03 agosto, 2019

PLANCY, J. Collin de - DICIONÁRIO INFERNAL. Dicionário Infernal ou Biblioteca Universal àcerca das obras, das personagens, dos livros, dos factos e das coisas que dizem respeito às aparições, à magia, ao comércio com o inferno, às adivinhações, às ciências secretas, aos grimórios, aos prodígios, aos erros e preconceitos, às tradições e aos contos populares, às superstições diversas e geralmente e todas as crenças maravilhosas, surpreendentes, misteriosas e sobrenaturais. [Tradução, Prefácio e Notas: Ana Hatherly]. Lisboa, Galeria Panorama, 1969. In-8.º (20,5 cm) de 350 p. ; [8] p. il. ; [4] f. desd. il. ; il. ; E.
1.ª edição.
Capa de Correia de Pinho.
Obra curiosa, best seller do primeiro quartel do século XIX, época em que pela primeira vez foi publicada. É considerada o expoente máximo da «literatura frenética», leia-se 'literatura fantástica'.
Ilustrada com figuras extravagantes, impressas sobre folhas simples e desdobráveis, separadas do texto.
"Jacques-Albin-Simon Collin de Plancy, que nasceu em França em 1793 numa localidade denominada Plancy, perto de Arcis-sur-Aube, faleceu no ano de 1887.
A sua celebridade no campo das letras deve-se ao carácter particular das obras que publicou, que veio a ser designado por «género frenético» e que hoje designaríamos talvez por «literatura fantástica». [...]
Esse compilador, que é acima de tudo um informador especializado, um publicista, dedica-se a publicar tudo o que diz respeito ao oculto, ao misterioso, ao satânico e às ciências hoje ditas para-científicas, como por exemplo um tratado de cartomância, que aliás assina com o pseudónimo de Aldegonte Perenna. [...]
É a partir de 1818 que Collin de Plancy literalmente inunda o mercado do seu tempo e do seu país de textos que se ocupam na totalidade do insólito, do terrífico ou do extravagante. Em 1825 publica «O Diabo Pintado por Ele Próprio ou Galeria dos pequenos romances e contos maravilhosos ácerca das aventuras e do carácter dos demónios, suas intrigas, seus desaires e seus amores e os serviços que puderam prestar aos homens, extraído e traduzido dos autores mais respeitáveis» (mas o presente Dicionário não tem título menos longo!). [...]
Em 1820 Collin de Plancy publicara outra obra importante, o Dicionário da Loucura e da Razão. Essa colectânea, reunida ao Diabo Pintado por Ele Próprio, vem praticamente constituir o Dicionário Infernal, nas suas edições de 1825 e 1826.
É nesta obra que por assim dizer confluem as grandes correntes do pensamento romanesco dos séculos anteriores, sobretudo dos séculos XVII e XVIII, para formar o que Nodier designou designa de «escola frenética». [...]
A história da «escola frenética» parece nunca ter sido feita sistematicamente e a dificuldade fundamental reside no facto de se assentar numa definição de conteúdo do termo, diz-nos Max Milner. Sabe-se que este foi empregado pela primeira vez por Nodier, em 1821, num artigo publicado nos Annales de la Littérature et des Arts, de que a seguir damos um excerto e em que este autor se propunha dissipar a confusão que, aparentemente, reinava no espírito do público entre romantismo e a impudência da imaginação:
«Compreende-se muito bem que depois desta longa fadiga dos povos, exercitados durante um terço do século nas impressões mais variadas, mais profundas e mais trágicas, a literatura tenha sentido a necessidade de renovar através de sacudidelas fortes e rápidas, nas gerações blasées, os orgãos amortecidos da piedade e do terror. É esse o segredo dum século funesto mas que não explica a audácia demasiado fácil do poeta e do romancista que passeiam o ateísmo, a raiva e o desespero através dos túmulos, que exumam os mortos para apavorar os vivos e que atormentam a imaginação com cenas horríveis, cujo modelo é preciso pedi-lo aos sonhos pavorosos dos doentes.»"
(Excerto do Prefácio)
Encadernação editorial com ferros gravados a seco e a ouro nas pastas e na lombada.
Exemplar em bom estado de conservação.
Raro e muito procurado.
45€

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