13 dezembro, 2025

GUERRA, Figueiredo da -
CELTIBEROS.
Por... Estudos Archeologicos. Coimbra, Imprensa da Universidade, 1877. In-8.º (16,5x12 cm) de 16 p. ; B.
1.ª edição.
Interessante monografia, com interesse para a história das origens de Viana do Castelo e da sua toponimia.
"Nos tempos primitivos por tanto parece que a Hispanha foi povoada por duas emigrações successivas, a dos iberos e a dos celticos, vindas da Asia por vias oppostas. D'ahi a formação da raça celtibera, que os romanos acharam na peninsula. [...]
Nas guerras punicas (204 ant. Chr., etc.) os celtiberos defenderam a causa de Carthago como propria, o que fez durar a guerra de conquista contra os indigenas por 200 annos ainda; e o desastre de Numancia gelou a todos, apagando as effervescencias de insurreição, apesar das continuas vexações. A influencia civilisadora de Roma venceu estes povos sem unidade nacional, guerreiros consummados, que usavam enormes escudos e espadas, tunicas de pelles  e esparto, e onde a custo de distinguiam os homens das mulheres."
Excerto de II - Celtiberos)
Índice:
Os Troglodytos. II - Celtiberos. III - Objectos prehistoricos, etc. IV - Inscripções e moedas. V - Vettonia?
Luís de Figueiredo da Guerra (Viana do Castelo, 1853 - 1931). "Insigne investigador do Arquivo Municipal de Viana, foi magistrado judicial, primeiro diretor da Biblioteca Municipal de Viana do Castelo, desempenhou ainda as funções de secretário da Câmara Municipal, de presidente do Instituto Histórico do Minho, sendo também professor do Liceu.
Dedicado à história local, desde os tempos de estudante da universidade de Coimbra, este ilustre vianense produziu monografias que ainda hoje se revelam de grande importância. Fundou inclusivamente a publicação o Archivo Viannense, onde editou vários estudos, nomeadamente, o Índice dos pergaminhos do archivo da Câmara de Viana, tendo sido assíduo colaborador do jornal A Aurora do Lima."
(Fonte: https://arquivo.cm-viana-castelo.pt/Result.aspx?id=320367&type=PCD)
Exemplar em brochura, por abrir, bem conservado.
Raro.
20€

12 dezembro, 2025

[MIRA, José Paulo de] -
UMA NOÇÃO DA CAÇA DO JAVALI.
Terceira edição. Evora, Typ. Minerva, de A. F. Barata, 1880. In-8.º (21x14,5 cm) de 64 p. ; B.
Terceira edição deste icónico estudo sobre a caça ao javali, publicado sem o nome do autor, nesta edição, e nas que a precederam, respectivamente, de 1872 e 1874. Descreve batidas ao javali, dando especial ênfase à história do Grande dos Grandes, animal de tamanho descomunal, mais tarde apelidado Flor dos Bosques. Em Accrescentamento, ensina o caçador a escolher os melhores cães da ninhada, e a adestrá-los para a caça ao javali. No final, acha-se reproduzido os "Estatutos para a caçada de porcos do dia 9 de dezembro de 1857 e subsequentes para o futuro".
Obra rara e muito procurada. A BNP sinaliza a segunda edição (1874), não mencionando a primeira edição nem a presente.
"A caça do javardo (javali ou porco bravo) é variada na fórma como qualquer outra.
Caça-se o javardo de noite á espera nos montados, quando estes teem bolêta, ou nas scaras quando esteas principiam a amadurecer, até seu final recolhimento. Para isto uzam os caçadores esperistas collar aos canos da espingarda uma mortalha de papel, um trapo fino branco, ou caiar com cal na extremidade dos canos, no sitio onde está o ponto, para com este meio distinguirem mais facilmente o objecto escuro a que destinam o tiro, e isto nas noites de luar, ou mesmo ao frouxo clarão das estrellas.
Para o bom exito d'este modo de caçada é indispensavel que o esperista se colloque em parte contraria ao vento ou aragem, isto é, de maneira que o vento lhe não dê em direcção áquelle sitio, d'onde houver mais indicios ou esperanças da caça lhe poder vir.
Para melhor se poder acertar o tiro de noite, deverá o caçador apontar ao meio do vulto, e ir levantando a pontaria até perder de vista o objecto; em seguida tornar a descer a pontaria, e logo que principie a divisal-o novamente, deve puxar-lhe fogo... [...]
Se, porém, o porco não cae morto no tiro e vai ferido, tem na manhã seguinte de se ir em procura d'elle; para este effeito, deve-se então ir com cão já amestrado n'este objecto de ir cobrar de ferido, (que nem todos os cães, apezar de os acharem bem dentro das manchas, se prestam a seguir n o rasto de um dia para o outro, e é prudente não ir só sem companheiros, em procura de um porco ferido, porque alem do cão indicar para onde o porco caminhou, quando este o ache e lhe ladre, se o porco então não está já morto, e é porco real, é preciso toda a cautela para lhe poder chegar ao pé, e acabar de matar."
(Excerto de Uma noção da caça ao javali)
José Paulo de Mira e Carvalho (1808-1883). "Nasceu na Vidigueira, a 29 de setembro de 1808. Filho do desembargador José Paulo Teixeira de Carvalho e de D. Francisca Peregrina de Mira. Abastado proprietario, entregando se com paixão ao estudo e aos exercicios venatorios. Vivia na sua casa em Evora, e constava que tinha recusado varias mercês honorificas. Os opusculos, impressos por diligencias e instancias de amigos, têem tido limitadissima tiragem, e o auctor deixava os correr sem retoques, observando que elle não os escrevera para o publico mas para se distrahir. Morre em Evora, creio que em 1883 ou 1884."
Obras: Uma noção da caça do javali. Evora, na typ. do governo civil, 1872. 8.º gr. de 43 pag., e 1 de errata. No fim as iniciaes do auctor / Alguns preliminares para a caçada dos pombos bravos. Ibi, na typ. de Francisco da Cunha Bravo, 1873. 8.º gr. de 39 pag. / Um brado contra as monterias de cerco aos lobos na provincia do Alemtejo. Ibi, na mesma typ., 1875. 8.º gr. de 18 pag."
(Fonte: https://ocaodeparar.blogspot.com/2007/02/jos-paulo-de-mira-e-carvalho-1808-18834.html)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Sem capas. Deve ser encadernado.
Raro.
75€

11 dezembro, 2025

CRUZ, Rev.do Pe. -
EXERCICIO DA VIA SACRA.
Usado pelo... [Lisboa], Escolas Prof. Oficinas de S. José, 1932. In-8.º (12x8 cm) de 12 p. (inc. capas) ; B.
1.ª edição.
Curioso livrinho, com interesse para a bibliografia do Padre Cruz, conhecido jesuíta português, natural de Alcochete.
"Senhor meu Jesus Cristo, Amor do meu Coração, suplico-Vos encarecidamente pelas cinco Chagas que Vosso Amor para connôsco Vos fêz na Cruz, socorrei os vossos servos que remistes com o preço do vosso Sangue. Ajudai-me a fazer êste piedoso exercício da Via Sacra que seja para vossa glória, proveito da minha alma, conversão dos pecadores, perseverança dos justos e alívio das almas do Purgatório.
Almas benditas! Eu peço por vós e vós pedi por mim, para que faça êste exercício tão santamente, que possa ganhar muitas indulgências plenárias em Vosso favor, e meu proveito espiritual."
(Oferecimento)
Francisco Rodrigues da Cruz (1859-1948). "Popularmente conhecido como padre Cruz, era natural da vila de Alcochete, onde nasceu em 29 de julho de 1859. Apesar da frágil saúde que o acompanhou desde cedo, e ao longo da sua vida, o padre Cruz concluiu os estudos secundários e seguiu para Coimbra, onde se formou em Teologia na Universidade de Coimbra em 1880, sendo ordenado sacerdote em 1882. Entrou para a Companhia de Jesus em 3 de dezembro de 1940. A característica dominante de toda a ação sacerdotal do padre Cruz foi o apostolado, uma vida de peregrinação, de norte a sul do país, Açores e Madeira, tendo sido também peregrino de Fátima. Em 1913, deu a primeira comunhão à vidente de Fátima Lúcia, depois de um pároco se ter negado a fazê-lo. Morreu aos 89 anos, em 1 de outubro de 1948, e foi sepultado no jazigo dos jesuítas no cemitério de Benfica, em Lisboa."
(Fonte: https://24noticias.sapo.pt/atualidade/artigos/de-rapaz-fragil-a-santo-do-povo-esta-e-a-historia-do-padre-cruz)
Exemplar em brochura, bem conservado.
Raro.
Sem registo na Biblioteca Nacional.
15€

10 dezembro, 2025

ENGLER, Robi -
ATELIER DE CINEMA DE ANIMAÇÃO. Manual para ateliers de cinema de animação e produção de filmes de animação de baixo custo. Lisboa, Centro de Formação da RTP, 1980. In-8.º (20,5x14,5 cm) de [6], 296, [3] p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Curioso manual para aprendizagem de realização e produção de filmes de animação de baixo custo. Obra destinada ao uso exclusivo dos funcionários da RTP, hoje obsoleta, dadas as novas técnicas de abordagem cinematográficas. Ainda assim, trata-se de uma peça de colecção muitíssimo interessante relacionada com a "arqueologia" cinematográfica.
Profusamente ilustrado com desenhos exemplificativos ao longo das páginas do livro.
"Este manual para trabalhos de animação e produção de filmes de animação de baixo custo, dá-nos não só uma descrição bastante compreensiva das dificuldades desta matéria, mas é também uma introdução fundamental à importante técnica de produção de programas para televisão.
O especialista em animação, sr. Robi Engler, trabalhou em colaboração com a "Radiotelevisão Portuguesa - Centro de Formação, Lisboa" em 1980 e oferece-nos este manual para o seu trabalho de animação no futuro."
(Preâmbulo)
Sumário:
[Preâmbulo] | Introdução | Equipamento básico para filmagem | A câmara | As luzes | O plateau da mesa de animação | Bolsa de utensílios para desenho | O ensino da animação | O atelier de animação | O grupo de trabalho | Técnicas de animação | Definições do cinema animado | Técnicas de animação para os ateliers | Pinturas e desenhos animados | Animação no quadro preto ou branco | Animação com figuras recortadas | Animação com diversos materiais | Animação com objectos | Animação com barro ou plasticina | Animação com grânulos | Pixilation | Desenhos animados em papel A4 | Riscos e pinturas directas no filme | Animação sem filme | Princípios básicos da animação | Tempo e espaço | Linha-guia e guia de espaços | Desenhos chave e desenhos intermédios | Velocidade e cadência da exposição | Deformação de objectos em movimento | Linha de acção | Preparação - Acção - Reacção | Lei do movimento de Newton | Movimentos cíclicos | Caminhar em ciclo | Linguagem visual | Argumento e guião gráfico | Truques do ofício | Economia na animação | O cenário panorâmico de fundo | O cenário em primeiro plano | Animação com níveis múltiplos | Movimentos compostos | Filhas de filmagem | Actue de acordo com a realidade | Posições da "câmara" | Perspectiva | Efeitos especiais | Expressões faciais | Animação síncrona - Diálogo | Títulos | Diagramas técnicos | Desenho e pintura | Aplicações em televisão | Banda sonora | Efeitos sonoros | Bibliografia | Crass câmara de animação.
Exemplar em brochura, batido à máquina e policopiado, bem conservado.
Raro.
Com interesse histórico.
35€

09 dezembro, 2025

ARNAUD, Leonor -
SONHOS D'UMA ORIENTAL
. Lisboa, Empreza Editora O Mestre Popular Aperfeiçoado, 1898. In-8.º (17x11 cm) de 136 p. ; [1] f. il. ; E.
1.ª edição.
Curiosíssimo romance epistolar, mais não é que o pretexto para a autora - jornalista e militante republicana - desancar os Braganças e o regime vigente em Portugal. Em resumo, trata-se da correspondência enviada por Graziella - "heroína" da história, - para seu pai, o Grão Vizir da Pérsia, onde esta relata um pouco da história e costumes dos países que vai conhecendo. A moça, cuja mãe descendia de portugueses, empreende uma viagem à Europa, visitando sucessivamente Paris, Lisboa e Sintra, e Londres, onde encontra o noivo que havia visto em sonhos, afinal a razão principal do seu périplo pela Europa.
Raro e muito interessante.
Ilustrado com o retrato da autora - testemunho da sua formosura - em folha separada do texto.
 
Leonor Arnaud. Pouco foi possível apurar acerca da autora, a não ser que, pela leitura digital de um jornal da época - O Mandarim : semanario republicano, - de que se terá publicado apenas um número, terá sido redactora deste, a par de Óscar Ney, concluindo-se, pela leitura das crónicas que o compõem, a sua aversão à política económica e social do regime monárquico.
"No reino da Persia havia um estadista tão zeloso de seus deveres, que o seu soberano, o Rei dos Reis, lhe dispensava uma confiança e amizade illimitadas.Desposára uma dama descendente de portuguezes, e d'esse enlace nascera uma menina bella e tão seductora, que seus paes que a adoravam lhe deram logo o nome de Graziella, nome d'uma formosa rainha da Persia.
Poucos mezes depois do nascimento de sua filha, a esposa do gran-vizir da Persia falleceu.
Esse acontecimento abalou bastante o espirito d'aquelle imminente homem d'estado e exemplar chefe de familia.
Sua mulher, antes de expirar, fez-lhe jurar pelos deuses e pelo Christo, que ella adorava, que não fosse contrario ás inclinações de sua filha; que a tornasse feliz, que o bem que lhe fizesse era feito a elle mesmo e a ella moribunda."
(Excerto Cap. I)
"Graziella pouco dormira. O seu espirito achava-se irrequieto pelo grande ideal que a avassalava.
Dentro de poucas horas ia pois partir.
Estava marcada a hora: duas da tarde. Cada passo que désse era a satisfação  do seu ideal.
Sim, ia n'uma viagem instructiva e procurando aquelle ser que o seu coração adivinhava não ser phantastico..
A cidade de Teheran achava-se em vistosas galas. Os clarins annunciavam o grande acontecimento da Persia.
Ia partir para o Occidente uma illustre dama oriental, á procura de luzes mais vastas e um ideal desconhecido. Como os heroes luzitanos ia inspirada."
(Excerto do Cap. II)
Bonita encadernação meia de pele com cantos, e ferros gravados a ouro na lombada. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado de conservação. Carimbos de posse na f. rosto.
Raro.
50€
Reservado

08 dezembro, 2025

SILVA, Bispo Conde, D. Manuel Luiz Coelho da -
A VIDA DAS CRIANCINHAS
. Coimbra, Tip. da Gráfica Conimbricense, Limitada, 1925. In-8.º (22x14,5 cm) de [2], 26 p. ; B.
1.ª edição.
Interessante trabalho devotado aos mais novos, publicado em tempos de turbulência e grande inquietação social, pouco antes do golpe que conduziria ao poder o regime da Ditadura.
Exemplar muito valorizado pela dedicatória autógrafa do autor ao Conselheiro António Teixeira e ...?
"No meu estudo para a Pastoral de 1923 sôbre a Natalidade e o Matrimónio e para a de 1924 Contra a Tuberculose surpreendeu-me a grandissima mortalidade infantil não só em Portugal mas noutros países. [...]
Como é de presumir, a mortalidade dos filhos ilegítimos é muito superior à dos legítimos.
Alêm dos que morrem depois do nascimento, temos de atender aos nado-mortos. Em 1917 no continente foram 7.954, e em 1920 foram 8.221. Estes os registados. E os outros de que se não fez registo, ou de origem criminosa?! Que perda enorme de capital humano!
Num país de fraca natalidade, como é o nosso, num país em que, como demonstrei em 1923 pelas estatísticas oficiais, a natalidade tende a diminuir e a diminuir muito, é um escândalo vêr a mortalidade infantil atingir cifras espantosas sem que a consciência nacional se insurja contra isso e procure evita-la."
(Excerto da Pastoral)
D. Manuel Luís Coelho da Silva (Bustelo, Penafiel, 1859 - Coimbra, 1936). 23.º conde de Arganil, 58.º bispo de Coimbra. "Foi nomeado Bispo de Coimbra em 31 de Dezembro de 1914 e fez a entrada na Sé de Coimbra em 15 de Abril de 1915. A acção primeira de D. Manuel foi o Seminário, fazendo aumentar a sua população e defendendo a posse dos seus edifícios. Reuniu um Sínodo em 30-31 de Julho de 1923. Organizou e publicou umas Constituições do Bispado em 1929. Cuidadoso do bem do Clero, instituiu em 1917 a Obra de S. José para auxiliar o Clero velho e doente. Deu toda a protecção à fundação do Refúgio da Rainha Santa, hoje Casa da Formação da Rapariga, ao Patronato para auxílio dos Pobres; ao Recolhimento do Paço do Conde e à Cozinha Económica. Durante o seu pontificado fundou-se o Escutismo (1927), o Noelismo (1925), a União Operária Católica (1925), o Correio de Coimbra (1922), o Amigo do Povo (1916); e lançaram-se as Bases da Acção Católica em 1933. Faleceu em 19 de Março de 1936."
(Fonte: https://www.diocesedecoimbra.pt/diocese/historia/bispos/1914-1936-d-manuel-luis-coelho-da-silva:1150)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Cansado, Capas frágeis com defeitos.
Raro.
Sem registo na BNP.
20€
Reservado

07 dezembro, 2025

FONTES, Alexandre - A BANDEIRA. [S.l.], Editor: O Auctor, 1911. In-8.º (21,5x13,5 cm) de 12 p. ; B.
1.ª edição.
Conjunto de poemas dedicados à República e aos seus heróis, sendo um deles dedicado a Cândido dos Reis. Também o concurso para a nova bandeira nacional, desígnio em que o autor participou com pelo menos duas propostas, é abordado através de três poesias.

"Ha quem prefira o azul, e é a alma da Nação;
Ha quem prefira o verde, e são os conjurados,
Que em epica manhã plantaram denodados
O bellico estandarte e a fé na Revolução."

(Excerto de O azul-e-branco-verde-e-vermelho)

Índice:
Poesia da Revolução | Quem és? | Republica | Authenticos heroes | Candido dos Reis | A Cruz | O passado | O azul-e-branco | O vermelho-e-verde | O azul-e-branco-verde-e-vermelho.
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro.
Com interesse histórico.
20€

05 dezembro, 2025

ABREU, G. de Vasconcellos - A LITERATURA E A RELIJIÃO DOS ÁRIAS NA ÍNDIA. Por... Lente de Língua e Literatura sâmscrítica no Curso Superior de Letras, Officier d'Académie, Bacharel em Matemática pela Universidade de Coimbra, do Instituto de Coimbra, da Société Asiatique. Membro honorário e correspondente de outras Sociedades científicas e Academias. Paris : Guillard, Aillaud e Cia., 1885. In-8.º (15,5x10 cm) de [4], XXXII, 171 p. ; E.
1.ª edição.
Importante estudo oitocentista sobre a presença ariana na Índia, a sua dispersão e influência sobre os outros povos do Oriente.
"O conceito de raça ariana teve seu auge do século XIX até à primeira metade do século XX, uma noção inspirada pela descoberta da família de línguas indo-europeias. Alguns etnólogos do século XIX propuseram que todos os povos europeus de etnia branca-caucasiana eram descendentes do antigo povo ariano. Correntes europeias, de caráter nacionalista da época, abraçaram essa tese. Esta, foi, talvez, tratada com maior ênfase pelo Partido Nacional Socialista da Alemanha. Estes, associaram o conceito de identidade nacional à raça ariana do povo germânico, através do princípio da unidade étnica, com a finalidade de elevar o moral e orgulho nacionais do povo alemão, destroçados pela derrota na Primeira Guerra Mundial e das condições consideradas humilhantes da rendição, impostas pelo Tratado de Versalhes. A palavra ário (do sânscrito arya, "nobre"), está associada à discussão sobre a existência de um povo ariano diferenciado, modernamente denominado de proto-indo-europeu, e que deu origem às primitivas línguas indo-europeias."
(Fonte: wikipédia)
"A velha questão sobre a origem da raça ariana, que tantas fogueiras acendeu no meio académico de oitocentos e no início do séc. XX, como ateou copiosos fachos entre as forças políticas da Europa nacionalista, foi matéria que inspirou a imaginação de muitos especialistas. […]
A controvérsia da superioridade de uma “raça ariana” indo-europeia e da “invasão ariana” na Índia, baseou-se essencialmente num pressuposto estabelecido por vários académicos anglo-saxónicos e missionários dos séculos XIX-XX, em que os arianos originários da Europa central tinham sido responsáveis pelas culturas de civilização celta, helénica, persa e indiana, pois só assim se explicaria como as suas línguas (o saxónico, o grego, o zenda e o védico) tinham surgido; a teoria da invasão ariana na Índia era a explicação mais lógica que se podia oferecer para justificar a expansão dos Europeus arianos no oriente e no mundo e uma civilização altamente evoluída na Índia. […] Muitos defensores da superioridade rácica ariana pretendiam basear as suas teses no Antigo Testamento, e partindo deste livro sagrado para todos os cristãos, justificaram a eliminação dos povos indianos como um bem prestado à humanidade - leia-se, aos europeus. […]
Entre os investigadores ocidentais como Max Müller (que se opôs frontalmente à teoria do evolucionismo), que defenderam a teoria ariana, esteve o português Vasconcellos Abreu, eminente matemático da Academia das Ciências, que desde novo se interessou pela língua e cultura clássica indiana, tendo aprendido integralmente de forma autodidacta o protocolo da língua sânscrita assim com a a história da sua literatura clássica, e de tal forma o fez que os seus mestres Abel Bergaigne e Martin Haug, a quem se dirigiu em Paris para continuar os estudos, viram ser impossível aprender mais, pois o seu conhecimento era já completo. Vasconcellos Abreu, em 1885, escrevia sobre os árias o que uma grande parte dos orientalistas defendida no seu tempo:
É muito provável que alguns ramos de gente árica, vivessem entre a Europa e a Ásia, desde o começo da constituição glotológica do proto-árico, percorrendo, ainda depois da determinação dos centros, como hoje os Quirguizes em hordas na Europa e na Ásia, e os Tajiques, por tráfico e indústria, na Ásia Central, as terras que se estendem pelo norte do Cáspio desde o Mar Negro, e mesmo norte do Danúbio até o Pamir. Seriam eles os mais inquietos dos Árias, e os que no século XV antes da n.e. faziam o tráfico marítimo do Mediterrâneo e comerciavam com povos estranhos nas bandas orientais do Arquipélago. (…)
Os Árias que imigraram na Índia desenvolveram ali a sua linguagem e a civilização que levavam já em grau notável. A estes Árias damos o nome de Árias Hindus. Modificados, física e intelectualmente, por cruzamentos e influências geográficas, constituíram as sociedades antigas mais civilizadas do vale do Ganges. A estes povos assim modificados (e ainda aos seus descendentes) damos o nome de Hindus."
(Fonte: http://www.academia.edu/2043728/A_Origem_dos_%C3%81rias._Hist%C3%B3ria_de_uma_Controv%C3%A9rsia_Salom%C3%A3o_Reinach_intr._e_notas_de_JC._Calazans)
Guilherme de Vasconcelos Abreu (1842-1907). "Orientalista e escritor. Formou-se em Matemática na Universidade de Coimbra e, mais tarde, concluiu o curso de Engenharia Naval. O seu interesse pelas línguas e culturas orientais levou-o a fundar em 1873, juntamente com o Marquês de Ávila e Possidónio da Silva, a Associação Promotora dos Estudos Orientais e Glóticos. Em 1875, a convite de Andrade Corvo, então ministro dos Negócios Estrangeiros do governo de Fontes Pereira de Melo, visitou alguns países europeus tendo como objetivo aprofundar os seus conhecimentos de sânscrito. Foi nomeado professor da cadeira de sânscrito do Curso Superior de Letras. Fez parte de várias instituições científicas de renome nacional e internacional, como a Academia das Ciências de Lisboa e a Société d’Anthropologie, de Paris. Dos inúmeros trabalhos que publicou, destacam-se Princípios elementares da gramática da língua Sãoskrita, Manual para o estudo do Sãoskrito clássico e Bases da Ortografia Portuguesa, este último em colaboração com Gonçalves Viana."
(Fonte: http://albertosampaio.no-ip.org/details?id=28717)
Encadernação editorial inteira de percalina com ferros gravados a seco e a negro na pasta anterior e na lombada.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Pastas manchadas.
Raro.
Com interesse histórico. 
25€

04 dezembro, 2025

MORENO, Mateus - A SINFONIA MACABRA.
 [Máximas da Kultur]. Organizada por... Alferes d'Artilharia na Grande Guerra da Flandres
. Lisboa, Ressurgimento, 1920. In-8.º (17,5x11,5 cm) de 48 p. ; B.

1.ª edição.
Edição original de A sinfonia macabra, uma das mais raras e estimadas produções literárias do autor.
Obra rara, com interesse para a bibliografia WW1. A BNP não menciona, apenas refere a 2.ª edição publicada no ano seguinte (1921).
"Esta colectânea de algumas das mais arrojadas afirmações da mentalidade alemã, principalmente do ultimo meio seculo, e a que dado o caracter de indiscutivel sinceridade com que na grande nação eram colectivamente admitidas, não podemos deixar de classificar de «máximas», é não só uma fotografia, diga-se de passagem, exaltavel, da alma sanguisedenta da velha raça, mas a própria e insofismavel demonstração de que a Alemanha, ao desencadear a recente guerra, que encapotadamente provocou, estava de ha muito moral e materialmente preparada para um grande conflicto de potencias de cuja victoria, que reputava «infalivelmente sua», esperava sair soberana absoluta, não já sómente da Europa, mas de todo o mundo...
... pois senhores, entremos - vai principiar a Sinfonia!"
(Prologo, Non multa, sed multum...)
Mateus Martins Moreno Júnior (1892-1970). Natural de Faro. “A paixão pela cidade que o viu crescer e pelo Algarve revelaram-se logo na mocidade, através da participação na imprensa e no movimento associativo locais. Presidiu à Academia do Liceu de Faro, onde fez estudos preparatórios. Fundou, em Outubro de 1911, o quinzenário académico A Mocidade, sendo da sua lavra a rubrica «Horas líricas», onde publicou muita poesia.
Em finais de 1914, Mateus Moreno veio para Lisboa para frequentar o curso de Matemáticas da Faculdade de Ciências. Terá sido essa a razão da transição da redação, administração e impressão da Alma Nova para a capital.
Nem mesmo a sua mobilização, em 1917, e ordem de marcha para França, incorporado no C.E.P., como alferes miliciano de artilharia de campanha, conseguiram interromper a atividade como escritor e como diretor da Alma Nova. No entanto, não é de excluir que as dificuldades que a revista registou no cumprimento da periodicidade, no final de 1916 e início do ano seguinte, se ficassem a dever, entre outras causas, à ausência de Mateus Moreno.
Redigiu e publicou alguns livros sobre o conflito militar e estudos técnicos sobre a sua arma, que foram apreciados pela hierarquia do exército. No que se refere à Alma Nova aí foram publicadas 5 cartas com as suas impressões da viagem e da chegada a França. Terminada a guerra, Mateus Moreno optou pela carreira militar frequentando a Escola de Guerra. Também fez o Curso Superior Colonial, em resultado do qual obteve algumas missões em Angola e desempenhou diversos cargos. Atingiu o posto de Major em 1942.”
(Fonte: https://research.unl.pt/files/3627477)
Exemplar em brochura, bem conservado.
Raro.
Sem registo na BNP.
Peça de colecção.
50€

03 dezembro, 2025

DOM MIGUEL II
. Lisboa, Typographia : 153 - Rua do Bemformoso - 153, 1869. In-8.º (20,5x13 cm) de 30, [2] p. e 22, [2] p. ; E.
BRUGES, Theotonio Simão Paim d'Ornellas - AQUI NÃO. Resposta ao folheto intitulado Dom Miguel II. Por... Angra do Heroismo, Typ. Angrense, 1869. In-8.º (21x14 cm) de 22, [2] p. ; E.
1.ª edição.
Polémica acerca da sucessão de D. Miguel I. Trata-se de dois folhetos encadernados num único tomo. O primeiro opúsculo, publicado sob anonimato em Lisboa, mas atribuído pela BNP a António Pereira da Cunha, teve resposta de Teotónio Bruges, personalidade relevante da política e cultura angrense da segunda metade do século XIX, num folheto editado em Angra do Heroísmo, com dedicatória impressa "Á ilha Terceira e aos veteranos da liberdade".
"D. Miguel II não foi um monarca, mas sim um pretendente ao trono, que, juntamente com os seus seguidores miguelistas e legitimistas, defendia o seu pai, D. Miguel I, e a linhagem dinástica dos Bragança como a única legítima para reinar Portugal. A causa legitimista baseava-se na defesa de uma sucessão tradicional e conservadora, contra a Constituição liberal e as alterações políticas trazidas por D. Pedro IV e D. Maria II." (IA)
"Estas quatro palavras, escriptas com um intuito sincero, são dirigidas em boa paz aos portuguezes todos.
Ninguem se agaste com ellas, nem diga que ha um certo atrevimento em se trazer para a imprensa o pensamento, que encerram.
Atrevimento em que?
Desde que ahi se apregôa a fórma republicana, e se falla sem rebuço em uma fusão monarchica, com a perda da nossa independencia, deve a doutrina legitimista ser explicada tambem.
Não se póde verdar-lhe a discussão.
Lisboa 23 d'Agosto de 1869."
(Dom Miguel II - Preâmbulo)
"Distribuio se na ilha Terceira, no dia 20 de novembro ultimo, um folheto intitulado D. Miguel II.
Este escripto é uma resposta ao indicado folheto.
Tomei voluntariamente um pesado encargo, sendo talvez o menos competente; mas ninguem o faria com mais sinceridade, nem com mais boa fé.
O animo é bom, o intuito é justo. Podem envenenal-os se quiserem, porque a consciencia diz-me que cumpri um dever.
Escrevo estas linhas em um dia memorando; não o escolhio de propozito.
Será propicia coincidencia?
Assim Deus o permittirá.
Angra do Heroismo 1 de Dezembro de 1869."
(Aqui Não - Preâmbulo )
Antonio Pereira da Cunha (1819-1890). Conhecido anti-iberista português. "Estimavel poeta e elegante prosador. É membro de diversas corporações literárias. Escreveu um livro intitulado - «Brios heroicos das portuguezas» e publicou o folheto - «Não!» Resposta nacional ás pretensões ibéricas." Segundo Inocêncio (T. VIII, p. 274), "Antonio Pereira da Cunha é Fidalgo da C. R., foro havido por seus paes e avós; Socio do Instituto de Coimbra e Presidente da Sociedade Artistica de Vianna. Foi eleito Deputado ás Côrtes em 1856, pelo antigo circulo n.º 2, porém retirou se da Camara em 26 de Janeiro de 1857, depois de proclamado, com outros deputados legitimistas, que julgaram não dever prestar o juramento que se lhes exigia. […] Dos Brios Heroicos de Portuguezas não consta que sahisse até hoje à luz o tomo II. […] Cavaleiro da Ordem da Rosa, em 1872. Morreu em Abril de 1890”.
Teotónio Simão Paim de Ornelas Bruges (Angra do Heroísmo, 1841-1936). "Foi um advogado, funcionário público, político e intelectual açoriano, formado bacharel em Filosofia e Letras pela Universidade Livre de Bruxelas, por diploma datado de 12 de Dezembro de 1862, que, entre outras funções, foi inspector da educação, deputado às Cortes e governador civil do Distrito Autónomo de Angra do Heroísmo."
(Fonte: Wikipédia)
Encadernação recente, cartonada, revestida de fantasia imitando papel antigo.
Exemplares em bom estado de conservação. O folheto D. Miguel II apresenta corte na f. rosto, ao centro, com perda de suporte.
Raro conjunto.
50€

02 dezembro, 2025

PROGRAMA E CATÁLOGO DA 14.ª EXPOSIÇÃO CANINA DE LISBOA.
Jardim Zoológico : 6 e 7 de Junho 1942 - Secção de Canicultura do Club de Caçadores Portugueses. [S.l.], C.A.C.B., 1942. In-4.º (23x16 cm) de 80, [2] p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Certame canino realizado no Jardim Zoológico de Lisboa, estando em exposição inúmeras raças seleccionadas - nacionais e estrangeiras. Catálogo da mostra, por certo com tiragem reduzida.
Livro ilustrado com publicidade da época em página inteira.
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas frágeis com defeitos e pequenas falhas marginais.
Raro.
25€
Reservado

01 dezembro, 2025

COSTA, Martins da -
AS PROCISSÕES NA PÓVOA DE VARZIM
. Póvoa de Varzim, [s.n. - Imprensa Portuguesa - Porto], 1979. In-4.º (23x16 cm) de 111, [3] p. ; il. ; B.
1.ª edição independente.
Importante subsídio para a história das manifestações de cariz religioso na Póvoa de Varzim, estudo publicado em separata do Boletim Cultura Póvoa de Varzim - Vols XVII-XVIII (1978-1979).
Ilustrado com fotogravuras a p.b. distribuídas por 14 páginas.
Exemplar muito valorizado pela dedicatória autógrafa do autor ao Dr. Angelino Gomes de Oliveira.
"Os livros de Viriato Barbosa e o facto de minha Mãe ter deixado muitos elementos sobre procissões na Póvoa, em especial no que respeita a grupos alegóricos, entusiasmaram-me a escrever este trabalho, que agora se publica." [...]
"Procissão é um cortejo religioso em que o clero e os fiéis tomam parte debaixo de forma e geralmente ordenados em alas que percorrem um certo trajecto, cantando preces ou levando em exposição a hóstia consagrada, a imagem de um ou mais Santos, ou algum relíquia digna de veneração. [...]
Nas procissões na Póvoa tomam parte a cruz paroquial,  as irmandades e confrarias, às vezes pias uniões e ordens terceiras, clero, precedendo os de menor dignidade os outros, andores, grupos alegóricos, pálio (sob o qual é conduzida a relíquia do Santo Lenho ou a hóstia consagrada, nas procissões eucarísticas), música e acompanhamento de fiéis com as promessas. [...]
É interessante acentuar que, tendo os grupos alegóricos, os «Anjinhos» nas procissões um fim catequético, a sua composição, indumentária, insígnias e a forma como fazem o «passo» no cortejo religioso, foram sempre objecto de estudos rigorosos baseados em pinturas, painéis, bíblias ilustradas, santinhos, etc., e na leitura atenta dos Evangelhos e livros sobre a Vida dos Santos, sobressaindo o Reverendo Padre José Cascão de Araújo que os imaginava, em estudo com as «armadeiras», os descrevia, desenhava vestes e insígnias e pessoalmente ia controlar às procissões se tudo se realizava conforme imaginara."
(Excerto da Introdução)
Exemplar em brochura, bem conservado.
Muito invulgar.
30€

30 novembro, 2025

BRITO, Ferreira de -
CANTIGAS DE ESCÁRNIO E MAL-DIZER DO MARQUÊS DE POMBAL OU A CRÓNICA RIMADA DA VIRADEIRA
. Porto, Associação de Jornalistas e Homens de Letras do Porto, 1990. In-8.º (22,5x15,5 cm) de 492 p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Capa de Luís Mendes.
Curioso estudo acerca das composições poéticas, pouco abonatórias à figura do Marquês de ombal, que a partir de dada altura promoveram o insulto e perseguição literária ao estadista.
Ilustrado no texto com reprodução de retratos, portadas de livros e documentos fac-similados.
"E que outros nomes chamaram ao Marquês de Pombal para denegrir a sua pessoa e tentar abater a obra gigantesca das suas reformas, utilizando a arma grosseira da poesia soez e anónima? E porque não deram tréguas ao grande Estadista, atirando-lhe ao rosto todas as suas fraquezas pessoais no momento em que, com a morte de D. José, seu patrono ou seu 'súbdito', em 1777, o Primeiro-Ministro entrou em queda vertiginosa do poder absoluto e tantas vezes discricionário, e se deu, com D. Pedro III e a beata e timorata D. Maria I, a reacção político-religiosa conhecida pelo nome de Viradeira? Os detractores do Marquês desfecharam contra ele centenas de composições, algumas originais, outras adaptadas, muitas delas com variantes pertinentes, dispersas por velhos códices da Biblioteca Nacional de Lisboa, da Biblioteca Pública Municipal do Porto e da Academia Real das Ciências. A organização dos mesmos, pelo tipo de selecção efectuada, mesmo quando introduz um pequeno corpus de poemas favoráveis ao Marquês de Pombal (o Marquês, por antonomásia), denuncia, à vista desarmada, que os copistas se inspiravam sensivelmente nas mesmas fontes e adoptavam a mesma estratégia de ataque a esse Carvalho que fora frondejante e à sombra do qual tentaram inutilmente medrar os poetas, alguns de grande nomeada, como Pedro António Correia Garção, o mais distinto membro da Arcádia Lusitana.. Agora, no ocaso político, o Marquês teve o castigo reservado a todos os ditadores da História. Depois de bajulado pelos poetas como nenhuma outra figura política portuguesa, este déspota esclarecido, sentiu que os vates, que o celebrizaram em 1775, naquela grande montagem da Estátua Equestre, que ele fizera ou mandara fazer, mais pela força do que pela convicção, na Praça do Comércio, tinham mudado de opinião no curto prazo de dois anos da lenta agonia política e fisiológica do Rei D. José. Os poetas há que reconhecê-lo, foram, nesta altura mais do que nunca, verdadeiros fingidores."
(Excerto I - História e poética)
Exemplar em brochura, bem conservado.
Invulgar.
Com interesse histórico.
25€

29 novembro, 2025

CASTRO, Americo de -
ULTIMOS ANOS DA MONARQUIA (memorias)
. Porto, Deposito: Livraria Fernandes de J. Pereira da Silva, 1918. In-8.º (19x12 cm) de 172, [4] p. ; E.
1.ª edição.
Memórias do autor relativas aos anos que precederam a República, desde os tempos de estudante, até ao final da Monarquia e os anos que se seguiram.
Edição do autor, por certo com tiragem reduzida.
Exemplar muito valorizado pela dedicatória autógrafa do autor na f. rosto.
"Os ultimos anos da monarquia foram de descredito para o país,  de veniaga e corrupção da parte chamada intelectual e de miseria para o povo.
Os partidos politicos iam buscar aos bancos das escolas os seus mais fortes sustentaculos.
Coimbra, de madre forte e alentada,arremessava para o mundo politico quasi todos os bachereis.
Uma carta de formatura garantia uma administração do concelho.
Quando um estudante recebia das aristocraticas mãos da sua noiva a adorada pasta bordada a matiz ou a ouro, já tinha na sua terreola aquela benesse que servia para os primeiros anos de aflição.
Não era raro ouvir nos geraes da Universidade empomadados quintanistas referirem-se á sua vida politica futura e á votação que tinham na sua terra.
Ali, de ordinario, o futuro bacharel ou pensava em politica baixa e reles ou nos casamentos ricos.
Uma carta de bacharel era uma carta de alforria. Foi na Universidade, dêsse alcouce de Minerva, onde as consciencias sofriam verdadeiros tratos de polé, que sairam todos os males que nos legou a monarquia e de que tem enfermado a propria Republica. Recebido o grau, a borla de lente tonava-se o apagador do senso comum.
Lá vinha por aí fora o bacharel apelintrado e faminto.
Rodeado de esfaimados como êle, subornava consciencias, dominando as gentes tristes das fabricas e dos campos.
Ele infligia o castigo aos seus inimigos e semeavam o dinheiro do Estado por aqueles que apenas sabiam que as eleições davam a maioria a êste ou áquele, ao progressista ou ao regenerador.
Ele era então o terror e o bom deus."
(Excerto de IV - Fim da Monarquia)
Indice:
Ao leitor | I - Vida Academica no Porto. II - Os estudantes republicanos de Coimbra. III - Organisação revolucionaria dos estudantes republicanos de Coimbra (a sua acção em 28 de Janeiro). IV - Fim da Monarquia. V - Sete anos depois. VI - Post scriptum.
Américo da Silva Castro (1889-?). Natural de Santo Tirso, formado em Direito pela Universidade de Coimbra em 1908, abriu banca de advogado no Porto. Fixou residência em Vila Nova de Famalicão desde Dezembro de 1943, exercendo o cargo de Conservador do Registo Civil, trabalhando em advocacia. No Porto, enquanto estudante liceal, fundou, com outros, a União Académica. Dele, já Bernardino Machado, num discurso no Porto, na inauguração do Montepio da Classe Comercial da mesma cidade, se refere nos seguintes termos: "esperançoso e simpático aluno da Faculdade de direito da nossa Universidade" (Bernardino Machado, Obras: Política - I, "A Reforma", p. 414). No Porto, foi vereador da Câmara Municipal, Conservador do Registo Civil no 2.º Bairro, Administrador do Concelho em Matosinhos, Presidente do Tribunal dos Árbitros Avindores, Presidente da Comissão Administrativa dos Bens da Igreja, Director do Instituto Industrial do Porto, Conservador do Registo Civil em Espinho, entre outros cargos. Foi deputado em 1921 pelo círculo de Santo Tirso e, em 1922, pelo Porto nas listas do Partido Democrático. Em 1907 escreveu no jornal "O Porvir" várias crónicas intituladas "Palavras Vermelhas".
Encadernação de amador com rótulo na lombada. Sem capas de brochura. Aparado à cabeça.
Exemplar em bom estado de conservação.
Raro.
45€
Reservado

28 novembro, 2025

SANTOS, Dr. Luís A. Duarte -
O NORMÓTIPO DO HOMEM DA ZONA DE COIMBRA E O NORMÓTIPO DOS PORTUGUESES.
Comunicação apresentada à 2.ª Secção do Congresso Nacional de Ciências da População pelo..., Assistente da Faculdade de Medicina de Coimbra. Comemorações Portuguesas de 1940. Pôrto, [Imprensa Portuguesa], 1940. In-4.º (24,5x19 cm) de 18 p. ; [XIV] mapas estatísticos ; [1] tabela desdob. ; B.
1.ª edição independente.
Trabalho curioso e muito interessante. Trata-se de um "método original de determinação do tipo constitucional", isto é, o padrão de uma determinada população.
Inclui 14 mapas estatísticos (1 por página), e 1 tabela em folha desdobrável de grande dimensões (24,5x70 cm): Tabela de graus centesimais do homem médio elaborada segundo os nossos resultados (Duarte Santos).
Exemplar muito valorizado pela dedicatória autógrafa do Prof. Luís Duarte Santos.
"O homem médio de grupos profissionais, de certas posições sociais, de populações exclusivamente citadinas ou do meio rural, só tem interêsse em condições definidas para determinados fins, assim como o normótipo ideal que alguns como Hilderbrandt, Styratz, valorizam em prejuízo do homem médio estatístico, único de valor na ciência das constituïções.
Dever-se-ia dividir Portugal em várias regiões ou sub-regiões criteriosamente estabelecidas e determinar o normótipo de cada uma. Só assim evidentemente se poderia saber se há ou não possibilidade de aplicação generalizada dum normótipo a todo o país, pois só diferenças apreciáveis têm um valor prático, ou se a falta de identidade entre os caracteres antropométricos do homem médio em certas zonas do país obrigaria ao emprêgo de vários dêsses normótipos. [...]
O primeiro normótipo apresentado em Portugal vai ser o de uma parte do país delimitada com tal critério, e a que chamamos «zona de Coimbra», para evitar o têrmo região, de sentido científico e geográfico assente: Coimbra como centro urbano e ponto de atracção, tôda a sub-região do Baixo Mondego (Coimbra, Penacova, Arganil, Gois, Poiares, Louzã, Miranda do Corvo, Penela), todo o Mondego Litoral (Cantanhede, Montemor-o-Vélho, Condeixa, Soure, Figueira da Foz), o sul da Bairrada entre a serra do Buçaco e o mar (parte do concelho de Cantanhede, Anadia e Mealhada), as chamadas baixas de Mortágua (Mortágua, Santa-Comba) já no Baixo Dão mas situadas a 200 metros de altitude, com índole, e costumes além da constituïção geológica muito diferente do vale de Besteiros. [...]
Estudamos 775 homens, de 18 a 60 anos de idade, para determinarmos o normótipo, e dêsses, 375 pertencem a essa zona de Coimbra."
(Excerto do Estudo)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação.
Invulgar.
Com interesse histórico e antropológico.
15€

27 novembro, 2025

MACHADO, Virgilio -
A ELECTRICIDADE : Estudo de algumas das suas principaes applicações.
Por... Socio correspondente da Academia Real das Sciencias de Lisboa, etc. Illustrada com 61 gravuras em cobre (Reproduções galvanoplasticas). Lisboa, Por ordem e na Typographia da Academia Real das Sciencias, 1887. 
In-4.º (23x17 cm) de XXXV, [1], 376, [1] p. : il. ; E.
1.ª edição.
Obra histórica e importante. Trata-se de um trabalho pioneiro na área da electricidade e suas aplicações, a primeira do género publicada entre nós, quando esta ciência dava os primeiros passos.
Rara e muito interessante.
Ilustrada com inúmeras gravuras no texto ao longo do livro.
"A electricidade tem sido n'estes ultimos annos objecto de tão extensos estudos e desenvolvidas applicações, que a sua descripção minuciosa se tornou irrealisavel nos tratados geraes de physica occupados com variados e multiplos assumptos sobre os outros importantes ramos d'esta sciencia.
Esta razão nos levou a reunir em volume especial a descripção de algumas das principaes applicações da electricidade, que tivemos occasião de estudar por observação directa na exposição de electricidade em Paris no anno de 1881, acompanhando o nosso benevolo amigo, o sabio professor da Universidade de Coimbra dr. Santos Viegas e que completámos com o exame das subsequentes descobertas e invenções, que todos os dias se tem succedido com oasmosa rapidez. [...]
Este singello trabalho remedeia, se bem que muito imperfeitamente, a falta de um livro nacional sobre as applicações de uma sciencia em que temos no paiz cultores distinctos, que tem revellado a sua aptidão n'este ramo da physica por interessantes invenções apreciadas entre nós e no estrangeiro."
(Excerto do Preâmbulo)
"O estudo da electricidade offerece, como nenhum outro, á reflexão contemplativa do homem de sciencia um campo vastissimo de notaveis e inesperadas descobertas, de phenomenos curiosos e de leis interessantissimas, de applicações grandiosas e extraordinarias, que teem feito uma revolução completa na sciencia, nas artes e nas industrias, emfim no bem geral dos modernos povos civilisados, glorificando o seculo XIX, já de si glorioso pelas applicações verdadeiramente maravilhosas da força expansiva do vapor d'agua aos meios de locomoção terrestre e maritima, a diversis engenhos em centenares de fabricas e officinas."
(Excerto da Introducção)
Virgílio César da Silveira Machado (1859-1927). "Médico, investigador, pedagogo. Nasceu no dia 1 de Março de 1859, no Palácio de Queluz, filho de José Cipriano da Silveira Machado, que aí desempenhava funções de almoxarife e de Sebastiana Elisa da Silveira Machado. Faleceu na sua residência da Avenida da Liberdade, nº 232, em Lisboa, no dia 16 de Junho de 1927.
Frequentou a Escola Politécnica e desde logo manifestou uma paixão para os estudos de física experimental e prática, vindo a apresentar à Academia Real das Ciências, por intermédio do prof. Pina Vidal, algumas memórias publicadas no jornal da Academia, “Jornal de Sciencias mathematicas, Physicas e Naturaes”.
Especializou-se em electricidade médica e efectuou incursões nas mais relevantes Escolas e Universidades europeias, nomeadamente França, Inglaterra, Bélgica, Alemanha e Espanha.
Em 1878 ingressou na Escola Médico-Cirúrgica, vindo a concluir o curso com distinção em 1883, com a tese “Paralisia infantil”. No mesmo ano, publicou ainda “Mielite crónica, difusa, Coreia de Sydenham, Paralisia de Bell e Paralisia múltipla de origem sifilítica”.
Nomeado pelo Governo em 1881, secretário do comissário especial de Portugal na I Exposição Internacional de Electricidade, realizada em Paris, na sequência da qual, de regresso à capital, proferiu seis conferências na Sociedade de Ciências Médicas, nas quais procedeu á divulgação do que observou em termos de conhecimentos técnicos e práticos, bem como sobre a existência de novos aparelhos. A viagem veio a ser profícua também pelo contacto que estabeleceu com alguns dos relevantes físicos de então, nomeadamente W. Thomson, Du Bois, W. Siemens, entre outros, apesar de Virgílio Machado ainda não ter concluído o curso.
Sócio correspondente da Academia das Ciências de Lisboa e sócio titular da Sociedade das Ciências Médicas, ingressou em 1885, por concurso, para o corpo de médicos do Hospital de S. José. Dois anos depois, iniciou-se como lente de Química Geral e Análise Química no Instituto Industrial, funções que desempenhou até 1911 ao entrar para o Instituto Superior Técnico leccionando a mesma cátedra, até à reforma. O ensino era para si algo de prodigioso, a realização de uma epifania, quase algo de sagrado … Augusto da Silva Carvalho (APUD J. Andresen Leitão) refere: “Começava por ser rigoroso consigo mesmo, porque tinha como dogma que era criminoso e indigno o professor que roubava os seus discípulos na quantidade e qualidade do trabalho que lhes dedicava, ao mesmo tempo que traía o país que lhe confiava aquela santa missão.” Conjugava a teoria e a realização de trabalhos práticos, e, estimulando nos alunos à crítica científica.
Em 1892 publicou “Tratado de Química Geral e Análise Química”, em colaboração com o seu irmão Achiles, Professor de Química da Faculdade de Ciências de Lisboa.
Foi pioneiro ao fazer passar uma corrente eléctrica, por meio de agulhas espetadas num aneurisma da aorta o que foi considerado uma epopeia científica. Percorreu escolas de renome e centros hospitalares da Europa a fim de explanar o seu saber.
Virgílio Machado referiu: “As afecções nervosas são aquelas em que mais larga aplicação tem a electricidade desde longa data. Indispensável é porém para quem deseje utilizar na clínica os numerosos e variados modos de tratamento eléctrico não só reconhecer a rigorosa técnica indispensável ao seu êxito mas saber estabelecer com a possível segurança um diagnostico nosográfico, topográfico, anátomo-patológico de qualquer afecção nervosa de modo a poder conjecturar-se se, no tratamento deste ou daquele caso, convirá ou não a terapêutica eléctrica, qual devendo ser a modalidade e a técnica a adoptar”. Sobre esta temática, tornou-se conhecido no estrangeiro.
No seu consultório (com instalações anteriores na Rua das Pretas, n.º 33 e Rua dos Fanqueiros, nº 150) situado na Rua de Santa Justa, nº 22, instalou em 1896, os seus “Raios Roentgen” poucos meses depois das primeiras ampolas de raios Roentgen terem sidos fabricadas na Alemanha. Rapidamente o espaço veio a tornar-se exíguo mas conhecido, através do incremento de novos aparelhos eléctricos e do subsequente numero de doentes, vindo, inclusive, a receber a visita do rei D. Carlos, afinal, foi nessa temática que Virgílio Machado se tornou uma figura conceituada no país e no estrangeiro. Por intermédio do Rei, veio a inaugurar, a 23.03.1903 na Rua da Alfândega, o instituto Médico, que posteriormente veio receber o seu nome."
(Fonte: https://livrariarodriguessite.wordpress.com/2018/03/01/virgilio-machado/)
Encadernação meia de pele com ferros gravados a ouro na lombada. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado de conservação.
Raro.
Com interesse histórico.
Indisponível

26 novembro, 2025

MARINHO, José L. Teixeira -
A PROVÍNCIA DA GUINÉ : Raças que a povoam.
[Por]... Capitão de Fragata. Separata do n.º 14 da Revista «A Terra». [S.l.], [s.n.], 1934. In-4.º (23,5x16 cm) de 4 p. ; B.
1.ª edição independente.
Curioso estudo acerca do multiculturalismo e das raças nativas, cerca de quinze, que habitam a antiga província ultramarina da Guiné.
"É  a nossa província da Guiné, embora pequena em superfície, pois que não vai àlém de 36000 quilómetros quadrados, uma das de mais esperançoso futuro, assegurado por circunstâncias felizes que nela concorrem, sendo as principais a densidade da sua população que orça por 1[/2] milhão de habitantes, a sua rêde de canaes que facilitam o transporte das múltiplas mercadorias em que abunda, a variedade das culturas que o solo e o clima permitem.
A nossa Guiné é povoada por uma grande variedade de gentes, com línguas, costumes e tipos bastantes diferenciados.
Diremos algumas palavras sôbre os principais grupos étnicos.
Os Felupes que habitam o canto noroeste da província, são de c<ôr +reta retinta, traços regulares, robustos. Usam um vestuário rudimentar; cultivam o arroz e o milho e são grandes bebedores de vinho de palma que extraem das palmeiras que abundam na região. São muito supersticiosos e bastante insubmissos."
(Excerto do Estudo)
Exemplar em brochura, bem conservado.
Raro.
Com interesse histórico.
10€