09 dezembro, 2025

ARNAUD, Leonor -
SONHOS D'UMA ORIENTAL
. Lisboa, Empreza Editora O Mestre Popular Aperfeiçoado, 1898. In-8.º (17x11 cm) de 136 p. ; [1] f. il. ; E.
1.ª edição.
Curiosíssimo romance epistolar, mais não é que o pretexto para a autora - jornalista e militante republicana - desancar os Braganças e o regime vigente em Portugal. Em resumo, trata-se da correspondência enviada por Graziella - "heroína" da história, - para seu pai, o Grão Vizir da Pérsia, onde esta relata um pouco da história e costumes dos países que vai conhecendo. A moça, cuja mãe descendia de portugueses, empreende uma viagem à Europa, visitando sucessivamente Paris, Lisboa e Sintra, e Londres, onde encontra o noivo que havia visto em sonhos, afinal a razão principal do seu périplo pela Europa.
Raro e muito interessante.
Ilustrado com o retrato da autora - testemunho da sua formosura - em folha separada do texto.
 
Leonor Arnaud. Pouco foi possível apurar acerca da autora, a não ser que, pela leitura digital de um jornal da época - O Mandarim : semanario republicano, - de que se terá publicado apenas um número, terá sido redactora deste, a par de Óscar Ney, concluindo-se, pela leitura das crónicas que o compõem, a sua aversão à política económica e social do regime monárquico.
"No reino da Persia havia um estadista tão zeloso de seus deveres, que o seu soberano, o Rei dos Reis, lhe dispensava uma confiança e amizade illimitadas.Desposára uma dama descendente de portuguezes, e d'esse enlace nascera uma menina bella e tão seductora, que seus paes que a adoravam lhe deram logo o nome de Graziella, nome d'uma formosa rainha da Persia.
Poucos mezes depois do nascimento de sua filha, a esposa do gran-vizir da Persia falleceu.
Esse acontecimento abalou bastante o espirito d'aquelle imminente homem d'estado e exemplar chefe de familia.
Sua mulher, antes de expirar, fez-lhe jurar pelos deuses e pelo Christo, que ella adorava, que não fosse contrario ás inclinações de sua filha; que a tornasse feliz, que o bem que lhe fizesse era feito a elle mesmo e a ella moribunda."
(Excerto Cap. I)
"Graziella pouco dormira. O seu espirito achava-se irrequieto pelo grande ideal que a avassalava.
Dentro de poucas horas ia pois partir.
Estava marcada a hora: duas da tarde. Cada passo que désse era a satisfação  do seu ideal.
Sim, ia n'uma viagem instructiva e procurando aquelle ser que o seu coração adivinhava não ser phantastico..
A cidade de Teheran achava-se em vistosas galas. Os clarins annunciavam o grande acontecimento da Persia.
Ia partir para o Occidente uma illustre dama oriental, á procura de luzes mais vastas e um ideal desconhecido. Como os heroes luzitanos ia inspirada."
(Excerto do Cap. II)
Bonita encadernação meia de pele com cantos, e ferros gravados a ouro na lombada. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado de conservação. Carimbos de posse na f. rosto.
Raro.
50€
Reservado

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