochura, bem conservado.
Com interesse histórico e religioso.
Raro.
20€

14 fevereiro, 2023

ANDRADE, Ruy d' - BREVE NOTÍCIA DA EQUITAÇÃO DE ALTA-ESCOLA.
Separata do Boletim Pecuário - Ano XI - N.º 1
. Lisboa, Impresso nas oficinas da Sociedade Astória, Ltd, [1943]. In-4.º (26 cm) de 102, [2] p. ; [XLIV] p. estampas ; E.
1.ª edição independente.
Importante estudo sobre Arte Equestre, pelo Dr. Ruy de Andrade, uma das maiores autoridades sobre o assunto - e tudo o que diz respeito à criação, estudo e protecção equídea - em Portugal. Exemplar sem folha de rosto, iniciando na página 5, supomos que tal como foi publicado, respeitando a numeração do Boletim Pecuário onde originalmente o trabalho foi impresso.
Livro ilustrado com inúmeras reproduções de gravuras antigas, desenhos, retratos e fotogravuras distribuídas por 44 páginas separadas do texto.
"O que actualmente se chama Alta-Escola, é uma arte completamente diferente da equitação que lhe deu origem e se praticou no período do seu apogeu (séculos XVI, XVII e XVIII). [...]
De tôdas as formas da Alta-Escola é especialmente esta última a mais deturpada, pois a maior parte dos exercícios ou ares que se fazem executar aos cavalos, não derivam da verdadeira equitação concentrada, que só pode ser feita montado, mas de truques ou manhas que, com paciência, guloseimas e castigos, se ensinam aos cavalos, sem necessidade portanto de ser cavaleiro.
A passage, o passo e trote espanhol, algumas levadas, andamentos a compasso de música, algumas piruetas, etc., são os ares vulgarmente mostrados nos circos, mas que não representam senão uma deformação da verdadeira e clássica Alta-Escola."
(Excerto do Proémio)
"Como D. João V e D. José tiveram muito a peito a picaria da sua Côrte, o primeiro, por solicitações do segundo e talvez da Rainha D. Mariana de Áustria, fundou em Alter-do-Chão uma Real Coudelaria semelhante e para os mesmos fins da de Lipizza, iniciada com esta com éguas e cavalos andaluzes para êsse efeito importados, além doutros procedentes da Coudelaria de Portel, pertencente à Casa de Bragança. Na Coudelaria de Alter se criou uma raça de cavalos que no seu tempo chegou a ser a melhor da Península e uma das melhores do Mundo, mas que o cruzamento com outras raças, a árabe designadamente, começado relativamente cedo mas com certa discrição, acabou sem descernimento, o que fez desaparecer quási de todo a casta e nada criou de novo.
É, pois, provável, que no tempo daqueles Reis, e depois até à extinção da Picaria Real quando da primeira invasão francesa, servissem nas Reais Cavalariças bons picadores e para elas se remontassem bons cavalos, adquiridos alguns no estrangeiro, de preferência em Espanha, e outros em Portugal, êstes criados pela Casa de Bragança no Alentejo, pelo Infantado nas lezírias do Tejo, e, finalmente, em Alter-do-Chão."
(Excerto de A Alta-Escola em Portugal)
Matérias: Proémio. | Origem da Equitação de Alta-Escola. | A Alta-Escola em Nápoles. | A Alta-Escola em Espanha. | A Alta-Escola em França. | A Alta-Escola na Áustria. | A Alta-Escola noutros países: Inglaterra; Alemanha; Dinamarca e Suécia. | A Alta-Escola em Portugal. | Evolução da Alta-Escola. | Bibliografia.
Belíssima encadernação em meia de pele com cantos e ferros gravados a ouro na lombada. Conserva as capas de brochura.
Exemplar em bom estado de conservação. Ex-libris de António Lobão de Mascarenhas. Capa apresenta assinatura de posse no pé.
Muito invulgar.
Indisponível

13 fevereiro, 2023

AMORIM, Guedes de - MORFINA : novela
. Lisboa, João Romano Torres & C.ª - Editores, [1932]. In-8.º (19 cm) de 197, [1] p. ; B
1.ª edição.
Romance naturalista de costumes sobre o bas-fond lisboeta referente ao 1.º período literário do autor. Retrata a Lisboa viciosa e boémia dos loucos anos 20, das boites e dos cabarets...
"Uma enorme população de noctívagos, formando ruidosa feira cosmopolita, inundava o salão do luxuoso cabaret, ocupando todas as mêsas. Vivia-se, com música, champagne e gargalhadas, mais uma noite de festa dos sentidos. E, pela numerosa frequencia, os mais acostumados ao ambiente, podiam afirmar, cronometricamente, que eram três horas da manhã.
- Provoca-me tonturas viver aqui esta hora alucinante...
Fausto olhos o amigo, sorridente, com um vago ar de descrença, e respondeu-lhe:
- Adoras demasiado a mentira, para que eu possa acreditar-te...
Pedro Antonio, que se sentia agitado por uma tempestade de nervos, retorquiu:
- Falo verdade. Esta hora, vermelha, com os projectores rubros borrifando de sangue toda a sala, asfixia-me de um modo insuportavel.
- Mas tu, Pedro Antonio, adoras o vermelho, o vermelho em fogo, nos teus quadros.
- Mas, nos meus quadros, eu domino essa côr, enquanto que aqui, esta luz domina-nos a tôdos.
Calaram-se. A orquestra, obedecendo á ansia as pernas que queriam redopiar, começou a tocar um tango, romantico, sentimental, venenoso.
Peitilhos lustrosos e decotes mordidos por colares de perolas falsas, unidos, colados, principiaram a ondular sobre o estrado, num ritmo voluptuoso, como se estivessem afogados num sonho de amor oriental.
Sobre os pares que obedeciam fanaticamente áquela musica que convidava a confidencias, caíam agora tiras de luz ainda mais rubra, mais febril, envolvendo os corpos em chamas, dando a sugestão de que os bailarinos dançavam dentro de uma grande e estranha fogueira."
(Excerto do Cap. I)
António Guedes de Amorim (Peso da Régua, 1901 - Lisboa, 1979). Foi um jornalista e escritor autodidacta. Tem crónicas e artigos dispersos pela imprensa - jornais e revistas. Escreveu contos, novelas e romances. A sua obra de ficção está dominada por histórias dramáticas e sobre conflitos sociais, que se desenrolam em ambientes mórbidos e sombrios. Numa primeira fase está próximo do naturalismo; a partir de 1939 envereda pela corrente do Neo-Realismo aproximando-se do Marxismo e, por fim, converte-se a um cristianismo dedicado a S. Francisco de Assis, "que certamente tornou mais conhecida a obra franciscana em Portugal e no mundo."
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Muito invulgar.
20€

12 fevereiro, 2023

PIMENTEL, João Pereira Botelho de Amaral e - SERMÃO SOBRE A TORPEZA DO PECCADO, Pregado na Sé Cathedral de Leiria, por... Bacharel formado em Direito, Deão da Sé Cathedral de Leiria... Na Primeira tarde das Domingas da Quaresma do anno de 1858. Braga: - Typ. União - Á Galeria n.º 12, 1864. In-8.º (20,5 cm) de 22, [2] p. ; B.
1.ª edição.
Sermão de teor pessimista, reflete a desesperança com que, de uma forma geral, o autor encara o comportamento sócio-religioso do povo português.
Opúsculo ilustrado com gravura de Nossa Senhora no frontispício.
"Figura-se-me vêr um grande povo mergulhado em pesado somno, e dominado ao mesmo tempo por um somnambulismo frenetico, que o impelle para um terrivel, e proximo abismo, que lhe era facil evitar!... Eu vejo, Senhores, esse povo immenso, como reunido em larga praça, da qual sahem duas oppostas estradas, uma espaçosa, inclinada e coberta de illusorias flôres, vai finalisar bem depressa n'esse precipicio horrivel, outra, um pouco mais estreita, mas facilmente accessivel, conduz ao feliz termo a que todo elle aspira chegar. E o desgraçado povo somnambulo, longe de se dirigir em paz, e ordem para este ultimo caminho, se atropella em confusão e desordem, como furiosos bachantes, e corre quasi todo, com uma resolução e cegueira de loucos, para a beira d'esse precipicio horrivel, no qual em breve será desgraçadamente sepultado, se não houver alguem que o acorde do lamentavel somnambulismo, de que se acha dominado!..."
(Excerto do Sermão)
João Maria Pereira de Amaral e Pimentel (Oleiros, Castelo Branco, 1815 - Angra do Heroísmo, 1889). "28.º bispo de Angra, que governou a diocese entre 1872 e 1889, homem sensível e culto, dedicado às belas artes e à jardinagem, a quem a Diocese de Angra deve ter iniciado a publicação do Boletim Eclesiástico dos Açores, o qual, com mais de 130 anos de publicação ininterrupta, é hoje a mais antiga publicação periódica dos Açores.
Aparentemente por influência dum seu tio-avô, Frei Simão José Botelho Dourado, que era vigário de Oleiros e professor na Ordem de Malta, enveredou pela vida eclesiástica, ingressando no seminário lazarista de Cernache do Bonjardim.
Quando o Seminário das Missões de Cernache do Bonjardim fechou portas, por expulsão do seu corpo docente, foi obrigado a trabalhar para sustento da mãe e irmãs, sendo sucessivamente secretário do vigário capitular de Leiria, recebedor do concelho de Oleiros, escrivão da Câmara e advogado.
Ingressou no curso de direito da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, obtendo o bacharelato em 1849. Durante este período foi funcionário do Governo Civil do Distrito de Coimbra, para além de litografar sebentas e de exercer outras ocupações com as quais se sustentou.
Obtidas as ordens menores, passou a secretariar o bispo de Bragança, sendo ordenado presbítero em 1850, sendo logo nomeado vigário geral, chantre e vigário capitular daquela diocese.
Transferido para a diocese de Leiria, foi em 1854 nomeado deão, vigário geral e provisor da diocese. Neste ano foi agraciado com a comenda da Real Ordem Militar de Cristo.
Em 1865-1866 foi eleito e confirmado bispo de Macau, mas a nomeação não foi aceite pelo governo português, dada que a confirmação pontifícia restringia a sua jurisdição única e exclusivamente à cidade de Macau, contrariando as pretensões de jurisdição que Portugal mantinha sobre o governo espiritual dos católicos chineses.
Esta recusa levou a que retornasse ao seminário de Cernache do Bonjardim, nas funções de orientador do Colégio das Missões, a cujas actividades deixou ligado o seu nome.
Em Junho de 1871, o governo português apresentou-o à Santa Sé para bispo de Angra, sendo confirmado em consistório realizado em 22 de Dezembro de 1871 e nomeado pelo papa Pio IX.
O novo bispo de Angra nomeou seu procurador o Dr. Ferreira de Sousa que, em seu nome, tomou posse do bispado. Deu entrada na Diocese a 21 de Agosto de 1872, sendo recebido com as honras habituais, que incluíram Te Deum na catedral, onde deu anel a beijar ao clero, autoridades e pessoas de representação, seguindo-se, durante três noites, concerto pela Banda Militar dos Açores no salão de entrada do Paço Episcopal.
Governou com senso, fazendo numerosas visitas pastorais, publicando um acervo doutrinário cobrindo os temas e preocupações da época, com destaque para a Bula da Santa Cruzada, os tempos quaresmais, os excessos de emigração, e a posição do sacerdócio católico, com as suas prerrogativas e obrigações.
Entre a sua actividade normativa, destaca-se a regulamentação da jurisdição dos párocos, coadjutores e capelães e das oferendas às igrejas ou imagens, cruzes, altares e capelas.
Este bispo atravessou uma época difícil, com múltiplas discórdias, a que não eram alheias as facções políticas existentes na ilha e as tensões existentes entre a Igreja Católica Romana e o Estado. Para cúmulo, o relacionamento com o seu coadjutor com direito a sucessão, D. Francisco Maria do Prado Lacerda, o futuro 29.º bispo de Angra, estava longe de ser amistoso, havendo voz pública de graves questões e desentendimentos.
D. João Maria faleceu a 27 de Janeiro de 1889 na Quinta da Estrela, no Caminho de Baixo de São Carlos, arredores da cidade de Angra do Heroísmo.
Homem de profunda sabedoria e delicado espírito científico, era um grande apreciador das belas artes e passava o seu tempo livre cultivando flores."
(Fonte: Wikipédia)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Sem contracapa.
Raro.
Indisponível