CASTELLO BRANCO, Camillo - MARIA DA FONTE. A proposito dos apontamentos para a historia da Revolução do Minho em 1846 publicados recentemente pelo reverendo Padre Casimiro, celebrado chefe da insurreição popular. Porto, Livraria Civilisação, 1885. In-8.º (19x12 cm) de 425, [3] p. ; E.
1.ª edição.
Interessante trabalho de investigação de Camilo Castelo Branco - de certo modo autobiográfico, já que também ele viveu nessa época - sobre a existência e acção da Maria da Fonte, personagem mítica da revolta popular baptizada com o seu "nome de guerra", que eclodiu no Minho, em 1846.
Rara edição original, ilustrada com bonitas capitulares e vinhetas tipográficas.
"Maria da Fonte, ou Revolta do Minho, foi uma revolta popular ocorrida na primavera de 1846 contra o governo cartista presidido por António Bernardo da Costa Cabral.
A revolta resultou das tensões sociais remanescentes das guerras liberais, exacerbadas pelo grande descontentamento popular gerado pelas novas leis de recrutamento militar que se lhe seguiram, por alterações fiscais e pela proibição de realizar enterros dentro de igrejas.
Iniciou-se na zona de Póvoa de Lanhoso (Minho) uma sublevação popular que se foi progressivamente estendendo a todo o norte de Portugal. A instigadora dos motins iniciais terá sido uma mulher do povo chamada Maria, natural da freguesia de Fontarcada, que por isso ficaria conhecida pela alcunha de Maria da Fonte. Como a fase inicial do movimento insurreccional teve uma forte componente feminina, acabou por ser esse o nome dado à revolta."
(Fonte: Wikipédia)
"Foi a Maria da Fonte a personificação fantastica de uma collectividade de amazonas de tamancos, ou realmente existiu, um corpo e fouce roçadoura, uma virago revolucionaria com aquelle nome e appellido?
É o que vamos esmiuçar.
Mas, em parenthesis: acho que faltam condiçoens epicas n'este periodo que acabei de immortalisar e exhibir á posteridade. Ao tratar das heroinas da revolução nacional de 1846, o meu estylo é lapantanamente grutesco. [...]
Sobre a personalidade unica, singular e distincta de Maria da Fonte entre as mulheres amotinadas no concelho de Vieira, o depoimento do snr. padre Casimiro deve ser o primeiro n'este processo de investigação.
Refere o minucioso historiador que um sapateiro de Simães, da freguezia de Fonte Arcada, o avisára que lhe maquinavam a morte; e, na mesma occasião, se mostrára receoso de que lhe matassem sua irman Maria Angelina, a quem chamavam Maria da Fonte, e fôra processada e pronunciada nos tumultos da Povoa de Lanhoso. Perguntou-lhe padre Casimiro o que fizera ella para ganhar tal nome. - Nada, respondeu o sapateiro; apenas acompanhára as outras mulheres que arrombaram a cadeia da Povoa para soltar as prêzas que primeiramente se levantaram contra a Junta de Saude."
(Excerto de Parte Primeira - Marias da Fonte)
Encadernação em meia de pele com ferros gravados a negro na lombada. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Assinatura de posse visível na f. rosto e primeira página de texto. Pág 95/96 apresenta rasgão no canto com perda de suporte, mas sem afectação da mancha tipográfica.
Raro.
Indisponível
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