28 janeiro, 2016

DUBRAZ, João - ACHMET : conto de fadas. Fundado em lendas patrias. Lisboa, Vende-se na Loja de A. M. Pereira, Rua Augusta, N.º 188. [imp. na Imprensa de Lucas Marcelino], 1852.
In-8.º (16cm) de XII, [2], 250 p . ; E.
1.ª edição.
Romance histórico de João Dubraz publicado sob a capa do anonimato. Obra oferecida pelo editor a Francisco d'Assis Salles Caldeira, que sobre a autoria de Achmet, nos diz na dedicatória: "O author do livro que ousei dedicar a V. S.ª já não existe: viveu obscuro e morreu ignorado - vida e fim communs a todos os engenhos desvalidos n'esta epoca corruptamente alchymica, que parvos e velhacos intitularam civilisada. Sem ser um genio, o author do Achmet era comtudo mancebo de rasão clara, juizo recto, e leal coração, que algumas decepções haviam quiçá lançado no scepticismo".
A última parte do livro, desde a página 211 até ao final, é preenchida com uma colecção de poesias do autor do Achmet, também de cariz histórico-lendário.
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"O som da buzina venatoria fere as montanhas, e echôa nas profundezas do valle. O real veado, surprehendido em seu leito de verdura, ergue-se d'um pulo ao fatal clangor estirando os membros ageis; e depois d'haver interrogado a impregnada aragem, e escutado com ouvido attento, busca refugio nos matos onde alteia sobrelevada a sua ramosa corõa; entretanto o bravo javali corre por entre as moitas intrincadas, e evita o perigo que se aproxima, fugindo por instincto ao ruido da montaria.
Sôa ao longe o latido dos sabujos, que em matilha farejam os passos da rez fugitiva: conjuntamente rebôa o galope de guerreiros ginetes e o clangor das buzinas de caça, tangidas com frequencia por fervidos caçadores.
Redobra mais e mais este ruido longinquo: os cães seguem açodados a pista da venção, e os briosos corceis, contidos por seus cavalleiros, brincam agora impacientes, porque os não deixam ultrapassar as recovas dos alões.
Progride a montaria, e o arruido é cada vez maior. Olfactando a caça, os sabujos embrenham-se nas selvas, e vam descobrir o real fugitivo, que colhido em asylo da charneca, de mau grado o deixa para correr diante dos mastins que inutilmente o perseguem."
(excerto do Cap. I, O Lago do Muro)
Índice:
Achmet
Invocação. 1.º O Lago do Muro. 2.º A dama do corcel fouveiro. 3.º A lucta das alimarias. 4.º A ilha encuberta. 5.º A Torre-do-Moiro. 6.º O Castello-do-Amor. 7.º O torneio na Cabela-aguda.
Poesias
- A pastora perdida. - O pagem cioso. - Dom Florisel. - Dom Rodrigo, o Trovador. - Liberdade. 
João Francisco Dubraz (1818-1895). Natural de Campomaior. "Professor de latim e francês. Dedicou-se ao comércio, que depois trocou pelo professorado. Foi também advogado provisional. Escreveu: Achmet (Lisboa, 1852); Recordações dos últimos quarenta anos, esboços humorísticos, descrições, narrativas históricas, e memórias contemporâneas (Lisboa, 1868) (2.ª edição em 1869); A Republica e a Ibéria (Lisboa, 1869); Cinco finados ilustres (autopsias e comemorações) (Lisboa, 1869); O aventureiro francês (Lisboa, 1869). Colaborou também em vários jornais."
(in Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira. Lisboa; Rio de Janeiro: Editorial Enciclopédia Lda., [195-]. Vol. IX, p. 327.)
Encadernação inteira de tela. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado de conservação. Número manuscrito no canto superior dto da f. rosto.
Raro.
A BNP tem apenas um exemplar registado na sua base de dados, em mau estado, com acesso sob autorização.
Indisponível

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