03 maio, 2023

MORAES, Wenceslau de -
MANKAMÉRO.
N'uma estancia de banhos do Japão. Lisboa, Ferreira & Oliveira Lᴰᴬ : Editores, 1906. In-4.º (24,5 cm) de 5 p. ; (190-194 p.) ; mto il. ; C.
1.ª edição.
Estreia impressa desta crónica do autor retirada do n.º 15 - Setembro de 1906 - da apreciada revista Serões, sendo por isso a 1.ª edição absoluta de Mankaméro, artigo sobre costumes nipónicos posteriormente inserto no volume Os serões no Japão (1925) conjuntamente com outros escritos de Moraes para a mesma revista.
Autor de culto, todas as suas produções literárias são muito apreciadas. No caso presente, houve o cuidado de separar a história da revista conservado no entanto a capa, belíssima, que se encontra colada na pasta frontal, - dando cor à encadernação cartonada com que revestiram o artigo.
Crónica ilustrada com 7 fotogravuras, sendo uma delas em página inteira, e uma vinheta tipográfica a fechar.
"Mankaméro? Sim, não ha engano: - Mankaméro. - O termo parecer-nos-ha acaso arrevezado, a nós, ouvidos barbaros; mas não o é, por certo, para labios e ouvidos japonezes. Apresso-me a dizer que encerra mesmo um conceito delicado, como passo em seguida a explicar. Mankaméro é a denominação de uma famosa chaya, de um restaurante japonez, cerca de Kobe; man quer dizer «dez mil annos»; a traducção de kamé é «tartaruga»; e ro é um suffixo que serve para indicar certos estabelecimentos, como restaurantes, hospedarias, etc.; de sorte que o nome de Mankaméro (exemplo curioso de construcção agglutinante da linguagem) pode perfeitamente traduzir-se em portuguez por «A hospedaria da tartaruga de dez mil annos». A tartaruga, bruto pouco estimado no Occidente, é pelo contrario tido em apreço no Japão, assumpto vulgar de esculpturas e desenhos; sabe-se que gosa de uma existencia muito longa; é por este facto um symbolo de perseverança, de constancia, de longevidade, de felicidade; é commum o nome de mulher O-Kamé-San (a Senhora Tartaruga); e assim a palavra que apontei, como mil e mil outras adoptadas para divisa de empresas de negocio, representa uma invocação de bom agoiro, que agrada ao proprietario e aos seus freguezes e porventura lhes é presagio de benesses. Já que fallei em tartarugas, mencionarei que não é raro dar-se o caso e ver-se o pescador lançar de novo ao mar a tartaruga que pescou, após haver gravado na casca uma inscripção, com a data e com o seu nome; isto em respeito pelo bicho e tambem certamente em memoria de Urashima, o amoravel pescador de quem resa uma das lendas mais sentidas d'este povo."
(Excerto de Mankaméro)
Encadernação em cartolina com capa de brochura colada na pasta frontal.
Exemplar em bom estado de conservação.
Raro.
Indisponível

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