07 novembro, 2021

MONIZ, Manuel de Carvalho - DA ARTE POPULAR ALENTEJANA.
IV. Os papéis recortados. [Por]... Da Associação dos Arqueólogos Portugueses
. Guimarães, [s.n. - Oficinas Gráficas da Companhia Editora do Minho - Barcelos], 1966. In-4.º (23 cm) de 15, [1] p. ; il. ; B. Separata da «Revista de Guimarães» - Vol. LXXVI, 1966
1.ª edição independente.
Interessante subsídio etnográfico sobre os papéis recortados, conhecida arte alentejana utilizada para enfeitar doçaria, sobretudo a conventual.
Livrinho ilustrado com 6 figuras exemplificativas distribuídas por 4 páginas.
"Não podemos escrever algo sobre o papéis recortados na arte popular alentejana ser recordar os executados nos conventos de freiras e, particularmente, os dos conventos eborenses.
Os papéis recostados alentejanos estão intimamente ligados à doçaria conventual eborense e esta notabilizou-se de tal maneira que ainda hoje, passados dezenas de anos após o encerramento das casas religiosas, Évora recorda o bolo de Santo Agostinho, do convento de Santa Mónica... [...]
Era hábito local em certos dias festivos, por cortesia, amizade e consideração, mandar presentes às pessoas mais categorizadas ou a quem se desejava agradecer algum serviço prestado. Então as caixas, travessas, bocetas ou tabuleiros enchiam-se de doces e enfeitavam-se com papéis recortados, cuja composição era fértil de imaginação, segundo a habilidade e espírito engenhoso da artista que os executava.
Isto porque, é bem certo, «o prazer de manjar não dispensa o requinte do adorno» e só o sossego do espírito e a paciência verdadeiramente beneditina das freiras eram capazes de executar no papel arrendado tão subtil beleza, como aqueles que encontramos nos tão célebres «papéis picados» dos conventos de Évora.
Destinavam-se, como já referimos, esses artísticos papéis a enfeitar as travessas, os cestinhos e os pratos de doces. Variavam muito quanto ao formato e às dimensões. Assim, eram rectangulares quando tapavam o típico «porquinho» ou a «bacorinha afilhada» com seus «farropos» mamando, ou a tão característica e saborosa «lampreia». Eram redondos se fechavam os cestinhos de renda, ovais ou em forma de peixe, chispe ou presunto.
Para a sua execução utilizam o papel fino, de seda, e como instrumento único a tesoura."
(Excerto do texto)
Exemplar em bom estado de conservação.
Muito invulgar.
Sem registo na Biblioteca Nacional (BNP).
15€

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